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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sobre as confusões e os aviltamentos da mente

(...) Levado por sua ignorância, os homens estão sempre formulando pensamentos errados, estão sempre emitindo falsas opiniões e, apegando-se ao seu ego, agem erradamente. Consequentemente, eles se entranham cada vez mais no mar de delusões.

(...) Fazendo de seus atos o campo da satisfação do ego, nutrindo a mente de discriminações, anuviando-a com a estupidez, fertilizando-a com a chuva dos desejos ardentes, irrigando-a com a obstinação do ego, os homens lhe acrescentam o conceito do mal, e com isso carregam consigo este fardo de ilusão.

(...) Na realidade, este corpo de delusão nada mais é do que o produto da própria mente, assim como o são as ilusões da tristeza, a lamentação, o sofrimento e a agonia. (...) Este mundo de erro não é senão a sombra causada pela mente. É de se notar, contudo, que é desta mesma mente que surge o mundo da iluminação.

(...) Embora o corpo e a mente sejam produto de várias formas cooperantes, disto não se pode concluir que se confundam com o "eu". Sendo constituído por um agregado de elementos, o corpo físico é, por esse motivo, transitório. Se o corpo fosse um eu, ele poderia fazer isso ou aquilo, segundo a determinação do eu... Nem a mente se confunde com o eu. Ela é também um agregado de causas e condições. Está constantemente mudando. Se a mente se confundisse com o eu, faria isso ou aquilo, segundo a vontade deste eu, mas assim não acontece e ela, muitas vezes, se afasta, sem o querer, daquilo que é certo e busca o mal. Nada parece suceder exatamente como deseja o ego.

(...) Diante da pergunta se o corpo físico é permanente ou transitório, deve-se responder "transitório". À indagação se a existência transitória é felicidade ou sofrimento, deve-se, geralmente, responder "sofrimento". Se um homem acreditar que tais coisas transitórias, tão mutáveis e cheias de sofrimento, formam e são o "eu", estará incorrendo em grave erro. A mente é também inconstante e sofrimento; nada possui que possa ser considerado um "eu". Portanto, o corpo e a mente, que compõem uma vida individual, e o seu mundo circundante, estão muito longe dos conceitos do "eu" e "meu"... A mente, sempre inconstante, é como a corrente de um rio, ou como a chama de uma vela, ou ainda, como um macaco irrequieto, que não para um momento sequer. Um sábio, em busca de iluminação, vendo e ouvindo tais coisas, deverá romper todo o apego ao corpo ou à mente.

(...) Existem quatro verdades neste mundo: primeira, todos os seres viventes nascem da ignorância; segunda todos os objetos do desejo são impermanentes, incertos e sofrimento; terceira, tudo que existe é também impermanente, incerto e sofrimento; quarta, nada existe que possa ser chamado "ego", e não há nada que se possa considerar como "meu" em todo o mundo.

(...) A ilusão e a Iluminação originam-se na mente, e tudo é criado pelas diferentes funções da mente, assim como variadas coisas aparecem da manga de um mágico. As atividades da mente não têm limite, elas criam as circunstâncias da vida. Uma mente corrompida cerca-se de pensamentos impuros e uma mente pura, pelo contrário, cerca-se de coisas puras; disto se conclui que o ambiente ou as circunstâncias são tão ilimitáveis quanto o são as atividades mentais.

(...) A mente que abriga a necessidade e a cobiça, que cria seus ambientes, nunca está livre de lembranças, temores e lamentações, não só do passado, como também do presente e do futuro. É da ignorância e da avidez que surge o erro, e suas causas e condições existem apenas dentro da mente, em nenhum lugar mais. A vida e a morte nascem da mente e nela existem. Daí, uma vez desaparecida esta mente, o mundo da vida e da morte também se extingue.

(...) Um obscuro e desnorteado viver surge de uma mente que está confusa com seu mundo de ilusão. Quando aprendermos que, fora da mente, não existe nenhum mundo ilusório, a mente anuviada tornar-se-á clara e se não mais nos cercarmos de ambientes impuros, estaremos prontos para alcançar a iluminação. Deste modo, o mundo da vida e da morte é criado pela mente, a ela se sujeita e é por ela regido; a mente é o senhor de toda a situação. O mundo do sofrimento é assim causado por uma mente mal orientada. Tudo é, portanto, criado, controlado e regido pela mente. Assim como o carro segue o boi que o puxa, o sofrimento segue a mente que se cerca de maus pensamentos e de paixões mundanas.

(...) Uma mente impura levará o homem a cambalear em uma áspera e íngreme estrada, onde haverá muitas quedas e sofrimentos. Mas uma mente pura o conduzirá por um caminho suave, onde a viagem lhe será tranquila. Aquele que tiver o corpo e a mente puros, aquele que puder romper as malhas do egoísmo, dos maus pensamentos e desejos, estará percorrendo o caminho do reino de Buda. Aquele que tiver a mente calma adquirirá a paz e, assim, poderá sempre cultivar a mente com maior diligência.

(...) Os homens, porque nutrem a ideia de um ego, apegam-se à ideia de posse; mas, como não há um "eu", não pode haver um "meu", se puderem compreender esta verdade, poderão, então, compreender a verdade da não-dualidade.

(...) A pura e fragrante flor de lótus desenvolve-se melhor na lama de um pântano do que num terreno limpo e firme; da mesma maneira, a pura iluminação de Buda surge do lodo das paixões mundanas. Assim, mesmo os mais absurdos pontos de vista e as ilusões das paixões mundanas podem ser as sementes da iluminação de Buda.

(...) Assim como um mergulhador, para garantir suas pérolas, deve descer ao fundo do mar e arrastar todos os perigos que lhe oferecem os pontiagudos corais e os malévolos tubarões, o homem deve enfrentar os perigos da paixão mundana, se ele quiser obter a preciosa pérola da Iluminação. Primeiro ele deve estar perdido entre os íngremes penhascos do egoísmo e do amor-próprio, para depois sentir o desejo de procurar um caminho que o leve à Iluminação. 

(...) Desde o mais remoto passado, sendo condicionados por seus próprios atos e iludidos por dois fundamentais falsos conceitos, os homens têm vagado na ignorância. Primeiro, acreditavam que a mente discriminadora, que fica à base desta vida de nascimento e morte, fosse a sua verdadeira natureza; e, segundo, não sabiam que, oculta pela mente descriminadora, eles possuíam a mente pura da iluminação, que é a sua verdadeira natureza. O movimento de fechar o punho e levantar o braço é percebido pelos olhos e é discriminado pela mente, mas a mente que o discrimina não é a mente verdadeira. A mente discriminadora é apenas a mente que discrimina as imaginárias diferenças que a cobiça e outras disposições do ego criaram. A mente discriminadora está sujeita às causas e condições, ela é vazia de toda substância e está em constante mudança. Mas desde que os homens acreditam que esta é a sua verdadeira mente, a ilusão passa a ser parte integrante das causas e condições que produzem sofrimento. A mão se abre e a mente percebe; mas o que é que se move primeiro? Será a mente ou será a mão? Ou nem uma e nem outra? Se a mão se move, a mente, em correspondência, também se move e vice-versa; mas a mente que se move é apenas aparência superficial da mente: não é a mente verdadeira e fundamental. 

(...) Fundamentalmente, todos possuem uma mente pura, mas, habitualmente, ela é toldada pela corrupção e pelo lodo dos desejos mundanos que surgem das circunstâncias peculiares  a cada um. Esta mente corrompida não é a verdadeira essência de cada um: é algo que lhe foi acrescentado, como um intruso ou mesmo um hóspede numa casa. 

A lua é escondida, muitas vezes, pelas nuvens, mas por elas não é movida e sua pureza permanece inturvável. Não se deve, portanto, estar iludido com o pensamento de que esta mente corrompida é a verdadeira mente. 

Os homens devem sempre se lembrar deste fato e empenhar-se em neles despertar a pura, a imutável e fundamental mente da iluminação. Sendo dominados por uma constante e corrompida mente e sendo deludidos por suas deturpadas ideias, eles erram num mundo de delusões. 

As confusões e os aviltamentos da mente são criados pela cobiça, bem como pelas reações às suas mutáveis circunstâncias. 

A mente que não é perturbada pelas coisas que acontecem, que permanece pura e serena em todas as circunstâncias, é a verdadeira mente e senhor... Aquilo que muda com as cambiantes condições não é a verdadeira natureza da mente.

(...) Por trás dos desejos e paixões mundanas que a mente abriga, acha-se latente, clara e incorruptível, a fundamental e verdadeira essência da mente.(...) Se os homens pudessem abandonar seu apego a estas imaginárias e falsas discriminações, e restituir a pureza à sua mente original, então, poderiam ter a mente e o corpo livres de todo aviltamento e sofrimento e gozar da tranquilidade que advém desta libertação.
BUDA
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill