O homem vive sobre uma grande hipnose, sob profundos condicionamentos: a sociedade condiciona você; o Estado, o padre, o político, a cultura, a religião, a Igreja, todos eles investem em seu sono profundo. Eles não querem que você acorde, pois, uma vez que a humanidade esteja acordada, não será mais possível haver políticos, padres, templos, Igrejas, religiões; tudo isso desaparecerá da face da terra. Toda essa exploração só é possível porque o homem vive no sono, porque ele é infeliz, e só uma humanidade infeliz pode ser explorada.
É um círculo vicioso; só um homem infeliz pode ser explorado e, quando você o explora, ele se torna mais infeliz. Sendo mais infeliz, pode-se explorá-lo ainda mais, e assim por diante.
Um homem feliz é um rebelde. A felicidade é uma tremenda rebelião. Nenhuma sociedade até hoje permitiu que alguém fosse feliz; é muito perigoso. Como mandar pessoas para a guerra, se elas forem felizes? Como se poderá ensinar-lhes coisas estúpidas, como nazismo, comunismo, fascismo, nacionalismo? Se as pessoas forem felizes elas rirão dessas tolices, de todas essas ideologias; não levarão nada disso a sério. Rirão só com a ideia de que alguém possa ser cristão, hindu ou muçulmano, e que possam lutar durante séculos e matarem-se uns aos outros.
(...) Você tem sido hipnotizado para permanecer na infelicidade, tem sido ensinado e condicionado para permanecer na infelicidade. E o truque é muito sutil. Por exemplo: primeiro, todos aprendem que a felicidade existe no futuro. Isso é um absurdo. A felicidade existe aqui-agora. Você não precisa alcançá-la; você já a traz com você, ela é parte do seu ser. Mas toda criança aprende, através de sugestões e mais sugestões, que, a menos que tenha uma casa grande, dois carros, muito dinheiro, fama, sucesso, e outras coisas mais, não será feliz. Como se a felicidade dependesse de alguns objetos ou de qualquer coisa! A felicidade não depende de nada e toda criança nasce feliz.
As ambições criam a miséria e nunca o deixam feliz. Uma vez que você se torna ambicioso, as sementes da miséria são plantadas bem no fundo de você. Agora você nunca será feliz, pois o futuro, o amanhã nunca chega, e as suas esperanças estão todas no amanhã.
Você pode ter uma casa grande, mas não será feliz, pois existirão sempre casa maiores que a sua, e isso criará infelicidade. Você pode ter uma bela mulher, mas existem milhares de mulheres mais bonitas no mundo, e isso não o deixará feliz. Você pode ter dinheiro, mas nem isso o fará feliz, pois sempre poderá ter mais. Esse é o truque: o "mais" foi implantado em você como um eletrodo. "Tenha mais, então será feliz." Como você pode ter mais? Qualquer coisa que você tenha sempre poderá imaginar mais. Se você tem dez mil reais, pode imaginar vinte; se tem vinte, pode imaginar quarenta. Como pode parar esse "mais"? Qualquer coisa que você tenha, sempre será menos que o "mais", e isso criará infelicidade.
Você também foi sempre ensinado a comparar, e a comparação traz a infelicidade. Cada indivíduo é incomparável; ninguém mais é como você; como comparar? A comparação só é relvante quando há duas coisas semelhantes, como por exemplo, comparar um carro Ford com outro carro Ford; eles são iguais. Mas como comparar dois homens? Impossível. Cada um é tão individual que qualquer comparação trará infelicidade.
No momento em que você compara, está criando um inferno à sua volta. Desde sua infância você foi ensinado: "Seja como fulano. Veja o filho do vizinho como é inteligente e você como é estúpido. Veja como a fulana é madura e você é tão imatura", e assim por diante. Essas comparações fazem você sentir-se infeliz. Você é você mesmo: não há ninguém como você, nunca houve e nunca haverá. Deus nunca se repete.
Você é único. E quando digo "único", não é num sentido comparativo; você não é mais único que os outros e, sim, cada um é único. A unicidade é muito comum; todo mundo é único. Quando você começa a comparar, acaba ficando neurótico e, mais cedo ou mais tarde, irá parar num divã de psiquiatra.
(...) A comparação cria tensão, ansiedade. Você foi ensinado a ser cristão, hindu, muçulmano; como pode a consciência ficar confinada a ideologias? As ideologias são produtos da mente; a consciência está muito além. Ideologias são ficções, não têm nada a ver com a verdade. A verdade é a sua consciência, mas você dá mais atenção á ideologias e se esquece da verdade. Você luta, discute, prova e desaprova. Ensinaram-lhe que alguém é indiano, que o outro é chinês, o outro japonês. Ou que você é comunista, ou fascista, isso ou aquilo; milhares de doenças foram implantadas em você... você quer ser feliz. Para isso, terá que abandonar todas essas ideias... Abandone tudo num só golpe de espada: esse golpe eu chamo de compreensão.
O S H O em, A Divina Melodia
O S H O em, A Divina Melodia