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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Deixe de proteger seu próprio estado de miséria

No Japão, existe uma árvore de quatrocentos anos com apenas seis polegadas de altura. A árvore foi plantada num pires quatrocentos  anos atrás, e o homem que a plantou estava sempre cortando-lhe as raízes. Nunca deixaram as raízes crescerem e o pires tinha só um pouquinho de terra. se tivesse deixado a árvore crescer naturalmente, teria alcançado as nuvens. 

A mesma cosia aconteceu com o homem; suas raízes têm sido cortadas. Não lhe é permitido tocar as nuvens, nem dançar ou cantar. Só um pouquinho é permitido, mas isso é tão controlado que é quase insignificante. 

Tantas leis e regras são impostas, que quando algo  é permitido é quase insignificante, é apenas uma gota, e não uma cascata exuberante. E você só pode ser feliz quando sua energia está transbordando, quando ela é tanta que não há mais limites. William Blake disse: "A energia é um deleite." E a energia foi reprimida; a sociedade criou o amortecedor. 

O amortecedor tem que ser quebrado, e é isso o que estou fazendo aqui. Por isso as pessoas estão bastante contra mim. Estou tentando ajudá-las a serem felizes, mas elas protegem a própria miséria; elas não querem ser felizes. Querem continuar a ser hindus, cristãs, muçulmanas; não querem ser felizes.  Querem pertencer a alguma organização, e não a Deus. E continuam fazendo algo que é basicamente contra elas próprias. Não só os outros, mas você também continua cortando suas próprias raízes. Você foi ensinado a fazer isso; suas mãos agem quase inconscientemente. 

O homem está em profundo sono; está hipnotizado. Por isso você continua a viver desse jeito: na miséria, na infelicidade, na agonia. A mesma energia pode tornar-se êxtase; libere-a! Seja você mesmo e esqueça o que os outros têm tentado fazer de você. Declare-se livre! Deixe que a liberdade seja sua primeira e última lei; que a liberdade seja a sua religião. E seja rebelde. Mas não estou dizendo para lutar contra a sociedade, pois isso é tolice; você só estaria desperdiçando a sua energia. 

Essa é a diferença que faço entre uma pessoa rebelde e uma revolucionária. O revolucionário é um reacionário; ele reage contra a sociedade, luta contra ela. Primeiro ele era infeliz porque a sociedade pesava sobre ele; agora é infeliz porque tem que lutar contra a sociedade. Primeiro ele seguia a sociedade; agora ele luta contra ela, mas continua obcecado pela sociedade. Um revolucionário não é realmente um rebelde. 

Que é rebelde? Rebelde é aquele que compreendeu todo o absurdo da sociedade e simplesmente pulou fora disso. Aparentemente, ele pode continuar fingindo que também pertence à sociedade. Ele é uma pessoa "esperta", que Gurdjieff costumava chamar de "pessoa que age em segredo". Ele é inteligente; nem ortodoxo nem revolucionário, apenas rebelde. Sua rebelião é inteligente: se a sociedade diz para andar pela direita, ele anda pela direita, pois sabe que não adianta lutar contra isso; é insignificante. 

Na superfície ele continua seguindo a sociedade, mas no fundo está fora, está vivendo sua própria vida. Ele não vai ao mercado exibir felicidade pois, se fizer isso, os outros o matarão, o crucificarão. Eles fizeram isso com Jesus, com Sócrates, com Mansur, e não deixarão você em paz também. 

(...) Não comece a lutar contra a sociedade, senão você ficará em dificuldades, e a felicidade irá novamente para longe, tão longe quanto antes. primeiro você estava seguindo a sociedade e não podia ser feliz. Agora você luta contra a sociedade, e ela o coloca na cadeia, ou tenta esmagá-lo, e você continua infeliz. 

A pessoa rebelde é muito esperta. Ela escapa de uma forma tão silenciosa que não faz nenhuma ondulação na superfície... e começa a viver sua vida provada à sua maneira. É isso que ensino a vocês; não ensino a serem revolucionários e, sim, rebeldes. Uma pessoa religiosa é uma pessoa rebelde. 

O S H O em, A Divina Melodia

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O autoconhecimento é a maior das rebeldias

Algumas coisas antes de introduzirmos estes sutras de Heráclito.

Primeiro: conhecer a si mesmo é a coisa mais difícil. Não deveria ser assim. Deveria ser exatamente o oposto — a coisa mais simples. Mas não é — por muitas razões. Tornou-se tão complicado, pois você investiu tanto na auto-ignorância que parece quase impossível retornar, voltar à fonte, encontrar a si mesmo.

Toda a sua vida, tal como ela é, como é aprovada pela sociedade, pelo Estado, pela Igreja, está baseada na auto-ignorância. Você vive sem se conhecer, porque a sociedade não quer que você se conheça. É perigoso para a sociedade. Um homem que conhece a si mesmo está destinado a ser rebelde.

O conhecimento é a maior das rebeldias — quer dizer, o autoconhecimento, não o conhecimento acumulado através de escrituras, não o conhecimento encontrado nas universidades, mas o conhecimento que acontece quando você encontra o seu próprio ser, quando chega a si mesmo na sua nudez total; quando você se vê como Deus o vê, não como a sociedade gostaria de vê-lo; quando você vê o seu ser natural, no seu florescimento total e selvagem — não o fenômeno civilizado, condicionado, educado, polido.

A sociedade está interessada em fazer de você um robô, não um revolucionário, porque o robô é mais útil. É fácil dominar um robô; é quase impossível dominar um homem de autoconhecimento. Como se pode dominar um Jesus? Como se pode dominar um Buda ou um Heráclito?

Ele não cederá, não obedecerá ordens. Ele se moverá. através de seu próprio ser. Será como o vento, como as nuvens; ele se moverá como os rios. Será selvagem — naturalmente belo, natural, mas perigoso para a falsa sociedade. Ele não se ajustará. A menos que criemos no mundo uma sociedade natural, um Buda continuará sendo sempre um desajustado, um Jesus certamente será crucificado.

A sociedade quer dominar; as classes privilegiadas querem dominar, oprimir, explorar. Gostaria que você permanecesse completamente inconsciente de si mesmo. Esta é a primeira dificuldade. E a pessoa tem de nascer numa sociedade. Os pais fazem parte da sociedade, os professores fazem parte da sociedade, os padres fazem parte da sociedade. A sociedade está em toda parte, à sua volta. Parece realmente impossível — como escapar? Como encontrar a porta que leva de volta à natureza? Você está cercado por todos os lados.

A segunda dificuldade vem do seu próprio ser — porque você também gostaria de oprimir, de dominar; você também gostaria de possuir, de ser poderoso. Um homem de autoconhecimento não pode ser escravizado, e também não pode escravizar ninguém. Não se pode oprimir um homem de conhecimento e um homem de conhecimento não pode oprimir ninguém. Ele não pode ser dominado e não domina. A dominação simplesmente desaparece nessa dimensão. Você não pode possuí-lo e ele não possui ninguém.

Ele é livre e ajuda os outros a serem livres.

Esta é uma dificuldade ainda maior do que a primeira. Você pode evitar a sociedade, mas como evitar o seu próprio ego? Você sente medo — porque um homem de conhecimento simplesmente não pensa em termos de posse, de domínio, de poder. É inocente como uma criança. Ele gostaria de viver totalmente livre, e gostaria que os outros também vivessem livres.

Esse homem será uma liberdade aqui neste seu mundo de escravidão. Você gostaria de não ser explorado? Sim, você responderá, você gostaria de não ser explorado. Gostaria de não ser um prisioneiro? Sim, você gostaria de não ser um prisioneiro. Mas gostaria também da outra coisa? — de não prender ninguém? Não dominar, não oprimir e explorar? Não matar o espírito, não transformar o outro num objeto? Isso é difícil.

E lembre-se: se você quiser dominar, você será dominado. Se você quiser explorar, você será explorado. Se você quiser que alguém seja seu escravo, você será escravizado. Os dois lados pertencem à mesma moeda. Esta é a dificuldade do autoconhecimento. Senão, o autoconhecimento
seria a coisa mais simples, a mais fácil. Não haveria nenhuma necessidade de se fazer qualquer esforço.

Os esforços são necessários para essas duas coisas, elas são as barreiras. Observe e veja essas duas barreiras, e comece abandonando a sua. Primeiro, pare de dominar, de possuir e explorar, e de repente será capaz de escapar da armadilha da sociedade.

Osho, em "A Harmonia Oculta - Discursos Sobre os Fragmentos de Heráclito"

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O espírito rebelde é a qualidade essencial de um homem religioso

A mentalidade antiga, as ideologias antigas, as religiões antigas - elas todas combinadas estão criando a situação presente de suicídio global. Só um novo ser humano pode salvar a humanidade e este planeta, e a linda vida deste planeta.

Eu ensino a rebelião, não a revolução. Para mim, o espírito rebelde é a qualidade essencial de um homem religioso. É a espiritualidade em sua pureza absoluta.

O futuro não precisa mais de revoluções. O futuro precisa de um novo experimento que ainda não foi tentado.

Embora tenham existido rebeldes há milhares de anos, eles continuam sozinhos, individuais. Talvez ainda não fosse a hora deles.

Mas agora não só é hora, como, se não nos apressarmos, já não haverá mais tempo. Ou o ser humano desaparecerá ou um novo homem com uma nova visão aparecerá sobre a Terra. Ele será um rebelde.

Osho, em "Transformando Crises em Oportunidades: O Grande Desafio Para Criar Um Futuro Dourado Para a Humanidade"


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

As qualidades de um rebelde

Perguntaram a Osho:

Você pode falar mais um pouco sobre as qualidades de um rebelde? É a mesma coisa que o “novo ser humano”?

As qualidades do rebelde são multidimensionais. Primeiro, o rebelde não acredita em nada a não ser na própria experiência. A verdade de­le é sua única verdade; nenhum profeta, nenhum messias, nenhum salvador, nenhuma santa escritura, nenhuma tradição antiga pode lhe dar a verdade. Eles podem falar sobre a verdade, podem fazer muito estardalhaço sobre a verdade, mas saber sobre a verdade não é co­nhecer a verdade. Saber sobre a verdade é o mesmo que tecer comen­tários em torno dela. Mas quem fica em torno nunca chega ao centro.

O rebelde não tem sistema de crença - crente ou ateu, hindu ou cristão. Ele é um investigador, um buscador. Mas é preciso entender algo bastante sutil: o rebelde não é um egoísta. O egoísta também não quer pertencer a nenhuma igreja, a nenhuma ideologia, a nenhum sis­tema de crença, mas a razão para ele não querer pertencer é comple­tamente diferente da razão do rebelde. O egoísta não quer pertencer porque pensa demais em si mesmo. Ele é egocêntrico; só consegue fi­car sozinho.

O rebelde não é egoísta, é totalmente inocente. A sua descrença não é uma atitude arrogante, mas uma abordagem humilde. Ele está simplesmente dizendo, “A menos que eu encontre a minha própria verdade, todas as verdades que emprestei dos outros são como um far­do para mim, elas não vão me libertar. Posso me tornar uma pessoa instruída, mas não conhecerei nada com o meu próprio ser. Não serei testemunha de nenhuma experiência”.

O rebelde não pertence a nenhuma igreja, a nenhuma organização, porque não quer ser apenas um imitador. Ele quer permanecer puro e imaculado para que possa buscar sem nenhum preconceito, de modo que possa permanecer aberto e sem nenhuma ideia preconcebida. Mas toda a abordagem é de uma pessoa humilde.

Um rebelde respeita sua própria independência e também res­peita a independência de todas as outras pessoas. Ele respeita a sua própria divindade e respeita a divindade de todo o universo. Todo o universo é seu templo - é por isso que ele abandonou os pequenos templos feitos pelo homem. Todo o universo são suas sagradas escri­turas - é por isso que ele abandonou todas as sagradas estruturas es­critas pelo homem. Mas não é por arrogância, é para empreender uma humilde busca. O rebelde é tão inocente quanto uma criança.

A segunda dimensão será não viver no passado, que não existe mais, e não viver no futuro, que não existe ainda, mas viver no pre­sente com a máxima consciência e espírito alerta que se possa conse­guir. Em outras palavras, viver consciente no momento. Normalmente vivemos como sonâmbulos. O rebelde tenta viver uma vida de cons­ciência. A consciência é sua religião, a consciência é sua filosofia, a consciência é seu modo de vida.

A terceira dimensão é que o rebelde não está interessado em do­minar os outros. Ele não tem avidez pelo poder, porque essa é a coisa mais feia do mundo. A avidez por poder destruiu a humanidade e não permite que ela seja mais criativa, que seja mais bela, que seja mais saudável, que seja mais inteira. E é essa avidez pelo poder que acaba le­vando aos conflitos, às competições, à inveja e finalmente às guerras.

A avidez por poder é a base de todas as guerras. Se você observar a história humana... toda a história humana não passa de uma histó­ria de guerras, do ser humano matando o ser humano. As razões mudaram, mas a mortandade continua. Parece que as razões são apenas desculpas. O fato real é que o ser humano gosta de matar.

Numa fábula de Esopo - e essas são as melhores fábulas do mun­do, muito simples e cheias de significado -, uma ovelhinha está be­bendo água de um riacho das montanhas, com água limpa e cristalina. Um leão enorme se aproxima e, naturalmente, se interessa pela ove­lha - é hora do café da manhã. Mas ele tem que encontrar uma des­culpa para o seu comportamento, então diz à ovelha, “Você está sujando o riacho. Não entende que eu sou o rei da selva?”
A pobre ovelhinha diz, “Mas Sua Alteza, estou bebendo água num trecho mais abaixo do rio, por isso, mesmo que eu suje a água, ela es­tá correndo rio abaixo - não na sua direção. O senhor está tornando- a suja e eu estou bebendo essa água. Por isso sua lógica está errada”.
O leão viu que a ovelha tinha razão e ficou com muita raiva. Dis­se, “Você não tem respeito pelos mais velhos. Está discutindo comigo”.
A pobre ovelha rebateu, “Não estou discutindo, estou simples­mente constatando um fato. O senhor pode ver para onde a água es­tá correndo”.
O leão se calou por um momento e então disse, “Agora eu me lembro. Você pertence a uma família muito pouco instruída e mal edu­cada. O seu pai me insultou ontem”.
A pobre ovelha disse, “O senhor deve estar falando de outra pes­soa, porque o meu pai morreu há três meses e o senhor deve saber que ele está na sua barriga. Ele não está mais vivo porque o senhor o almoçou. Como ele pode tê-lo desrespeitado? Ele está morto!”
Aquilo foi demais. O leão pulou sobre a ovelha e agarrou-a, di­zendo, “Você não tem modos, não conhece as regras de etiqueta, não sabe se comportar”.
A ovelha disse, “O fato é que é hora do almoço. Simplesmente me devore, não precisa inventar mais desculpas”.

Uma fábula tão simples! Esopo fez milagres. Ele disse muita coi­sa sobre o ser humano.

Um rebelde vive simplesmente no momento, com percepção, sem nenhum desejo de dominar. Ele não tem nenhuma ânsia de poder. É um cientista da alma - essa é a quarta dimensão. Assim como a ciên­cia usa a dúvida, o ceticismo, a investigação, ele usa os mesmos mé­todos para a busca interior. A ciência os usa para a realidade objetiva, ele os usa para sua própria subjetividade. Mas ele não condena a dú­vida, não condena o ceticismo, não condena a desobediência, não con­dena uma abordagem descrente da realidade. Ele mergulha dentro do seu próprio ser com uma mente científica.

A religião do rebelde não é supersticiosa, é científica. Sua religião não é a busca de Deus, porque começar com Deus significa que você já aceitou a crença e, se aceitou a crença, a sua busca está contamina­da desde o princípio.

O rebelde penetra no seu mundo interior de olhos abertos, sem nenhuma ideia do que está procurando. Ele continua polindo sua in­teligência. Continua tornando seu silêncio mais profundo, sua medi­tação mais profunda, para que o que quer que esteja oculto dentro dele venha à superfície; mas ele não tem ideias preconcebidas sobre o que está procurando.

Ele é basicamente um agnóstico. Essa palavra tem que ser lem­brada, pois ela descreve uma das qualidades mais básicas. Existem crentes que acreditam em Deus, existem ateus que não acreditam em Deus e existem agnósticos que simplesmente dizem, “Não sabemos ainda. Vamos buscar, então vamos ver. Não podemos dizer nada an­tes de termos procurado em todos os recônditos do nosso ser”. O re­belde começa com “eu não sei”. É por isso que eu digo que ele é como uma criança pequena, inocente.

Dois garotinhos discutiam sobre a possibilidade de fugir de ca­sa. “Mas se os nossos pais nos pegarem, vão bater em nós”, disse um deles.
“Então batemos neles também”, disse o outro.
“Mas não podemos fazer isso! A Bíblia diz que temos que honrar pai e mãe.”
“Tudo bem, então eu bato no seu pai e você bate no meu.”

Uma solução simples e inocente, sem nenhuma dificuldade!

O rebelde vive uma inocência infantil, e a inocência é o mais mis­terioso dos fenômenos. Ela abre as portas de todos os segredos da vida.

Só uma pessoa rebelde é realmente revolucionária e é verdadei­ramente religiosa. Ela não cria uma organização, não cria um séqui­to, ela não cria igrejas.

Mas é possível que rebeldes possam ser companheiros de viagem; possam apreciar a companhia uns dos outros, possam gostar de dan­çar juntos, de cantar juntos, de chorar juntos, para sentir a imensidão da existência e a eternidade da vida juntos.

Eles podem se fundir num tipo de comunhão sem ter que renunciar à própria individualidade; pelo contrário, a comunhão de rebeldes fortalece a individualidade de todos, nutre a individualidade de todos, dá dignidade e respeito à in­dividualidade de todos.

Osho, em "Transformando Crises em Oportunidades: O Grande Desafio Para Criar Um Futuro Dourado Para a Humanidade"

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O pensamento nunca pode produzir uma revolução vital

Um estado de relações baseado no pensamento, que é costume, que é hábito, produz, infalivelmente, uma sociedade estática, e a ação do reformador, que deseja modificar essa sociedade, é sempre ação de morte, de escuridão, ou a reação de uma mente estática. Se você observar, poderá verificar que o que nos faz cediços, na vida de relação, é o pensar, pensar, pensar... o calcular, julgar, pesar , o ajustar-nos; e a única coisa que pode nos libertar disso é o amor, que não é um processo de pensamento. Não se pode pensar no amor. Podemos pensar na pessoa que amamos, mas não podemos pensar no amor. 

Assim, pois, o homem que ama é o verdadeiro revolucionário e é a pessoa verdadeiramente religiosa; pois, o que é realmente religião, não está baseado no pensamento, ou na crença, ou nos dogmas. Uma pessoa que é como um saco de crença e dogmas não é uma pessoa religiosa, é uma pessoa estúpida; ao passo que o homem que realmente ama é o verdadeiro revolucionário, e nele há transformação. 

Assim, pois, o amor não é um processo de pensamento; não podemos pensar no amor; Você pode, talvez, imaginar o que ele seja, mas isso representa meramente um processo de pensamento, e não é amor; e o homem que ama é o homem verdadeiramente religioso, quer ame um só, quer ame a todos. O amor não é nem pessoal em impessoal; é amor — ele não conhece fronteiras, não conhece classes nem raças. O homem que ama é revolucionário; só ele é revolucionário. O amor não é produto do pensamento, porquanto o pensamento é resultado da memória, resultado de condicionamento, e só pode produzir morte e decomposição. 

Vemos, pois, que só pode haver uma verdadeira revolução, uma transformação fundamental, quando existe o amor, e essa é a religião mais sublime. Esse estado se manifesta quando cessa o processo do pensamento, quando renunciamos a esse processo. Só podemos renunciar a uma coisa depois de a compreendermos, e não rejeitando-a. Uma comunidade, uma sociedade, um grupo pode ser verdadeiramente revolucionário e transformar-se continuamente, apenas num tal estado e não em conformidade com uma fórmula; porque toda fórmula é mero produto de um processo de pensamento e, portanto, intrinsecamente, a causa de um estado estático. Pode-se ver também que o ódio não pode produzir uma revolução radical, porquanto, inevitavelmente, tudo aquilo que resulta de conflito, antagonismo, confusão, não pode ser real, não pode ser criadoramente revolucionário. O ódio é o resultado desse processo de pensamento; o ódio é pensamento; e aquela transformação que o amor traz só pode realizar-se ao cessar o processo do pensamento; por consequência, o pensamento não pode, nunca, produzir uma revolução vital. 

Jiddu Krishnamurti — 6 de fevereiro de 1949

domingo, 21 de julho de 2013

Sobre a revolução total

Por certo, toda mudança exige ordem. Vemo-nos atualmente num estado de desordem, e para se sair da desordem necessita-se de ordem: ordem social, ordem interior, e ordem em nossos valores, nossa perspectiva das coisas. Desse modo, MUDAR, no sentido em que estamos empregando a palavra, significa estar livre para estabelecer ordem. Mas a sociedade não deseja essa liberdade, porque acha que liberdade supõe desordem. Por isso existe a condição, por ela imposta ao indivíduo humano, de não fugir da estrutura psicológica da sociedade. A sociedade teme que a liberdade acarrete desordem, porque está satisfeita em viver nessa desordem a que chama “ordem”; por conseguinte, é incapaz dessa experiência, dessa REVOLUÇÃO TOTAL. Só o indivíduo humano é capaz de experimentar e realizar, POR SEUS PRÓPRIOS MEIOS, a revolução total, que é ordem.

Krishnamurti – O descobrimento do amor

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Revolta dentro da sociedade não é revolta

Pergunta: Você diz que devemos nos revoltar contra a sociedade, e ao mesmo tempo diz que devemos ser sem ambição. Mas, não é ambição o desejo de melhorar a sociedade?

Krishnamurti: Já expliquei muito cuidadosamente o que entendo por revolta, mas vou empregar duas palavras diferentes, para maior clareza. O revoltar-se dentro da sociedade, a fim de melhorá-la um pouco, de colocar em execução certas reformas, isso é como uma revolta de presos que querem melhorar de vida entre os muros da prisão; e uma revolta desta natureza não é revolta, porém, simples motim. Você percebe a diferença? A revolta dentro da sociedade é como um motim de presos que querem melhor comida, melhor tratamento, dentro da prisão; mas a revolta que nasce da compreensão é aquela do indivíduo que se liberta da sociedade; e esta é a revolução criadora.

Ora, se você como indivíduo se liberta da sociedade, tal ação é motivada pela ambição? Se o é, isso significa que você não se libertou, absolutamente; continua dentro da prisão, porque a base mesma da sociedade é a ambição, a ganância, a avidez. Mas se, compreendendo tudo isso, você promove uma revolução em sua mente e seu coração, então você já não é ambicioso, já não está sendo impelido pela inveja, a avidez, a ânsia de aquisição e, por conseguinte, você está completamente fora de uma sociedade cuja base são estas coisas. Você é, então, um indivíduo criador e, em sua ação, estará o germe de uma “cultura” diferente.

Há, portanto, uma vasta diferença entre a ação da revolução criadora, e a ação da revolta ou motim dentro da sociedade. Enquanto você só se preocupar com meras reformas, com o simples decorar das grades e paredes da prisão, não será criador. Toda reforma torna necessária outra reforma, e só produz mais misérias e mais destruição. Mas, ao contrário, a mente que compreende toda essa estrutura de aquisição, de avidez, de ambição, e dela se liberta — essa mente se acha em revolução constante. É uma mente que se expande, que cria; por conseguinte, como a pedra lançada numa lagoa tranquila, sua ação produz ondas e essas ondas formarão uma sociedade completamente diferente.

(...)

Pergunta: Ainda que possamos criar uma nova sociedade, revoltando-nos contra a atual, esta criação de uma nova sociedade não constitui também uma forma de ambição?

Krishnamurti: Parece que você não escutou o que estive dizendo. Quando a mente se revolta contra o padrão da sociedade, essa revolta se assemelha a um motim dentro de uma prisão, e é apenas uma outra forma de ambição. Mas, quando a mente compreende, em sua inteireza, esse destrutivo "processo" da atual sociedade, e dele sai, sua ação não é então ambiciosa. Essa ação poderá criar uma nova civilização, uma ordem social melhor, um mundo diferente, mas a mente não está preocupada em criá-la. Seu único interesse é descobrir o que é verdadeiro; o movimento da verdade é que criará um novo mundo, e não a mente que se acha em revolta contra a sociedade.

Krishnamurti – A cultura e o problema humano

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sua mente é parte integrante da sociedade

Alguma vez você já esteve sentado, muito quieto, de olhos fechados, observando o movimento do seu pensar? Já observou a sua mente funcionando, ou melhor, sua mente já observou a si própria em funcionamento, para ver quais são seus pensamentos, seus sentimentos, como você olha para as árvores, para as flores, para as aves, as pessoas, como você “responde” a uma sugestão ou como reage a uma nova ideia? Você já fez isso alguma vez? Se não o fez, está perdendo muita coisa. Se você não sabe como a sua mente reage, se sua mente não está consciente de suas próprias atividades, você nunca descobrirá o que é a sociedade. Você pode ler livros de sociologia, estudar ciências sociais, mas se não sabe como funciona sua mente, não compreenderá o que é a sociedade, pois sua mente é parte integrante da sociedade; ela é a sociedade. Suas reações, suas crenças, suas idas ao templo, as roupas que usa, as coisas que faz ou que não faz, o que você pensa — a sociedade constitui-se de tudo isso, é a replica de tudo o que se passa em sua mente. Sua mente, pois, não está separada da sociedade, não é distinta de sua cultura, de sua religião, de suas divisões de classe, das ambições e conflitos da humanidade em geral. Tudo isso é a sociedade, da qual você é parte integrante. Não existe “você” separado da sociedade.

Pois bem; a sociedade está sempre procurando controlar, formar, moldar o modo de pensar dos jovens. Dede o momento em que você nasce e começa a receber impressões, seu pai e sua mãe ficam dizendo o que você deve e não deve fazer, o que deve acreditar e o que não deve acreditar; dizem que existe Deus ou que Deus não existe, porém somente o Estado, cujo profeta é certo ditador. Desde a infância, tais coisas lhe são continuamente inculcadas e, por conseguinte, sua mente — ainda muito nova, impressionável, indagadora, curiosa, desejosa de descobrir — vai sendo gradualmente enclausurada, condicionada, moldada, para que você se ajuste ao padrão de determinada sociedade e nunca seja um revolucionário. Uma vez firmado o hábito de pensar segundo um padrão, mesmo quando você se “revolta”, isso acontece dentro do padrão. É uma revolta semelhante à revolta de presos que reclamam por melhor comida e mais comodidade — mas sempre entre os muros da prisão. Quando você busca Deus ou investiga o que é um governo justo, sempre o faz dentro do padrão da sociedade, que preceitua que “isto é verdadeiro e aquilo é falso; que isto é bom e aquilo é mau; que este é o verdadeiro líder e estes são os santos”. Sua revolta, pois, tal como a chamada revolução promovida por homens ambiciosos ou muito hábeis, está sempre limitada pelo passado. Não é revolta, não é revolução, porém, tão só uma atividade mais intensa dentro do padrão. A revolta real, a revolução verdadeira é aquela que quebra as cadeias do padrão, para investigar fora dele.

Você deve saber que todos os reformadores — não importa quem sejam eles — só se interessam em melhorar condições internas da prisão. Nunca dizem para que você não se ajuste, nunca dizem: “Rompa as muralhas da tradição e da autoridade, sacuda o condicionamento que lhe aprisiona a mente”. E a verdadeira educação é, não apenas exigir que você passe nos exames, para os quais você se prepara apressadamente, ou escreve escreva sobre algo que decorou, porém, sim, lhe ajudar a perceber os muros da prisão em que sua mente está prisioneira. A sociedade influencia todos nós, molda nosso pensar, e essa pressão externa da sociedade se traduz gradualmente em “estado interior”; mas, por mais profundamente que penetre, ela será sempre externa e não haverá coisa que possa se chamar “estado interior” enquanto não for rompido esse condicionamento. Você deve saber o que está pensando e se está pensando como hinduísta, como muçulmano ou como cristão, isto é, conforme a religião a que por acaso você pertença. Você deve estar consciente do que acredita e do que não acredita. Tudo isso constitui o padrão da sociedade e, a não ser que você esteja consciente do padrão e dele se liberte, continuará prisioneiro, embora pense ser livre.

Mas, veja, o que interessa a quase todos nós é a revolta dentro da prisão; queremos melhor comida, um pouco mais de luz, uma janela mais larga, para podermos ver um pedaço maior do céu. Muito nos importa saber se o “outcaste”¹ pode ou não pode entrar no templo; desejamos eliminar determinada casta e, no próprio ato de eliminá-la criamos outra, uma casta “superior”; e, assim, continuamos prisioneiros, nunca há libertação da prisão. A liberdade está fora dos muros, fora do padrão da sociedade; mas, para você ficar livre desse padrão, tem de compreender todo o seu conteúdo, ou seja, compreender sua própria mente. Foi a mente que criou a atual civilização, essa cultura ou sociedade vinculada à tradição; e, se você não compreende sua própria mente e apenas se revolta como comunista, socialista, etc., isso pouco significa. Por essa razão, é muito importante que você tenha autoconhecimento, estar consciente de todas as suas atividades, de seus pensamentos e sentimentos; isso é educação, não? Porque, quando você está plenamente consciente de si mesmo, sua mente se torna muito sensível, muito vigilante.

Experimente isso — não num certo dia longínquo do futuro, porém amanhã ou nesta tarde mesmo. Se há muita gente em sua casa, trate de sair sozinho, para se sentar debaixo de uma árvore ou à beira de um rio e observar sossegadamente como funciona a sua mente. Não a corrija, dizendo: “isto é certo, aquilo é errado”; apenas a observe, como quem assiste um filme; os atores e atrizes estão desempenhando os seus papéis, e você apenas vendo. Pela mesma maneira observe a sua mente. Isso é verdadeiramente interessante, muito mais interessante do que qualquer filme, pois a sua mente é resíduo de todo o mundo e contém tudo o que os entes humanos têm experimentado. Compreende? Sua mente é a humanidade, e quando você perceber isso terá uma imensa compaixão. Dessa compreensão nasce um grande amor; e, então, ao ver coisas belas, saberá o que é a beleza.   

Krishnamurti — A cultura e o problema humano
___________

(¹ ) outcaste: Na Índia, aquele que foi expulso de sua casta, por violação de suas regras ou costumes. Os outcastes são destituídos de todos os direitos civis comuns. (Dicionário “Webster Collegiate) 

A importância do espírito de revolta

Pergunta: Os ricos estarão dispostos, alguma vez, a renunciar a uma boa parte do que têm em benefício dos pobres?

Krishnamurti: Não estamos falando sobre o que o rico deverá abandonar em favor dos pobres. Qualquer que seja a parte a que renunciem, não satisfará ao pobre. Mas não é este o problema. Vocês, que são abastados e que, por conseguinte, possuem a possibilidade de cultivar a inteligência, não podem, mediante revolta, criar uma nova sociedade? Isso depende de vocês, e de mais ninguém; depende de cada um de nós, e não dos ricos ou dos pobres ou dos comunistas. Mas, em geral, não possuímos esse espírito de revolta, esse ímpeto de libertação e de descobrimento. Esse espírito é que é importante. 

Krishnamurti — A Cultura e o Problema Humano


terça-feira, 9 de julho de 2013

Se revoltar, aprender e amar

Pergunta: Se revoltar, aprender, amarsão três processos separados ou simultâneos?

Krishnamurti: Naturalmente, não são três processos separados; é um processo unitário. Vejam, é muito importante verificar o que significa uma pergunta. Esta pergunta está baseada em teoria, e não na experiência; é puramente verbal, intelectual e, por consequência, sem validade. O homem destemido, que está realmente revoltado, lutando para descobrir o que significa aprender, amar — esse homem não pergunta se isso é um só processo ou três processos. Somos muito sutis com palavras, e pensamos que, apresentando explicações, temos resolvido o problema.


Sabem o que significa aprender? Quando estão realmente aprendendo, aprendem durante toda a vida e não têm nenhum mestre especial, de quem aprender. Então, todas as coisas lhes ensinam: uma folha, uma ave que voa, um perfume, uma lágrima, o rico e o pobre, os que choram, um sorriso de mulher, o orgulho de um homem. Aprendem de todas as coisas e, por conseguinte, não necessitam de nenhum guia, nenhum filósofo, nenhum guru. A própria vida é a mestra de vocês, e vocês se acham num estado de constante aprender. 

Krishnamurti — A Cultura e o Problema Humano

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill