"Oh Filho de Kunti, os sentidos excitados mesmo de um homem sábio, ainda que ele se esforce, impetuosamente arrebatam sua mente".
[...] A mente em sua busca por prazer transforma os fatos em ficções, através de um processo de associação e identificação. Ela projeta suas próprias associações sobre os fatos da vida. [...] Quando os sentidos perdem sua iniciativa e função em benefício da mente, então cessam de responder aos fatos da vida e começam a mover-se no reino dos objetos de prazer da mente. São incapazes de permanecer onde estão os fatos e tendem a gravitar para os objetos mentais. Estes são os objetos da vida e os objetos da mente. Os primeiros representam o fato, enquanto os segundos representam as projeções. Esses sentidos, operando em benefício da mente, são removidos dos objetos da vida para os objetos da mente. Ora, quando a mente recolhe-se, abstendo-se de toda intervenção no processo perceptivo, os objetos da mente começam a desaparecer e aparecem os objetos da vida. É então que os sentidos recebem o que lhes cabe. Contudo, tendo se acostumado a funcionar em benefício e sob direção da mente, os sentidos, no início, sentem-se perdidos quando a mente se recolhe. São incapazes de agir por conta própria e, assim, como diz o Bhagavad Gita:
"Oh Filho de Kunti, os sentidos excitados mesmo de um homem sábio, ainda que ele se esforce, impetuosamente arrebatam sua mente".
Os sentidos quase que forçosamente trazem a mente de volta e exigem sua intervenção. Isso ocorre em virtude de os sentidos não terem sido reeducados e serem incapazes de agir sem a direção da mente. Devem ser educados a funcionar sobre os objetos da vida e a afastarem-se dos objetos da mente.
[...] Se podemos olhar para os fenômenos não-psicológicos sem a intervenção da mente, os sentidos têm uma chance de funcionar por si próprios. Ou seja, os sentidos precisam ser reeducados para olhar ou sentir de outra forma a flor e a árvore, a nuvem e o pássaro, o rio e o mar. Com a mente recolhida, os sentidos começam a funcionar de uma maneira nova, descobrindo os objetivos da natureza, dissociados dos objetos da mente.
[...] Quando os sentidos recebem sua devida parte, porque a intervenção da mente foi interceptada, seu alcance e sua intensidade de resposta aumentam tremendamente. São capazes de comunicar ao cérebro um número muito aumentado de dados e sensações. Tal fato, é claro, resulta da ativação do cérebro, permitindo que ele funcione com seu pleno potencial.[...] A ativação do cérebro impede a interferência da mente em seus próprios processos perceptivos. O cérebro é capaz de tornar suas imagens perceptivas claras e vívidas sem que distorções sejam introduzidas nas mesmas. Quando há um fluxo ininterrupto de sensações dos órgãos dos sentidos, as imagens perceptivas também são constantemente renovadas. O fluxo da vida, transmitido pelas sensações sempre crescentes, é refletido em renovadas imagens da percepção formada pelo cérebro. A monotonia da mesmice desaparece, permitindo que ele permaneça sempre novo e energético, sempre pronto para aprender. O processo do aprendizado do cérebro não é reduzido, o que o faz funcionar com tremenda vitalidade. A maior elasticidade dos sentidos e a crescente vitalidade do cérebro são os resultados da prática da educação dos sentidos.
Rohit Mehta