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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O que é o si-mesmo? O que é você?

O si-mesmo não é nada além de palavras e recordações. Sendo assim, o si-mesmo é o passado
 Queremos descobrir a natureza mais íntima do si-mesmo, pois toda a nossa atividade se baseia no si-mesmo: o "eu" em primeiro lugar, você em segundo. Em todos os nossos relacionamentos, em todas as nossas atividades do escritório, ou em nossas atividades sociais, no nosso relacionamento com as outras pessoas, a atividade que gira em torno de nós mesmos opera permanentemente, mesmo quando estamos meditando, mesmo quando achamos que somos religiosos. O que é então o si-mesmo? Infelizmente, a maioria de vocês, por certo, já leu filosofia ou os livros sagrados — não os chamarei de sagrados porque são apenas livros — ou alguém lhes contou, o guru ou o líder religioso de vocês com certeza lhes disse que o si-mesmo é algo extraordinário e que deve viver eternamente, do princípio ao fim. 

Estamos, pois, fazendo uma pergunta bem simples, mas, na realidade, bastante complexa. A forma de abordar a questão é de extrema importância: você pode abordá-la com medo, com conceitos já formados ou aceitando a autoridade de outros e, nesse caso, a abordagem já de partida é limitada e circunscrita; ou, então, você percebe que, para pesquisar, é preciso liberdade; caso contrário, não se consegue pesquisar. Se você tem preconceitos, se tem um ideal ou conceito ou vontade, isso irá condicionar sua pesquisa. Então você, se me permite a pergunta, pode ter liberdade suficiente para entrar no assunto com bastante cuidado, de forma lógica, sadia e livre, para descobrir a natureza e a essência mais íntima do si-mesmo?... Embora sua forma ou nome possa ser diferente, será o indivíduo, a identidade do ser humano, que sente ou pensa que é separado, verdadeiramente separado? Suas idiossincrasias, seu caráter, excentricidades, tendências, qualidades — são o resultado da cultura na qual ele nasceu, ou terá ele desenvolvido o caráter como uma resistência à cultura? Isso é muito importante. 

Sendo assim, em primeiro lugar, o que é você? A sua atividade, de manhã à noite, é baseada no si-mesmo, na atividade que gira em torno de si mesmo. O que é esse núcleo a partir do qual você age, o núcleo a partir do qual você medita, se é que medita — eu espero que não — o núcleo no qual têm origem todas as ansiedades, medos, dores, pesares, sofrimentos e afeições; o núcleo a partir do qual você busca a felicidade, a iluminação, Deus, ou a verdade, ou seja lá o que for, o núcleo a partir do qual você diz: "Vou fazer os votos para me tornar monge"; o núcleo a partir do qual, no caso de se dedicar aos negócios, você tenta ficar mais rico e poderoso? Eis o núcleo que queremos organizar: o si-mesmo. O que é o si-mesmo e como terá surgido? Será possível você se conhecer tal como você realmente é, e não como pensa que é, como você espera ser? Será possível conhecer isso por inteiro, em toda a sua essência; será possível ultrapassar a atividade fragmentada do si-mesmo?

Será o si-mesmo, esse núcleo, um fruto do pensamento? Por favor, pensem e investiguem, raciocinem como se pensassem nisso pela primeira vez; então isso será original, então poderão investigar. Mas se você diz: "Eu já sei o que é o si-mesmo, já cheguei a certas conclusões a respeito dele", você se impde de examinar o assunto. 

Então, o que é o si-mesmo? O que é você? Não quem é você, mas o que é você? Há uma enorme diferença entre quem é você e o que é você. Quando você se refere a quem você é, você investiga alguém, e isso o leva cada vez mais para longe do núcleo; mas, se você se refere a o que você é na verdade, "o que é", então você está lidando com a realidade. A realidade é aquilo que realmente acontece. Então, o que é você? Você é um nome, uma forma, o produto de uma sociedade, de uma cultura que vem enfatizando ao longo dos tempos que você é separado, algo vagamente identificável. Certo? Você tem o seu caráter, a sua tendência particular, agressiva ou submissa. E tudo isso não é fruto da cultura, que, por sua vez, é fruto do pensamento? É muito difícil aceitar um exame bastante simples e lógico, porque, para muitos, seria preferível imaginar o si-mesmo como algo verdadeiramente extraordinário. Pretendemos mostrar que o si-mesmo não é nada além de palavras e recordações. Sendo assim, o si-mesmo é o passado. E conhecer-se significa observar-se, observar o que você realmente é, no seu relacionamento com os outros. Então as reações do si-mesmo aparecem nos nossos relacionamentos, sejam eles íntimos ou não. Então você começa a ver o que você é, suas reações, preconceitos, conceitos, ideais, isto ou aquilo. E não seria tudo isso um efeito? Todos os efeitos tem causa. E a causa não será, porventura, a sucessão de recordações, de lembranças e, portanto, o núcleo que acabou sendo criado pelo pensamento, núcleo este a que o pensamento se aferra?  

[...] Só o homem sincero viver; sincero no sentido de saber que é medroso, cheio de cobiça, ele se dá conta do seu próprio prazer peculiar e, sem discutir, sem reprimir, põe fim a isso — com facilidade, com graça, com beleza. Então você vera um começo totalmente diferente. Porque haverá um modo verdadeiro de encarar o nada, e isso é morte, isso é convidar a morte enquanto se vive. Esse convite é o fim de todos os apegos.

Então, de tudo isso brota um estranho fator, o fator da inteligência suprema. Essa inteligência se baseia na compaixão e na clareza e, devido à inteligência, há enorme habilidade. Assim, se você é sincero, aja, faça, não persiga uma vaga teoria ou ideal, mas ponha fim a algo que lhe é muito caro — sua ambição, seja ela espiritual, física, ou ambição de negócios — dê um fim a isso. Então você verá, por você mesmo, o início de um novo florescer.  

Krishnamurti — Madras, 7 de janeiro de 1978

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill