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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Meditação é trabalho árduo: exige a mais alta forma de disciplina

Uma mente meditativa é silenciosa. Não o silêncio que o pensamento pode conceber; não o silêncio de um anoitecer tranqüilo; mas o silêncio em que o pensamento — com todas as suas imagens, palavras e percepções - cessou completamente. Essa mente meditativa é a mente religiosa - de uma religião que não afetada pela igreja, templos ou cânticos.

A mente religiosa é a explosão do amor, amor esse que não conhece separação. Para ele, longe é perto. Não o um e o múltiplo; mas, ao invés disso, aquele estado de amor em que toda divisão cessou. Como a beleza, não pode ser medido por palavras. É só a partir desse silêncio que a mente meditativa age.

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A meditação é uma das maiores artes da vida — talvez a maior — e, possivelmente, não podemos aprendê-la de ninguém. Essa é a sua beleza. Não tem técnica e, portanto, não tem autoridade. Quando você aprende a seu próprio respeito, observando-se, observando como anda, como come, o que diz, a intriga, o ódio, o ciúme — se está atento a tudo isso em você, sem qualquer escolha — então, isto é parte da meditação. Portanto, a meditação pode ter lugar quando se está sentado num ônibus, caminhando num Bosque repleto de luz e sombra, ouvindo o canto dos pássaros ou contemplando o rosto de sua mulher ou de seu filho.

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É curioso quão importante a meditação se torna; não tem princípio nem fim. É como uma gota de chuva: naquela gota estão contidos todos os riachos, grandes rios, mares e quedas d'água; aquela gota nutre a terra e o homem; sem ela, a terra seria um deserto. Sem a meditação, o coração se torna um deserto, uma terra devastada.

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Meditação é descobrir se o cérebro, com todas as suas atividades e experiências, pode ficar absolutamente quieto. Não forçado, pois, no momento em que você o força, há dualidade. A entidade que diz, "Gostaria de experiências maravilhosas; por isso, preciso forçar o meu cérebro a se aquietar", jamais o fará. Mas, se você começa a investigar, observar e prestar atenção a todos os movimentos do pensamento, seus condicionamentos, desígnios, medos e prazeres, a observar como o cérebro funciona, então verá que o cérebro se torna extraordinariamente quieto; essa quietude não é sono, mas tremenda atividade que é, por si mesma, tranquila. Um grande dínamo, que funciona perfeitamente, dificilmente faz barulho; só quando há atrito, há ruído.

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Silêncio e amplidão andam juntos. Imensidão do silêncio é imensidão da mente em que já não existe um centro.

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Meditação é trabalho árduo. Exige a mais alta forma de disciplina — que não é conformação, imitação ou obediência — mas disciplina que vem da constante atenção, não só para as coisas externas à sua volta, mas também as internas. Portanto, a meditação não é uma atividade de isolamento, mas ação na vida diária que exige cooperação, sensibilidade e inteligência. Sem lançar as bases de uma vida correta, a meditação se torna uma fuga e, portanto, sem valor. Uma vida correta não é seguir a moralidade social, mas libertar-se da inveja, da cobiça e da busca de poder — todas gerando inimizade. A libertação dessas coisas não vem pelo exercício da vontade, mas tomando consciência delas pelo autoconhecimento. Sem o conhecimento das atividades do eu, a meditação se torna estimulação dos sentidos e, portanto, de muito pouco significado.

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Estar procurando experiências mais amplas, profundas e transcendentais é uma forma de fuga da verdadeira realidade, "o que é" e que é nós mesmos, a nossa mente condicionada. Por que uma mente atenta, inteligente e livre deveria ter qualquer "experiência"? Luz é luz; não procura mais luz.

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A meditação é uma das coisas mais extraordinárias e, se não souber de que se trata, você será como um cego num mundo de cores brilhantes, sombras e luzes cambiantes. Não é uma questão intelectual, pois quando o coração penetra a mente, esta passa a ter uma qualidade diferente; ela é, então, realmente ilimitada, não só em sua capacidade de pensar e agir com eficiência, mas também no sentido de viver num amplo espaço em que você faz parte de tudo. Meditação é o movimento do amor. Não o amor do um ou do múltiplo. É como água que qualquer um pode beber de um cântaro; seja o cântaro de ouro ou de barro, a água é inexaurível. E coisa peculiar acontece que nem a droga nem a auto-hipnose podem produzir: é como se a mente entrasse dentro de si mesma, começando na superfície e penetrando cada vez mais fundo, até que profundidade e altura tenham perdido o seu significado e toda forma de medida tenha cessado. Nesse estado há completa paz — não satisfação que vem da gratificação — mas uma paz que tem ordem, beleza e intensidade. Toda ela pode ser destruída, como uma flor pode ser destruída; e, contudo, por causa de sua própria vulnerabilidade, torna-se indestrutível. Essa meditação não se aprende com outrem. Deve-se começar sem nada saber a seu respeito e prosseguir com simplicidade. O solo em que a mente meditativa pode surgir é a vida diária, a disputa, a dor e a alegria fugaz. Deve surgir lá, trazendo ordem e daí prosseguir sem parar. Mas se você está preocupado só em produzir ordem, então essa mesma ordem produzirá sua própria limitação e a mente tornar-se-á sua prisioneira. Em todo esse movimento, você deve começar de algum modo pelo outro extremo, da outra margem, e não ficar preocupado com essa margem ou em como cruzar o rio. Caia n'água sem saber nadar. A beleza da meditação está em você não saber onde se encontra, para onde se dirige e qual é o fim.

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Meditação não é algo diferente da vida diária, não é recolher-se a um canto e meditar por dez minutos e depois encerrá-la e tornar-se um carniceiro — metafórica ou realmente. Meditação é uma das coisas mais sérias. Pode ser praticada durante todo o dia, no escritório, com a família, quando se diz a alguém, "Eu te amo", ou quando se está pensando nos filhos. Mas eis que eles são educados por você para serem soldados, para matar, para serem patriotas, para adorar a bandeira, educando-os para cair nas armadilhas do mundo moderno.

Observar e perceber sua participação em tudo isso, faz parte da meditação. E quando assim meditar, você descobrirá uma beleza extraordinária; agirá corretamente a cada momento; e se não agir corretamente num dado momento, não faz mal: você retomará o reto agir, sem perder tempo com arrependimentos.

Meditação é parte da vida, não algo diferente dela.

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Se você se lança à meditação, não haverá meditação. Se você se dispõe a ser bom, a bondade jamais florescerá. Se você cultivar a humildade, ela deixará de existir. Meditação é a brisa que entra quando a janela está aberta; mas se você a mantiver aberta, convidando-a deliberadamente a entrar, ela jamais aparecerá.

Krishnamurti em, Meditação
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill