Pergunta: Um dos problemas básicos da ciência é a linguagem. A ciência está crescendo porque nós temos uma definição clara sobre o que estamos falando. Um dos problemas básicos para os cientistas, quando eles estão tentando compreender o que significa a jornada interior, é definir claramente, por exemplo, o que significa consciência. Eu lhe dou, como... A maioria dos cientistas não fazem qualquer diferença entre consciência (estar desperto), consciência (estar ciente) ou mente consciente. Eles estão usando este termo de uma mesma maneira. Assim, eu gostaria de lhe pedir, se for possível, que tenha uma compreensão a respeito desses termos.
Osho: Sim, não há dificuldade alguma. As palavras podem ser definidas claramente. A dificuldade não é por causa das palavras, a dificuldade básica está vindo de um outro lugar. É que o cientista, no fundo, não acredita que exista alguma coisa no interior. Ele pode dizer assim, ou pode não dizer assim, mas toda a sua formação, toda a sua educação faz com que ele confie somente nos objetos - os quais ele pode dissecar, os quais ele pode observar, ele pode analisar, ele pode compor, criar, desfazer a criação, descobrir seus básicos componentes. Toda a sua mente é orientada para o objeto e a subjetividade não é um objeto. Assim, se ele quiser colocar a subjetividade diante dele sobre uma mesa isso não será possível. Isso não é da natureza da subjetividade. Assim, o cientista segue descobrindo tudo no mundo, exceto a si próprio. Uma grande barreira existe, e a barreira é que nada existe no interior.
Quando você corta uma pedra em pedaços, o que você encontra? - mais pedras. Você continua cortando em pedaços menores, pedaços menores. Você chega às moléculas, você chega aos átomos, você chega aos elétrons, mas, ainda assim, você não chega a coisa alguma mais interna. Eles todos são objetos.
Ele também gostaria que a vida fosse descoberta dessa mesma maneira, e porque ele não consegue descobrir a vida dessa mesma maneira, ele começa a negá-la. E a consciência é ainda um problema mais difícil. Por ele não conseguir tocá-la, dissecá-la, descobrir seus componentes, ele simplesmente a rejeita - ela não existe.
Assim, este é o seu preconceito. Por causa desse preconceito ele fica confuso. E esse preconceito pode desaparecer muito facilmente, se ele, hipoteticamente aceitar - eu não estou dizendo que ele tem que acreditar, apenas aceitar hipoteticamente - que se existem coisas do lado de fora, então é muito científico que devem existir coisas que estão no interior porque na existência tudo está polarizado pelo seu oposto. O externo somente pode existir se existir um interno. O inconsciente somente pode existir se existir consciência. Isso é uma dialética simples da vida - e ele conhece isso - na existência, em todo lugar, ele encontrará a mesma dialética. Tudo está em oposição ao seu oposto. E ambos são, de alguma maneira estranha, complementares um ao outro - se opondo e ainda assim complementares um ao outro. Negar o interior é uma atitude muito não-científica. Assim, primeiro tem que se aceitar hipoteticamente que o interior existe.
Em segundo lugar, tem que se entender, que a metodologia que funciona para o exterior não pode funcionar para o interior. Simplesmente porque o interior é a dimensão oposta ao exterior o mesmo método não será aplicável. Você terá que encontrar uma nova metodologia para o interior. E isto é o que eu chamo meditação isto é a nova metodologia para o interior.
O S H O - Trecho de uma entrevista à edição italiana de 'Science 85 Monthly'
O S H O - Trecho de uma entrevista à edição italiana de 'Science 85 Monthly'