Existe uma diferença entre "emprego" e "trabalho". Emprego é o que satisfaz nossas necessidades financeiras e físicas; trabalho é o que satisfaz nossas necessidades emocionais, mentais e espirituais e dá sentido à nossa vida. A personalidade pensa em termos de emprego, enquanto a alma anseia por um trabalho significativo. Num mundo ideal, emprego e trabalho seriam sinônimos, mas, infelizmente, o que acontece é que a maioria das pessoas tem emprego, não um trabalho verdadeiro. Em nossa sociedade, é cada vez maior o desejo de um trabalho significativo, capaz de satisfazer as necessidades tanto da personalidade quanto da alma, o que leva a um questionamento sobre o conceito acerca da natureza do trabalho.
(...) A imagem que temos de nós mesmos e o amor-próprio estão de tal modo vinculados ao nosso trabalho que muitas pessoas, mesmo não o apreciando, temem deixar o emprego. A ideia de ficar desempregado provoca uma grande ansiedade e até mesmo medo, pois o conceito que temos de nós mesmos se baseia em grande parte no nosso emprego. Se perguntarmos às pessoas: "O que você faz?", quantas delas responderão que são ciclistas, ambientalistas pu pai/mãe? Tão forte é o senso de identificação do nosso ser com o trabalho e com o salário que aqueles que não dispõem de um trabalho remunerado, os que se dedicam a criar os filhos ou que prestam serviços voluntários, frequentemente se sentem desprestigiados e assumem uma posição de defensiva diante dessa pergunta. Do mesmo modo, os indivíduos que escolheram atividades "alternativas" — tais como a massagem, astrologia ou artes — ou profissões autônomas podem achar que seu trabalho é menos importante que as carreiras tradicionais. O próprio fato de sua ocupação ser considerada "alternativa" já indica desconfiança e reprovação implícitas.
Nós devemos mudar essa visão do trabalho e perceber que todas as ocupações capazes de promover o bem comum têm valor. Contanto que o nosso trabalho coadune com o propósito da alma, estaremos fazendo o que viemos fazer.
(...) Precisamos examinar a nossa personalidade e o conjunto de circunstâncias que nos foi dado nesta vida e encontrar o nosso trabalho dentro desses limites. Queixar-se de que não é justo, que é mais fácil para os outros, que não é o que desejamos, nada disso nos fará qualquer bem. Devemos revolver o solo das nossas circunstâncias genéticas, históricas e culturais para encontrarmos a pérola de inestimável valor que ali está enterrada. Algumas vidas pedem excelência no mundo exterior e outras no mundo interior. A alma e a personalidade precisam aprender a trabalhar juntas para determinar seu propósito conjunto e abraçá-lo com alegria.
(...) Trabalhar com alma significa executar o trabalho que fomos convocados a fazer. E queremos executá-lo, não importa o salário e o status ou a opinião dos amigos e da família. Executá-lo nos faz sentir bem com nós mesmos, com os outros e com o mundo. A nossa vida adquire significado e caminhamos em conformidade com o nosso objetivo.
(...) Quando colocamos a alma no trabalho, colocamos a totalidade de quem somos no nosso trabalho. Quando fazemos o que amamos, nós nos energizamos e o resultado é a manifestação do nosso sonho no mundo material — o que leva à realização interior e exterior.
Tanis Helliwell em, Trabalhando com Alma - Transforme sua vida e o seu trabalho
Tanis Helliwell em, Trabalhando com Alma - Transforme sua vida e o seu trabalho