Se você está confuso, então deverá continuar com as meditações. A confusão é a doença e a meditação é o remédio. Ambas palavras, meditação e medicina, vêm da mesma raiz. Se você está confuso deve continuar a meditar. Quando você perceber o principal sem nenhuma confusão, então não haverá necessidade. Mas a meditação o preparará, o forçará a perceber que não há necessidade de fazer coisa alguma, e somente a meditação pode fazer isso.
Apenas me escute... Eu lhe disse que ser natural é ser iluminado. Agora você pensa: "Isso é fantástico! Posso me sentar em silêncio e não fazer nada."Mas você pode realmente se sentar em silêncio e não fazer nada? Se você realmente pudesse se sentar em silêncio e não fazer nada, então essa questão não surgiria. Você teria sentado e sabido e teria se curvado diante de mim e me agradecido. Não haveria questão alguma; você teria vindo a mim dançando, não com uma questão e com uma mente confusa.
Se você puder se sentar em silêncio sem nada fazer, o que mais é necessário? É isso o que Buda estava fazendo sob a Árvore Bodhi — sentado em silêncio, sem nada fazer... e então aconteceu. É como aconteceu comigo! É assim que sempre acontece!
Entretanto não fazer não é tão fácil. Devido a você ter ficado tão acostumado a fazer uma coisa ou outra, mesmo sentar-se será um fazer para você. Você terá de se forçar numa postura de ioga e se sentará com tensão, quieto, sob controle, se segurando, tentando sentar em silêncio e não fazer nada... e fervendo por dentro para fazer mil e uma coisas, e milhares de pensamentos bradarão à volta e o distrairão.
Você pode simplesmente se sentar e não fazer coisa alguma? Isso é o supremo; nirvana é isso, samadhi é isso.
Pode acontecer; também pode acontecer apenas ao me escutar, mas então grande inteligência é necessária. Então você percebeu o principal, que ser natural é tudo. Onde está a confusão? Você percebeu ou não. Se você percebeu, toda a confusão desapareceu... e você se sentará, andará, comerá e falará silenciosamente. Você se tornará um não-agente, se tornará um ser natural.
Contudo, se você não percebeu, então precisará de mais algumas coisas malucas; você precisará passar por elas. Essas meditações o forçarão a perceber o principal. Ou você percebe apenas ao escutar e se sentar ao meu lado, ou você terá de perceber o caminho difícil.
(...) Assim, se você se sente confuso, então continue meditando. A meditação não é para a iluminação; ela é para pessoas confusas. A meditação não o leva à iluminação; ela simplesmente o deixa farto de sua confusão. Perceba o essencial: meditação não é um caminho para a iluminação, mas apenas um caminho para se livrar da confusão. E quando não houver confusão a iluminação vem espontaneamente.
O trabalho da meditação é negativo. Ela tira coisas de você e não lhe dá coisa alguma; ela simplesmente fica tirando coisas de você. A raiva, a cobiça e o desejo desaparecem e você começa a perder tudo o que tinha. Você fica a cada dia mais pobre.
É isso o que Jesus quer dizer quando fala: "Bem-aventurados são os pobres de espírito".
A raiva, a cobiça e a ambição não estão presentes. Lentamente, pedaços de seu ser são cortados de você. E de repente, num dia, nada está presente — ou somente nada está presente. Nesse exato momento, a luz penetra. Todas aquelas coisas — cobiça, raiva, paixão, ânsia, ódio, ambição, ego — estavam atrapalhando o caminho, não permitindo que a luz penetrasse em você. Elas estavam funcionando como uma rocha entre você e Deus. Tudo isso foi removido... de repente, Deus entra em você e você entra em Deus.
Se você me compreende, não há necessidade de nenhuma meditação. Porém, se não me compreende... para me compreender a meditação será necessária. Então prossiga fazendo-a.
(...) Meditações são catárticas. Elas jogam fora todo o lixo contido dentro de você. Elas simplesmente o limpam, abrem as portas, os olhos — o sol está presente. Uma vez que você esteja disponível, ele começa a penetrá-lo.
Então você nunca dirá: "Tornei-me natural." Você dirá: "Eu era natural. O problema não era como me tornar natural, mas como não continuar a me tornar não-natural."
O S H O