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quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Quando é que o saber é perigoso?

Escrevi-lhe uma carta acerca de determinado problema. O senhor recebeu-a?

K- Não me recordo; qual é o problema?

Não sei se será justo chamar a isso um problema. Na realidade encontro-me numa situação de indecisão. Após a leitura dos seus livros encontro-me diante de um dilema.

K- Já o debateu com o doutor Adikaram?

Já, todavia ainda me encontro confuso. Recentemente terminei os meus estudos no colégio; fui um aluno bastante bom e obtive boas notas e fui bem sucedido nos exames. Mas agora devo decidir se devo frequentar a universidade ou abandonar os meus estudos. Estou persuadido de que se agir assim as chances de eu encontrar um emprego sejam muito fracas, a menos que obtenha um diploma universitário. Porém, se continuar a estudar com a intenção de obter um diploma não correrei o risco de tornar o meu espírito insensível? Desejo cultivar um espírito altamente sensível mas o facto de amontoar conhecimentos arrisca a que aumente a minha insensibilidade, coisa que tornará a mente menos flexível. Tirei muito proveito da leitura dos seus livros mas neles explica que o saber é um obstáculo. Eu próprio compreendo que o saber embota o espírito e torna-o opaco e obtuso.

K- Antes pelo contrário! O conhecimento aguça o espírito e torna-o vigilante e desperto.

Descubro a cada passo que quanto mais conhecimentos adquiro mais o meu carácter não pára de sofrer mudança. Mudam os meus gostos e do mesmo modo o meu aspecto. Desaparece o frescor inocente da minha infância por não cessar de me transformar. Isso não representará um dano?

K- Aquilo que é passível de sofrer mudança não merece ser conservado.

Não sinto ter ficado absolutamente esclarecido. Que concelho me daria?

K- Escute, não possui um pé-de-meia?

Não, não tenho.

K- Gostaria de usar a escudela de mendigo?

Claro que não!

K- Então nesse caso deve completar a sua educação e empregar-se. Trate de obter todas as qualificações exigidas para a obtenção de um emprego. Suponhamos que completa os seus estudos de engenharia; não seja ambicioso e evite dizer: "Vou tratar de ser o melhor e o mais eficaz". É só isso. O desejo de brilhar na sociedade deve ser evitado pois é vulgar. O saber, por si mesmo, é destituído de perigo, mas utilizar o saber como meio de satisfação própria, isso torna a mente obtusa.

Então não é contra o saber?

K- Senhor, porque razão não haveríamos de ter necessidade de mais e melhores conhecimentos? O verdadeiro cientista está constantemente a tentar alargar as fronteiras do conhecimento. Porém, quando um cientista trabalha duro com a intenção de obter o Nobel, isso não representará a busca da própria glória?

Eu nem sempre compreendo bem essa questão. Quando é que o saber é perigoso e em que circunstâncias será ele útil?

K- O fato de utilizarmos o saber para tirar proveito psicológico é que é nocivo.

Nas suas conferências emprega a distinção entre a memória dos factos e a memória psicológica. Aquilo que é efetivo torna-se facilmente compreensível. Mas, por favor, explique o termo "memória psicológica".

K- É um facto que o doutor Adikaram é doutor em filosofia, e a isso chamamos memória factual. Mas, no momento em que passa a considerá-lo uma pessoa socialmente útil só porque possui um título universitário criou uma memória psicológica; não será? Agora, será que consegue olhar diretamente o seu amigo sem o ver através do écran das suas posições ou reputação?

Fico preocupado só mesmo de ver a minha insensibilidade diminuir à medida que envelheço.

K- Seja vigilante e assegure-se de que tal não se produza. Eu sou obrigado a encontrar-me com as pessoas porém, velo para que não me torne insensível.

Susunaga Weeraperuma - Krishnamurti tal como o conheci
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill