Interrogante: A tentativa de revolucionar a psique pode ser também denominada "expansão da consciência?"
Krishnamurti: O expandir da consciência exige um centro que esteja consciente de sua expansão. No momento em que existe um centro, como ponto de partida da expansão, isso não é expansão, porquanto o centro limita sempre sua própria expansão. Se há um centro que me serve de ponto de partida, embora eu chame isso "expansão", esse centro será sempre fixo. Posso expandir-me dentro de um certo raio, mas, visto que o centro é sempre fixo, não há expansão. Não se deve fazer uso da palavra "expansão".
Interrogante: A revolução da psique não requer também a existência de um centro?
Krishnamurti: Não, senhor; foi isso que já tive o cuidado de explicar. Vou tornar a dizê-lo muito rapidamente. Vós sabeis o que é espaço. Quando olhais para o céu, existe um espaço, o qual é criado pelo observador que está a olhar. Aqui, está este objeto, um microfone, a criar espaço ao redor de si. Porque ele existe, esse espaço existe. estamos neste salão. Nele há espaço por causa das quatro paredes, e fora dele há espaço. Só conhecemos o espaço que existe por causa do centro, que está a criar espaço ao redor de si. Ora, o centro pode expandir esse espaço por meio da meditação, da concentração, etc. e tal; mas o espaço é sempre criado pelo objeto, como o microfone que cria o espaço em torno de si. Enquanto existir centro, observador, ele criará espaço em redor de si; poderá chamar esse espaço de "dez mil milhas" ou "dez passos", mas trata-se sempre do espaço restrito do observador. O expandir da consciência, um dos truques mais fácies, fica sempre do raio que o centro cria. Em tal espaço não há liberdade nenhuma, porque tal liberdade é semelhante à liberdade que tenho deste salão. Não sou livre. Só há liberdade e, por conseguinte, um espaço imensurável, quando não existe observador; e a revolução a que nos referimos é a revolução da psique, da própria consciência, na qual atualmente existe sempre o centro que fala em termos de "eu" e "não eu".
Krishnamurti – A importância da transformação - Cultrix