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sexta-feira, 15 de março de 2013

Um breve relato sobre "família disfuncional"

A família disfuncional começa a gravar toda forma de condicionamento: cultural, religioso, racial, nacionalista, toda forma de cultura; começa a transmitir tudo, dizendo aquilo que você “pode” e aquilo que você “não pode” dizer ou fazer, como “você tem que” sentar, como “você tem que” falar, a ditar quantas vezes “você tem que” se alimentar durante o dia... Como se nós, seres humanos, fossemos todos iguais, como se tivéssemos que funcionar igualmente, não respeitando nenhuma característica individual. Vocês já pensaram um jardineiro exigir que uma rosa, fosse igual a um gerânio; ou o gerânio ser igual a rosa? É mais ou menos isso o que é o condicionamento familiar e social: enquadrar todos os seres num mesmo tipo de percepção de mundo; e é bem isso o que acaba ocorrendo dentro de uma família disfuncional. Você nasce já recebendo os vários pacotes culturais transgeracionais, os quais ditam os padrões comportamentais “aceitáveis”.

É normal, desde a mais tenra idade, nos depararmos com frases do tipo: “O que você ‘vai ser’ quando crescer?” Quer dizer, aqui e agora, você não é; você só ‘vai ser’ se você conseguir um diploma com uma estampilha dourada para afixar numa determinada parede; se você colecionar vários diplomas referentes a uma determinada especialidade, então você será, caso contrário, “você não é”. Esse padrão de “vir-a-ser”, é um padrão herdado, um padrão transgeracional que em nós é instalado desde a mais tenra idade. Então, se a sua família é vegetariana, você também é vegetariano; se a família é carnívora, você é carnívoro; você “tem que” comer porque isso vem funcionando até hoje com a sua família, então, também “tem que” funcionar com você; se funcionou com todos os seus ancestrais, por que não vai funcionar com você? Desse modo, desde a infância, somos formatados, condicionados, mesmerizados, vamos sofrendo os mais variados tipos de pressão instalados através de uma enorme quantidade de “você tem que”, “você deve” e “é assim e pronto!”... “Se você não funcionar do meu jeito, vou colocá-lo num reformatório!” “Se não fizer o que estou falando, vai direto para a Diretoria!”

Numa família disfuncional, a educação é alicerçada num modelo comparação, o qual é responsável pela fragmentação da consciência da realidade que somos. Será possível algo mais fragmentador do que comparar um ser humano com outro ser humano e avaliá-lo através de um conceito padronizado, socialmente aceitável? Será que há algo mais fragmentador do que forçar um ser humano a abrir mão de suas características próprias, originais, para ser “igual” ao primo, ao irmão mais novo ou mais velho que “não dá trabalho”? E, dessa forma, devido a nossa necessidade de aceitação grupal, vamos nos conformando às descabidas pressões de adultos adulterados adulterantes e, consequentemente, abrindo mão de nossa autenticidade, de nossa originalidade e de nossa sensibilidade criativa. Passamos então a ser meras cópias, facilmente influenciáveis. E tudo isso, através da influência das pessoas significativas que afirmam, de forma leviana, nos amar; como dizia o poeta: “Quando você gosta mesmo, não quer mudar a pessoa!” Onde está o amor ai, se quero formatar o outro para ser aquilo que “eu acho” que é o mais correto para ele? Então, seu eu fizer tudo de acordo com a expectativa do outro, eu sou amado; se eu não fizer do jeito que a expectativa dele tem de mundo para mim, eu já não “mereço” o mesmo amor, não mereço o mesmo tratamento e, portanto, devo ser deixado de lado. Numa família disfuncional, a retórica de pensamento é mais ou menos a seguinte: "Eu lhe apoiarei — desde que — você faça exatamente aquilo que eu espero que você faça, para que, assim, eu não tenha abalada a minha atual zona de conforto". Então, uma criança de sete ou oito anos de idade, ela não tem o raciocínio de um adulto; para ela receber a atenção e o carinho condicionado dessas pessoas significativas e, assim, se sentir parte do grupo, o que para ela é fundamental nessa fase de sua vida, ela fatalmente irá negar o ser que é, custe o que custar. Isso pode ser fácil no início, mas, com o passar dos anos, não vai ter como dar continuidade a esse processo de auto-abandono, de auto-boicote de sua natureza real. Com o passar dos anos, não há como ter a sua sensibilidade totalmente adulterada; isso é corrupção; corrupção não é passar dinheiro por debaixo da mesa; corrupção é você contrariar aquilo que o teu coração está pedindo, contrariar aquilo que o teu coração está te mostrando como verdadeiro. Corrupção é você deixar de expressar os seus reais sentimentos em nome de se ajustar às descabidas exigências de terceiros. E, uma vez aceito isso, com tanta pressão, ter sido exposto durante tantos anos a um ambiente opressivo, com abusos físicos, verbais, emocionais, religiosos, sexuais; muitos desses abusos são vistos pela sociedade como sendo educação, quando não tem nada a ver com a genuína educação; isso na realidade é abuso! Abuso é tudo aquilo que nos faz corar. No abuso sexual não é preciso que ocorra a penetração; uma colocação, um olhar pode ser um abuso. Então, nessas famílias disfuncionais, falta psique, falta inteligência amorosa; e é importante ressaltar aqui, que ninguém é culpado disso, afinal, somos todos prisioneiros em meio de prisioneiros; somos sobreviventes em meio de sobreviventes. Até hoje, não temos a presença de uma genuína “educação psíquica”. A educação, até hoje, é orientada para você “servir tecnicamente, especificamente ao sistema”; temos uma educação que só prepara o lado técnico de nossa mente. O lado humano, nossa expressão anímica é totalmente descartada. A dimensão psíquica do ser que somos é totalmente descartada. Como é possível fazer frente a todas as exigências do mundo, sem esse lado humano, só com uma mente técnica, cartesiana? É óbvio que o coração, o ser, vai “explodir”, com tanta forma de inadequada pressão. E aí está os fundamentos da depressão. Então, como costumo dizer, a depressão é a maior benção de um ser humano, pois é o último aviso que o ser lhe manifesta, dizendo da necessidade emergencial de resgatar a originalidade, a autenticidade, o estado de unidade interna entre mente e coração; um aviso dessa mais profunda e amorosa inteligência psíquica de que não é mais possível dar continuidade a esse padrão de fragmentação interna em nome da aceitação condicionada de pessoas condicionadas e que se relacionam apenas com uma imagem de um padrão comportamental socialmente aceito como correto. É um absurdo isso, aceitar como correta, sem a mínima expressão de questionamento, a cultura herdada; o que numa dentro de um espaço e tempo é correto, noutra localidade e noutro tempo já não é correto. Então, como é possível querer se encaixar dentro dos moldes de moral que o outro tem como correto? Em vista disso que afirmo ser a depressão uma benção; porque ela nos diz: “Ou você segue o seu coração ou seu te mato!”... E mata mesmo! E nunca vamos ver num laudo policial, que a pessoa acabou morrendo por causa de um súbito ataque reativo de “pensamento psicológico condicionado”. Com certeza, darão um monte de conceitos no laudo, mas nunca colocarão de que fulano morreu por causa da inconsciente identificação com um padrão de pensamento psicológico condicionado. Não tem como praticar qualquer tipo de padrão obsessivo compulsivo sem antes se pensar absurdamente nesse padrão, sem antes ter “ritualizado” pelo pensamento, as possibilidades para a manifestação desse padrão comportamental.
É isso o que vejo!

Um fraterabraço e bons momentos nesse esterno agora que somos!

Outsider
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill