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domingo, 24 de março de 2013

Descobrindo a verdadeira natureza do amor, da beleza e da morte

Passemos a aprender o que é o Amor. Eis uma palavra muito usada e repetida, que você tem rodeado de fórmulas de toda espécie: o amor é divino, o amor é sagrado, o amor não é profano... Com isso você pensa tê-lo compreendido.  Você sabem o que é o amor? Se você é realmente sincero, não hipócrita, dirá: “Não sei; só sei o que é o ciúme, o que é o prazer sexual — a que chamamos amor; só sei das agonias por que passamos por causa dessa coisa que chamamos amor”. Mas a natureza do amor, a sua beleza, essa, em verdade, você desconhece.

O que é, pois, o amor? Não tenha nenhuma opinião, nenhuma fórmula a seu respeito. Se você as tem, cessou de aprender. Você compreende o que é amor? Investiguemos isso juntos. Se compreendo verbalmente o seu significado, o que compreendo não é, de modo nenhum, amor. O que é amor? É prazer? É desejo? É um produto do pensamento? É amar a Deus e odiar o homem? É isso o que você faz — ama a Deus e oprime o seu semelhante. Você ama o líder político, ou talvez não o ama, mas ama o seu patrão, sua esposa. Você realmente ama a sua esposa? Sim?(*) O que significa isso? Quando você ama uma coisa, você vela por ela. Senhor, você ama os seus filhos, isto é, vela por eles não só quando são pequeninos, mas também ao se tornarem maiores, cuidando de que recebam correta educação? Se você os ama, terá cuidado em não lhes ensinar apenas em que eles obtenham empregos seguros, casem-se e se estabilizem, seguindo o padrão de sua própria geração.

E o amor é ciúme, é? Um homem ambicioso e decidido a alcançar a qualquer preço os seus alvos jamais compreenderá o que é o amor, não acha? Pode um homem violento compreender o que é o amor? E o homem, com efeito, é violento, agressivo, ambicioso, competidor. O que você chama de amor é apenas prazer. Você diz que ama sua família. Você sabe o que significa amar alguém? Pode um homem amar sua esposa e filhos se é ambicioso, se, nos negócios, quer prosperar enganando seus semelhantes?

Por conseguinte, para você descobrir o que é o amor, a ele deve chegar negativamente: não ser ambicioso. Se você diz: “Se eu não for ambicioso, serei destruído por este mundo” — deixe que o destrua; porque, afinal de contas, este é um mundo estúpido, monstruoso, imoral. Se você realmente deseja descobrir a beleza, a verdadeira natureza do amor, deve renegar toda a moral cultivada pelo homem. O que você tem cultivado é a ambição, a avidez, a inveja, a competição, o apego ao seu desprezível “eu”, a sua insignificante família. Sua família é você mesmo. Você está identificado com ela e, por conseguinte, ama a si mesmo, não a sua família, a seus filhos. Se de fato você amasse seus filhos, o mundo seria diferente, não haveria guerras. Assim, para você descobrir o que é o amor, deve afastar o que ele não é. Você está disposto a isso? Ora, você está disposto a tudo, menos isso; quer frequentar seus templos, seus gurus, ler incessantemente seus livros sagrados, recitar mantras, iludir a si mesmo, e falar sobre o amor de Deus e sua devoção a seu guru. Não quer fazer a única coisa certa, que é: descobrir o que significa amar, descobrir, por si mesmo, o que significa não ser agressivo.

Assim, o homem que no coração não tem amor, mas só coisas feitas pelo pensamento, esse homem fará um mundo monstruoso, edificará uma sociedade totalmente imoral. E foi isso que você fez. Dessa forma, para você descobrir o amor deve desmanchar tudo o que fez, não por meio do tempo, dizendo: “Eu o desmancharei gradativamente”. Esse é outro artifício da mente. Você diz: “Isto é meu Karma”. Se você compreender realmente a agressividade, compreender quanto ela é terrível, quer em pequena, quer em grande escala, você a abandonará instantaneamente. Nesse abandono, há grande beleza.

E cumpre-nos também descobrir o que significa morrer. Você já viu a morte. Já viu pessoas morrerem e serem transportadas para o túmulo, mas não sabe o que significa morrer, sabe? Você tem teorias e crenças sobre a morte, sobre o que acontecerá após a morte ou diz “Creio na encarnação”. Todos vocês creem na encarnação, não?

(Vozes: Nós cremos)

Você sabe o que isto significa — reencarnação? Escutem bem quietos. Você adotou a suposição de que, após a morte, você renascerá; você acredita nisso. O que é “você”? — O dinheiro depositado no banco, a casa, o emprego, lembranças, disputas, ansiedades, dores, medo — tudo isso não é “você”? Você nega que isso seja “você”, dizendo que o “eu” é muito superior a essas coisas? Se você diz que o “eu” não é seus móveis, sua família, seu emprego, mas uma coisa infinitamente superior, quem é que o diz, e como você sabe que existe “uma coisa infinitamente superior”? Quem o diz é o pensamento e, portanto, essa coisa “infinitamente superior”, esse “superego”, esse Atman, está ainda no campo do tempo, no campo do pensamento, e o pensamento é “você” — seus móveis, sua conta no banco, seu apego à família, à nação, a seus livros, a seus desejos não preenchidos. Se você realmente acreditasse — com o coração e não com sua mente desprezível — que na vida futura reencarnaria, você estaria vivendo hoje de maneira totalmente diferente, porque, pelo que hoje você faz, terá de pagar amanhã, na “vida futura”.

Ao morrer, você perderá seu depósito bancário, pois você não pode leva-lo consigo; poderá retê-lo até o último minuto, e a maioria das pessoas quer retê-lo até o último instante — muito cômico, não é? Assim, como realmente você sabe nada sobre a morte, vamos aprender o que ela é — aprender, e não apenas repetir o que o orador diz, porque, se o repetir, verá que são meras palavras — nada.

O organismo físico, decerto, perecerá. O cientista poderá dar-lhe mais uns cinquenta anos, mas, ao cabo deles, o organismo morrerá, porque está sendo submetido a constante uso e abuso. O organismo vive sujeito a tensões e pressões de toda espécie; dele se abusa com bebidas, drogas, comidas impróprias, incessante luta. Tais excessos cansam o organismo, de onde surgem os colapsos cardíacos, as doenças, etc.

O corpo perecerá, e que mais morrerá com ele? Sua mobília, seu saber, suas esperanças, desesperos e preenchimentos. O que é, pois, morrer? Aprenda isso, por favor. Nós estamos aprendendo juntos. Para você descobrir o que é a morte, deve morrer, não? Se você é ambicioso, deve morrer para a sua ambição, seu desejo de poder, posição, prestígio; morrer para os seus hábitos, suas tradições. Compreende? Não se pode discutir com a morte, lhe dizer: “Preciso de mais uns dias, não acabei de escrever o meu livro; quero mais um filho, etc.” nada se pode alegar; portanto, se abstenha de argumentar, de justificar.

Morra para toda e qualquer coisa: sua vaidade, suas aspirações, as imagens que tem de si mesmo, de seu guru, de sua esposa. Se você o fizer, compreenderá o significado da morte, saberá o que é uma mente morta para o passado. Só a mente que morre todos os dias tem a possibilidade de transcender o tempo.

Bem, senhores, estiveram ouvindo esta palestra; por conseguinte, aprenderam o que é o medo, o que é o prazer. E, se o aprenderam, já sabem o que é o amor — aquele estado da mente — e por “mente” entendo o cérebro, o coração, a totalidade — em que não existe divisão, fragmentação de espécie alguma. E, agora, se alcançaram esse estado, se têm essa mente excelente, esse coração puro, depois de saírem daqui, nesta tarde, morram para tudo o que aprenderam hoje, a fim de despertarem, amanhã, mais uma vez completamente novo.  Do contrário, se, transportarem para amanhã a carga de hoje, darão continuidade ao medo. Morram, pois, a cada dia, para conhecerem a beleza da vida, a beleza da Verdade, e não precisaram aprender nada de ninguém, porque você estará aprendendo.

Krishnamurti – Bombaim, 14 de fevereiro d 1971
(*) palavra dirigida a um ouvinte que respondeu afirmativamente.
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill