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terça-feira, 12 de março de 2013

A autoridade espiritual impede a busca da verdade

Pergunta: Todos nós, os teosofistas, estamos fundamentalmente interessados na Verdade e no Amor, tanto como vós estais. Não podíeis ter ficado na nossa Sociedade, ajudando-nos, em vez vos separardes de nós e fazer-nos acusações?

Krishnamurti: Em primeiro lugar, muitos de vós estais achando isso divertido; outros estão um tanto ou quanto agitados, outros apreensivos. Não o estais sentindo? Vamos investigar.

Fundamentalmente, estamos, vós e eu, procurando a mesma coisa? Pode-se procurar a verdade no seio de uma organização qualquer? Podeis colocar um rótulo em vós mesmos, e procurar a verdade? Podeis ser hinduísta e dizer "Estou procurando a verdade"? Porque, então, o que estais procurando não é a verdade, mas a confirmação de uma crença. Podeis pertencer a qualquer organização, a qualquer grupo espiritual, e procurar a verdade? Pode-se achar a verdade coletivamente? Conheceis o amor, quando credes? Não sabeis que quando credes fortemente numa coisa e eu creio no contrário, não existe amor entre nós? Quando credes em certos princípios hierárquicos e em certas autoridades, e eu não creio, pensais que existe comunhão entre nós? Quando toda estrutura do vosso pensar é o futuro, o vir-a-ser por meio da virtude, quando ides ser alguém no futuro, quando o processo do vosso pensar está baseado na autoridade e em princípios hierárquicos, pensais que existe amor entre nós? Podeis servir-vos de mim, por conveniência, e eu servir-vos de vós, por conveniência. Mas isso não é amor. Vejamos com clareza. Não vos agiteis a respeito destas questões. Não as compreendereis, se vos agitais por causa delas.

Para descobrir se realmente estais em busca da verdade e do amor, deveis investigar, não achais? Se investigásseis, se descobrísseis, interiormente, e, portanto, agísseis exteriormente, que aconteceria? Ficaríeis fora (da vossa sociedade) não é verdade? Se duvidásseis de vossas crenças, não estaríeis de fora? — Enquanto houver sociedades e organizações, — as chamadas organizações espirituais, com direitos adquiridos", na propriedade, na crença, no saber — as pessoas a elas pertencentes, evidentemente não estão em busca da verdade. Podem dizer que estão. Cabe-vos, pois, averiguar se estamos fundamentalmente, buscando a mesma coisa. Podeis ver a verdade por intermédio de um Mestre, por intermédio de um guru? Pensai bem nisso, senhores. É problema vosso. Pode-se descobrir a verdade por intermédio do Mestre, do discípulo, do guru? Que podem eles dizer-vos, fundamentalmente? Só podem aconselhar-vos a dissolver o "eu". Estais fazendo isso? Se não estais, então, evidentemente, não estais procurando a verdade. Não sou eu que vos estou dizendo que não estais procurando a verdade, mas o fato é que se dizeis: "Vou ser alguém", se ocupais uma posição de autoridade espiritual, não podeis estar em busca da verdade. Sou muito claro, a respeito desses assuntos e não procurando persuadir-vos a aceitar ou rejeitar — o que seria estupidez. Não posso fazer-vos acusações, como diz o interrogante. Apesar de me ouvir há vinte anos, continuais com as vossas crenças; porque é uma coisa muito reconfortante sabermos que temos quem cuide de nós, que temos mensageiros especiais para o futuro, que ides ser algo belo, agora, no final dos tempos. Assim continuareis, porque tendes os vossos "direitos adquiridos", em vossa propriedade, vosso emprego, crença, saber. Não duvidais deles. A mesma coisa acontece no mundo inteiro. Não é só este ou aquele grupo de indivíduos, mas todos os grupos — católicos, protestantes, comunistas, capitalistas — se acham nas mesmas condições. Todos têm os seus direitos adquiridos. O homem que é deveras revolucionário, que interiormente está percebendo a verdade sobre todas essas coisas, esse homem achará a verdade. Saberá o que é o amor, não numa data futura, porque isso nenhum valor tem. Quando um homem tem fome, quer comer agora e não amanhã. Mas vós tendes cômodas teorias, sobre o tempo, sobre o correr do tempo, a que estais presos. Por conseguinte, onde há ligação, onde há relação entre vós e mim, ou entre vós e aquilo que estais tentando descobrir? E, no entanto, todos falais de amor, de fraternidade, e tudo o que fazeis é o contrário. É um fato evidente, senhores, que no momento em que há organização, há necessariamente intrigas para a conquista de postos, de autoridade; conheceis muito bem tudo isso.

Assim, o necessário não é que eu vos acuse ou que vós me acuseis e me expulseis. O problema não é este. É claro que tendes de repelir um homem que vos diz que o que credes, o que fazeis é errado; ou, interiormente, deveríeis fazê-lo, porque eu digo que me oponho aquilo que desejais. Se realmente desejais procurar, se realmente desejais achar a verdade e o amor, deve haver uma unidade de propósitos, abandono completo de todos os vossos direitos adquiridos; o que significa que deveis ficar interiormente vazios, pobres, sem estar buscando, sem estar conquistando posições de autoridade, como expoentes ou portadores de mensagens dos Mestres. Precisais estar despojados de tudo. Como, entretanto, não desejais isso, naturalmente adquiris rótulos, crenças e várias formas de segurança. Senhores, não rejeiteis o que digo; averiguai se de fato estais — como dizeis — fundamentalmente em busca da verdade. Tenho minhas dúvidas. Duvido, realmente, quando vos ouço dizer "estou em busca da verdade". Não podeis procurar a verdade, porque a vossa busca é uma projeção de vós mesmos, de vossos próprios desejos; vosso "experimentar" dessa projeção é uma experiência que desejais. Mas quando não estais a buscar, quando a mente se acha quieta e serena, sem nenhum desejo, nenhum motivo, nenhuma compulsão, vereis então que vem o êxtase. Para que o êxtase venha, precisais estar despojados de tudo, vazios, sós. A maioria das pessoas ingressa em tais organizações porque são gregárias, porque elas são grêmios e o ingressar em grêmios tem suas vantagens, socialmente falando. Pensais que ides achar a verdade, enquanto estais em busca de conforto, de satisfação, de segurança social? Não, senhores; deveis ficar sós, sem arrimo algum, sem amigos, sem guru, sem esperança, de todos desnudos, e vazios, interiormente. Só então, assim como se pode encher uma taça vazia, pode o vazio interior encher-se com aquilo que é eterno.

Krishnamurti — 20 de janeiro de 1952
Quando o pensamento cessa - ICK  
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill