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sábado, 17 de agosto de 2013

A meditação é um processo de purificação da mente

Pergunta: Como impedir que o percebimento se torne uma técnica nova “a última moda” em matéria de meditação?

Krishnamurti: Sendo esta uma questão muito séria, vou examiná-la com certa profundeza, e espero que vocês não estejam cansados demais, para seguirem, com uma vigilância sem tensão, as operações da própria mente de vocês.

É importante meditar, porém mais importante ainda é compreender o que é a meditação, pois do contrário, a mente ficará restrita a uma técnica. O aprender uma nova técnica consistente em respirar de certa maneira, ficar sentado em certa posição, com o tronco ereto, ou praticar um dos vários sistemas de silenciar a mente — nada disso é importante. O importante é que vocês e eu investiguemos o que é  meditação. Nesse próprio investigar do que é meditação, estou meditando. Compreendem? Ouçam com calma, senhores; não concordem nem discordem.

É sumamente importante o meditar. Se não sabem o que é meditação, isso é como ter uma flor sem perfume. Podem ter um extraordinário talento oratório, saber pintar ou gozar a vida, possuir conhecimentos enciclopédicos e saber relacioná-los, mas todas essas coisas não terão significação alguma, se não sabem o que é meditação. Meditação é o perfume da vida, tem beleza infinita. Abre portas que a mente não é capaz de abrir, penetra profundezas incessíveis à mente mais erudita. A meditação, pois, é importantíssima. Mas sempre fazemos a pergunta errada e por isso obtemos resposta errada. Dizemos: “Como meditar?”, e lá vamos à procura de um certo swami, de uma certa pessoa extravagante, ou apanhamos um livro, ou seguimos um sistema, na esperança de aprendermos a meditar. Ora, se pudermos varrer tudo isso para o lado — os swamis, os iogues, os intérpretes, os mestres de respiração e de imobilidade — chegaremos inevitavelmente a esta pergunta: “Que é meditação?”

Escutem agora com atenção. Não estamos mais perguntando como meditar, nem qual é a técnica da vigilância, mas, sim, o que é meditação — que é a pergunta correta. Se fazem uma pergunta incorreta, receberão a resposta incorreta; mas se fazem a pergunta correta, então esta própria pergunta revelará a resposta correta. Assim, que é meditação? Sabem o que é meditação? Não repitam o que ouviram de outro homem, ainda que, como eu, conheçam alguém devotado à meditação há vinte e cinco anos. Vocês sabem o que é meditação? É claro que não sabem, não é exato? Podem ter lido o que muitos sacerdotes e santos e eremitas disseram a respeito da contemplação e da oração, mas não estou falando nada disso. Estou falando sobre a meditação; não interessa o significado lexicológico da palavra, que podem procurar depois no dicionário. Que é meditação? Não sabem. E sobre esta base é que meditam! ... (risos). Não riam, por favor; continuem a escutar. “Eu não sei” — alcançam a beleza desta frase? Ela significa que minha mente está despida de toda técnica, toda informação a respeito da meditação, tudo o que outros dela disseram. Minha mente não sabe. Só podemos avançar na investigação do que é a meditação, quando somos capazes de dizer honestamente “Não sei”; e não se pode dizer “Não sei” se persiste em nossa mente qualquer vislumbre de informações de segunda mão — o que disse o Gita, ou a Bíblia, ou São Francisco, a respeito da contemplação ou das virtudes da oração, coisa de que tanto se fala nas revistas, hoje em dia, e que se tornou a última moda. Tudo isso vocês têm de afastar de vocês, porque, se copiam, se seguem, voltaram ao “coletivo”.

Nessas condições, pode a mente colocar-se no estado em que seja capaz de dizer “Não sei”? Esse estado é o começo e o fim da meditação, porque, nele, cada experiência é compreendida e não guardada. Entendem? Desejam controlar o pensar de vocês; e quando controlam o pensar, não permitindo distrações, suas energias se consomem no controlar e não no pensar. Compreendem? Só pode haver acumulação de energia, quando não a desperdiçamos em controlar, em subjugar, em lutar contra distrações, suposições, pretensões, incentivos. E esta enorme carga de energia, de pensamento, é completamente sem movimento. Compreendem? Quando dizem: “Não sei”, não há movimento do pensamento, não é verdade? Só há movimento de pensamento quando começam a indagar, a investigar, já que a investigação de vocês vai sempre do conhecido para o conhecido. Se não estão compreendendo agora, talvez compreendam mais tarde.

A meditação é um processo de purificação da mente. A purificação da mente só é possível quando não há “controlador”. No controlar, o controlador dissipa energia. A dissipação de energia resulta do atrito entre o controlador e o objeto que ele quer controlar. Mas quando dizem: “Não sei”, não há movimento do pensamento em direção alguma, visando uma resposta; a mente está de todo em todo imóvel. E para que a mente esteja imóvel, faz-se necessária uma energia extraordinária. A mente não pode estar imóvel, se lhe falta energia — não a energia que se dissipa no conflito, na repressão, na dominação, na oração, no buscar, no rogar, mas aquela energia que é toda atenção. Todo movimento do pensamento em qualquer direção representa dissipação de energia, e para que a mente possa ficar em completa imobilidade, é necessária a energia da atenção total. Só então pode surgir uma coisa que não podemos chamar a nós, que não podemos ir procurar, uma coisa que dispensa a respeitabilidade, que não se ganha com a virtude nem com sacrifícios — o estado Criador, o Atemporal, o Real.


Jiddu Krishnamurti — Realização sem esforço

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill