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quinta-feira, 24 de abril de 2014

A meditação destrói os muros da mediocridade, respeitabilidade e da imitação

Se me permitem, desejo considerar nesta tarde a questão da meditação, pois, no meu sentir, se não compreendermos o inteiro significado da meditação, não poderá surgir aquela mente religiosa acerca da qual lhes tenho falado. Como já acentuamos, a mente religiosa contém o espírito científico, mas a mente científica não contém o espírito religioso. A mente científica é parcial, interessada que está nas coisas superficiais; mas a mente religiosa interessa-se pela totalidade da vida. Se não se compreende e conhece o profundo significado da meditação, não há possibilidade nenhuma de se ter aquela qualidade de mente capaz de elevar-se acima e além do tempo. 

[...] A meditação, pois, não é uma busca de visões, imersão na oração... Meditação, pois, não é oração, não é o desejo de achar a Verdade. A mente vulgar que busca Deus encontrará o Deus de sua própria vulgaridade. Compreendem, senhores? Se tenho uma mente comum, limitada, estreita, superficial, cheia de ambição e avidez, de inveja e ciúme de outrem — e começo a pensar em Deus, meu Deus é igualmente vulgar, estúpido; e essa estupidez me satisfaz. 

Pois bem, estamos investigando o processo da meditação. Para investigar, vocês devem em primeiro lugar negar, devem proceder negativamente — isto é, devem estar conscientes de algo que nenhuma realidade tem, a não ser a realidade projetada do próprio desejo de vocês, da própria fantasia; devem repudiar o falso. Assim, pelo pensar negativo vamos descobrir alguma coisa positiva. Mas o pensar negativo é essencial, pois é a mais elevada forma de pensar — e não o pensar positivo. Pensar positivo é o processo de imitação, movimento de conhecido para conhecido. jamais descobriremos o desconhecido se nos movemos meramente do conhecido para o conhecido, que é o chamado processo positivo. Dessa maneira, jamais descobrirão por si mesmos o que é a meditação real. As coisas que nos têm sido oferecidas como meditação são por demais elementares, completamente desprovidas de base psicológica. Assim, se possuem suficiente interesse, se desejam realmente examinar até o fim a questão da meditação — e não apenas se entreterem com ela — devem meditar quando se dirigem ao escritório, quando constituem família, quando geram filhos. A meditação é necessária, porque destrói os muros da mediocridade, os muros da respeitabilidade e da imitação. Necessária é uma mente de todo livre exatamente no começo, e não no fim. 

[...] Meditação não é contemplação: contemplar é pensar numa ideia, concentrar-se numa coisa, geralmente um símbolo ou uma frase lida nos chamados "livros sagrados" — que em nada são sagrados, porém simples livros como outros quaisquer. Vocês selecionam uma frase e nela começam a refletir; e chamam isso de "contemplação". Não cuidam de investigar a entidade que contempla. Essa entidade é condicionada; essa entidade é medíocre, estreita, ciumenta. E essa é a entidade que investiga, que se concentra na contemplação de uma certa coisa! 

A meditação, pois, não é oração. Meditação não é contemplação. Meditação não é observância de um dado método ou sistema. O método ou sistema condiciona a mente. E, aquilo que o método ou sistema oferece, obterão; mas o que obterem será uma coisa morta. É como ter uma mente embotada e estúpida que se disciplinou por um sistema e se recusa a pensar mais; essa mente perdeu toda a flexibilidade, toda a sensibilidade; já não é nova. Assim, a meditação não é um sistema para ser praticado. Não é, por igual, um processo de disciplinar a mente. 

[...] Consequentemente, a meditação não é nenhuma dessas coisas, nem tampouco disciplina.[...] A mente que faz força para alcançar algo — com exceção de coisas mecânicas — alcançar aquilo que chama Deus, alcançar um alvo, um fim — é uma mente morta. Para a meditação necessita-se de uma mente sobremaneira flexível, altamente sensível. E ninguém pode ser sensível se está "comprometido", se está preso a um sistema inventando pelo homem sob a compulsão do medo. 

Nada disso, pois, é meditação.[...] A base correta da meditação é: não ser ambicioso, não ter inveja, não aceitar autoridade de espécie alguma. O lançamento da base é da mais alta importância, porquanto sem ela não podemos edificar. Não se pode construir uma casa sem alicerces; ela desaba. Ser sem ambição, sem autoridade, sem inveja, sem medo, sem ciúme, tem de ser uma coisa que deve ser vista imediatamente, e não cultivada como ideal; e é aí que está a dificuldade.[...] A inveja não é coisa que se possa adiar.[...] O homem que deseja meditar, que deseja investigar em profundidade a questão da meditação, não tem tempo para adiar a inveja. A inveja tem de cessar completamente, totalmente. Também a ambição tem de cessar por inteiro, porque o homem ambicioso não tem amor. Aqueles que, impelidos pela ambição, buscam posição, prestígio, poder, não têm amor, ainda que falem de paz e fraternidade. Poderão ter compaixão, piedade, capacidade organizadora para a ação social; mas, amor não têm. 

[...] Para meditarem, precisam lançar a base correta, não nos dias vindouros, porém imediatamente. Isso é dificílimo — é em verdade o ponto crucial da questão, pois nós queremos ser ambiciosos, queremos ser invejosos; e também falamos a respeito de Deus, da Verdade, etc. Nenhum valor têm os seus deuses e suas verdades, enquanto não houver a base correta. Quando já não estão presos na engrenagem da sociedade e de sua moralidade, quer dizer, quando a mente de vocês está livre da ambição, da avidez, da inveja, do poder e de todas as coisas que o homem busca porque isso a sociedade o estimulou desde a infância — então, há liberdade; não amanhã, não no fim da vida de vocês, porém exatamente no começo — agora! 

Esse é o início da meditação. Implica o conhecimento de si mesmo, e não o conhecimento do Ser Supremo. Não há Ser Supremo para a mente vulgar, a não ser aquilo que ela inventou e a que chama "Ser Supremo". Assim, quando a mente é livre — não amanhã, porém realmente, imediata e instantaneamente — da inveja, da avidez, da ambição da busca de fama e de poder, então, começa a meditação. Para essa mente cessou o buscar.[...] Assim, quando, mediante o autoconhecimento, vocês negam de todo a ambição, a avidez, a inveja, a autoridade, vocês se tornam a luz de si mesmos; a mente, estando então livre, não "comprometida", já não busca, porque nada tem que buscar; ela está tranquila. 

[...] O homem que deseja meditar deve compreender a si próprio. Se não conhecem a si mesmos, não podem ir longe. Por mais que tentem ir longe, nunca ultrapassaram suas próprias "projeções"; e a própria "projeção" de vocês está muito perto, e a parte alguma os leva. Meditação é aquele processo de lançar imediatamente a base e de fazer nascer — naturalmente, sem esforço algum — aquele estado de tranquilidade. Só então existe uma mente fora do tempo, fora da experiência e fora do conhecimento.

Jiddu Krishnamurti — A Mutação Interior  

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill