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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não existe libertação sem a entrega do coração

O investigar requer mente equilibrada, sã, mente que não se deixe persuadir por opiniões, próprios ou alheias e, portanto, seja capaz de ver as coisas com toda a clareza, em cada minuto de seu movimento, de seu fluir. A vida é um movimento de relações, e portanto — ação. E, se não há liberdade, a mera revolta nenhuma significação tem. O homem verdadeiramente religioso nunca se revolta. É um homem livre — não do nacionalismo, da avidez, da inveja, etc.; livre, simplesmente. 

E o investigar requer a compreensão da natureza e significado do medo, porque a mente que, em qualquer de seus níveis, sente medo, é obviamente incapaz do rápido movimento que exige o investigar. Sabeis que neste país, em virtude da tradição e do prestígio da autoridade, gostamos de gabar-nos de nossa civilização sete vezes milenária. E os que tanto se orgulham dessa civilização provavelmente nada têm para dizer; por esta razão tanto se fala a respeito dela. Não é livre o espírito que está sob o peso da tradição e da autoridade. Terá de transcender a civilização e a cultura, porque só então será capaz de investigar e descobrir a verdade; de contrário, só saberá discorrer sobre a verdade, e a seu respeito ter inumeráveis teorias. O descobrir exige um espírito totalmente livre da autoridade e, portanto, do medo. 

A compreensão do medo é um enorme e complexo problema. Não sei se alguma vez já lhes destes a vossa mente — não só a mente, mas  também o coração. A mente talvez já tenhais dado, mas com toda a certeza nunca destes o coração. Para compreender uma coisa, temos de dar-lhe nossa mente e nosso coração. Quando só aplicamos a mente a uma certa coisa — principalmente ao medo — tratamos de resistir a essa coisa, de erguer uma muralha contra ela, de fechar-nos e isolar-nos, ou, ainda, tratamos de fugir da coisa. É o que fazemos quase todos nós, e para isso é que serve a maioria das religiões. Mas, quando aplicais o coração à compreensão de uma coisa, verifica-se então um movimento muito diferente. Quando dais o coração à compreensão de vosso filho — se isso vos interessa — observais todo o incidente, toda minúcia; nada é insignificante, e nada importante demais; e nunca vos enfadais. Entretanto, nunca damos o coração a coisa alguma — nem mesmo a nossa esposa ou marido, ou filhos; e muito menos à vida. Quando o indivíduo dá o seu coração, é instantânea a comunhão. 

"Dar o coração" é uma ação total. "Dar a mente" é ação fragmentária. E a maioria de nós dá a mente a tantas coisas! Por isso, vivemos uma vida fragmentária: pensando uma coisa e fazendo outra; e vemo-nos divididos pela contradição. Para compreender uma coisa, temos de dar-lhe não só a mente, mas também o coração. 

E para compreender esse complexo problema do medo... não se requer um mero esforço intelectual, porém que a ele nos apliquemos totalmente. Quando amamos uma coisa — e emprego a palavra "amor" em seu sentido total, isto é, sem dividir em "amor a Deus" e "amor ao homem", ou "amor profano" e "amor divino"; tais distinções não são o amor, em absoluto — quando amamos uma coisa, a ela nos entregamos com nossa mente e nosso coração. Isso não é o mesmo que vincular-se a uma coisa. Pode um indivíduo devotar-se de corpo e alma a uma certa causa — social, filosófica, comunista, religiosa. Mas, isso não é dar-se; é seguir uma mera convicção intelectual, uma ideia de que terá de cumprir certos deveres, a fim de melhorar a si próprio ou à sociedade, etc. Estamos, porém, falando de coisa bem diferente.

Ao darmos o coração, todas as coisas são percebidas claramente, na esfera dessa compreensão. Tentai fazê-lo — ou melhor, espero que o estejais fazendo neste momento. O homem que diz "Tentarei" — está no caminho errado, porque  tempo não existe; só há o presente momento, o agora. E se o fizerdes agora, vereis que, quando se dá o coração, a ação é total — e não uma ação fragmentária, forçada, nem uma ação que segue certo padrão ou fórmula. Se derdes o coração, compreendereis imediatamente, instantaneamente, qualquer coisa; isso nada tem de sentimentalismo ou devoção — que são coisas muito pueris.

Para dar o coração, necessitamos de muita compreensão, de muita energia e clareza, para que, na luz dessa compreensão, possamos ver as coisas claramente. E não podeis vê-las claramente, se não estais livre de vossa tradição, de vossa autoridade, de vossa cultura, de vossa civilização, de todos os padrões sociais; não é fugindo da sociedade, indo-se viver numa montanha, tornando-se eremita que se compreende a vida. Pelo contrário, para compreenderdes esse extraordinário movimento da vida — que é relação, que é ação — e o acompanhardes infinitamente, necessitais de liberdade, e esta só vem àquele que dá sua mente, seu coração, seu ser inteiro. Então, compreendereis a vida. Na compreensão não existe esforço; é um ato instantâneo.

Só a mente livre, lúcida — só essa mente é capaz de ver o verdadeiro e de afastar o falso.

Jiddu Krishnamurti em, A Suprema Realização
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill