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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Por que razão a mente se deteriora?

Numa destas manhãs, vi quando um morto era levado para ser cremado. Envolto em vistoso pano cor de vermelho purpúreo, o corpo oscilava ao ritmo dos quatro mortais que o transportavam. Que espécie de impressão lhe causa um corpo morto? Você não desejaria saber por que há deterioração? Você compra um motor novo em folha e, passados poucos anos, está completamente gasto. O corpo também se gasta; mas, você não desejaria investigar um pouco mais além, para descobrir porque razão a mente se deteriora? Mais cedo ou mais tarde ocorrerá a morte do corpo, mas a maioria de nós já tem a mente morta, já se verificou a deterioração; por que a mente se deteriora? O corpo se deteriora porque o mantemos em uso constante, e o organismo se gasta. Doença, acidente, velhice, má alimentação, deficiências hereditárias — tais são os fatores responsáveis pela deterioração e morte do corpo. Mas, por que deve a mente deteriorar-se, envelhecer, tornar-se pesada, embotada?

Ao ver um corpo morto, isso não lhe dá o que pensar? Embora nosso corpo deva morrer, por que deve a mente deteriorar-se? Nunca lhe ocorreu esta pergunta? Pois a mente, com efeito, se deteriora; vemos isso acontecer não só com as pessoas idosas, mas também com as pessoas jovens. Vemos como, nos jovens, a mente já está se tornando embotada, pesada, insensível; e, se pudermos descobrir por que razão a mente deteriora, então talvez descubramos algo verdadeiramente indestrutível. Talvez compreendamos, então, o que é a vida eterna, a vida que não tem fim, que não está no tempo, a vida que é incorruptível, que não degenera como o corpo que se transporta para o cais à beira do rio, onde é cremado e suas cinzas lançadas ao rio.

Mas, por que a mente se deteriora? Você já refletiu a esse respeito? Como você ainda é muito jovem — e se a sociedade, ou seus pais, ou as circunstâncias ainda não lhe tornaram embotado — você possui uma mente nova, ardorosa, curiosa. Você deseja saber por que existem as estrelas, por que morrem os pássaros, por que caem as folhas, como voa o avião a jato; muitas coisas você deseja saber. Mas, esse impulso vital para investigar, descobrir, é depressa sufocado, não é verdade? Sufocado pelo medo, pelo peso da tradição, por sua própria incapacidade para enfrentar essa coisa extraordinária que se chama a vida. Você já não notou quão rapidamente é destruído o seu ardor, através de uma palavra áspera, um gesto depreciativo, pelo medo de um exame, a ameaça de um pai — significando isso que a sua sensibilidade já está sendo destruída e sua mente se tornando embotada?

Outro caso de embotamento é a imitação. Pela tradição, você é obrigado a imitar. O peso do passado lhe força a se ajustar, a estabelecer uma linha de conduta e, com esse ajustamento, a mente se sente protegida, em segurança; você se instala numa rotina bem “lubrificada”, para que possa deslizar suavemente, livre de perturbações, sem o mais ligeiro estremecimento de dúvida. Observe os adultos que lhe rodeiam e verá que a mente deles não quer ser perturbada. Eles querem paz, ainda que seja a paz da morte; mas a verdadeira paz é coisa muito diferente.

Você já notou que, quando a mente se fixa numa rotina, num padrão, sempre o faz inspirada pelo desejo de segurança? É por esta razão que ela segue um ideal, um guru. Quer segurança, ausência de perturbação e, por isso, adormece. Quando lê, em seus livros de história, a respeito dos grandes líderes, santos, guerreiros, você não se surpreende desejando igualá-los? Isto não significa que não haja grandes homens no mundo; mas o instinto é imitar os grandes homens, procurar tornar-se igual a eles — e este é um dos fatores de deterioração, porque, então, a mente se coloca num molde. Igualmente, a sociedade não deseja indivíduos alertados, ardorosos, revolucionários, porque tais indivíduos não se ajustarão ao padrão social estabelecido e há sempre o perigo de que quebrem esse padrão. É por isso que a sociedade se empenha em prender sua mente em seu padrão, e é por isso que a chamada educação lhe estimula a imitar, a seguir, a se ajustar.

Ora, pode a mente deixar de imitar? Isto é, pode deixar de formar hábitos? E pode a mente que já se acha enredada no hábito, dele ficar livre?

A mente é o resultado do hábito, não? Ela é o resultado da tradição, do tempo — sendo “tempo” a repetição, a continuidade do passado. E pode a mente, a sua mente, deixar de pensar em termos daquilo que foi — e daquilo que será, que é, na verdade, uma projeção do que foi? Pode sua mente se libertar dos hábitos e deixar de criar hábitos? Se você penetrar bem profundamente neste problema, verá que pode. E quando a mente se renova sem formar novos padrões, novos hábitos, sem tornar a cair na rotina da imitação, permanece, então, fresca, jovem, “inocente”, sendo, portanto, capaz de infinita compreensão.

Para essa mente, não há morte, uma vez que já não existe processo de acumulação. É o processo de acumulação que cria o hábito, a imitação, e, para a mente que acumula, há deterioração, morte. Mas, para a mente que não está cumulando, juntando, que está morrendo a cada dia, a cada minuto — para essa mente não há morte. Ela se acha num estado de “espaço infinito”.

Assim, pois, deve a mente morrer para tudo o que acumulou, todos os hábitos e virtudes imitadas, para todas as coisas de que se acostumou a depender, para ter o sentimento de segurança. A mente então já não está aprisionada na rede de seu próprio pensar. No morrer para o passado, a cada instante, a mente se torna fresca, nova, nunca se deteriorará nem colocará em movimento a “onda da escuridão”. 

Krishnamurti - A cultura e o problema humano

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Originalidade Espiritual; Mente de Segunda Mão

Quer-me parecer que muito raramente fazemos a nós mesmos uma pergunta fundamental; e, quando a fazemos, em geral a ela respondemos em conformidade com nosso gosto particular, nossa fantasia ou crença, e, conseqüentemente, a pergunta original - a pergunta essencial, fundamental - fica sem resposta. (…) E eu penso que não só devemos fazer perguntas fundamentais, mas também procurar descobrir as respostas verdadeiras, originais. (1)

Nesta manhã desejo falar sobre o processo de ajustamento; isto é, desejo averiguar se existe alguma coisa de original, (…) completamente isenta de ajustamento e que não seja mera abstração, uma simples idéia, porém fato tão real como qualquer fato da vida diária. Assim sendo, a pergunta fundamental que fazemos a nós mesmos é esta: até onde é possível eliminar o ajustamento? É possível eliminar inteiramente o ajustamento e, desse modo, permitir a existência do original? (2)

Por certo, só livres do ajustamento poderemos descobrir por nós mesmos o que é original, essencial, verdadeiro; e, a menos que nós próprios o descubramos, viveremos sempre uma vida “falsificada”, (…) de “segunda mão”, de imitação. (3)

Por “ajustamento” entendo o processo no qual o “pensamento” e o “pensador” estão sempre a moldar-se por um padrão, sempre a imitar, a repetir, a sujeitar-se a um determinado padrão ou ideal, em suas relações. Esse ajustar-se é a norma de nossa vida, o padrão diário de nossa existência; e estamos agora a interrogar-nos se esse ajustamento pode terminar. (4) 

E devemos também perguntar-nos se a terminação do ajustamento causa desordem e por essa razão somos obrigados a ajustar-nos; ou se, terminando o ajustamento, ocorre o descobrimento de algo totalmente original, não “falsificado” ou de “segunda mão”. (5)

Em geral, nossa vida é sem originalidade. Não sabemos, por nós mesmos, o que é original, nem mesmo se existe algo que se possa chamar “original”. A meu ver, a palavra “original” é de ordinário mal empregada. Falamos, muitas vezes, sobre literatura “original”, um quadro “original”, uma maneira “original” de pensar ou de expressar-nos; (…). Não me parece adequado o emprego da palavra “original” em tais casos. Há certa coisa original que as religiões de todo o mundo (…) sempre andaram buscando. (6)

Agora, antes de tudo mais, estamos totalmente cônscios desse processo de ajustamento que se verifica em cada um de nós. (…) É bem evidente que, quanto mais esforços fazemos, tanto maiores se tornam o conflito e a confusão e, por conseguinte, (…) nossa aflição e dor. Cabe-nos, pois, averiguar se é possível vivermos sem esforços, isto é, vivermos originalmente e, por conseguinte, livres de todo ajustamento. (7)

Ora, para se alcançar esse ponto, devemos primeiramente estar cônscios (…) da natureza da mente que se ajusta. (…) Todo ajustamento implica esforço, não? E quando há esforço (…) não há verdadeiras relações. Se me esforço para ser bondoso, afetuoso ou cortês para convosco, isso nada significa. A bondade, a delicadeza, a afeição emanam de um estado mental em que não existe esforço algum; (8)

Em relação a certas coisas externas, superficiais, há uma natural necessidade de ajustamento, (…). Aqui, eu me “ajusto” vestindo esta espécie de traje; na índia, me “ajusto” de outra maneira, vestindo trajes diferentes. (9)

Mas, tenho necessidade de “ajustar-me” ao veneno do nacionalismo? (…) a um dado padrão de existência, uma certa maneira de pensar que a sociedade procura impor-me e, em virtude da qual, minha mente é moldada pela religião organizada, pelas influências econômicas e sociais? (10)

Superficialmente, o ajustamento, a adaptabilidade, são necessários; porém, interiormente, profundamente, o ajustamento acarreta esforço e, por conseguinte, imitação. Enquanto está a imitar, a esforçar-se por ajustar-se, a mente está a isolar-se; por conseguinte, não há para ela relações, e o que faz é apenas aumentar o medo. (11) 

Assim, para a mente que leva essa carga constituída pelo medo, o ajustamento, o pensador, não é possível a compreensão daquilo que se pode chamar o original. (…) Quando a mente humana está livre de todo temor, não está então - em seu desejo de saber o que é original - em busca de prazer para si própria, nem de nenhuma via de fuga e, por conseguinte, em sua investigação já não existe autoridade alguma. (12)

É possível a mente achar-se sempre em ação, diretamente, espontânea e livremente, de modo que nunca tenha um momento de tempo? Porque o tempo é pensamento periférico. (…) O pensamento jamais pode ser original. Podeis usar palavras, que pertencem ao passado, expressar o original, mas o original não pertence ao tempo. Por conseguinte, para descobrir o original deve a mente estar inteiramente livre do tempo do tempo - do tempo psicológico; (13)

(…) Só então a mente tem a possibilidade de descobrir, por si própria, o que é original - descobri-lo não como mente individual, porém como ente humano. Não existe mente “individual”, absolutamente. Somos totalmente relacionados. Compreendei isso, (…). A mente não é uma coisa separada; é uma totalidade. Todos vivemos a ajustar-nos, todos temos medo, todos estamos a fugir. E, para compreendermos, cada um de nós - não como indivíduo, porém como ente humano total - o que é o original, precisamos compreender a totalidade do sofrimento humano. (14)

(…) Do contrário, somos entes humanos “de segunda mão”; e porque somos imitações, entes humanos falsificados, o sofrimento nunca tem fim. Assim, pois, o findar do sofrimento é, em essência, o começo do original. (15)

Estamos, pois, aprendendo, e esse aprender nunca é ajustamento a nenhum padrão; (…) Quer se trate de padrão estabelecido por Buda, por Cristo, por Sankara, quer do padrão de vosso guru favorito, o aprender nenhuma relação tem com ele. Por que no ajustamento cessa todo aprender e, por conseguinte, nunca há originalidade. E nós estamos descobrindo por meio do aprender, com originalidade. (16)

Conforme o dicionário, a palavra “autoridade” deriva de “autor”: “aquele que lança uma idéia original, que cria alguma coisa inteiramente nova”. Esse homem estabelece um padrão, um sistema baseado em suas idéias; (…). O seguidor aceita a “autoridade”, a fim de alcançar o que promete o seu sistema de filosofia ou de idéias; a esse sistema se apega, dele fica dependente (…). O seguidor, pois, é um ente humano sem originalidade; assim é a maioria das pessoas. (17)

Poderão pensar que têm idéias originais, na pintura, na literatura, etc., mas, essencialmente, já que estão condicionados para seguir, imitar, ajustar-se, tornaram-se entes humanos de “segunda mão, (…). Esse é um dos aspectos da natureza destrutiva da autoridade. (18)

(…) Afinal de contas, por individualidade entendemos a qualidade que encerra originalidade, força criadora, a qualidade de singularidade criadora. (…) Se examinarmos a nossa conduta de cada dia, nossa cotidiana maneira de pensar, veremos que o processo de nossa ação é imitação contínua, mero copiar. (…) E porque vivemos imitando, copiando, não somos, absolutamente, indivíduos.

Citamos o que disse fulano de tal, o que disse Sankaracharia, Buda ou Cristo, porque se tornou nosso padrão de existência; nunca procuramos descobrir, achar a verdade por nós mesmos, mas repetir o que outras pessoas descobriram, (…). Quando tomamos a experiência alheia, (…) para padrão de nossa ação, ela (…) é uma mentira. (19)

Ao compreendermos a total estrutura do sofrimento, pondo, portanto, fim ao sofrimento, teremos então a possibilidade de encontrar (…) aquela coisa extraordinária que é a origem de toda a vida, aquela fantástica energia, que está sempre a “explodir”. Essa energia não é um movimento em direção alguma e, por conseguinte, “explode”. (20)

Senhores, (…). Já experimentastes alguma vez reunir toda a vossa energia - física, emocional, mental, visual, (…) e “com ela ficar”, completamente, tranqüilamente? (…) Se a energia tem algum movimento em qualquer direção (…) está sendo dissipada. Mas, quando toda a nossa energia fica completamente imóvel, inicia-se um movimento que é original e, por conseqüência, “explosivo”. (21)

Experimentai o, uma ocasião, e vede se sois capaz disso. Mas, para tanto, requer-se uma grande soma de inteligência, extraordinária vigilância; (…). Se puderdes reunir toda a vossa energia, sem esforço, vossa mente estará então transbordante de energia, sem atrito de espécie alguma. Verifica se, então, uma “explosão” - e, dessa explosão, surge o original. (22)

Vós não estais habituados a investigar, (…) a observar-vos; costumais ler o que outras pessoas dizem, a citar Sankara, Buda (…). Bom seria que nunca dissésseis uma palavra que não represente um descobrimento feito por vós mesmos, (…) que vós mesmos não conheçais. Isso significa lançar para o lado todos os gurus, todos os livros sagrados ou religiosos, todas as teorias, tudo o que disseram os filósofos - embora tenhais de conservar os vossos livros técnicos e científicos. (23)

Nunca digais nada que não compreendais, que vós mesmos não tenhais descoberto. Vereis, então, como a atividade da mente sofrerá uma extraordinária transformação. Ora, nós, entes humanos “de segunda mão”, queremos descobrir uma maneira de viver realmente livre do tempo, porque o pensamento é tempo, e o tempo forma as coisas gradualmente. Gradualidade implica tempo. (24)

(…) O pensamento funciona no tempo; penso na vida como movimento de um ponto para outro e, agora, estamos inquirindo se existe uma maneira de viver em que o tempo não exista absolutamente. O que nos interessa é a mudança, a revolução, a total mutação da estrutura mesma das células cerebrais; de outro modo, não será possível criar-se uma nova cultura, uma nova maneira de viver - um viver numa dimensão inteiramente diferente. (25)

(…) Sois capazes de citar uma dúzia de livros, mas não conheceis a vós mesmos. Sois entes humanos “de segunda mão”, e os problemas exigem uma mente de “primeira mão”, que esteja diretamente em contacto com o problema, não uma mente (…) embotada. (26)

Para esse homem que total e completamente rejeita a palavra, o símbolo e sua influência condicionadora, a Verdade não é uma coisa de segunda mão. Se o tivésseis escutado realmente, senhor, saberíeis (…) que a aceitação da autoridade é a negação mesma da Verdade, (…) que devemos ficar fora de toda cultura, tradição e moralidade social. (…) Ele rejeita totalmente o passado, seus instrutores, seus intérpretes, suas teorias e fórmulas. (27)

Vede, senhor, (…). Cada um tem de descobrir a Verdade por si próprio. A Verdade não é uma coisa “de segunda mão”. Não podeis adquiri-la por intermédio de um guru, de um livro. Para conhecê-la, tendes de aprender; (…). E a beleza do aprender é o “não saber”. (…) A Verdade não é uma coisa “de segunda mão”; para descobrirdes, precisais de paixão, de “intensidade”. Inteligente, pois, é a mente que está aprendendo, e não aquela que repete o que aprendeu. (28)

(…) Compreendemos a vida, se temos a mente cheia de coisas ditas por outras pessoas, se seguimos a experiência, o saber alheio? Ou só vem a compreensão quando a mente está quieta? - mas não quando foi aquietada, (…). Com o indagar, procurar, perscrutar, a mente se torna, inevitavelmente, tranqüila, e então o problema revela todo o seu significado; (29)

(…) Positivamente, senhor, o homem de saber, o letrado, nunca pode conhecer a verdade; pelo contrário, o saber e a erudição devem cessar. A mente precisa ser simples, para compreender a verdade, e não estar cheia do saber de outras pessoas (30)

Temos vivido em conflito por milhares e milhares de anos, submetendo-nos, obedecendo, imitando, repetindo (…); temo nos convertido em pessoas de segunda mão, sempre citando a algum outro, o que o outro disse (…). Temos perdido a capacidade, a energia para aprender de nossas próprias ações. Somos os responsáveis por nossas próprias ações (…) - não a sociedade ou o meio, (…). Em um semelhante aprender descobrimos muitíssimo (…). Se vocês sabem como ler esse livro, então não têm de ler nenhum outro livro - exceto, por exemplo, livros técnicos. (31)

(…) Em outras palavras, percebe a mente o problema do controle, da disciplina, da autoridade e das correspondentes reações -estão vocês (…) alertas a toda essa estrutura? (…). Se vocês percebem todo esse problema (…) - que implica ajuste a um modelo - porque o hão observado, (…) vivido, (…) vigiado atentamente, então isso é original e próprio de vocês; o outro é de segunda mão. (32)

Para a maioria de nós, isso é de segunda mão, porque somos gente de segunda mão (…). Todo nosso conhecimento é de segunda mão, como o são nossas tradições, (…). Vemos então que se trata de nossa própria percepção direta e não um conhecimento de segunda mão, aprendido de outro? Se foi aprendido de outro, então deve ser descartado em sua totalidade, (…). Se desprezaram o que outros - incluindo o que lhes fala - hão dito, então realmente estão aprendendo, não é verdade? (33)

Que é para vocês o pensar? (…) Quase todos nós temos nos tornado pessoas de segunda mão; lemos muitíssimo, vamos a uma universidade e acumulamos uma grande quantidade de conhecimentos, de informação que se deriva do que outras pessoas pensam ou do que outros têm feito. E nós citamos esse conhecimento que temos adquirido e o comparamos com o que se está dizendo. Não há nada original, só repetimos, repetimos, repetimos. (34)

(…) Quando tendes esse desejo, essa capacidade de vos encher com o Seu gênio, com a Sua força, com a Sua nobreza, então vós próprios vos enobreceis e aprendeis a refletir a Sua divina originalidade, todas as fontes de beleza, todas as fontes de criação; e as tentativas de ser original, belo, criador, são de pouco proveito se não tivermos a compreensão e a capacidade de alcançar a fonte das coisas. (35) O Reino da Felicidade, pág. 28

Krishnamurti, em:

(1) O Descobrimento do Amor, pág. 139
(2) O Descobrimento do Amor, pág. 139
(3) O Descobrimento do Amor, pág. 140
(4) O Descobrimento do Amor, pág. 140
(5) O Descobrimento do Amor, pág. 140
(6) O Descobrimento do Amor, pág. 140
(7) O Descobrimento do Amor, pág. 141
(8) O Descobrimento do Amor, pág. 141-142
(9) O Descobrimento do Amor, pág. 142
(10) O Descobrimento do Amor, pág. 142
(11) O Descobrimento do Amor, pág. 147
(12) O Descobrimento do Amor, pág. 148
(13) O Despertar da Sensibilidade, pág. 150
(14) O Descobrimento do Amor, pág. 148
(15) O Descobrimento do Amor, pág. 148
(16) Uma Nova Maneira de Agir, 1ª ed., pág. 34
(17) A Questão do Impossível, pág. 22
(18) A Questão do Impossível, pág. 22
(19) Que Estamos Buscando?, 1ª ed., pág. 140
(20) O Descobrimento do Amor, pág. 149
(21) O Descobrimento do Amor, pág. 149
(22) O Descobrimento do Amor, pág. 149
(23) O Novo Ente Humano, pág. 63
(24) O Novo Ente Humano, pág. 63-64
(25) O Novo Ente Humano, pág. 64
(26) Uma Nova Maneira de Agir, 1ª ed., pág. 24
(27) A Outra Margem do Caminho, pág. 12
(28) O Novo Ente Humano, pág. 160
(29) Que Estamos Buscando?, 1ª ed., pág. 190
(30) Que Estamos Buscando?, 1ª ed., pág. 190
(31) La Llama de la Atención, pág. 24
(32) El Despertar de la Inteligencia, II, pág. 109
(33) El Despertar de la Inteligencia, II, pág. 109-110
(34) La Llama de la Atención, pág. 14
(35) O Reino da Felicidade, pág. 28


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Porque o"eu" carrega o peso de seu saber e de sua crença?

O que é o seu saber e o que é a sua crença? Se você examina o seu saber e a sua crença, que são eles? Só lembranças. Não é verdade? De que é que você tem conhecimento? Das suas lembranças, das experiências de outras pessoas, registradas num livro! Se você pensa a respeito do seu saber, o que é ele? Lembrança. Você está obtendo explicações, ministradas por outras pessoas, e tem suas próprias experiências, baseadas em suas lembranças. Você se depara com um acidente e traduz esse acidente de acordo com a sua memória, a qual chama experiência. Seu saber é um processo de reconhecimento. Sabemos o que são as crenças. Elas são criadas pela mente, no seu desejo de estar certa, de estar protegida, de estar em segurança. 
Assim, como pode essa mente, presa que está pelo saber, essa mente, que é acumulação do passado, traduzindo o presente segundo sua própria conveniência, como pode essa mente, com sua carga de saber, compreender o que é a verdade? A verdade tem de ser algo que está fora do tempo. Ela não pode ser "projetada" pela mente; não pode ser talhada pela minha experiência; tem de ser algo incognoscível, em face de minha experiência passada. Se eu a conheço, do passado, isso então é reconhecimento e portanto não é a verdade. Se ela é apenas uma crença, é então uma "projeção" dos meus próprios desejos. 
Porque nos orgulhamos tanto do nosso saber? Estamos aprisionados em nossas crenças, no "estado de conhecimento", no sentido em que é geralmente compreendido o conhecimento. Você teme o "ser nada". Eis porque faz questão de ter tantos títulos; tem a preocupação de adquirir nomes, idéias, reputação, de fazer exibição de si mesmo. Com toda essa carga na mente, você diz: "Estou procurando a verdade, desejo compreender a verdade". Se examina atentamente todo o processo de aquisição de saber e da formação da crença, o que acontece? Você verificará, sem dúvida, que essas coisas são artifícios da mente — o crer, o saber; elas lhe conferem um certo prestígio, certos poderes; os outros lhe respeitam como um homem extraordinário, muito lido e muito culto. Ficando mais velho, você se acha com direito a mais respeito, porque, naturalmente, se tornou mais sábio, pelo menos assim o pensa. O que você fez foi apenas amadurecer na sua própria experiência. A crença destrói os entes humanos,   divide os entes humanos. O homem que crê nunca pode amar; porque, para ele, a crença é mais significativa do que o ser bondoso, cordial, solícito; a crença proporciona certa força, certa vitalidade, um falso sentimento de segurança. 
Assim, examinando bem a coisa, o que você encontra? Só palavras, só memória. A verdade é algo que deve achar-se além dos limites da imaginação, além do processo da mente. Ela tem de ser eternamente nova, uma coisa não suscetível de reconhecer-se, de descrever-se. Se você cita Sankara, Buda, XYZ, já começou a comparar — o que demonstra que, pela comparação, você desistiu de pensar, de sentir, de experimentar. Esse é um dos artifícios da mente. Seu saber está destruído a percepção imediata daquilo que é a verdade
Eis porque importa compreender, no seu todo, o processo do saber e da crença, para o abandonarmos. Seja simples, veja as coisas com simplicidade e não com uma mente ardilosa. Você verá, assim, que a mente, que amontoou experiência, tantas explicações, que está limitada por tantas crenças, começa a renovar-se. Ela já não está à procura do novo, já não está reconhecendo, deixou de reconhecer; acha-se, por conseguinte, em estado de constante experimentar, não relacionado com o passado; há um movimento novo, que não é susceptível de repetir-se. 
Importa, por esta razão, que todo saber, toda crença sejam devidamente compreendidos. Você não pode suprimir o saber; precisa compreende-lo; não pode fechar a porta ao saber. Qual é, agora, a sua reação? Sairá daqui e continuará a proceder da maneira habitual, porque têm medo de afastar-se do velho padrão. 
Para achar a verdade, não há guru, não há exemplo, não há caminho; a virtude não conduzirá á verdade; a prática da virtude é auto-perpetuação. O saber, evidentemente, só nos dá respeitabilidade. O homem "respeitável" e fechado dentro de sua própria importância, nunca encontrará a verdade. A mente precisa estar de todo vazia, não procurar, não "projetar". Só quando a mente está totalmente tranquila, apresenta-se a possibilidade daquilo que é imensurável. 

Krishnamurti - Quando o pensamento cessa
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill