Existem apenas dois tipos de pessoas: uma que está em busca da felicidade; é o tipo mundano. Pode ir para o mosteiro, mas o tipo não muda; lá, ele também pede pela felicidade, pelo prazer e gratificação. Agora, de maneira diferente — através da meditação, da prece, de Deus — está tentando ser feliz, cada vez mais feliz. Há, depois, o outro tipo de pessoa — e só existem dois tipos — a que está em busca da verdade. E isso é um paradoxo: aquele que busca a felicidade, nunca a encontra, pois ela não é possível a menos que você encontre a verdade. A felicidade é apenas uma sombra da verdade; em si mesma não é nada — é apenas uma harmonia.
Quando você se sente uno com a verdade, tudo se agrega, tudo se harmoniza. Você sente um ritmo — e esse ritmo é felicidade. Não se pode buscá-la diretamente.
A verdade tem de ser procurada. A felicidade é encontrada quando se encontra a verdade, mas a felicidade não é o objetivo. E se você buscar a felicidade diretamente, será cada vez mais infeliz. E sua felicidade será, no máximo, apenas um intoxicante para que você esqueça a infelicidade; é só o que vai acontecer. A felicidade é como uma droga — LSD, maconha, mescalina.
Por que o Ocidente chegou às drogas? É um processo muito racional. Teve de chegar a elas porque, na sua busca de felicidade, mais cedo ou mais tarde chega-se ao LSD. O mesmo aconteceu antes na Índia. Nos Vedas, eles chegaram ao soma, ao LSD, porque estavam buscando a felicidade; não eram realmente buscadores da verdade. Buscavam a mais e mais gratificação — chegaram ao soma. Soma é a suprema droga. E Aldous Huxley, falando sobre a suprema droga, a ser encontrada em algum lugar no século vinte, chamou-a outra vez de 'soma'.
Sempre que uma sociedade, um homem, uma civilização, buscam a felicidade, têm de chegar de alguma forma às drogas — porque a felicidade é a busca pelas drogas. A busca da felicidade é uma busca do auto-esquecimento; é isso o que a droga ajuda a fazer. Você esquece de si e assim não há mais miséria. Como pode haver miséria se você não está? Você está dormindo profundamente.
A busca da verdade está exatamente na dimensão oposta: não é gratificação, não é prazer, não é felicidade, mas — Qual é a natureza da existência? O que é a verdade? Um homem que busca a felicidade nunca a encontrará — encontrará, no máximo, o esquecimento. Um homem que busca a verdade a encontrará, porque para buscá-la ele próprio terá de se tornar verdadeiro. Para buscar a verdade na existência, primeiro terá de buscar a verdade em seu próprio ser. Terá de se tornar cada vez mais atento em relação a si mesmo.
Estes são os dois caminhos: o auto-esquecimento — o caminho do mundo; e a lembrança de si mesmo — o caminho de Deus. E o paradoxo é que aquele que busca a felicidade nunca a encontra; e aquele que busca a verdade e não se importa com a felicidade, encontra-a sempre.
(...) O autoconhecimento tem que ser a única busca, tem que ser o único objetivo; porque se você conhecer todo o resto sem conhecer a si mesmo, isto não significará nada. Você pode chegar a conhecer tudo, exceto você mesmo, mas o que isso significa? Não pode ter nenhum significado — porque se o próprio conhecedor é ignorante, o que pode significar esse conhecimento, o que seu conhecimento pode lhe dar? Quando você mesmo permanece na escuridão, pode reunir milhões de luzes à sua volta mas elas não o preencherão de luz. Apesar delas você continuará na escuridão. Viverá e se moverá na escuridão. A ciência é esse tipo de conhecimento. Você conhece um milhão de coisas mas não conhece a si mesmo.
Ciência é conhecimento de tudo menos de si mesmo, exceto do autoconhecimento; o próprio buscador permanece no escuro. Isso não adianta muito. A religião é basicamente auto-conhecimento. Você tem de estar iluminado por dentro, a escuridão deve desaparecer do seu interior, e então por onde quer que você ande, a sua luz interior incindirá sobre o caminho. Onde quer que você vá, faça o que fizer, tudo será iluminado pela sua luz interior. E esse movimento com luz lhe dá um ritmo, uma harmonia, que é a felicidade. Então você não tropeça, não esbarra, não tem mais conflitos. Você se move mais facilmente, seus passos são uma dança, e tudo é satisfação. Você não quer mais que alguma coisa extraordinária aconteça. Você é feliz. É simplesmente feliz no seu ser comum.
E a menos que você se sinta feliz sendo comum, jamais será feliz.
Você é feliz apenas por respirar, você é feliz por ser; é feliz apenas por comer, por dormir mais uma noite. Você é feliz. Agora a felicidade não deriva de nada — ela é você. Um homem que se conhece é feliz, não por qualquer razão, sua felicidade não tem causa. Não é uma coisa que lhe acontece, é toda sua maneira de ser. É simplesmente feliz. Para onde quer que se mova, leva consigo sua felicidade. Se você o atira no inferno, ele cria à sua volta um paraíso; com ele, um paraíso penetra no inferno.
Como você é, ignorante de si mesmo, se pudesse ser jogado no paraíso, conseguiria criar um inferno, porque você carrega consigo o seu inferno. Vá onde for, isso não fará muita diferença, você terá à sua volta o seu próprio mundo. Esse mundo está dentro de você, é a sua escuridão.
Essa escuridão interior precisa desaparecer — é isso o que significa autoconhecimento.
O S H O