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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Osho, quem é você?



"Sou um convite para todos aqueles que estão procurando, buscando e têm um grande anseio em seus corações para encontrar os seus lares.

Sou uma resposta para a pergunta que todos têm, mas que não podem formular, uma pergunta que é mais uma busca do que uma questão, mais uma sede do que uma indagação verbal e mental. Uma sede que a pessoa sente em cada célula e fibra de seu ser, mas que não tem como trazê-la às palavras e perguntá-la.

Sou uma resposta para essa pergunta que você não pode formular e que não pode esperar que ela possa ser respondida.

Quando digo que sou a resposta, não quero dizer que possa-lhe dar a resposta. Sim, se você estiver pronto, você pode pegá-la. Sou como um poço, pronto para que você atire o seu balde e tire água por você mesmo.

Tenho, mas não posso alcançar você sem os seus esforços.

Somente você pode me alcançar. Este é um convite estranho; ele o levará a uma longa peregrinação, e terminará somente onde você já está.

Você precisará dar muitos passos, em muitos caminhos, simplesmente para chegar a você mesmo, pois você se distanciou de você mesmo e se esqueceu completamente do caminho de volta. Sou um lembrete, uma lembrança do lar perdido.

Não existo como uma pessoa; como uma pessoa eu simplesmente aparento. Eu existo como uma presença. Desde o dia em que vim a conhecer a mim mesmo, a pessoa desapareceu; existe somente uma presença, uma presença muito viva que pode saciar a sua sede, que pode preencher o seu anseio.

Portanto, em uma palavra posso dizer que sou um convite, e é claro, apenas para aqueles que têm um profundo anseio em seus corações, que estão sentindo falta deles mesmos, uma profunda urgência, que a menos que encontrem a si mesmos, tudo o mais não tem sentido.

A menos que isso seja o seu interesse prioritário e supremo, a ponto de, se necessário, você estar mesmo disposto a perder tudo por isso, mas não pode abandoná-lo...

Existem milhares de desejos, mas no que se refere a anseio, há apenas um, o de voltar para casa, de encontrar sua realidade. E nesse próprio encontrar, você encontra tudo o que tem algum valor: bem-aventurança, verdade, êxtase.

Jesus costumava dizer: “Se você tem olhos para ver, veja; se tem ouvidos para ouvir, ouça.” É claro que ele não estava falando para os cegos e os surdos; ele estava falando para pessoas como você, talvez ele estivesse falando exatamente para você, pois você não é novo.

Você é tão antigo quanto toda a existência; você sempre esteve aqui.

Você pode ter encontrado muitos mestres, pode ter chegado perto de muitos budas, mas você estava muito envolvido em trivialidades e não estava ciente de seu anseio.

Sou um esforço para provocar o dormente em você, para despertar o que dorme. O fogo está presente, mas está queimando muito baixo, pois você nunca cuidou dele.

Meu convite é para tornar você chamejante, e a menos que você conheça uma vida que seja luminosa e chamejante, todo o seu conhecimento é apenas uma trapaça. Você está juntando-o para ajudá-lo a se esquecer de que o conhecimento real está faltando.

Mas não importa quão grande seja o seu acúmulo do outro, do objetivo, do mundo, isso não vai se tornar um substituto do seu autoconhecimento. Com o autoconhecimento, de repente desaparecem toda a escuridão e a separação em relação à existência.

Sou um convite para você dar um corajoso salto no oceano da vida. Perca-se, pois esta é a única maneira de encontrar a si mesmo."

Osho, em "The Invitation"

Breve relato de uma experiência de despertar da Consciência

A mente cheia do cultural não tem espaço para o Real

Sobre o medo e a incompreensão diante do ócio contemplativo

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Livro: Dias de Grande Paz

Sobre a experiência sublime e inesquecível

Os primeiros Grandes Sábios, observando o movimento dos pensamentos da sua própria mente, descobriram que "ALGO" estava em ação quando o pensamento cessava. Esse "ALGO" era a primeira insinuação da alma de cuja descoberta nasceu a ciência que os antigos começaram a ensinar aos homens, como um meio de conhecerem a VERDADE SOBRE SI MESMOS.

Tal ciência foi transmitida por métodos diversos em quase todas as civilizações pré-cristãs, na Suméria, Egito, Babilônia, Caldéia, China, Pérsia, Índia, México; entre os índios da América do Norte, maias da América Central e os desventurados astecas, assim como entre os judeus da Fraternidade Essênia e os gnósticos das cidades mediterrâneas.

Contemplando as majestosas ruínas da Grécia antiga, vêem-se de pés as imponentes fachadas esburacadas e colunas esfaceladas pelo tempo, os restos do famoso Templo em que outrora foram celebrados com grande cerimônia sob a égide de Atenas os célebres Mistérios de Elêusis. Poucos, são, todavia, aqueles que hoje entendem o que se passava exatamente atrás das paredes do santuário. A INICIAÇÃO nesses Mistérios era considerada pelos antigos ASSUNTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA, enquanto que o homem moderno mal lhe conhece o mero significado da palavra. Grandes homens não vacilaram em submeter-se a essa experiência SUBLIME E INESQUECÍVEL, saindo dela fortalecidos, prestes a desempenhar com ABSOLUTA CONSCIÊNCIA o papel que lhes fora designado pelo destino a cumprir, tal era a grandeza da revelação recebida a portas fechadas e vigiadas.

Ao terminar as solenidades dos Grandes Mistérios, as últimas palavras ouvidas era. VAI EM PAZ! Descrevendo suas experiências, os próprios iniciados diziam que a partir daquele momento seguiriam seu caminho da vida COM A ALMA SERENA E TRANQUILA. A INICIAÇÃO nada mais era realmente do que entrar na PERCEPÇÃO DAQUILO QUE O CANDIDATO DE FATO ERA. Completava sua formação de homem e quem quer que não a tenha experimentado era em verdade meio-homem.

(...) A chave do segredo dessa antiga instituição dos Mistérios nos foi dada por Plutarco quando escreveu: "OS INICIADOS, NO MOMENTO DA INICIAÇÃO NOS GRANDES MISTÉRIOS, SENTEM AS MESMAS IMPRESSÕES DA ALMA NA HORA DA MORTE".

(...) Será esse "EU" oculto uma imaginação louca, vaga quimera de alguns visionários, cuja fama milenar nos foi transmitida através da história? Os elos que ligam essa longa cadeia de tradição espiritual não terão vínculos mais fortes do que uma simples superstição?

(...) Valerá talvez o trabalho de investigar essa questão. Pode ser que o resultado de tal exame ou fortaleça a nossa posição atual e enfraqueça suas doutrinas seculares, ou talvez desmorone nossas crenças tão cuidadosamente sustentadas, confirmando a exatidão dos axiomas dos antigos. E a investigação é a única que realmente interessa.

Eu mesmo me empenhei em averiguar, não sem dificuldade, o que havia de verdadeiro nessas doutrinas. Finalmente, vi-me forçado a testemunhar que a sabedoria dos antigos NÃO É UMA COISA IMAGINÁRIA. Descobri, em vez de quimeras invenções de alguns cérebros doentios, doutrinas tão estupendas que nós que vivemos e trabalhamos no ensurdecedor e impiedoso mundo de hoje lhes devemos dar fé.

A mente contemporânea NÃO ATENDE aos sábios conselhos dos antigos para resolver seus problemas e assim perde verdadeiros tesouros acumulados; e é possível que a meditação desses sábios possa dar ainda muitos frutos aos estudiosos da cultura moderna. Podemos cortar os liames que nos prendem às grandes filosofias de outrora, mas sendo elas baseadas nos princípios eternos em que se apóia todo verdadeiro pensamento, mais cedo ou mais tarde seremos forçados a elas recorrer. A filosofia perde o seu poder quando os DEMASIADAMENTE INTELECTUALIZADOS a reduzem a meras discussões; retomará seus legítimos direitos quando nas almas sofisticadas da nossa época DESPERTAR A NECESSIDADE de alguns pontos de apoio mais seguro do que este que oferecem os ensinamentos confusos de hoje.

Há no homem algo mais do que o revelam as impressões comuns. As descobertas da Psicologia experimental têm levado a interessantes conclusões a este respeito, e confirmado inumeráveis relatos de experiência mística. Que é esse "ALGO MAIS" no homem, que o faz defender esplêndidos ideais e conceber nobres pensamentos? Que PRESENÇA espiritual DENTRO DE SEU CORAÇÃO o instiga a afastar-se da existência banal, puramente terrena, e travar uma luta constante entre o anjo e a besta que habitam no seu corpo?

Quando nos dizem a nós, homens do século XX, que Deus não é apenas uma simples palavra sobre a qual se argumente e discuta, mas UM ESTADO DE CONSCIÊNCIA QUE PODEMOS REALIZAR AGORA, em carne, levantamos os olhos, surpresos. Quando se nos afigura a existência de alguns seres que vivem entre nós e viram Deus — tocamos a cabeça num gesto significativo... e, ademais, se nos asseguram que temos o Divino DENTRO DE NÓS e que a Divindade É O NOSSO VERDADEIRO SER, sorrimos, indulgentes mas desdenhosos, tomando ares de superioridade.

No entanto, isso não é nem teoria, nem sentimentos: é uma certeza inegável, evidente e absoluta pura para aqueles que se adiantaram um pouco no caminho da PERCEPÇÃO espiritual.

(...) Podemos trocar nosso parentesco com o símio, e com requinte detalhes e de provas demonstrarmos essa triste linhagem, porém somos incapazes de nos lembrar de nosso parentesco com o anjo.

PB - O Caminho Secreto


Das fronteiras da objetividade à liberdade da subjetividade

“Não crer na glória de sua própria alma é o que a Vedanta chama de ateísmo.”
Swami Vivekananda

Ao utilizar o termo "realização" refiro-me, é claro, não apenas a uma concepção moral, ou teórica, a qual pode vir e ir, mas exatamente ao CONHECIMENTO COMO PARTE DE NÓS MESMOS, em outras palavras, que está em nós e além de nós. É difícil prolongar esta explanação, a qual pertence à consciência que transcende os termos de uma linguagem que é aceita, conhecida e vivenciada por todos. (...) A "Realização", no sentido usado, não é uma experiência de muitos homens e tampouco pode ser enquadrada numa combinação de elementos lógicos e expressos pela linguagem da mente, nem se desdobrar de componentes similares e, desse modo, finalmente torna-se acessível à mente externa. Portanto, GOSTEMOS OU NÃO, este é um fato e nada pode mudá-lo. Não obstante, um tipo de consolo existe. Aqueles que vivenciaram a Realização sempre a reconheceram, embora fossem incapazes de expressá-la em palavras.

Na língua francesa, tão admiravelmente adaptada à mais sutil espécie de pensamento filosófico, há uma bela expressão: "L'ODEUR DE SAINTETÉ", isto é, "o odor da Santidade". Usando o mesmo idioma, podemos dizer "o odor da Realização", numa tentativa de definir o indefinível.

(...) Por meio da meditação profunda, um homem pode chegar a essa Realização, mas APENAS SOB CERTAS CONDIÇÕES. Nada melhor do que citar Ramana Maharshi, esse Mestre Espiritual de nossos dias, que partiu não há muito tempo, quando respondeu às numerosas perguntas a respeito dos obstáculos que impediam seus discípulos de chegar à Realização deste modo: "O PROBLEMA É SUA MENTE ERRANTE E OS MEIOS PERVERTIDOS", com o significado evidente de "meios de vida". Não posso encontrar nada mais próximo do que esse dito exato e breve. Ambos os obstáculos precisam CERTAMENTE ser removidos antes que possamos meditar como pretendemos. (...) Para a pessoa iniciada não existem dúvidas ou indagações a respeito disso, pois ela conhece a si mesma, sabe qual linha que deve seguir em seu caminho. Contudo, em todo homem há um critério para o qual ele sempre pode apelar quando necessita: SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA. Conhecemos definitivamente o que está certo e o que está errado, basta estarmos dispostos a abordar nosso critério mais íntimo com SERIEDADE plena e incondicional.

Infelizmente, a experiência e a observação nos mostram que essa virtude cordial de sinceridade interior não é "popular" entre os homens e mulheres deste século. Pelo contrário, acontece justamente o oposto: engamos e mentiras parecem dominar os horizontes moral e intelectual da humanidade nesta época infeliz e conturbada.

(...) Dentre os obstáculos, a maior parte de natureza física, que são óbvios para todo mundo estão: a imoralidade, a desonestidade, a raiva, a mentira, os maus hábitos, a falta de força de vontade e a falta de estabilidade e resistência.

(...)
a) De onde vêm nossos sentimentos e pensamentos?
b) Quais são suas origem, atuação e destino final?
c) Quais as relações existentes entre os acontecimentos deste mundo visível e aqueles do mundo invisível?
d) Existe um fator independente do nosso tempo tridimensional, com suas três subdivisões (passado, presente e futuro), no qual eles encontram sua fonte e razão última de sua existência?
e) A habilidade de ver o passado e o futuro pode ser logicamente explicada, dando-nos uma visão clara das técnicas que operam durante as manifestações de clarividência, clauriaudiência e faculdades transcendentais similares que existem em nós?
f) O drama do universo manifestado já foi explicado? Se não nos recessos mais profundos de sua "ORIGEM", o qual transcende até mesmo os mais avançados poderes humanos, então pelo menos nos métodos e fatores ativos, os quais são como executores da VONTADE PRIMEIRA, tão inconcebível para a mente?

Alguns espíritos humanos sublimes que vieram para este planeta ocuparam-se de problemas similares e encontraram soluções úteis para eles; por meio da infinita CORRENTE DE INICIADOS, essas soluções têm se tornado acessíveis aos homens de BOA VONTADE, que vivem até mesmo nesta época deplorável de profundo mergulho geral num materialismo negligente que tende a NEGAR TUDO O QUE NÃO PODE SER VISTO E TOCADO.

Mouni Sadhu - Meditação


Olhando para o processo de retomada da Consciência



Não crer na glória de sua própria alma é o que a Vedanta chama de ateísmo.
Swami VIvekananda


Ao utilizar o termo "realização" refiro-me, é claro, não apenas a uma concepção moral, ou teórica, a qual pode vir e ir, mas exatamente ao CONHECIMENTO COMO PARTE DE NÓS MESMOS, em outras palavras, que está em nós e além de nós. É difícil prolongar esta explanação, a qual pertence à consciência que transcende os termos de uma linguagem que é aceita, conhecida e vivenciada por todos. (...) A "Realização", no sentido usado, não é uma experiência de muitos homens e tampouco pode ser enquadrada numa combinação de elementos lógicos e expressos pela linguagem da mente, nem se desdobrar de componentes similares e, desse modo, finalmente torna-se acessível à mente externa.

Portanto, GOSTEMOS OU NÃO, este é um fato e nada pode mudá-lo. Não obstante, um tipo de consolo existe. Aqueles que vivenciaram a Realização sempre a reconheceram, embora fossem incapazes de expressá-la em palavras.

Na língua francesa, tão admiravelmente adaptada à mais sutil espécie de pensamento filosófico, há uma bela expressão: "L'ODEUR DE SAINTETÉ", isto é, "o odor da Santidade". Usando o mesmo idioma, podemos dizer "o odor da Realização", numa tentativa de definir o indefinível.

Mouni Sadhu, em, "Meditação"

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Breve relato do despertar do processo de retomada da Consciência

D.D.: Estou sem microfone aqui e meu computador está péssimo, travando toda hora mas, eu queria escrever um pouco... Posso?
out: sim
D.D.: Então, com licença a todos. Boa noite.
out: bn
D.D.: Eu quero dizer antes de mais nada que este grupo vem sendo muito importante pra mim. Na verdade eu escuto mais o canal no Youtube do que este canal.
D.D.: Conheci vocês através do Youtube, pesquisando sobre o K
D.D.: O Krishnamurti eu descobri através de um professor de arquitetura, onde a gente fazia com ele uma entrevista sobre escolas, meios de ensinos...
D.D.: Perguntei à ele qual seria, na opinião dele a escola ideal... e ele respondeu que era a escola de Krishnamurti
D.D.: O tempo passou, e um dia eu estava a assistir um documentário onde aparecia o K falando aquele frase " famosa" dele: Não é nenhum pouco saudável ser normal numa sociedade doente
D.D.: Isso me tocou logo, e me vi buscando coisas sobre esse cara em todos os lugares, tanto em livros como em vídeos
D.D.: E foi ai que conheci a confraria!
D.D.: Eu falo uma coisa pra vocês.
D.D.: Eu entro na internet muito pouco, uso para coisas do trabalho como e-mail e Facebook (egobook)
D.D.: ...além disso vejo, ouço e acompanho a página de vocês no Youtube e aqui.
D.D.: Minha vida mudou depois que conheci o K
D.D.: e a coisa mais importante pra mim, a maior descoberta da minha vida ( hoje estou com 37 anos), foi saber que eu não sou a minha mente.
D.D.: Que tenho muitos condicionamentos e que, por conta deles penso do jeito que penso.
D.D.: Tive um insite (visão de dentro).
D.D.: Eu estava encostado no pilar daqui de casa, próximo à uma árvore e, fui deletando os meus pensamentos... Toda palavra que vinha na minha mente eu retirava o significado dela na mesma hora.
D.D.: Quando de repente, tudo me apareceu tão claro, tão nítido
D.D.: Senti que eu era tudo
D.D.: eu era a árvore que estava perto de mim
D.D.: eu era o meu cachorro
D.D.: eu era o céu azul com todas as estrelas que eu não via
D.D.: eu era tudo que estava em meu entorno, até mesmo as coisas que eu não enxergava naquele momento
D.D.: A sensação que eu tive foi de que, a vida, ou melhor escrevendo, na vida não há absolutamente nenhum problema. Nenhum!
D.D.: Se eu saísse na rua e um carro me atropelasse, isso não seria um problema.
D.D.: Se eu perdesse o meu pai, ou minha mãe em morte, isso também não seria um problema
D.D.: Se eu perdesse tudo o que tenho, trabalho, família, bens qualquer, não seriam problemas
D.D.: Esse raciocínio me veio depois.
D.D.: Na hora tive somente uma leveza, uma luz tamanha e, que durou no máximo 1 segundo
D.D.: 1 segundo!
D.D.: Ou seja, em 37 anos de vida eu ti segundo de realidade!
D.D.: Conversando com um amigo ( hoje só tenho um amigo, pois, os outros, que eram muitos, eu não consigo mais me identificar, e, portanto, não frequento mais os mesmos ambientes que eles), contei o que tinha acontecido comigo.
D.D.: E disse à ele como era triste saber que, talvez aquilo jamais iria se repetir na minha vida
D.D.: Ele me disse que pelo menos eu havia visto, enxergado. Que aquilo era como se fosse uma pessoa que vivera toda uma vida trancafiada num quarto sem janelas e portas, um quarto escuro... e que de repente descobrisse um buraquinho, um vão do tamanho de um alfinete, e que avistasse o mundo exterior
D.D.: Bom, já está travando aqui, o meu computador está muito ruim e, eu gostaria de falar muito mais coisas à vocês, coisas que estão acontecendo comigo depois que conheci o K e toda essa verdade que vocês dizem e procuram saber.
D.D.: E são tantas coisas..., mas enfim. Agradeço de coração à todos vocês, está sala é muito importante pra mim, é a única coisa que tenho real satisfação em estar... boa noite. Vou providenciar um mic. Abraço à todos. Voadora krishnamurtiana, como diz o Out!

Confrade Du Duarte - Reunião Paltak

Vigilância Até ao Último Suspiro

Você é senhor de sua mente?

O poder do pensamento concentrado, aplicado à vida cotidiana, é amplamente reconhecido. Não há, pois, necessidade de provas ou explicações especiais. mas o homem comum não usa convenientemente nem mesmo uma fração desse poder. Se o leitor discordasse disso, gostaria que me explicasse, ou, melhor, explicasse a si próprio, se sabe por que está pensando de certo modo particular e não de outro, por que os pensamentos lhe surgem na mente, "convidados" ou não, e se é capaz de prever em que estará pensando ao cabo de alguns instantes. Pode de fato fechar a mente, segundo sua vontade, a um pensamento que o importune? De onde vêm os pensamentos? 

Se estas perguntas ficarem sem resposta, teremos de reconhecer que não somos senhores de nossa mente. Um dos principais objetivos deste estudo é pôr fim a essa condição indesejável. 

Controlar uma máquina significa ser capaz de pô-la em ação, modificar sua velocidade e, finalmente, fazê-la parar quando necessário. E isso é exatamente o que se exige da mente disciplinada. 

O verdadeiro poder de concentração não é apenas a habilidade de dirigir e manter, por alguns minutos, toda a atenção focalizada exclusivamente sobre, por exemplo, a cabeça de um alfinete, e sim a capacidade de fazer parar a máquina pensante e observá-la enquanto parada. O artista sente-se seguro de que suas mãos lhe obedecem e executam exatamente o movimento exigido. Por isso nem sequer pensa no assunto e trabalha sem preocupar-se, sabendo que as mãos, em dado momento, farão precisamente o que ele deseja. Sob tais condições, as mãos e os órgãos, trabalhando convenientemente, constituem uma unidade harmoniosa, capaz de funcionar em sua própria esfera de ação. 

Suponhamos que uma parte de seu corpo se recuse a obedecer os impulsos emitidos do cérebro, o centro de controle. Poer exemplo: em vez de apanhar um copo de água, quando você está com sede, sua mão acende um cigarro ou então recusa-se a mover-se. Você certamente concluirá que ela é de pouca utilidade. 

Observemos mais de perto as funções de nossa mente-cérebro. Você é capaz de afirmar, com plena certeza, que pensa sempre quando quer e só no que realmente quer e que, portanto, sabe onde os pensamentos surgem à luz de sua consciência? Poderá impedir a entrada dos pensamentos ou limitar sua duração na mente pelo tempo que desejar? Se for capaz de analisar o processo do pensamento, a resposta será negativa. 

Assim, pode parecer que o homem comum não é bom artífice porque não consegue controlar seu instrumento principal: a mente e os pensamentos. Passa a vida usando e aceitando algo que se origina além do alcance da compreensão.

Mouni Sadhu        

sábado, 7 de dezembro de 2013

Do "eu sou doente" ao "Ente Que Sou"

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Fênix


Fênix
Jorge Vercillo

Eu!
Prisioneiro meu
Descobri no brêu
Uma constelação...

Céus!
Conheci os céus
Pelos olhos seus
Véu de contemplação...

Deus!
Condenado eu fui
A forjar o amor
No aço do rancor
E a transpor as leis
Mesquinhas dos mortais...

Vou!
Entre a redenção
E o esplendor
De por você viver...

Sim!
Quis sair de mim
Esquecer quem sou
E respirar por ti
E assim transpor as leis
Mesquinhas dos mortais...

Agoniza virgem Fênix
O amor!
Entre cinzas arco-íris
Esplendor!
Por viver às juras
De satisfazer o ego mortal...

Coisa pequenina
Centelha divina
Renasceu das cinzas
Onde foi ruína
Pássaro ferido
Hoje é paraíso...

Luz da minha vida
Pedra de alquimia
Tudo o que eu queria
Renascer das cinzas...

E eu!
Quando o frio vem
Nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
A luz da escuridão
E a dor revela a mais
Esplêndida emoção...

O amor!
Quando o frio vem
Nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
A luz da escuridão
E a dor revela a mais
Esplêndida emoção...

Quando o frio vem
Nos aquecer o coração
Quando a noite faz nascer
A luz da escuridão
E a dor revela a mais
Esplêndida emoção
O amor!...(2x)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Minha nova concepção da Vida

Mouni Sadhu
Uma das tarefas mais difíceis com que me deparei durante minha estada no ashram de Ramana Maharishi, foi a necessidade de encontrar a definição clara da nova concepção de vida como tal. Parece-me que há em mim um ponto central ao redor do qual tudo gravita em minha consciência, o meu "EU". Esta concepção deve ser definitiva e absoluta, pois nenhuma outra será aceitável pelo meu "Eu".

Entre as centenas de definições que encontrei, nenhuma delas pareceu-me dar uma síntese perfeita. As definições condicionadas devem ser abandonadas como falsas. As que são demasiadamente abstratas, uma terminologia impossível de ser posta em prática, parecem-me simples acrobacias mentais, boas para os professores aposentados de filosofia teórica, mas não para um homem que se esforça pela realização espiritual. Mas sei que deve existir uma definição que harmonize com as profundezas de meu ser e que não provoque nem dúvida nem ceticismo, pois estará de acordo com minha própria experiência interna. 

Todos os que realizaram a verdade na vida falam dela com maior entusiasmo, COMO SENDO A ÚNICA META, para cujo alcance tudo o mais deveria ser sacrificado, UMA VEZ QUE É PURA ILUSÃO. No entanto, todas as suas palavras não aprecem ser outra coisa senão belas e encantadoras melodias produzidas por um instrumento desconhecido. Em minha busca tive de abandonar tudo o que é limitado, condicionado por nome e forma. Aquilo que sobra, sem forma nem véu, isso deve ser necessariamente a própria vida. 

O processo da investigação — principalmente através da meditação — demonstrou-me que quanto mais eu abandono a ideia de ser realista o que é visível, mais próximo me sinto da minha meta. Quais são, na prática, os estágios desse processo? Naturalmente é impossível descrevê-los em detalhes, mas as linhas gerais são muito simples. Começando a meditar em completa paz e serenidade sobre a relação que os objetos externos têm com o Eu, muitas vezes me parece que atinjo a verdade: eles não significam nada para o "Eu". Nesse momento desponta uma espécie de visão da possibilidade de uma EXISTÊNCIA independente de quaisquer condições. Essa "visão" — a palavra não é exata nem muito própria — dura mais ou menos tempo, dependendo do grau de concentração alcançada, mas seu resultado permanece como a memória de uma coisa duradoura e certa, sem qualquer sombra de dúvida. Ela encontra expressão no pensamento: "Unicamente a CONSCIÊNCIA é VIDA". A Consciência desapegada, independente de tudo, a simples afirmação "EU SOU". 

Mas esse "EU" não é o pequeno eu contido na transitória forma corpórea com seus sentidos, que é, na verdade, a antítese do EU REAL. Esse "EU"-Consciência está mais próximo do termo usado, muitas vezes, na literatura filosófica moderna, a "Consciência Cósmica" ou "Eu Cósmico". Essa Consciência é também FELICIDADE ABSOLUTA. 

Mouni Sadhu - Dias de Grande Paz


Como entrar no estado de meditação Supra-mental?

Mouni Sadhu
"A mente tem sua função na evolução do homem, mas essa função é limitada e pode guiar somente até certo nível. Além desse ponto começa outro novo".
— Ramana Maharshi


* * *
Analisando o processo em mim mesmo, acho que primeiro devem ser sustados todos os pensamentos. A Auto-inquirição  amadurece a mente para que o interesse no processo do pensamento desapareça, a fim de que a tranquilidade da mente, tão difícil até então, se torne fácil. 

Segundo, quando a mente está tranquila, surge forte insistência para a unidade com o TODO. Mas o que é esse TODO ainda não pode ser concebido e sinto que nunca pude obtê-lo sozinho. A melhor comparação é "fundir-se e dissolver-se NAQUILO que unicamente É". Diferente é deixar o corpo ou o ego, pois não há movimento. Permanecemos onde estamos, mas não somos o que éramos antes. 

Tudo o que poderia ser visto ou sentido antes, está separado de mim agora. Nada mais pode ser dito. 

Terceiro, o estado de unidade com o TODO traz inabalável certeza de que somente esse estado é o real e permanente; e que é esse o último refúgio que sempre buscamos, e o qual jamais perderemos. Nada há mais além disso, pois — ISSO É TUDO. 

A concepção de como a "morte" é destruída não significa que estamos nesse estado de pensamento de uma "vida depois da morte". O único fato que sabemos é que essa vida continuará para sempre. 

Nesse estado de Ser não há a falta distinção do tempo como passado, presente e futuro. 

É possível força a linguagem para transmitir à mente algo daquilo que trazemos de tal meditação, mas é provável que isto SEJA INÚTIL OU MAL COMPREENDIDO. E não há certeza de que outros cheguem a essa meditação silenciosa do mesmo modo que nós. Assim, qualquer descrição pode ser apenas uma sugestão e pode até não ser o caminho apropriado para outrem. 

Há uma experiência misteriosa que prova o poder de Auto-inquirição. Ramana Maharshi insistia que não devemos usar a Auto-inquirição como se fosse um mantra, isto é, como palavras apenas, mas que cada pergunta esteja PENETRADA do desejo de conhecer "Quem sou eu?". Pelo uso da Auto-inquirição dessa forma, após tranquilizar a mente, a resposta vem por si mesma, sem palavras, nem pensamentos — TU SABES QUEM ÉS. E o que se segue é INEXPRIMÍVEL. 

Esse é o grande serviço que Ramana Maharshi prestou à Humanidade — ter forjado este infalível instrumento de alcance — a inspiradora Auto-inquirição

Mouni Sadhu - Dias de Grande Paz


É preciso perceber o que os religiosos estão apontando

Às vezes podemos compreender e realizar em nós o significado místico dos ensinamentos dos Mestres, mas a nossa personalidade esquece facilmente esses momentos tão importantes.  "O caminho é longo e eu estou longe do lar" -  Mouni Sadhu - Dias de Grande Paz

Você com certeza, já de ter vivenciado a experiência de, enquanto caminha descontraidamente pela rua, ser abordado por um desconhecido que lhe solicita informações de como chegar em determinado local. Quase sempre, mesmo se não conhecemos bem o caminho, mesmo se temos apenas uma breve noção do local perseguido por tal caminhante, é muito forte nosso impulso interno para compartilhar algo que lhe faculte tal aproximação. Se, de fato, com propriedade já estivemos em tal local, não será difícil "apontar" pela direção, "apontar" por determinados pontos pelos quais o caminhante possa perceber, durante sua caminhada, que está se deparando com a direção correta. Quase sempre, quando o caminhante de nós se despede, podemos perceber que, para ambos, dá-se um sentimento prazeroso que se manifesta na ação do compartilhar. Não sabemos se o caminhante, de fato, alcançará o local que lhe apontamos, mas, permanece em nós, mesmo que por breves instantes, o anseio de que o mesmo possa desfrutar da tranquilidade de ter alcançado o objetivo de seu caminhar. Quanto a nós, alegremente, prosseguimos em nossa direção.

Outsider

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Derrubando as fronteiras do ego sabichão

A necessidade básica

Sigmund Freud disse em algum lugar que o homem nasce neurótico. Isso é uma meia-verdade. O homem não nasce neurótico, mas ele nasce em uma humanidade neurótica e a sociedade à volta deixa todo mundo neurótico mais cedo ou mais tarde. O homem nasce natural, real, normal, mas no momento em que a criança se torna parte da sociedade, a neurose começa a funcionar.

... a neurose consiste em uma divisão - uma profunda divisão. Você não é um: você é dois ou mesmo muitos... Seu sentimento e seu pensamento tornaram-se duas coisas diferentes: essa é a neurose básica. Sua parte que pensa e sua parte que sente se tornaram duas e você está identificado com a parte que pensa, não com a parte que sente.

E sentir é mais real do que pensar; sentir é mais natural do que pensar. Você nasceu com um coração que sente, mas o pensar é cultivado: ele é dado pela sociedade. E seu sentimento se tornou uma coisa reprimida. Mesmo quando você diz que sente, você somente pensa que sente. O sentimento tornou-se morto e isso aconteceu por certas razões.

Quando uma criança nasce, ela é um ser sensível: ela sente coisas. Ela não é ainda um ser que pensa. Ela é natural, exatamente igual a qualquer coisa natural na natureza - exatamente como uma árvore ou como um animal. Mas nós começamos a moldá-la, a cultivá-la. Ela tem de reprimir seus sentimentos, porque sem reprimir seus sentimentos ela está sempre atormentada.

Quando ela quer chorar, ela não pode chorar porque seus pais não aprovarão. Ela será condenada. Ela não será apreciada, não será amada. Ela não será aceita como ela é. Ela deve se comportar; ela deve se comportar de acordo com uma determinada ideologia, determinados ideais. Somente então ela será amada.

O amor não virá para ela como ela é. Ela somente pode ser amada se seguir certas regras. Essas regras são impostas; elas não são naturais. O ser natural começa a se tornar reprimido, e o não natural, o irreal, é imposto sobre ela. Este irreal é sua mente; e chega um momento em que a divisão é tão grande que você não pode transpô-la.

Você continua se esquecendo completamente qual era - ou é - a sua natureza real. Você é uma face falsa - a face original foi perdida. E você também está com medo de sentir a original, porque no momento em que você a sentir, toda a sociedade estará contra você. Assim, você mesmo é contra a sua natureza real.

Isso cria um estado muito neurótico. Você não sabe o que você quer; você não sabe quais são suas necessidades reais, autênticas. E então você continua atrás de necessidades não-autênticas, porque somente o coração que sente pode lhe dar o sentido, a direção, de quais são as suas necessidades reais. Quando elas são reprimidas, você cria necessidades simbólicas. Por exemplo, você pode continuar comendo cada vez mais e mais, empanturrando-se com comida e você pode nunca sentir que já está satisfeito.

A necessidade é de amor; não é de comida. Mas a comida e o amor estão profundamente relacionados; assim, quando a necessidade de amor não é sentida, ou é reprimida, uma necessidade falsa por comida é criada e você pode continuar comendo. Como a necessidade é falsa, ela nunca pode ser satisfeita e nós vivemos em falsas necessidades.

É é por isso que não existe satisfação.

Você quer ser amado; essa é a necessidade básica - natural. Mas ela pode ser desviada para uma falsa dimensão. Por exemplo, a necessidade de amor, a necessidade de ser amado, pode ser sentida como uma necessidade falsa se você tenta desviar a atenção dos outros para si. Você quer que os outros prestem atenção em você; assim, você pode se tornar um líder político.

Grandes multidões podem prestar atenção em você, mas a necessidade básica real é de ser amado. E mesmo que todo mundo esteja prestando atenção em você, essa necessidade básica não pode ser preenchida. Essa necessidade básica pode ser preenchida até mesmo por uma única pessoa que o ame, que preste atenção em você devido ao amor.

Quando você ama alguém, você presta atenção nessa pessoa. Atenção e amor estão profundamente relacionados. Se você reprime a necessidade de amor, então, ela se torna uma necessidade simbólica; então, você precisa da atenção dos outros. Você pode tê-la, mas, então também, não haverá preenchimento. A necessidade é falsa, desconectada da necessidade natural, básica. Essa divisão na personalidade é a neurose.

OSHO, em O Livro dos Segredos.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Como Posso Eu Ver-me?

Neti, Neti - O Caminho da Investigação

Não Podes Tornar-te Vacuidade Pelo Esforço

Deixa a Tua Mente Viver Dentro do Teu Coração

Como Conseguiste Liberar-te do Ego e da Mente?

Sobre o necessário processo de ego-esvaziamento


A verdadeira meditação, ou sintonização cósmica, exige, como prelúdio, um total esvaziamento de todos os conteúdos do nosso ego humano. Esse ego-esvaziamento é chamado "egocídio" pelos grandes iniciados. Paulo de Tarso escreve: "Eu morro todos os dias". O próprio Cristo diz aos seus discípulos: "Se o grão de trigo (ego) não morrer, ficará estéril".

Quando alguém pratica esse esvaziamento da ego-consciência, esse egocídio voluntário, ele, durante esse período, não faz nada, não quer nada; reduz a zero, temporariamente, toda e qualquer atividade do ego, pondo-se em disponibilidade para a invasão da consciência cósmica.

Para o principiante e inexperiente existe o grande perigo de que essa total passividade do ego-consciente o faça cair do transe, em auto-hipnose, estado esse que não resolve nada. Para que não aconteça isto, deve o homem, totalmente ego-esvaziado, permanecer na plenitude do EU consciente, deve ficar 100%, apesar de 0% pensante.

O inexperiente acha que isto — 100% consciente e 0% pensante — seja um círculo quadrado, algo impossível, porque confunde pensamento com consciência. O experiente, porém, sabe que o pensamento é um processo analítico do ego humano, ao passo que a consciência é um estado intuitivo do EU Cósmico. Depois de muitas tentativas infrutíferas, consegue o homem manter-se plenamente consciente, sem pensar nada, sem querer nada.

E nesse estado de total vacuidade do ego-consciente, é ele invadido pelo cosmo-consciente, que resolve os dolorosos problemas da existência humana.

Todos os nossos problemas são produtos do ego humano — ao passo que a solução desses problemas vem da consciência cósmica. A invasão da consciência cósmica não anula a ego-consciência, mas integra-a. O ego humano não é aniquilado pelo Eu Cósmico, mas integrado nele.

Quando uma semente se transforma em planta, ela não morre, mas vive de outro modo, melhor e maior. O que morre é a casca que envolvia e protegia o germe vivo. Para que o germe possa passar da vida potencial da semente para a vida atual da planta, deve a casca morrer ou dissolver-se. A integração da vida da semente na vida da planta supõe a desintegração do invólucro do germe.

É o que se entende por egocídio. A casca da semente, que foi um auxílio, se tornaria um empecilho, se não se desintegrasse.

Assim, o ego humano se torna um impedimento para o Eu Divino, se não se desintegrar, a fim de se integrar.

Neste sentido, disse Jesus: "Quem quiser salvar a sua vida (ego), perde-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho (EU), este a salvará". O Ego não pode salvar-se pelo ego, mas pode ser salvo pelo EU. A ego-integração no EU.

Quem não morrer voluntariamente, antes de ser morto compulsoriamente, não pode viver gloriosamente.

Neste sentido, escreve Paulo de Tarso: "Eu morro todos os dias, e é por isso que eu vivo; o Cristo é quem vive em mim". Eu já não sou ego-vivente, eu sou Cristo-vivido.

E Jesus diz: "Se o grão de trigo (ego) não morrer, ficará estéril mas, se morrer, produzirá muito fruto (Eu)".

A verdadeira meditação é, pois, um MORRER e um NASCER. É uma desintegração a fim de promover uma integração.

Onde há uma vacuidade, acontece uma plenitude. O ego-esvaziamento é uma disponibilidade para a cosmo-plenificação.

Quando dizemos "cosmos", não nos referimos ao mundo material, mas à alma do Universo, que as religiões chamam Brahman, Tao, Yahveh, Deus. O grande filósofo monista Spinoza, escreveu: "Deus é a alma do Universo e o Universo é o corpo de Deus".

Quando o homem se esvazia de todos os conteúdos do seu ego humano, então ele é plenificado pela Alma do Universo, pela Divindade. A Ego-vacuidade produz Teo-plenitude.

Para o principiante, esse ego-esvaziamento é um tenebroso problema, , porque ele se identifica tradicionalmente com o seu ego humano, e o egocídio lhe parece ser a extinção de sua própria individualidade, do seu verdadeiro ser. Só aos poucos, através de muita experiência, descobre o homem que ele não é o seu ego, mas o seu EU, que se identificou com este. Quando o homem descobre o seu verdadeiro Eu centtral, cerifica ele a sua ilusão, e, daí por diante, considera o seu ego como algo que ele TEM, mas não o que ele É.

E então compreende ele as palavras do Cristo: "Eu e o Pai somos um; o Pai está em mim, e eu estou no Pai".

Huberto Rohden - Rumo à Consciência Cósmica


Quem sou eu?

"Quem sou eu?

Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.
Eu posso ver e sentir meu corpo,
E o que pode ser visto e sentido não é o verdadeiro Vidente.
Meu corpo pode estar cansado ou excitado,
Doente ou saudável, pesado ou leve,
mas isso nada tem a ver com meu Eu interior.
Eu tenho um corpo, mas eu não sou meu corpo.

Eu tenho desejos, mas eu não sou meus desejos, eu posso conhecer meus desejos,
e o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecido.
Desejos vêm e vão, flutuando através de minha percepção,
mas eles não afetam meu Eu interior.
Eu tenho desejos, mas não sou desejos.

Eu tenho emoções, mas eu não sou minhas emoções.
Eu posso sentir minhas emoções,
e o que pode ser sentido não é o verdadeiro Senciente.
As emoções passam através de mim,
mas elas não afetam meu Eu interior.
Eu tenho emoções, mas eu não sou emoções.

Eu tenho pensamentos, mas eu não sou meus pensamentos.
Eu posso conhecer e intuir meus pensamentos,
E o que pode ser conhecido não é o verdadeiro Conhecedor.
Pensamentos vêm a mim e pensamentos me deixam,
mas eles não afetam meu Eu interior.

Eu tenho pensamentos, mas não sou meus pensamentos.
Eu sou o que permanece, um centro puro de percepção,
uma testemunha impassível de todos esses
pensamentos, emoções, sentimentos e desejos."

(Ramana Maharshi)

Breve relato de retomada da Consciência Integrativa Amorosa

A história de meu coração começa há dezessete anos atrás. Tinha apenas dezoito anos quando um sentido muito íntimo e esotérico começou a surgir em mim através de todo o universo visível e aspirações indefiníveis se apossaram de minha alma. 

Em última instancia, senti-me só com o sol e a terra. Deitado sobre a relva, falei com a alma à terra, ao sol, ao ar, e ao mar distante, longe de meus olhos. Pensei sobre a firmeza da terra, e senti que era envolvido por ela; através da capa de relva, apossou-se de mim uma influência que me fazia sentir como se a terra falasse comigo. Pensei no ar e em sua pureza, que constitui a sua grande beleza. O ar tocou-me e legou-me algo de si mesmo. Orei por todas essas coisas; senti na alma uma emoção que ultrapassa a capacidade de ser definida. 

Pensei em minha existência mais íntima, naquela consciência que se chama alma. Estas, ou seja, eu mesmo, pus na balança para pesar a oração celestial. Aí tirei a força de meu corpo, de minha mente, de minha alma. A oração, essa emoção da alma, existia em si mesma, não em qualquer objeto. Era uma paixão. Escondi meu rosto na relva, senti-me completamente prostrado, perdi-me na luta, fui arrebatado e levado para longe. 

Se algum pastor me tivesse por acaso visto deitado na relva, teria pensado que eu descansava por alguns instantes. Não demonstrei, exteriormente, o que sucedia em meu interior. Poderia ele imaginar que dentro de mim se agitava um verdadeiro vendaval, enquanto aí estava reclinado? Senti-me exausto, quando afinal retornei a casa. 

Tendo bebido abundantemente do céu que tinha sobre mim e sentido a mais gloriosa beleza do dia, e relembrando o mar, imensamente velho, que, como me parecia, estava em alguma parte muito distante, perdi-me então e senti-me absorvido no ser ou existência do universo. Senti a profundeza do que existe debaixo da terra e acima do céu, mais longe ainda do que o sol e as estrelas. Ainda mais longe, além das estrelas, no imenso espaço, e então a separação do meu ser pareceu-me parte do todo. 

Orei com todo esse tempo e poder que posso reunir em minha alma, em sua parte intelectual, a ideia, o pensamento. Agora, esse momento me dá o pensamento por inteiro, a ideia total, a alma completa expressa no Cosmo que me rodeia. Dá-me a noção ilimitada da vida, tal como do mar e do sol, da terra e do ar. Brinda-me com a compreensão da vida física, da mente, iguale além de sua complexidade. Faz-me perceber que a alma é maior e mais perfeita que todas as coisas. Atende ao meu desejo inexprimível que me ata como um nó, que existe em mim como a força do mar. Percebo uma alma-vida ilimitada. Percebo a existência de um pensamento do Cosmo. Creio na forma humana. Deixe-me encontrar alguma coisa, algum método pelo qual essa forma possa alcançar a beleza máxima. Sua beleza assemelha-se à de uma flecha, que pode ser lançada a distância, de acordo com a força do arco. Assim, a ideia que surge na mente humana pode expandir-se indefinidamente e elevar-se à beleza. Quanto à mente, à consciência mais íntima, a alma, minha oração desejou que eu pudesse descobrir um sistema de vida para ela, de tal forma que não apenas pudesse conceber essa vida, mas efetivamente dela desfrutar na terra. Desejei descobrir um conjunto de ideias novo e mais elevado, sobre o qual a mente pudesse trabalhar. O que mais se aproxima desse significado seria um novo livro da alma, um livro esboçado a partir do presente e do futuro, sem contemplar o passado. Em lugar de ideias baseadas na tradição, deixe-me dar à mente um novo pensamento saído do presente, do momento atual. 

Reconhecendo minha própria consciência mais íntima, a psique, tão claramente, não me pareceu que a morte afetasse a personalidade. Não havia, na dissolução, um carisma de separação. O espírito não se fazia imediatamente inacessível, distanciado de forma incomensurável. 

Para mim, tudo é sobrenatural. Não é possível submeter o espírito às leis da matéria. 

Quando penso que percebi esse momento do eterno Agora, que sempre foi e será, que estou em meio às coisas imortais nesse momento, que provavelmente há almas infinitamente superiores à minha, assim como a minha é infinitamente superior a um pedaço de madeira, o que será, então, um milagre? 

Sinto-me à beira de uma vida desconhecida, que se encontra muito perto, que quase posso tocar, no limiar de poderes que, se eu pudesse alcançar, me dariam um imenso alento de existência. Algumas vezes sinto-me invadido por um êxtase de alegria pelo universo inteiro. Desejo maiores noções sobre a alma-vida. Estou certo de que ainda há mais para ser descoberto. Uma grande vida, uma civilização inteira está às portas do pensamento comum. 

Há uma Entidade, uma Alma-Entidade, embora ainda não possa ser reconhecida. 

O homem possui uma alma, embora me pareça que ela permanece em expectativa, pela qual ele ainda pode descobrir coisas que agora lhe parecem sobrenaturais.

Creio, de todo o coração, no corpo e na carne, e creio que eles deveriam ser estimulados e tornados mais belos por todos os meios; creio que os órgãos do corpo podem fazer-me mais fortes em sua ação, perfeitos e duradouros. Creio que a carne exterior pode ser ainda mais bela, que os contornos podem ser mais delicados, que os movimentos podem ser mais graciosos. Creio que todo tipo de ascetismo é vil, é uma blasfêmia contra a raça humana como um todo. 

Como exprimir, adequadamente, minha certeza de que todas as coisas sucedem para o melhor, para um fim mais sábio e benéfico e que estão ordenadas por uma inteligência humana? É um crime contra a raça humana. 

Nada evolui. Não há evolução, assim como não há intenções na natureza. Por haver estado face a face com a natureza, e não com livros, convenci-me de que não há nem intenções, nem evolução. O que é, qual é, qual foi a causa, como e por que, ainda não o sabemos. Mas, certamente, não são aquelas as respostas. Nada há de humano em qualquer das vidas animais. A natureza toda, o universo, até onde posso ver, é ante ou ultra-humano. Nada tem a ver com o homem. Nada havendo de humano na natureza do universo, e sendo todas as coisas ultra-humanas, e sem qualquer intenção ou propósito, concluo que nenhuma deidade tem algo que ver com a natureza. Em seguida, nos assuntos humanos, nas relações do homem com o homem, no comportamento diante da vida, nos acontecimentos que ocorrem nos assuntos humanos em geral, tudo acontece por acaso. E como todas as coisas, nos assuntos humanos, acontecem por acaso, nenhuma deidade pode ser responsabilizada. 

Um impulso irresistível levou-me a escrever essas coisas e esse impulso obrou em mim desde muito jovem. Não a escrevi pelo prazer da discussão, e ainda menos visando a algum proveito. É, na verdade, todo o contrário. Foram-me impostas pela seriedade de coração, e exprimem minhas mais sérias convicções. Uma das maiores dificuldades que encontrei é a falta de palavras para expressar as ideias.

Richard Fefferies - 1848-1887

Extraído do livro "Consciência Cósmica - Estudo da evolução da mente humana", de R.M Bucke


domingo, 1 de dezembro de 2013

O que é o estado supremo de Consciência?

O que é o estado supremo de Consciência? São Paulo chamou-o de "a paz que está além do entendimento" e R.M. Bucke designou-o de "consciência cósmica". No Zen-Budismo, emprega-se o termo satori ou kensho; no yoga, samadhi ou moksha e, no taoísmo, o "Tao Absoluto". Thomas Merton utilizou, para descrevê-lo, a expressão "inconsciente transcendental; Abraham Maslow criou o termo "experiência máxima"; os sufis falam de fana. Gurdjieff qualificou-o de "consciência objetiva", ao passo que os quacres chamam-no de "a Luz Interior". Jung referiu-se à individuação e Buber falava da conexão Eu-Tu. Quaisquer que sejam, porém, os nomes dados a esse fenômeno antigo e bem conhecido — luz, iluminação, libertação, experiência mística —, todos eles dizem respeito a um estado de percepção radicalmente diferente de nossa compreensão comum, de nossa habitual consciência desperta, de nossa mente diária. 

Além disso, todos concordam em qualificá-lo como o estado supremo da consciência: uma percepção autotransformada de nossa total união com o infinito. Está além do tempo e do espaço. Trata-se de uma experiência da infinitude que é a eternidade, da unidade ilimitada com toda a criação. Nossa percepção sensorial do "eu", socialmente condicionada, despedaça-se e destrói-se devido a uma nova definição de pessoa em si, do eu. Nesta redefinição de pessoa em si, torno-me idêntico a toda a humanidade, a toda a vida e ao universo. As habituais fronteiras do ego esboroam-se à medida que o ego ultrapassa os limites do corpo e, de súbito, torna-se um com tudo aquilo que existe. O eu torna-se integrado à Alma Superior, tal como Emerson a denominou (e talvez integrado ao que Arthur Clarke, em Fim da Infância, chamou de Mente Superior). O eu torna-se abnegado, o ego surge como uma ilusão e o jogo do ego chega ao fim. O Maitrayana Upanishad expressa-se deste modo: "Após perceber seu próprio eu como o EU, um homem torna-se abnegado. (...) Este é o mistério Supremo.

John White (org.) - O mais elevado estado de Consciência


Em busca de uma Consciência de firmeza Unitária


Frustração é esta uma das palavras e coisas mais frequentes, no mundo de hoje, sobretudo no mundo feminino. Fulana se sente frustrada sexualmente; sicrana sofre de frustração emocional; beltrano é vítima de frustração existencial.

FRUSTRUM — não nos esqueçamos — é a palavra latina para a "PEDAÇO", "FRAGMENTO". De maneira que "frustrado" quer dizer literalmente DESPEDAÇADO", "FRAGMENTADO". E é exatamente isto o que acontece às pessoas frustradas: perderam o SENSO DE INTEIREZA, da INTEGRIDADE, da UNIDADE INTERIOR. E, como toda felicidade é, em última análise, uma SENSAÇÃO DE INTEIREZA, uma CONSCIÊNCIA DE FIRMEZA UNITÁRIA, não pode a falta dessa inteireza deixar de se revelar como infelicidade.

Todo senso de frustração produz infelicidade. A pessoa frustrada, desunida, fragmentada, é necessariamente uma pessoa infeliz.

A abolição dessa infelicidade, NASCIDA DA FRAGMENTAÇÃO, só pode ser feita por meio duma REINTEGRAÇÃO na CONSCIÊNCIA DE INTEIREZA, de unidade do SER e da VIDA.

Quando uma pessoa se sente frustrada, costuma atribuir esse estado a algo das zonas das suas circunstâncias; daí a ideia de frustração sexual, emocional, ou outra frustração na ZONA DO EGO. por via de regra, porém, essa frustração REFLETIDA nas circunstâncias externas tem a sua RAIZ PROFUNDA na substância interna, provém de uma FRUSTRAÇÃO EXISTENCIAL.

Onda NÃO HÁ SÓLIDA REALIZAÇÃO EXISTENCIAL, facilmente surgem esses sintomas de frustração sexual, emocional, social e outras. E então as pessoas assim frustradas tentam reprimir os sintomas imediatos desse estado desagradável e se ESQUECEM DE IR À RAIZ PROFUNDA DO MAL ESTAR.

Na imensa maioria dos casos, a frustração periférica do ego tem sua VERDADEIRA RAIZ numa frustração central do EU; a frustração externa não é senão um sintoma mórbido duma frustração interna. É a própria existência HUMANA como tal que se acha ABALADA, COMPROMETIDA, FRUSTRADA, e não apenas a existencialidade masculina, feminina, sexual, emocional, social, etc. Está em jogo um ESFACELAMENTO FUNDAMENTAL DA INDIVIDUALIDADE HUMANA DO EU PROFUNDO, e não apenas uma camada externa da personalidade superficial. Em pelo menos 90 casos sobre 100, a cura da frustração existencial cura qualquer outra frustração, ou, pelo menos, lança a base para essa cura.

Pergunta-se: em que consiste essa frustração existencial?

A pessoa assim frustrada não vê mais nenhuma razão-de-ser satisfatória na vida humana; não sabe por que vive, trabalha e sofre, está diante de um caos, dum absurdo, dum vácuo existencial. E, embora não cometa talvez suicídio, a sua vida é um permanente suicídio lento, em prestações, porque é uma interminável agonia. Essa pessoa vive sempre numa atitude de escapismo, de vontade de fugir, num ambiente de negativismo e niilismo. A vida não tem sentido algum. Para que viver, se essa própria vivência é um NON-SENS, uma permanente insensatez, um fragrante contra-senso?

Antigamente, quando a humanidade vivia num ambiente infantil de fé, de olhos fechados, obediente a uma autoridade dogmática externa, o problema da frustração dificilmente assumia esse aspecto agudo de hoje. No tempo medieval, a pessoa ia ter com seu confessor ou diretor espiritual, e esse lhe mostrava que a vida terrestre não tem nenhum sentido em si, mas tem uma razão de ser em virtude de algo que vem depois da morte, num mundo futuro e distante, no qual o homem deve crer; mostrava ao frustrado que o centro gravitacional da vida humana não se acha no aquém, mas sim, no além; que os sofrimentos da vida, aqui na terra, são um meio de realização após-morte. Possivelmente, o diretor espiritual mostrava ao seu dirigido que, quanto mais o homem sofre na vida terrestre, tanto maior garantia tem para a sua plena realização na vida futura.

Esta ATITUDE DA HUMANIDADE MEDIEVAL funcionava como uma válvula de segurança e preservava o homem de uma explosão catastrófica. Sofrer era bom. Nenhum sofrimento equivalia a uma verdadeira frustração, porque favorecia a realização existencial, num mundo futuro.

Hoje em dia, grande parte da humanidade ultrapassou essa faze infantil do além-nismo e está em plena adolescência mental, embora LONGE DE SUA MATURIDADE ESPIRITUAL. O homem de hoje é muito mais aquém-nista do que além-nista; quer ver uma razão de ser no PRESENTE, e não apenas no futuro; quer viver AQUI E AGORA, e não apenas esperar por uma vida ACOLÁ e AMANHÃ.

A terapia para essa doença de frustração existencial dos nossos dias deve, pois, consistir num SENSO DE REALIZAÇÃO EXISTENCIAL PRESENTE; o homem devia poder sentir a realização existencial aqui e agora, em pleno aquém. A pessoa frustrada deve encontrar a desfrustração, reintegração, senso de inteireza e integridade, na vida terrestre; deve ter a consciência de ter entrado em órbita, de ter encontrado O SEU VERDADEIRO CENTRO DE GRAVITAÇÃO na vida presente. Sem essa realização existencial não pode haver abolição de outras frustrações.

Huberto Rohden - Cosmoterapia: a cura dos males humanos pela Consciência Cósmica


Cabeção não cura cabeção

sábado, 30 de novembro de 2013

O prontificado estado de Idoneidade receptiva

Cosmo Meditação - Huberto Rohden

Sobre o prontificado estado de IDONEIDADE RECEPTIVA

Nunca homem algum curou outro homem.

Nunca remédio algum curou alguém.

Nunca nenhum canal forneceu água para outro canal.

Somente a Fonte do Uno pode fornecer água, SEM ou ATRAVÉS de canais do Verso. Vida e Saúde são atributos exclusivos do Cosmos, do Uno, do Infinito. Se há falta de vida ou saúde no homem, a falta não é do cosmos, mas do homem. O cosmos é imparcial, não falha jamais, não tem preferências nem favoritismos para com ninguém. O médico, o psiquiatra, o curador não podem remover o obstáculo creado pelo doente; mas pode servir de seta indicadora na encruzilhada; podem funcionar como CATALISADORES. Catalisador, na química, é uma substância cuja simples presença fa com que o fator catalisante se modifique a si mesmo. O catalisador é algo parecido com o GURU, o mestre espiritual, cuja simples presença dinâmica beneficia o discípulo. Aura, fluído, graça — palavras usadas por Paul Brunton, por Mouni Sadhu e por muitos outros, para designar a atuação misteriosa que um verdadeiro mestre irradia sobre certos discípulos quando devidamente sintonizados. Dissipam-se as dúvidas, amainam as tempestades, serenam as angústias, em face do poderoso catalisador. 

 Esta presença catalisante, porém, deve ser uma presença qualitativa, e não simples presença física do mestre. Deve ser uma presença cosmo-dinâmica, cristo-dinâmica, que se origina por uma cosmo-consciência de alta voltagem, do tipo "eu e o Pai somos um, o Pai está em mim, e eu estou no Pai". O catalisador não age pelo que DIZ, FAZ, PENSA ou QUER conscientemente, em ato, mas, sim, pelo que ele É extraconscientemente, em atitude. A sua atuação catalítica provém do seu íntimo SER, e não do seu externo FAZER. Esse intimo ser revela-se como AURA, FLUÍDO, VIBRAÇÃO, GRAÇA, vibrações não acessíveis aos sentidos nem ao intelecto do homem profano. Estas vibrações — "a graça do mestre" — atuam poderosamente sobre as pessoas que possuam a necessária IDONEIDADE RECEPTIVA. 

"Quando o discípulo está pronto, então o mestre aparece". 

Huberto Rohden - Cosmoterapia: a cura dos males humanos pela Consciência Cósmica

Qual a natureza exata dos males da vida humana?


Os males da vida humana são produto do EGO ILUSÓRIO, e só poderão ser abolidos pelo despertamento do EU VERDADEIRO. É perfeitamente inútil e totalmente impossível querer abolir os males ego-produzidos pelo próprio ego, por mais inteligente que ele seja. Nenhum ego pode libertar-nos dos males a que o ego se escravizou. Escravocrata não abole escravidão; escravocrata faz escravos, mas não liberta escravo. Enquanto o homem escravizado pelo ego ilusório não ultrapassar a dimensão dessa egoidade ilusória e escravizante, não haverá redenção dos males que a egoidade engendrou. Querer libertar o ego pelo ego, é funesto círculo vicioso, em que a humanidade vive há milhares de anos. Pode o ego modificar os sintomas dos males por ele creados, mas não os pode erradicar e abolir definitivamente, ENQUANTO NÃO ENTRAR NA NOVA DIMENSÃO DO EU REDENTOR (Consciência Integrativa Amorosa)...

A libertação desses males é possível unicamente pela transição da ILUSÃO para a VERDADE, porque só a consciência da verdade liberta o homem dos males que a inverdade creou nele. 

(...) Quando o homem se convence definitivamente de que o seu ego humano não é a Fonte, mas canal, que deve estar ligado conscientemente à Fonte, ao Infinito, ao Uno, ao Único, à Essência, então fluem para dentro dele, e através dele, as águas da Vida, da Saúde e Felicidade. 

A presença objetiva da Vida, Saúde e Felicidade é um fato permanente e universal; mas a consciência desta presença é um problema. Enquanto o homem não tiver a consciência nítida desta PRESENÇA cósmica não será liberto dos seus males. 

(...) O homem-ego ignora essa PRESENÇA — o homem-EU sabe dessa PRESENÇA cósmica, divina. Por isto, somente a verdade do EU pode redimir o homem da ilusão do ego. 

Auto-realização e cosmoterapia são manifestações da CONSCIÊNCIA DA PRESENÇA DE DEUS NO HOMEM. 

(...)Quando o homem atinge a plenitude de sua CONSCIÊNCIA ou CONSCIENTIZAÇÃO, nada mais sabe ele de um aquém ou de um além, porque a dimensão espacial do Finito se diluiu na indimensão do Infinito. O mesmo se dá com o CONCEITO ILUSÓRIO DE TEMPO, que se dilui na verdade do eterno, que é a ausência do tempo. Quando o homem-ego ultrapassa a sucessividade analítica da sua mente e entra, como homem-EU, na simultaneidade intuitiva da razão, então tudo isto se torna natural, evidente e compreensível.

(...) O homem irreal ou semi-real deve ser plenamente realizado, para que o seu ego doente seja SATURADO pelo seu EU sadio. No homem pleni-real não há males. Todos os males de que o homem sofre vêm da zona do seu ego mental, da sua PERSONA (termos latino para máscara). Somente o contato com a INDIVIDUALIDADE REAL pode curar a personalidade irreal; somente a verdade pode libertar o homem da inverdade, que gera os males.

(...) A última palavra de todas as terapias é a COSMOTERAPIA, que abrange todas as outras terapias. Cosmoterapia é a cura do homem pelas forças cósmicas em seu conjunto; porquanto o homem não é SOMA, PSIQUE, LOGOS, disjuntivamente; ele é tudo isto, conjuntivamente. Não há no homem compartimentos-estanque. Tudo o que acontece no SÔMA, se reflete na PSIQUE e no LÓGOS; e tudo o que ocorre no LÓGOS ou em outro setor humano ocorre também em todos os outros setores, porque o homem é uma estrita unidade orgânica e não uma diversidade mecânica; ele é univérsico, unidade em diversidade.

(*...) Na cosmoterapia consideramos o homem como um todo orgânico, uma síntese complementar, embora sob a direção de um fator dominante, o lógos, o EU PLENICONSCIENTE.

"Eu venci o mundo".

(...) O nosso ego é visceralmente dom-quixotesco, e esse dom-quixotismo se perpetua através de séculos e milênios. Os pseudosmales nos atormentam unicamente porque o nosso ego dom-quixotesco os considera como males reais. E, sendo que "o homem é aquilo que ele pensa no seu coração", como diz a Bíblia, ele é vítima de males porque assim pensa e crê em seu coração. "Eu sou livre de tudo o que sei — escreve Spinoza — mas sou escravo de tudo que ignoro". Enquanto o homem ignora A VERDADE SOBRE SI MESMO, é ele vítima e escravo desta ignorância. "Conhecereis a Verdade — disse o maior dos Mestres — e a Verdade vos libertará".

A cosmoterapia evoca o homem-Eu das profundezas do homem-ego, opera uma eclosão do Eu após sua longa incubação.

Huberto Rohden - Cosmoterapia: a cura dos males humanos pela Consciência Cósmica

Breve relato de retomada da Consciência Integrativa Amorosa

Profundamente agradecido pelo privilégio da "santificação" pela fé", realizada com INESPERADA PLENITUDE, juntei-me, nos bosques, a alguns cristãos que havia conhecido, para juntos esperarmos, diante de Deus, pelo batismo no Espírito. O tempo de espera foi passado em PROFUNDO SILÊNCIO, quebrado apenas por alguns hinos e breves orações. Finalmente, "Veio do céu um ruído semelhante a um vento impetuoso que soprasse e encheu a casa onde estávamos reunidos. Essas são as mais inspiradas palavras que encontro para descrever a minha impressão. Entretanto, a natureza permaneceu imobilizada, sem que se mexesse uma única folha das árvores ou da relva. O Senhor revelou-se pelo Espírito às nossas almas e não aos nossos sentidos. Meu ser por inteiro parecia indescritivelmente cheio por Deus, em quem sempre acreditara. A percepção dos meus sentidos seria impotente para transmitir-me a CONSCIÊNCIA que agora possuía. Compreendi as visões extra-sensoriais de Isaías, Ezequiel e Paulo. Dentre todas as coisas criadas, nada era mais real para a minha alma do que o próprio Criador. A experiência foi terrível, embora não infundisse medo. Conservei total domínio dos meus sentidos e ainda assim percebi que eles haviam sido envolvidos pela sublime manifestação. Cada pergunta era respondida de forma o mais breve possível, a fim de que minha alma não se perdesse, nem por um instante, a PRESENÇA Celestial que a ENVOLVIA e SACIAVA. Não me recordo de haver confidenciado a ninguém essa experiência; porém, alguns dias depois, ao reencontrar minha esposa, ela caiu de lágrimas ao ver-me, antes mesmo de pronunciar uma só palavra, tal a MUDANÇA HAVIDA EM MEUS ASPECTO. Com a CONSCIÊNCIA DO DESPERTAR, as águas vivificantes manaram do meu espírito. Fui invadido por grande medo, mas ele era doce e, não, opressivo. Era a mesma sensação que me havia invadido na presença de Deus e essa impressão ACOMPANHOU-ME SEMPRE, mesmo quando dedicado às mais absorventes atividades. Para mim, a vida converteu-se em um salmo de louvor. 

É evidente que, passado certo tempo, houve um decréscimo nessa exaltação de sentimentos. Entretanto, em meu íntimo permaneci CONSCIENTE DE DEUS, tal como fora dito: Habitarei neles e com eles caminharei"; "Viremos a Ele e faremos nossa morada com Ele"... Não é fácil abordar essas coisas. Minhas palavras parecem pobres e o seu resultado é mais de encobrimento do que de revelação. Fosse a minha linguagem capaz, e a gloriosa realidade seria transmitida a outros corações!"

R.P.S - 1830-1898

Uma confraria para se explorar sem ser explorado

A última fronteira


Extrato do diálogo realizado em Brockwood com Dr. David Bohm e o Sr. Narayan 07/06/1980.

A Consciência Integrativa Amorosa em Baruch Spinoza

Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem,no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar.

Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse.

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.

Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres?

Para que tantas explicações?

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti. 

Baruch Spinoza

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O propósito dos nossos encontros

O doloroso processo de resgate da sanidade consciencial

liberdade não é libertinagem

Pra que serve o disfuncional modelo social?

Consciência sem pensamento – Parte 1


A questão é a seguinte: O que é essa experiência? Ou melhor, já que uma experiência só pode ser realmente conhecida por uma pessoa que por ela tenha passado, podemos perguntar: Qual é a natureza dessa experiência? E, tentando indicar uma resposta de algum tipo para essa pergunta, acho que isso é extremamente difícil, pela simples razão já mencionada, ou seja, porque é difícil ou mesmo impossível que uma pessoa preste um testemunho verdadeiro e confiável sobre uma experiência que ocorreu a outrem.

Se eu pudesse usar as palavras exatas do mestre, sem nenhuma influência derivada seja de mim mesmo, seja da interpretação de um amigo, as coisas poderiam ser diferentes. Mas eu não pretendo fazer isso. Ainda que eu pudesse fazê-lo, a forma científica do velho mundo, na qual seus pensamentos se manifestaram, provavelmente seria como um obstáculo e fonte de confusão, em lugar de ser uma ajuda para o leitor. Na ver­dade, no caso dos livros sagrados, onde encontramos grande quantidade de informação acessível e autorizada, os críticos do Ocidente, embora em sua maioria concordem em que aí jazem experiências reais, não che­gam a uma conclusão única sobre o significado dessas experiências.

Por essas razões, prefiro não tentar ou pretender dar o ensinamento exato, sem preconceitos, sobre os Gurus hindus e suas experiências, mas apenas indicar, com minhas próprias palavras, tanto quanto possível, e empregando minha forma de pensamento moderna, o que considerei ser a direção na qual devemos olhar para esse mundo de conhecimentos an­tigos, que influenciaram de forma notável e estupenda o Oriente, e que ainda hoje é a sua principal característica que o diferencia do mundo ocidental.

Em primeiro lugar, quero prevenir-me contra um erro extremamente fácil de se cometer. É fácil concluir, e muitas vezes assim ocorreu, em todos os casos em que se atribui a uma pessoa a possessão de uma faculdade fora do comum, que essa pessoa subiu de nossa esfera à região sobrenatural e possui, portanto, todas as faculdades próprias dessa região. Por exemplo, se ele ou ela são considerados possuidores da clarividência, supõe-se que conheçam ou devam conhecer todas as coisas. Caso uma pessoa tenha demonstrado o que parece ser um poder milagroso, em qualquer circunstância ou tempo, pergunta-se, até mesmo de forma depreciativa, por que ele ou ela não demonstraram tal poder em outras ocasiões e em outros casos.

Devemos precatar-nos contra todas essas generalizações banais. Se existe uma forma de consciência mais elevada, que pode ser obtida pelo homem, acima daquela atualmente por ele possuída, é provável, embora não certo, que ela se esteja desenvolvendo lentamente e com inúmeras pausas em seu caminho. No passado remoto do homem e dos animais, a consciência da sensação e a consciência do eu desenvolveram-se sucessivamente, cada uma delas dando origem a inúmeros ramos que se espalharam continuamente. Em algum momento da vasta experiência desse novo crescimento, uma nova forma de consciência deve ter parecido milagrosa, comparada à anterior. Imaginemos a maravilha que deve ter sido a revelação primeira do sentido da visão e como deveria ser inconcebível para aqueles que ainda não o possuíam, embora certamente os primeiros empregos dessa faculdade devam ter sido carregados de desilusão e erro. E pode ser que haja uma visão interior, que transcende a vista, tanto quanto a vista transcende o tato. É mais do que provável que nos ocultos nascimentos do tempo espreite uma consciência que não é aquela dos sentidos ou a do eu, ou que, pelo menos, inclui e ultrapassa totalmente a essas duas; uma consciência na qual o contraste entre o eu e o mundo exterior, a distinção entre sujeito e objeto desaparecerá. Aquela porção do mundo onde somos admitidos através dessa consciência (chame-o de sobrenatural ou como quer que queira), provavelmente é, pelo menos, tão vasta e complexa como a parte que já conhecemos e o progresso nessa região deve ser pelo menos tão lento, trabalhoso, fundado em tentativas várias, descontínuo e incerto, como na já conhecida. Não há um súbito ascender do corredor ao Olimpo e os caminhos que levam de um ao outro, quando os encontramos, são longos e se confundem em sua variedade.

Não devemos supor que aquelas pessoas que atingiram uma porção dessa região sejam semideuses ou infalíveis. Na realidade, em muitos casos, a extrema novidade e estranheza da experiência dão origem a sequências fantasmagóricas de especulação ilusória. A essas pessoas deveríamos considerá-las como os tipos mais elevados da humanidade, sendo aquelas que adquiriram algumas novas faculdades que já estão no ar, embora nem sempre assim ocorra, e há casos, que podem ser facilmente reconhecidos, nos quais pessoas decididamente deficientes ou de baixa natureza moral adquirem poderes que deveriam pertencer aos graus mais elevados da evolução, e que, em função disso, tornam-se extremamente perigosas.

Os mestres hindus insistem sobre tudo isso. Eles dizem — e eu acho que isso exprime a realidade da sua experiência — que nada existe de anormal ou milagroso sobre o assunto. Afirmam que a aquisição das faculdades é, em resumo, o resultado de uma longa evolução e treinamento e que há distintas leis que as dirigem e uma ordem que prevalece entre elas. Reconhecem a existência de pessoas com um poder demoníaco, que adquiriram certos poderes sem que a eles corresponda uma determinada evolução moral. Admitem que as fases mais elevadas de consciência são raras e que até hoje poucos foram os que as atingiram. Tendo estabelecido, pois, esses poucos princípios, penso que podemos prosseguir, dizendo que o que os Gnani procuram e obtêm é uma nova ordem de consciência, à qual podemos chamar pelo nome universal de Consciência Cósmica, em oposição à consciência corpórea especial e individual que nos é familiar. Não posso afirmar que na filosofia hindu seja usada a precisa correspondência a essa expressão "consciência universal". Entretanto, o Sat-chit-ánanda-Brahm, meta de todos os iogas, indica essa mesma ideia. "Sat" significa a realidade; "chit", o conhecimento, a percepção; "ánanda", a bênção; a unidade de todos é a manifestação do Brahma.

O Ocidente procura pela consciência individual, pela mente enriquecida, por percepções instantâneas e por memórias, pelas esperanças e medos individuais, ambição, amores, conquistas; pelo eu, o eu localizado em todas as suas fases e formas e sequer desconfia que exista uma consciência universal. O Oriente busca a consciência universal e nos casos em que essa busca é satisfeita, o eu individual e a vida transformam-se em um mero filme e são apenas sombras, veladas pela glória que lhes é revelada do outro lado.

A consciência individual assume a forma do Pensamento, que é fluido e móvel, em estado permanente de mudança, em luta constante com o sofrimento e os esforços. A outra Consciência não se manifesta sob a forma de pensamento. Ela toca, ouve, vê e é aquilo que percebe, sem movimento, sem mudanças, sem esforços, sem distinção entre sujeito e objeto, mas com uma Felicidade profunda e indescritível.

A consciência individual está estreitamente ligada ao corpo. De certa forma, os órgãos do corpo são os seus órgãos. Mas o corpo inteiro é como um só órgão da Consciência Cósmica. Para chegar a essa última, devemos ter o poder de nos conhecer como ente separado do corpo, entrar, de fato, em um estado de êxtase. Sem isso, a Consciência Cósmica não pode manifestar-se.

Diz-se que há quatro principais experiências na iniciação: (1) o encontro com um Guru; (2) a consciência da Graça, ou Arul, que pode ser interpretada como a consciência de uma mudança, até mesmo fisiológica, trabalhando dentro do indivíduo; (3) a visão de Shiva (Deus), com a qual o conhecimento do próprio eu, como distinto do corpo, está intimamente relacionado; (4) o encontro com o universo interior. Também se diz que "o sábio, quando seus pensamentos se tornam fixos, percebe dentro de si mesmo a consciência Absoluta, que é Sarva Sakshi, Juiz de todas as coisas".

Entre os eruditos, houve grandes disputas quanto ao significado da palavra Nirvana, para saber se ela indicava um estado de não consciência ou um estado de consciência profundo, total. É provável que ambas as opiniões tenham fortes justificativas, pois esse é um assunto que não admite definição em termos da linguagem comum. O que é importante ver e admitir é que sob esse e outros termos similares existe realmente um fato concreto e reconhecível, ou seja, um estado de consciência, que já foi experimentado inúmeras vezes e que, para os que por ele passaram, ainda que em leve grau, pareceu superior a toda uma vida de devoção. É claro que é fácil representar a coisa por uma simples palavra, uma teoria, uma especulação do hindu sonhador. Mas as pessoas não sacrificam suas vidas por palavras vazias, nem transformam o destino de continentes com uma simples regra filosófica abstrata. Não, a palavra representa uma realidade, algo básico e inerente à natureza humana. Não se trata, em realidade, de definir o fato, pois não podemos fazê-lo, mas de atingi-lo e passar pela experiência. Nesse ponto, é interessante observar que a moderna ciência ocidental, que até aqui se ocupou, sem grandes resultados, com teorias mecânicas sobre o universo, começa a aproximar-se dessa ideia de existência de outra forma de consciência. O extraordinário fenômeno do hipnotismo, que sem dúvida alguma até certo ponto se relaciona com o assunto que estamos discutindo, e que há séculos foi reconhecido no Oriente, está obrigando os cientistas ocidentais a aceitarem a existência da chamada segunda consciência do corpo. Os fenômenos realmente parecem inexplicáveis sem a aceitação de alguma espécie de segunda agência e a cada dia torna-se mais difícil não usar a palavra consciência para descrevê-la. Quero deixar claro que em nenhum instante estou admitindo que essa consciência secundária dos hipnotistas seja em todos os aspectos idêntica à Consciência Cósmica dos ocultistas orientais. Pode ser que sim, pode ser que não. As duas espécies de consciência podem cobrir o mesmo campo ou podem apenas prolongar-se até certa extensão. Eis uma questão que não ponho em discussão. O ponto sobre o qual desejo chamar a atenção é que a ciência ocidental está analisando a possibilidade da existência, no homem, de um outro tipo de consciência, além dessa que nos é familiar. A. Moll cita o caso de Barkworth, que "pode ordenar extensas séries de figuras, enquanto discute vivamente outros assuntos, sem permitir que sua atenção seja totalmente desviada pela discussão", e nos pergunta como Barkworth poderia fazer isso, sem a presença de uma segunda consciência, que se ocupe das figuras enquanto a primeira está envolvida com a argumentação. F. Myers é um leitor que permite que sua mente, por um minuto completo, abandone inteiramente o assunto do livro que lê e se imagine sentado ao lado de um amigo, conversando com ele. Subitamente, ele desperta e vê que continua à mesa, lendo com perfeita coerência. O que podemos dizer em um caso assim? Citamos, também, o caso de um pianista que interpreta uma peça de memória e verifica que seu recital está sendo de fato perturbado por consentir que sua mente (sua consciência primária) se desvie do que ele está fazendo. Algumas vezes já foi dito que a verdadeira perfeição da interpretação musical demonstra ser ela mecânica ou inconsciente, mas podemos considerar justa essa afirmação? Não seria uma simples contradição o falar em termos de leitura inconsciente ou ordenamento inconsciente de séries de figuras?

Muitas das ações e processos do corpo, como, por exemplo, o ato de tragar, são efetuados por diferentes consciências pessoais; pela mesma razão, muitas outras ações e processos passam quase que despercebidos e parece razoável supor que esses últimos eram exclusivamente mecânicos e prescindiam de qualquer operação mental. Mas, no Ocidente, as últimas descobertas sobre a hipnose demonstraram algo que já era bem co­nhecido pelos faquires hindus — que sob certas condições podemos tornar-nos conscientes das ações e processos interiores de nosso corpo. Além disso, podemos, também, ter consciência de acontecimentos que estão ocorrendo a distância de nosso corpo e sem empregar os meios de comunicação comuns.

Daí a ideia de uma outra consciência, em alguns aspectos de escala mais ampla que a consciência comum, possuindo seus próprios métodos de percepção. Essa ideia tem ganho espaço na mente ocidental.

Há outra ideia, que a ciência moderna nos vem apresentando e que nos chega através do mesmo conceito: a ideia da quarta dimensão. Mui­tas coisas tornam-se concebíveis, se aceitarmos que o mundo tem na realidade quatro dimensões de espaço, em lugar de apenas três. Torna-se possível conceber que objetos aparentemente separados, como, por exem­plo, diferentes pessoas, na realidade estão fisicamente unidos; que coisas aparentemente separadas por enormes distâncias de espaço, na realidade estão praticamente juntas; que uma pessoa ou qualquer outro objeto pode entrar e sair de um quarto fechado, sem encontrar obstáculos nas pa­redes, portas, janelas etc.; e caso essa quarta dimensão deva converter-se em fator de nossa consciência, é evidente que deveríamos ter meios de conhecimento que para os sentidos comuns pareceriam milagrosos. Muitos fatos sugerem que a consciência alcançada pelos gnanis hindus, em seu grau, e pelos sujeitos hipnotizados, no deles, pertence a essa quarta di­mensão.

A Consciência Cósmica estaria relacionada à consciência comum, assim como o sólido está relacionado à sua superfície. As fases da consciência pessoal são apenas fatos diferentes da outra consciência. E ex­periências que, no indivíduo, parecem distantes umas das outras, talvez na consciência universal estejam igualmente próximas. O próprio espaço, como o conhecemos, pode ser praticamente aniquilado pela consciência de um espaço maior, do qual ele não é senão a superfície. Assim, tam­bém, uma pessoa que viva em Londres pode de repente descobrir que sua porta dos fundos se abre simplesmente e sem cerimônias em Bombaim.

"A verdadeira qualidade da alma", disse o Guru, um dia, "é a do espaço, pelo qual de resto ela está em toda parte. Mas esse espaço (Akasa) dentro da alma está muito acima do espaço material. Ele inclui todos os sóis e estrelas, aparecendo como se fosse um átomo do primeiro", e aqui ele levantava seus dedos, como se detivesse um pouco de pó entre eles.(*1)

(*1) Cf. com Whltman: "Deslumbrante e tremendo, como o nascer do sol me ma­taria rapidamente, se eu não pudesse, agora e sempre, expulsar de mim o nascer do sol. Também nós nos levantamos deslumbrantes e tremendos como o sol".

"Pelo qual está em toda parte". "Indiferença", "Igualdade". Eis um dos mais importantes pontos do ensinamento do Guru. Pois (por razões familiares), embora mantendo muitos dos regulamentos de casta ele pró­prio, e embora ensinando isso à massa do povo, ou seja, que as regras de casta eram necessárias, nunca se cansava de afirmar que quando chegasse o tempo de o homem e a mulher se emanciparem, todas essas regras deveriam ser abandonadas, como se não tivessem importância: todas as distinções de castas, classes, todos os sentimentos de superio­ridade ou de bem-estar próprio, até mesmo de certo e errado, e deveria prevalecer o mais absoluto sentimento de igualdade para com todas as pessoas e determinação em sua manifestação. Foi certamente notável (embora eu soubesse que os livros sagrados o continham) encontrar esse princípio da Democracia Ocidental tão vividamente ativo e operando sob os inumeráveis costumes da vida social oriental. Mas, assim é e nada pode demonstrar melhor a relação existente entre Oriente e Ocidente.

Esse sentimento de igualdade, de liberdade dos regulamentos e confinamentos, de ausência de exclusividade, e da vida "que está em toda parte" pertence, evidentemente, mais à parte Cósmica ou universal do homem do que à sua parte individual. Para essa, esse sentimento é sempre um obstáculo e uma ofensa. É fácil demonstrar que os homens não são iguais, que não podem ser livres, e assinalar o absurdo de uma vida que seja indiferente a todas essas condições. Entretanto, para a consciência maior, estes são fatos básicos, que jazem na raiz de toda a vida comum da humanidade e alimentam o verdadeiro indivíduo que os nega.

Repetindo, pois, a nossa afirmação, de que usando tais termos, como Consciência Cósmica e Universal, não queremos dizer que no instante em que o homem abandona sua parte pessoal imediatamente surge o conhe­cimento universal e ilimitado, mas apenas que aparece uma ordem mais elevada de percepção, e admitindo a complexidade da região assim por nós denominada, e o caráter absolutamente microscópico de nosso conheci­mento sobre ela, podemos dizer, uma vez mais, também como generali­zação, que o Oriente tem buscado a consciência universal e que o ocidente investiga a consciência pessoal ou individual. Como sabemos bem, o Orien­te tem várias seitas e escolas filosóficas, com sutis discriminações de qualidades, essências, deuses, demônios etc., que não pretendo abordar e onde me sentiria bastante incompetente. Deixando tudo isso de lado, con­servarei apenas dois termos ocidentais e tentarei analisar a questão mais a fundo, chegando aos métodos utilizados pelos estudantes do Oriente para obter a Consciência Cósmica ou essa ordem mais elevada de consciência que lhe é característica.

Edward Carpenter – Do Pomo-de-Adão à Elefanta


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill