Na sociedade capitalista contemporânea, um indivíduo que leva a sério sua busca consciencial — de forma autêntica, profunda, não superficial — muitas vezes entra em choque com os valores predominantes. Aqui está uma análise crítica, porém equilibrada, dessa relação:
A Busca Consciencial Autêntica é
sempre Subversiva. Não tem como ser diferente! Quem leva tal busca a sério,
questiona o consumo como sentido de vida; reduz a dependência de status,
aparência e competição. Busca silêncio num mundo de estímulo. Deseja ser em
profunda paz, e não apenas ter. E isso incomoda, porque rompe com a lógica da
produção, da velocidade, da comparação e da busca infinita por mais.
Sabendo que um indivíduo em busca
consciencial anseia por sentido, o sistema capitalista tenta comercializar a
espiritualidade, oferecendo meditação como ferramenta de produtividade. Yoga
como fitness de luxo. Espiritualidade de consumo rápido, através de livros de
autoajuda, gurus de Instagram e Paltalk e de “vibrações positivas”.
O capitalismo cria uma
espiritualidade diluída, domesticada — que não ameaça, que não transforma, que
apenas alivia momentaneamente a ansiedade criada pelo próprio sistema.
E para o sistema, quem aprofunda,
recebe muitos rótulos, entre ele, o rótulo de “indivíduo desajustado”. Um indivíduo que larga um emprego bem pago
para viver de forma simples, que valoriza o silêncio, o tempo, a contemplação e
que recusa padrões de sucesso externo... frequentemente é julgado como ingênuo,
preguiçoso, neurótico, alienado, um sujeito “fora da realidade”.
Isso ocorre porque a realidade
dominante, não está preparada para acolher quem opta por viver com
profundidade.
A Espiritualidade Verdadeira é
Incompatível com a Superficialidade. Buscar a mente incondicionada, o Ser, o
Mistério, o Infinito, Deus, — seja qual for o nome — exige, parar, escutar e
aceitar o sofrimento como parte do processo. Exige o questionar do falso
personagem e do apego.
Tudo isso é o oposto do ritmo do
mercado, da produtividade constante, da necessidade de validação externa. Por
isso, o buscador sincero, muitas vezes precisa se afastar — interior ou
socialmente.
Mas existe resistência e
esperança. Apesar disso, crescem as pequenas brechas, tais como as comunidades
alternativas, os estilos de vida minimalistas, a espiritualidade integrativa
que é sem dogmas; as práticas contemplativas renascendo em meio ao caos urbano.
A sociedade tenta cooptar o
sagrado, o Incondicionado, mas não consegue matar a sede real por sentido. A
essência humana é mais antiga que qualquer sistema mercantil.
Concluindo, a busca consciencial
séria é um ato de rebeldia silenciosa. Ela não grita, não luta com armas, mas
com presença. E embora seja ignorada, distorcida ou mal compreendida, ela
planta — em silêncio — as sementes de um mundo onde o ser importa mais que o
ter.