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sábado, 30 de agosto de 2025

Quem viu tudo - não foge do espelho

Agora uma pergunta provocadora para o Confrade que escuta este áudio:

Quem é essa entidade psíquica, que depois de despertar, com o que lhe é espelho, não consegue mais se relacionar?

Essa pergunta é um soco no estômago da estrutura condicionada que se veste de iluminada. Ela rasga a máscara que no início do processo de descondicionamento, sem perceber, quase todos nós acabamos usando, porque faz parte da nossa infância, digamos assim, espiritual. Quase todo confrade, após um vislumbre da Dimensão Incondicionada de Ser, passa a rejeitar as anteriores ambientações — como se fosse agora puro demais para se contaminar com ele.

Quem é essa entidade psíquica,
Que depois de despertar,
Com o que lhe é espelho,
Não consegue se relacionar?

É o velho eu disfarçado de santo,
É a sombra que se traveste de luz,
É o ego que, humilhado pela Verdade,
Se reinventa como “desperto” —
Mas continua incapaz de amar o outro
Como parte de Si.

É o trauma não integrado,
O orgulho espiritual em vestes de simplicidade,
É a arrogância de quem “viu”
Mas não se rendeu por inteiro.

É aquele que confunde discernimento com superioridade,
Silêncio com fuga,
Vazio com desdém.

É o exilado de si mesmo,
Que trocou a prisão da ignorância
Pela cela dourada do “olhar desperto”.


QUEM É ESSA ENTIDADE PSÍQUICA,
Que depois de despertar,
Com o que lhe é espelho,
Não consegue se relacionar?

É a essência que viu o céu por um segundo,
Mas recusou voltar à terra
Para plantar o que recebeu.
Preferiu flutuar na ideia de luz
Do que sujar as mãos com o húmus do encontro.

É o olhar que se disse consciente
Mas não suporta refletir-se no outro.
Chama os espelhos de “densos”,
Chama o caos de “vibração baixa”,
Mas não vê que ainda é a lente do medo
Que desfoca seu olhar.

É a velha estrutura
em sua forma mais insidiosa:

Iluminado, sereno, acima da carne.
Mas basta alguém discordar
E ele treme, reage, se fecha —
Como quem protege uma mentira sagrada.

É aquele que diz:
"Eu despertei, por isso me afasto",
Mas é o trauma que fala por ele.
É a dor de ter visto demais,
Sem ter transbordado o bastante.

É o veneno do orgulho espiritual,
Que prefere isolar-se na caverna medo,
A encarar o fogo da relação.
Pois no olhar do outro,
Sua própria mentira vacila.

Recusar o espelho
É recusar o caminho.

É manter-se inteiro na teoria,
Mas fragmentado na prática.
É falar de Unidade,
E viver como ilha.

É falar em amor incondicional
E travar na primeira crítica.
É dizer somos todos Um
Mas dividir o mundo entre
Os “conscientes” e os “inconscientes”.

Quem é essa entidade
Que não consegue mais se relacionar?
É o medo de amar sem defesas.
É a dor não curada da infância cósmica.
É o Ser que viu a verdade,
Mas teve medo de morrer por completo.

Porque o despertar pleno
Não separa — une.

Não isola — inclui.
Não repele — dissolve.
Não diz: “Sou melhor”
Mas sussurra: “Sou tudo”.

E tudo inclui
O espelho quebrado,
O outro confuso,
O outro condicionado,
O Outro com suas crenças,
O outro com seus
Superficiais passatempos
O Tudo inclui a totalidade
Da sociedade que dorme.

Porque quem de fato despertou,
Vê em cada rosto
Uma chance de se lembrar mais uma vez
De quem verdadeiramente é.


A maior armadilha após o despertar não é mais o sono — é o orgulho de ter despertado.

Muitos, ao terem um vislumbre da Realidade Incondicionada, Atemporal, ao experimentarem um rompimento com o condicionamento, sentem-se, por um tempo, libertos. É uma ruptura legítima, sim. Mas ainda parcial. A estrutura fundamentada no medo — com sua maestria de adaptação — rapidamente se apropria da experiência e a transforma em identidade: “Sou alguém que despertou num ambiente que dorme.”

A partir daí, começa uma nova prisão: mais sutil, mais insidiosa, mais difícil de detectar. Agora não se trata mais de escapar da ignorância, mas de desmascarar a ilusão da lucidez.

E como essa ilusão se manifesta? Na recusa. Na recusa do mundo como ele é.
Na recusa das pessoas comuns, que ainda vivem sob véus.
Na recusa de se relacionar com quem, aparentemente, não entende “nada de espiritualidade”. Na recusa dos espelhos — especialmente aqueles que tocam na ferida que o “desperto” jurava já ter curado.

A dor não resolvida reaparece como julgamento. O trauma não digerido ressurge como seletividade. A falta de integração do próprio inferno interior se projeta nos outros — e o discurso muda: “Não me misturo com vibrações densas.” “Me preservo da inconsciência alheia porque me encontro em outro estágio.”

Mas isso não é despertar — é retração. É autodefesa disfarçada de lucidez. É a velha estrutura com seu medo camuflado em discernimento.

O despertar autêntico exige radical humildade.

Ele não é uma elevação que separa. É um esvaziamento que inclui. Quem realmente vê, não se fecha. Quem realmente vê, não se protege. Quem realmente vê, não vê mais "outro" — só a si mesmo em formas variadas.

E é por isso que se torna, paradoxalmente, mais humano — não menos. Mais disponível. Mais presente. Mais vulnerável até. Porque já não está tentando se proteger de nada. Já não precisa se afirmar como desperto — porque não há mais ninguém ali para sustentar esse papel.

E aqui está o ponto que poucos querem encarar: Enquanto você ainda evita os espelhos desconfortáveis, você ainda está dormindo.

Pode ter tido um vislumbre. Pode ter atravessado um portal. Pode ter sentido o Silêncio. Mas se ainda julga, ainda rejeita, ainda se esconde atrás de uma ideia de elevação — então o que despertou não foi a Consciência. Foi apenas mais uma versão refinada da velha estrutura condicionada.

O despertar, quando verdadeiro, não cria distância — dissolve a fronteira. Não constrói uma torre de pureza — te devolve à lama, com os pés descalços, o coração aberto e a disposição de encontrar o Inefável em tudo: no tolo, no rude, no ignorante, no barulhento, no espelho mais sujo e fragmentado.

E se você não consegue amar ali — então ainda falta muito pra morrer. Permanece como um exilado de si mesmo, que trocou a prisão da ignorância
pela cela dourada do “olhar desperto”.


 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill