É a estrutura mental emocional
condicionada fundamentada no medo e no cálculo autocentrado disfarçada de luz,
o orgulho camuflado de sabedoria. Aquele que se julga iluminado já perdeu o que
realmente importa: a humildade de reconhecer que não sabe nada, que ainda está
preso a imaturos padrões personalistas, mesmo que travestidos de “consciência”.
Quem sofre de iluminose tem uma
cegueira brutal. Vive para mostrar aos outros a própria suposta evolução, mas
no fundo teme olhar para dentro, para as sombras, para as fraquezas reais.
Prefere se cercar de discursos bonitos e filosofias vazias que alimentem sua estrutura
mental condicionada.
O verdadeiro despertar é
visceral, bruto, dolorido e anônimo. Não é para ser exibido como troféu. Ele
desmantela a estrutura mental emocional condicionada fundamentada no medo e no
cálculo autocentrado, não a inflama. Derruba máscaras, não cria novas para
substituir as antigas.
A ilusão da estrutura mental
emocional iluminada mata a autenticidade. Mata a chance de amadurecer de
verdade. Mata a coragem de ser vulnerável.
Se você sente esse desejo de se
exibir como “mais desperto”, cuidado: você pode estar na armadilha mais cruel
da espiritualidade moderna — a própria arrogância disfarçada de luz.
Estamos vivendo um paradoxo
espiritual brutal. Por um lado, o acesso ao conhecimento e às práticas de
autoconhecimento nunca foi tão fácil. Por outro, a superficialidade, o
exibicionismo e a vaidade espiritual proliferam como uma epidemia silenciosa —
e mortal para o verdadeiro despertar.
A “iluminose” é a doença que
acomete aqueles que confundem iluminação com status, consciência com
arrogância, humildade com vaidade disfarçada. É a estrutura mental
condicionada, travestida de luz, a sombra que finge ser sol. A estrutura mental
que se acredita iluminada não é menos egoísta — ela apenas está maquiada de uma forma mais
sutil e perigosa.
Quem sofre de iluminose vive
para impressionar, não para amadurecer sua capacidade de percepção da
realidade.
Em vez de confrontar seus próprios
condicionamentos, prefere criar belas narrativas, discursos espirituais de
autoajuda, que sirvam para alimentar a própria imagem de “desperto”. A
estrutura mental pseudo iluminada, não
suporta a vulnerabilidade real — ela se protege atrás de filosofias, rituais e
satsangs que lhe conferem uma falsa sensação de superioridade.
Essa doença mata a autenticidade,
mata o verdadeiro amadurecimento e o desabrochar da lucidez amorosa, criativa e
integrativa. Quem está enredado pela iluminose tornou-se um prisioneiro dourado
— livre para falar sobre liberdade de sua exata natureza, mas escravo da
própria vaidade.
O despertar genuíno não é uma
conquista para ser exibida. Não é um título de guru para ser ostentado. Ele é
desordem interna, desconstrução, dor, caos. Não há como fingir o despertar
verdadeiro — ele rasga as máscaras, expõe a sombra, e exige honestidade brutal.
O iluminado de fachada, que se
autoproclama “guru”, tem medo da escuridão interna. Ele prefere continuar no
terreno confortável da luz falsificada, onde pode controlar a narrativa, manter
a admiração alheia, e evitar o confronto com o próprio lixo emocional.
Essa arrogância espiritual sufoca
o potencial real de crescimento, porque enquanto o indivíduo está ocupado com a
manutenção da própria autoimagem, ele não se dedica à difícil e solitária
tarefa de olhar para dentro — com toda a brutalidade que isso implica.
Se você sente vontade de se
mostrar mais consciente, mais desperto, cuidado. Pergunte-se: estou mesmo
disposto a me despir? A encarar meu lixo? A apresentar meu lado B? A revelar a
real e descartar a imagem que carrego de mim mesmo? Ou só quero ser admirado
por aparentar ter encontrado minha real natureza e estar vivendo no flow?
A ilusão de ser iluminado é uma
das armadilhas mais cruéis da jornada espiritual moderna. Ela te mantém preso
na própria prisão — mas com uma chave dourada na mão: a aprovação dos outros.
O verdadeiro despertar não é glamour nem popularidade. É silêncio. É luta interna. É aceitar que você não sabe nada e que o caminho é uma eterna desconstrução dos disfuncionais pacotes morais herdados, assim como, das próprias ilusões de conhecimento, desenvolvidas ao longo de décadas de não-observação.