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sábado, 30 de agosto de 2025

O observador e a estupidez moderna

A barulhenta estupidez moderna

Vivemos num tempo em que as pessoas confundem acesso à informação com sabedoria. A estupidez moderna não é mais fruto da ignorância. É escolha. É conforto. É conveniência. Ninguém quer pensar, ninguém quer refletir, ninguém quer olhar para o próprio abismo. O mundo gira em torno de distrações. Entretenimento em excesso, dopamina a cada clique, e uma massa humana que se sente evoluída por repetir discursos que não entende.

O observador, silencioso, passivo e não reativo, não se envolve. Ele observa o absurdo da repetição, o culto ao superficial, o entretenimento que emburrece e a arrogância de quem nada sabe, mas tudo opina.

O observador é aquele que não participa dessa bagunça. Ele olha. Não porque se acha melhor, mas porque entendeu a armadilha. Ele observa a idiotice institucionalizada, disfarçada de progresso. Observa o quanto a humanidade se esforça para parecer inteligente enquanto se afunda em decisões estúpidas, fúteis e autodestrutivas.

A sociedade corre, mas corre para onde? Para mais telas, mais comparações, mais ruído e menos presença. O observador não participa da corrida — ele assiste, ele questiona, ele sente o peso da inconsciência coletiva.

A estupidez moderna é barulhenta, orgulhosa, viral. O observador silencioso é o oposto: é presença que incomoda, lucidez que silencia, consciência que liberta.


A estupidez moderna não vem de falta de estudo.

A estupidez moderna vem da recusa em parar, pensar e encarar a verdade. Pessoas repetem frases prontas, ideologias de segunda mão, opiniões recicladas. Usam memes como argumentos. Se ofendem com qualquer coisa. Não suportam o incômodo da dúvida. Querem ter razão, nunca entender. O debate virou guerra. A escuta virou ameaça. E qualquer tentativa de diálogo vira um campo minado.

Redes sociais transformaram todo mundo em especialista. Gente que nunca leu um livro, mas se acha intelectual. Gente que vive da validação alheia, mas grita independência. Gente que segue modismos de pensamento como se fossem verdades absolutas. São apenas ecos, ruídos. Ninguém senta para refletir. Ninguém quer o silêncio — porque ele assusta. Porque no silêncio, o espelho aparece. E ninguém quer se encarar.

O observador assiste tudo isso. Observa os comportamentos em massa. Observa a infantilidade generalizada. Observa adultos agindo como adolescentes mimados. Observa a covardia disfarçada de “positividade”. Observa o culto ao personagem, à estética, ao prazer imediato. Observa gente se matando por aprovação, vendendo a alma por curtidas, destruindo a mente com conteúdos inúteis.


A estupidez moderna é organizada.

Está nos algoritmos, nos produtos que consumimos, nos discursos que ouvimos. Está nos sistemas de ensino que adestram em vez de ensinar. Está nos governos que promovem a dependência emocional, financeira e intelectual. Está nas empresas que lucram com a ignorância das massas. Está no entretenimento que aliena, nas músicas que emburrecem, nos filmes que promovem mediocridade como se fosse virtude.

O observador não é um eremita. Ele vive na sociedade, mas não se perde nela. Ele enxerga a mentira, mesmo quando todos aplaudem. Ele observa o preço que se paga por fingir que está tudo bem. Observa como a maioria das pessoas vive de aparências. Casamentos falidos, relações de fachada, pactos de conveniências momentâneas, amizades superficiais. Tudo com filtro, tudo com frase de efeito. Mas por dentro, vazio. Um vazio que assusta, que corrói, que implode.

A estupidez moderna tem orgulho. Ela não escuta. Ela grita. Ela desqualifica o outro para não ter que argumentar. Ela cancela, rotula, silencia. Tudo em nome de uma suposta justiça que mais parece vingança emocional. Ninguém mais tolera o diferente. Fala-se em diversidade, mas o que se quer é uniformidade de pensamento. Discordar virou crime. Pensar virou ameaça.

O observador passivo e não reativo, observa tudo isso. Ele observa o quanto o ser humano está disposto a se vender por conforto. Aceita qualquer coisa para não precisar mudar. Prefere a mentira doce à verdade amarga. Se acomoda na mediocridade e chama isso de equilíbrio. Se apega a dogmas porque pensar dá trabalho. Cria ídolos para não precisar ser responsável. Terceiriza tudo: a culpa, a escolha, a consciência.


A estupidez moderna é preguiçosa.

Quer resultado sem esforço. Quer sucesso sem disciplina. Quer espiritualidade sem autoconhecimento. Quer consciência sem desconforto. E, principalmente, quer culpar os outros por tudo que não dá certo. É sempre o sistema, o governo, o outro. Nunca a própria omissão, nunca a própria covardia, nunca a própria hipocrisia.

O observador, ao perceber isso, se cala. Não por indiferença, mas por inutilidade. Falar com quem não quer ouvir é desperdício de energia. Apontar a verdade a quem vive da mentira é ameaça. O observador aprende a se aquietar. Não se expõe. Não discute. Não tenta salvar ninguém. Entende que o despertar é solitário. Que a ignorância é confortável. E que a estupidez é, para muitos, um modo de sobrevivência emocional.

A estupidez moderna não se reconhece como tal.  Ela se acha esperta, antenada, moderna. Mas é frágil. Qualquer contrariedade a derruba. Qualquer crítica a desestabiliza. Qualquer silêncio a incomoda. Vive no barulho, na correria, no excesso. Porque parar é perigoso. Parar revela. Parar expõe. E ninguém quer lidar com a própria verdade.

O observador vive outro ritmo. Ele identifica tudo isso, mas sem se identificar. Mas também não tenta mudar a sociedade à força. Ele trabalha na mudança de si mesmo. Ele cuida da própria mente, da própria paz, da própria integridade. Ele entende que a sociedade não quer ser salva — quer ser entretida. E ele se recusa a ser palhaço dessa tragédia.


A estupidez moderna é cheia de opinião, mas vazia de reflexão.

Ela opina sobre tudo, mas não entende nada. Vive de manchetes, de cortes, de frases soltas. Não lê nada com profundidade. Não escuta. Não questiona. Reage. Sempre reage. Com agressividade, com ironia, com desdém. Porque é mais fácil zombar do que compreender. Mais fácil odiar do que investigar. Mais fácil debochar do que sentir.

O observador enxerga a raiz disso tudo: a dor original. Uma humanidade ferida, traumatizada, desorientada. Crianças emocionais em corpos adultos. Gente carente, faminta de atenção, viciada em dopamina. E ao mesmo tempo, cheia de orgulho, cheia de máscaras, cheia de medo. Medo de ser esquecida, medo de não ser amada, medo de olhar para dentro e não encontrar nada.

A estupidez moderna não é só um problema intelectual. É emocional, espiritual, existencial. É o sintoma de uma humanidade que não quer crescer. Que foge da responsabilidade de se conhecer. Que troca profundidade por performance. Que vive para impressionar e esquece de sentir.

O observador, mesmo calado, incomoda. Sua presença causa desconforto. Porque ele não ri das mesmas piadas, não repete os mesmos mantras, não participa das mesmas rezas, não compactua com farsas. Ele não entra no jogo. Não bajula. Não disputa. Não precisa provar nada. Isso irrita. Porque sua lucidez denuncia a mentira dos outros. Sua consciência expõe a ilusão coletiva.


A estupidez moderna fez da política, religião

A mente política moderna não pensa. Ela torce. Ela idolatra. Ela se apega a um lado como se fosse um time de futebol. Não importa o que o político faça — importa a narrativa. A estupidez moderna, nesse campo, virou religião. Gente que se mata para defender corruptos. Gente que briga por bandeiras que nem entende. Gente que grita contra o “sistema” enquanto se ajoelha para o próprio líder.

A polarização é a fábrica da estupidez política. Um lado demoniza o outro. Ninguém escuta ninguém. Ninguém admite erro. Ninguém revisa nada. A política virou reality show. Não se trata de ideias, se trata de personagens. A massa escolhe seus heróis e fecha os olhos para os absurdos que cometem. Corrupção, mentira, manipulação — tudo é perdoado se for do “nosso lado”.

O observador observa isso com clareza. Observa a ingenuidade dos que acham que votam por consciência, quando na verdade votam por afeto. Por identificação emocional. Por interesse classista. Observa a cegueira dos que acreditam que um político salvará o país. Observa o delírio da dependência psíquica da massa, por figuras de autoridade. Observa como as pessoas preferem repetir slogans a estudar leis. Preferem lacrar a propor. Preferem gritar a construir.

A estupidez moderna na política não se resolve com eleição. Porque o problema não é o político — é a condicionada mentalidade coletiva. Uma mentalidade que adora se sentir vítima, que precisa culpar alguém, que terceiriza sua impotência para o Estado. Uma mentalidade que não sabe o que é liberdade porque nunca assumiu responsabilidade. Uma mentalidade que confunde militância com virtude.

O observador não se deixa capturar. Ele não joga o jogo da mente política. Porque ele sabe que não há heróis no topo. Que toda estrutura de poder se alimenta da ilusão de quem está na base. Ele não idolatra. Ele não espera salvação. Ele vê o sistema como ele é: um teatro de vaidades e interesses, mantido por uma plateia que se recusa a crescer.

Enquanto a estupidez política se alimenta de emoção e ignorância, o observador se move pela análise e pelo silêncio. Ele sabe que enquanto a massa grita por mudanças, ela mesma se sabota. Porque não quer transformação — quer conforto. Quer líderes que digam o que ela quer ouvir. E líderes assim sempre existem, porque a estupidez popular é o solo fértil para a manipulação política.


A eficiência da estupidez moderna

A estupidez moderna funciona como uma engrenagem. Todos participam. Todos alimentam. Das instituições às famílias. Da mídia à espiritualidade de mercado. Tudo é pensado para manter o indivíduo inconsciente, distraído, dependente. Desde a infância somos ensinados a obedecer, a competir, a temer. A vida vira um roteiro: estudar, trabalhar, consumir, seguir regras. Não pensar. Apenas cumprir.

O observador rompe com isso. Não se encaixa. Não por rebeldia, mas por sanidade. Ele não suporta a artificialidade das relações, a superficialidade das conversas, a previsibilidade dos comportamentos. Ele quer verdade. Mesmo que doa. Mesmo que custe. Mesmo que isole.

E sim, o preço é o isolamento. O observador muitas vezes se sente só. Não porque ninguém o cerca, mas porque poucos compreendem o que ele observa. Ele anda entre zumbis. Entre corpos ativos e mentes inativas. Observa amigos se afundando em vícios sociais, narcotizando seus relacionamento embolorados. Observa parentes presos em narrativas autoenganosas. Observa gente brilhante desperdiçando vida com distrações.

Mas ele não desiste. Porque sabe que lucidez e autonomia psíquica não são luxos — são necessidades. É questão de sobrevivência interior. Elas são as únicas formas de não enlouquecer nesse condicionado teatro coletivo.

A estupidez moderna se recicla, com novas roupagens, novas ferramentas, novas distrações. Ela é adaptável. E sedutora. Vai seguir chamando, seduzindo, prometendo felicidade fácil, sucesso rápido, aprovação garantida. Mas o observador seguirá firme. Porque ele viu o que muitos evitam ver: que a liberdade só existe quando se rompe com a mentira.

E isso tem um preço. Mas o custo de viver anestesiado é muito maior.

 

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill