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sábado, 30 de agosto de 2025

O preço de não sentir a dor do descondicionamento

Quando um indivíduo escolhe narcotizar sua Consciência, “de modo consciente” ou “inconsciente”, seja por meio de “distrações, vícios, racionalizações excessivas ou mecanismos de fuga”, para evitar a dor inerente ao processo de descondicionamento, essa negação da realidade interna, pode se manifestar em diversas características psicossomáticas. 

No Nível Psicológico, a ansiedade crônica, a tensão constante entre o que é reprimido e o que é vivido gera inquietude interna. O corpo sente o peso daquilo que a mente tenta ignorar.

O vazio causado pela desconexão do ser essencial, do ser incondicionado, se transforma em apatia, desânimo, perda de propósito e depressão existencial.

Ao evitar a dor do processo de descondicionamento, físico, mental e emocional, o indivíduo vivencia transtornos de identidade, construindo máscaras sociais, o que leva à solitária sensação de falsidade e confusão interna.

Conflitos internos não observados de modo silencioso, passivo e não reativo podem se deslocar para sintomas mais "aceitáveis" pela mente condicionada, como manias, compulsões, rituais, fobias, paranóias, medos irracionais.

Já no que diz respeito ao nível físico/psicossomático, podem surgir os distúrbios gástricos (gastrite, refluxo, úlceras). O bloqueio da “digestão emocional” acaba se expressando através do sistema digestivo.

Tensões musculares e dores crônicas (especialmente nas costas, ombros e pescoço) O corpo guarda aquilo que a mente se recusa a soltar — responsabilidade, culpa, frustração.

Distúrbios do sono (insônia, sonolência excessiva, pesadelos). A consciência forçosamente silenciada durante o dia, tenta se manifestar durante os momentos de repouso.

Problemas respiratórios (falta de ar, suspiros frequentes e ronco noturno). A falta de liberdade interior pode ser sentida como sufocamento ou dificuldade em “respirar a vida”. 

A relação entre o ronco noturno e a recusa de olhar para as próprias questões emocionais pode ser compreendida por meio de uma leitura psicossomática, simbólica e energética do corpo. Embora o ronco tenha causas fisiológicas claras, ele também pode carregar significados emocionais e inconscientes — especialmente quando se torna crônico ou resistente a tratamentos convencionais.

O sono é o momento em que o inconsciente assume o comando. Quando há conflitos emocionais não elaborados, eles não desaparecem — apenas se deslocam para outras formas de expressão. O ronco pode, simbolicamente, ser representado como uma metáfora do inconsciente:... “Uma voz abafada que tenta sair enquanto a estrutura mental e emocional dorme.”

Fadiga constante e imunidade baixa. O esforço contínuo de manter-se anestesiado consome energia vital, fragilizando o corpo.

Quanto ao nível comportamental e relacional, podemos observar a busca compulsiva pelo conhecido como por exemplo, as distrações como redes sociais, sexo, compras, trabalho excessivo, viagens... Ou então, a busca pelo que chamamos de “novocaína”, a xilocaína da busca por novidade, uma nova forma de anestésico para evitar o contato com a dor do processo de maturação da percepção da realidade.

Dependência química ou emocional. Drogas lícitas ou ilícitas, álcool ou relações codependentes servem como escudos contra o confronto interior.

Fuga do silêncio ou da introspecção. O silêncio se torna ameaçador porque nele habita a verdade que se tenta evitar.

Comportamentos autossabotadores. A pessoa boicota oportunidades de crescimento porque, inconscientemente, associa maturidade à dor.

No entanto, narcotizar a Consciência é, em última instância, uma forma de autoabandono. A dor evitada não desaparece: ela migra, se traveste e se aloja no corpo e na estrutura mental e emocional, corroendo silenciosamente a integridade do ser essencial.

A verdadeira cura começa quando o indivíduo se permite sentir — atravessar o desconforto da verdade, e dela não mais fugir.

“O preço de não sentir”

Eu...

Eu escolhi não sentir.

Não foi de uma vez.

Foi aos poucos... como quem vai fechando janelas para não ouvir o grito da tempestade.

Primeiro vieram as distrações:

as telas, os barulhos, os vícios pequenos...

Depois os grandes.

A urgência de fugir de mim virou rotina.

Comecei a rir sem motivo... só para calar o choro engasgado.

A trabalhar demais…

a fazer sexo sem alma…

a dormir com o cansaço dos que não viveram o dia.

Eu me anestesiei.

Porque doía.

Porque crescer dói.

E eu… eu não queria sangrar.

Mas o corpo sentiu.

Ah, o corpo… esse traidor honesto.

Começou com uma gastrite.

Depois veio a insônia.

As dores sem nome, a falta de ar, o aperto no peito.

Como se o meu próprio corpo gritasse aquilo que eu me recusei a ouvir.

E eu continuei fingindo.

Fingindo que estava tudo bem.

Fingindo que não tinha uma criança assustada dentro de mim, pedindo colo…

e um velho sábio lá no fundo, implorando:

“Por favor, pare de fugir.”

Mas fugir virou vício.

E todo vício é uma tentativa de silenciar o ser essencial.

Silenciar a dor que, no fundo, é convite.

Convite pra crescer.

Pra amadurecer.

Pra deixar de ser casca… e virar semente.

Mas eu não quis.

Preferi a casca.

Preferi o torpor ao invés da verdade.

Preferi não me olhar.

Não me escutar.

Não me suportar....

E hoje…

hoje eu sou só o reflexo do que poderia ter sido.

Um eco.

Uma sombra.

Um corpo que anda, mas não habita a si.

Eu fui o carrasco de mim mesmo…

e o crime foi não sentir.


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill