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sábado, 30 de agosto de 2025

Você não é a Ansiedade, muito menos, seus sintomas

 

Você não é a Ansiedade, muito menos, seus sintomas

Por causa de ações passadas, carentes de lucidez, para muitos de nós, a mente tornou-se um campo de batalha. A ansiedade, outrora um instinto vital, transformou-se em um espectro onipresente, perseguindo cada pensamento, cada sensação, cada projeção para o futuro. Quando ela surge, não vem sozinha: carrega um cortejo de sintomas — palpitações, sudorese, falta de ar, medo difuso, dolorosos pensamentos intrusivos. E, no entanto, é preciso afirmar com clareza: você não é a ansiedade, muito menos, seus sintomas.

Parece simples, mas não é. Porque quando a crise de ansiedade chega, ela toma a forma da própria identidade. Você não diz: “há ansiedade em mim”. Você diz: “eu estou ansioso”, “eu sou ansioso”. O verbo ser, que deveria expressar a essência, funde-se ao estado temporário, sempre passante. E, por falta de observação, assim, a experiência torna-se prisão.

É preciso pela maturidade da observação passiva não reativa, romper essa nefasta identificação ilusória. Caminhemos juntos nessa investigação.


Ansiedade não é você — é um processo da mente

Para compreender por que você não é a ansiedade, é preciso entender a natureza dela. Ansiedade é um movimento mental em direção ao futuro. É a tentativa desesperada do personagem de prever, controlar e evitar ameaças — reais ou imaginárias. É uma projeção: a mente abandona o presente e constrói cenários, hipóteses, riscos. Em essência, ansiedade é futuro condensado no agora.

Quando isso ocorre, o corpo reage como se estivesse diante de um perigo real. A adrenalina é liberada, a frequência cardíaca dispara, a respiração se altera. Mas perceba: nada disso é “você”. É apenas a resposta biológica a uma narrativa da estrutura psíquica fundamentada no medo. É o corpo acreditando na ficção criada pela estrutura.

O problema não é a ansiedade em si — ela é uma função evolutiva. O problema é a imatura identificação com ela: é quando você acredita que essa resposta define quem você é.

 


A armadilha da identidade: “sou ansioso”

As palavras moldam a percepção. Quando você diz “sou ansioso”, está construindo uma identidade falsa em torno de um estado que é passante. E tudo aquilo que você nomeia como “eu” ganha raízes na estrutura psíquica. Passa a fazer parte da autoimagem. Você começa a esperar que a ansiedade apareça, começa a se perceber sob o filtro dela, começa a acreditar que há algo de essencialmente errado em você.

Mas a verdade é esta: ansiedade não é um traço de caráter — é um fenômeno psíquico passageiro. Não importa há quanto tempo ela habita sua vida. Ela não é a essência. Sua essência é anterior aos condicionamentos da mente. É o observador silencioso que identifica os movimentos internos sem se identificar com eles, sem ser arrastado por eles.


Os sintomas: mensageiros, não inimigos

Quando a ansiedade chega, ela se anuncia com sintomas físicos. O coração dispara. O ar parece rarefeito. Um frio percorre o corpo. Talvez você sinta náusea, tontura, tremor, enjoo. Tudo isso é real. Mas todos esses sinais têm um propósito: alertar o organismo para uma ameaça — mesmo que essa ameaça não exista.

E é aqui que precisamos inverter a lógica: os sintomas não são inimigos. São apenas, mensageiros. Eles estão dizendo: “há algo aqui que você está tentando controlar, algo que você teme enfrentar, algo que não quer sentir, algo que não quer soltar”. Quando você os trata como monstros, você os reforça. Quanto mais luta, mais eles crescem. A resistência é combustível para a fogueira da ansiedade.

Experimente outra postura: observar sem resistência. Em vez de perguntar “como faço para isso ir embora?”, pergunte: “o que esses sintomas estão tentando me mostrar?” Essa mudança dissolve o ciclo da aversão, que é um dos pilares da ansiedade.


O personagem ansioso e sua ilusão de controle

No núcleo da ansiedade está a obsessão pelo controle. O personagem teme a impermanência do que lhe é conhecido. Teme o imponderável. Quer garantir que nada de ruim aconteça — mas como controlar o incontrolável? Como prever a infinitude de variáveis que compõem a vida?

A ansiedade nasce do conflito entre essa necessidade de controle e a realidade fluida da existência. Enquanto você acredita que precisa controlar tudo para estar seguro, estará condenado à tensão crônica. Porque a vida, por natureza, é incerta. O real nunca se curva à ficção do controle exercida pelo personagem.

Quando você compreende isso, uma porta se abre: a porta da rendição lúcida e integrativa. Não é desistência. É reconhecer que a tentativa de controlar tudo é a própria raiz do sofrimento. É soltar as rédeas daquilo que nunca esteve sob seu domínio.


Você é o observador, não o observado

Agora chegamos ao ponto crucial: quem é você no meio desse turbilhão? Quem é você quando os sintomas gritam, quando os pensamentos correm desordenados, quando o corpo parece em colapso?

Se você parar para olhar, verá algo simples e profundo: existe, em você, um espaço que não é afetado pela ansiedade. Um espaço silencioso que apenas observa passivamente, ou seja, sem alimentar qualquer reação ou impulso escapista. Quando a mente está agitada, esse espaço continua ali, imutável. Quando o corpo treme, esse espaço não treme. Quando os pensamentos dizem “vai dar tudo errado”, esse espaço permanece em paz.

Esse espaço é a Consciência. É a sua natureza primal, anterior ao implante dos condicionamentos. Ela não é uma crença. É algo que você pode constatar diretamente, agora. Experimente: feche os olhos e perceba os pensamentos que vêm e vão. Perceba as sensações no corpo. Agora observe: quem está percebendo tudo isso? Essa percepção é você. Os pensamentos não são você. As sensações não são você. Elas acontecem em você — mas você é o espaço onde tudo esá acontecendo.

Quando você descobre isso, a frase “você não é a ansiedade” deixa de ser um apontamento alheio e se torna uma verdade experiencial.


A dissolução da identificação

Mas atenção: compreender intelectualmente não basta. A mente é esperta e pode usar até mesmo essa ideia para criar outra armadilha: “ok, eu não sou a ansiedade, mas preciso me livrar dela para provar isso”. E, assim, você volta ao ciclo da resistência.

A verdadeira libertação não vem do esforço para eliminar a ansiedade, mas da quebra da imatura identificação. É ver, com clareza, que ela surge, permanece por um tempo e se vai — como uma nuvem no céu. O céu não luta contra as nuvens. Apenas permanece. Assim é você.

Essa percepção não elimina automaticamente os sintomas. Mas muda radicalmente a relação com eles. Em vez de medo, há curiosidade. Em vez de fuga, há presença. E, quando você para de alimentar a ansiedade com resistência, ela perde força.


Aceitação radical: o antídoto para a ansiedade

Aceitação não é passividade. É lucidez que produz integridade. É olhar para a ansiedade sem tentar modificá-la no ato. É dizer: “ok, ansiedade, você está aqui. Pode ficar o tempo que precisar. Eu não sou você.” Quando você faz isso, algo surpreendente acontece: a ansiedade deixa de ser um inimigo. Ela se torna um fenômeno natural, que surge e se vai como qualquer outro.

Essa aceitação radical é contrária ao instinto condicionado. Nossa cultura ensina a lutar, a controlar, a buscar pelo desabafo, a eliminar. Mas a mente não se pacifica sob coerção. A mente se pacifica sob compreensão que surge da silenciosa observação passiva não reativa.


Conclusão: você é maior que qualquer sintoma

A ansiedade pode ser intensa. Pode fazer você acreditar que vai enlouquecer, desmaiar, perder o controle. Mas olhe para trás: quantas crises de ansiedade você já sobreviveu? Quantas vezes os sintomas vieram e foram? Eles sempre passam. Sempre.

E, no entanto, há algo que nunca passou: a consciência que testemunhou cada crise. Essa é a sua verdadeira identidade. Não o medo. Não os pensamentos. Não as sensações. Mas o espaço silencioso que observa tudo.

Quando essa verdade se enraíza, você não precisa lutar contra a ansiedade. Não precisa vencê-la. Porque ela nunca foi você. Ela é apenas uma onda no oceano da consciência — e você é o próprio oceano.

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill