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sábado, 30 de agosto de 2025

O Ponto X da Travessia do Deserto Interior

Caro confrade, começamos este texto, com uma frase poderosa de Mouni Sadhu: “Se você assumir em suas próprias mãos o processo natural de seu amadurecimento espiritual, ele se acelera. Cada passo no Caminho espinhoso o aproxima de si mesmo.”

Dito isso, vamos para os fraternos chutes nas canelas...


Capítulo 1: A Chegada ao Deserto

O início do Ponto X é sempre silencioso, quase imperceptível. Primeiro, surge uma insatisfação vaga, um desconforto que escapa de qualquer explicação racional. Você percebe que nada mais traz frescor, prazer ou sentido: relações, livros, práticas, crenças, escolas, programações anônimas, universidades da paz... — tudo se mostra cinza na língua. Esse é o Deserto do Real.

O deserto não é castigo. Ele é portal, espaço liminar que separa o mental condicionado da consciência desperta. Aqui você se depara com o inevitável: a solidão crua, a sensação de não pertencimento, o silêncio que ninguém pode preencher. Alguns tentam fugir com distrações — entretenimento, relações superficiais, consumo — mas o deserto só se atravessa de frente para ele, sem anestesias.


Capítulo 2: A Saturação

No Ponto X, a saturação é total. É o ponto em que tudo que antes nutria deixa de nutrir. A mente, acostumada a buscar consolação fora de si, percebe que nada externo satisfaz. Este é o momento crítico: você pode recuar, ou pode avançar.

Saturação não é dor, é aviso. É a mão da vida dizendo: “Chegou a hora de você se ver como é”. E isso inclui enfrentar a própria mente: crenças, condicionamentos, padrões de comportamentos obsessivos compulsivos, apegos, dependências, os padrões de medo e de autoboicote. O modo como adulterou a própria realidade, assim como a de muitos que cruzou em seu caminho de inconsciência.


Capítulo 3: Solidão Fecunda

A solidão no Ponto X não é a ausência de companhia, mas a presença do que você realmente é. É um espaço de observação nua, onde se experimenta o descondicionamento. Sem fugas, sem justificativas, sem distrações. A mente tenta preencher esse vazio, mas a prática aqui é permanecer, sentir, observar.

É também o momento de perceber que a dor física — tensões, lombar, ciática, omoplatas, calor no centro coronário — é parte do processo de realinhamento energético e descondicionamento corporal. Não há misticismo, apenas prática consciente do que o corpo e a mente indicam.


Capítulo 4: O Parto do Coração Sutil

A partir da observação consciente, surge uma energia sutil na dimensão do coração. Tratasse do início da manifestação de uma energia pura, indicando o começo da estabilização da inteligência amorosa, criativa e integrada. Aqui a mente não governa mais, apenas se faz uma servidora de confiança, uma colaboradora da Consciência Incondicionada. Surge a capacidade de observar sem filtros, de amar impessoalmente, ou seja, sem apego e criar sem esforço, sem qualquer traço de imitação.

O nascimento dessa energia sutil na região do coração é delicado. Exige silêncio, cuidado, entrega e prontificação. Apesar de não compreendermos, cada dor física é sinal de progresso, cada instante de presença profunda é um passo na travessia do deserto.


Capítulo 5: Prontificação e Transbordamento Vocacional

Prontificação é estar pronto para a manifestação da Consciência Incondicionada no mundo. Não pelo falso personagem, não para autopromoção, mas como expressão natural da inteligência amorosa. É o transbordamento vocacional, a ação que nasce do coração sutil e transforma a vida de relação.

Nesta fase, o corpo, a mente e a energia começam a alinhar-se com a nova consciência. O ritmo do sopro, o cuidado com a alimentação, a presença ativa no cotidiano e o cultivo do silêncio tornam-se fundamentais.


Capítulo 6: Integração

Após atravessar o Ponto X, surge a integração: novos modos de relação, percepção amorosa do outro, criatividade fluida, vida consciente. O antigo personagem inseguro e calculista, ainda existe, mas já não domina. O mundo é o mesmo, mas você o observa com olhos diferentes. Cada situação, cada pessoa, cada desafio passa a ser oportunidade de ação consciente e amorosa.

Epílogo: Testemunhar o Ser

O Ponto X não se conquista, não se domina. Ele se atravessa. Cada instante de presença, cada percepção da própria energia, cada reconhecimento da solidão e da dor é um ato de entrega e testemunho.

Não há práticas a seguir, não há exercícios a executar. Há apenas a experiência direta, nua e profunda, do que você é quando tudo externo deixa de nutrir e apenas o ser permanece.

Neste espaço, emerge a inteligência integrada, o coração sutil, a prontificação. Tudo acontece sem interferência: o ser desperta porque se permite ser testemunha de si mesmo.

 


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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill