Esvazie sua mente e não pense em nada.
Como você fará para esvaziar a mente? Quando os pensamentos vierem, observe. A observação tem de ser feita com uma precaução: deve ser passiva, e não ativa. Há mecanismos sutis que você deve compreender, senão poderá falhar em algum ponto. E, se você falhar numa pequena coisa, tudo mudará de qualidade. Observe: observe passivamente, não ativamente.
(...) Se você estiver demasiado inquieto e demasiado ativo, você não chegará... ao meu silêncio. Seja passivo como quando você se senta à margem de um rio, enquanto ele flui; simplesmente observe. Não há aflição, não há urgência, não há emergência. Ninguém está lhe forçando. Mesmo que você deixe passar, nada estará perdido. Você, simplesmente, observa, apenas olha. Mesmo a palavra observa não é boa, porque traz, em si, um elemento de atividade. Você, simplesmente, olha e nada tem a fazer. Sente-se, simplesmente, à margem do rio, olhe enquanto o rio flui. Ou olhe para o céu enquanto as nuvens flutuam; olhe passivamente.
É muito, mas muito essencial que essa passividade seja compreendida, porque a sua obsessão pela atividade pode tornar-se inquietação, pode fazer-se uma espera ativa e, então, pode colocar tudo a perder. A atividade pode tornar a entrar pela porta dos fundos. Seja um observador passivo.
Esvazie sua mente e não pense em nada.
A passividade esvaziará automaticamente sua mente. Ondulações de atividade, ondulações de energia mental se aquietarão, aos poucos, e toda a superfície da sua consciência ficará sem ondas, sem qualquer ondulação. Tornar-se-á um espelho silencioso.
Como um bambu oco, repousa bem seu corpo.
(...) Um bambu é completamente oco por dentro. Quando você repousa, procure sentir-se como um bambu: completamente oco e vazio por dentro. E é realmente assim: seu corpo é tal e qual um bambu, oco por dentro. Sua pele, seus ossos, seu sangue, fazem parte do bambu mas dentro há espaço, esvaziamento.
Quando você está sentado, a boca inteiramente silenciosa, inativa, a língua tocando o palato e silente, sem fremir com pensamentos, a mente observando passivamente, sem esperar por coisa alguma em particular, sente-se como um bambu oco — e, subitamente, infinita energia começa a derramar-se dentro de você; você fica repleto do Desconhecido, do misterioso, do Divino.
Um bambu oco torna-se uma flauta e o Divino começa a tocar com ela.
Desde que você esteja vazio não haverá barreiras para o Divino entrar em você.
Tente isso: é uma das mais belas meditações — a meditação de se tornar um bambu oco. Você não precisa fazer nada. Você simplesmente se transforma — e tudo o mais acontece. Subitamente, você sente que algo desce para o seu espaço vazio. Você é como um útero e nova vida está entrando em você; uma semente está caindo. E chega o momento em que o bambu desaparece completamente.
O S H O — Tantra: a Suprema Compreensão