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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As atividades do pensamento nunca resultam em paz

Jiddu Krishnamurti: Pode a humanidade viver sem conflito?... Podemos ter paz nesta terra? As atividades do pensamento nunca resultam em paz.

David Bohm: Do que foi dito, parece claro que a atividade do pensamento não pode produzir a paz: gerar o conflito é algo que lhe é inerente.

JK: Sim, se nós realmente percebêssemos isso, toda a nossa atividade seria totalmente diferente.

DB: Mas o senhor está dizendo então que há uma atividade que não é o pensamento? Que está além do pensamento?

JK: Sim.

DB: E que não só está além do pensamento mas que também não requer a cooperação do pensamento? Que é possível que essa atividade continue quando o pensamento está ausente?

JK: Este é o ponto fundamental. Já discutimos isso muitas vezes: se há alguma coisa além do pensamento. Não alguma coisa santa, sagrada — não estamos falando disso. estamos querendo saber é, existe uma atividade que não seja influenciada pelo pensamento. E DIZEMOS QUE ELA EXISTE. E que essa atividade é a forma SUPREMA DA INTELIGÊNCIA.

DB: Sim; introduzimos agora a inteligência.

JK: Eu sei, eu a introduzi de propósito! A inteligência não é a atividade do PENSAMENTO ASTUTO.

DB: Bem, a inteligência pode utilizar o pensamento, como o senhor já disse muitas vezes. Ou seja, o pensamento pode ser a ação da inteligência — poderíamos nos expressar assim?

JK: Sem dúvida.

DB: Ou poderia ser a ação da memória?

JK: Aí é que está. Também pode ser a ação nascida da memória, e como a memória é limitada, o pensamento é limitado e tem sua própria atividade, a qual então produz o conflito...

DB: Acho que isso se relaciona com o que as pessoas estão dizendo a respeito dos computadores. Cada computador deve, em última instância, estar subordinado a alguma espécie de memória, programada, que é introduzida neles. E deve, por força, ser limitada.

JK: Naturalmente.

DB: Portanto, quando operamos a partir da memória, não somos muito diferentes de um computador; talvez seja o contrário, o computador é que não é muito diferente de nós.

JK: Eu diria que um hindu tem sido programado, durante os últimos cinco mil anos, para ser um hindu; ou, neste país, vocês têm sido programados como um inglês, como um católico ou protestante. Assim, todos somos, até certo ponto, programados.

DB: Sim, mas o senhor está introduzindo a noção de uma inteligência que está livre de programação, que é criativa, talvez...

JK: Sim. Essa inteligência não tem nada a ver com a memória, com o conhecimento.

DB: Ela pode atuar na memória e no conhecimento mas não tem nada a ver com isso...

JK: Isso mesmo. Eu quero dizer: como o senhor descobre se essa inteligência tem alguma realidade e não apenas imaginação ou uma ficção romântica? Para se chegar a isso, é necessário examinar toda a questão do sofrimento, se há um fim para o sofrimento. E enquanto o sofrimento, o medo e a busca do prazer existirem, não pode haver amor.

DB: Temos aqui muitas questões. Sofrimento, prazer, medo, raiva, violência e ganância — tudo isso são respostas da memória.

JK: Sem dúvida.

DB: Não têm nada a ver com a inteligência.

JK: Todos são parte do pensamento e da memória.

DB: E enquanto isso continuar, parece que a inteligência não pode operar no pensamento, ou através do pensamento.

JK: Isso mesmo. Precisamos, portanto, nos libertar do sofrimento.(...) O que é o sofrimento? O significado da palavra é ter dor, aflição, sentir-se completamente perdido, só.

DB: parece-me que não é apenas dor, mas uma espécie de dor muito penetrante, total...

JK: Mas o sofrimento é a perda de alguém.

DB: Ou a perda de alguma coisa importante.

JK: Sim, naturalmente. A perda da minha esposa, de meu filho, de meu irmão, ou do que quer que seja, e a desesperadora sensação de solidão.

DB: Ou simplesmente o fato de que o mundo todo está caminhando para essa situação.

JK: Naturalmente... Todas as guerras.

DB: Isso faz com que todas as coisas percam o sentido.(...) Mas algumas pessoas acham que através do sofrimento elas se tornam...

JK: ... Inteligentes?

DB: Purificadas, como se tivessem passado por um crisol.

JK: Eu sei. Que através do sofrimento você aprende. Que através do sofrimento o seu ego desaparece, se dissolve.

DB: Sim, se dissolve, aprimora-se.

JK: Não é verdade. As pessoas sofreram muito, quantas guerras, quantas lágrimas, sem falar da natureza destruidora dos governos. E o desemprego, a ignorância...

DB: ...Ignorância da doença, da dor, de tudo. Mas o que é realmente o sofrimento? Por que  ele destrói o inteligência, ou a impede? O que acontece?

JK: O sofrimento é um choque;eu sofro, tenho uma dor — eis a essência do "eu".

DB: A dificuldade em relação ao sofrimento é que o eu é que está ali, que está sofrendo.

JK: Sim.

DB: E, de algum modo, esse eu está sentindo realmente pena de si mesmo.

JK: O meu sofrimento é diferente do seu.

DB: Sim, ele se isola. Cria um tipo de ilusão.

JK: Não percebemos que o sofrimento é compartilhado por toda a humanidade.

DB: Sim, mas e se chegássemos a perceber que ele é compartilhado por toda humanidade?

JK: Então começo a questionar o que é o sofrimento. Ele não é o meu sofrimento.

DB: Isso é importante. Para compreender a natureza do sofrimento, preciso me desfazer dessa ideia de que ele é o MEU sofrimento porque, enquanto acreditar que ele é meu, terei uma noção ilusória do problema como um todo.

JK: E nunca poderei acabar com ele.

DB: Se você está lidando com uma ilusão, nada pode ser feito a respeito dela.(...)

JK: O sofrimento é comum a toda a humanidade.

DB: Mas o fato de ser comum não é suficiente para torná-lo o mesmo para todos.

JK: Ele é real.

DB: O senhor está dizendo que o sofrimento humano é único, inseparável?

JK: Sim, é o que eu venho dizendo.

DB: Assim como a consciência humana?

JK: Sim, isso mesmo.(...) A questão é a seguinte: temos sofrido desde o princípio e nunca encontramos uma solução para isso. Não acabamos com o sofrimento.

DB: Mas eu acho que o senhor disse que a razão pela qual não encontramos uma solução é porque o consideramos como algo pessoal, ou pertencente a um pequeno grupo... e isso é uma ilusão.

JK: Sim.

DB: E qualquer tentativa de se lidar com uma ilusão não pode resolver coisa alguma.

JK: O pensamento não pode resolver nada psicologicamente.

DB: Porque o senhor pode dizer que o próprio pensamento divide. O pensamento é limitado e incapaz de perceber que esse é único. Desse modo, ele o divide em meu e seu.

JK: Isso mesmo.

DB: E isso cria a ilusão, que só pode multiplicar o sofrimento. Parece-me então que a afirmação de que o sofrimento humano é único, não pode ser separado da afirmação de que a consciência humana é única.

JK: O mundo sou eu: eu sou o mundo. Mas nós o dividimos em mundo inglês, mundo francês, e todos os demais!

DB: O que o senhor quer dizer com mundo? O mundo físico ou o mundo da sociedade?

JK: O mundo da sociedade, principalmente o mundo psicológico.

DB: Dizemos então que o mundo da sociedade, dos seres humanos, é um só, e o que significa quando digo que eu sou esse mundo?

JK: Que o mundo não é diferente de mim.

DB: O mundo e eu somos um. Somos inseparáveis.

JK: Sim. E essa é a verdadeira meditação; você precisa sentir isso, não apenas como uma afirmação verbal; trata-se de uma realidade. Eu sou o guarda do meu irmão.

DB: Muitas religiões disseram isso.

JK: Trata-se apenas de uma declaração verbal; elas não a assumem, não a praticam em seus corações.

O FUTURO DA HUMANIDADE
Dois diálogos entre J. Krishnamurti/David Bohm

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill