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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Só a mente que está desesperada pode encontrar a Realidade

Compreender as relações significa estar vigilante, não fugir, para que se veja tudo quanto nelas se contém. A verdade não está longe de nós, a verdade está perto; a verdade se encontra debaixo de cada folha, em cada sorriso, em cada lágrima, nas palavras, nos sentimentos e nos pensamentos de cada um. Mas, ela está tão encoberta, que precisamos desencobri-la, para a vermos. E desencobri-la significa descobrir o que é falso; no momento em que reconhecemos o que é falso e este desaparece, a Verdade mostra-se para nós. 

A Verdade, pois, é uma coisa viva, de todos os momentos, que precisamos descobrir, e não somente acreditar nela, falar dela, colocá-la numa fórmula. Mas, para perceberem essa Verdade, vocês precisam de uma mente e de um coração extremamente flexíveis e vigilantes. Entretanto, por infelicidade, a maioria de nós não quer uma mente vigilante e flexível, uma mente ágil; queremos ser colocados a dormir, sob efeito de mantras e pujas — Santo Deus! de quantas maneiras nos colocamos a dormir!

Necessitamos, evidentemente, de um certo ambiente, de uma certa atmosfera, de solidão — o que não significa procurar ou evitar o isolamento — mas necessitamos de uma certa solidão, na qual haja atenção plena; e essa solidão, essa atenção plena, só existe quando há perturbação, quando os seus problemas são realmente intensos; e, se possuem um amigo, se possuem alguém que lhes possa ajudar, podem procurá-lo; mas, francamente, tratar essa pessoa como um guru é, obviamente, falta de maturidade, é infantilidade. É como querer agarrar-se às saias maternas. 

Bem sei que, quando nos achamos em dificuldade, apelamos instintivamente para alguém — para a mãe, para o pai, ou para um pai glorificado, que vocês chamam Mestre ou guru. Mas, se o guru for pessoa de merecimento, lhes dirá, por certo, que vocês devem compreender a si mesmos em ação, isto é, nas suas relações. Por certo, vocês são muito mais importante do que o guru; são muito mais importante do que eu; porque se trata da vida de vocês, seus sofrimentos, seus esforços e suas lutas. O guru, o eu, ou outro qualquer, poderá ser livre, mas o que isso adiante para vocês? Por conseguinte, a veneração de um guru é prejudicial para a compreensão de vocês mesmos. E existe aí, um fator peculiar: quanto mais respeito demonstrai por uma determinada pessoa, tanto menos respeitam os outros. Vocês fazem uma profunda reverência ao guru e dão um pontapé no empregado de vocês. Por conseguinte, o respeito de vocês tem pouquíssima significação. Tudo isso são fatos verdadeiros, e o que acabo de dizer provavelmente não agradou a maioria de vocês, porque a mente de vocês quer ser confortada e não magoada como foi. A mente de vocês está presa em tantas perturbações e aflições, que roga: "Pelo amor de Deus, dê-me uma esperança, de-me um refúgio". Senhores, só a mente que está em desespero pode encontrar a Realidade. Uma mente totalmente insatisfeita pode saltar para dentro da Realidade; mas não o pode uma mente satisfeita, uma mente respeitável e cercada de crenças. 

Assim, pois, vocês só podem florir na vida de relação, só podem florir no amor, e não no disputar. Mas nossos corações estão ressecados; nós os enchemos com as coisas da mente, e por isso vamos pedir aos outros que encham as nossas mentes com as suas criações. Como não temos amor, o procuramos no instrutor, o procuramos noutra pessoa. O amor é coisa que não se pode achar. Vocês não podem comprá-lo e não podem se imolar a ele. O amor só vem à existência quando o "ego" está ausente; mas, enquanto vocês andam à busca de satisfação e de refúgios, enquanto se recusam a compreender a confusão de vocês nas relações com os outros, estão somente dando mais força ao "ego" e, portanto, negando o amor.

(...) tudo isso deve ter produzido deve ter produzido, em vocês, um efeito muito perturbador, não é verdade? Esse efeito tem de ser perturbador, pois, se não o for, então há algo que está errado em vocês.  Isso, porque está sendo atacada toda a estrutura do processo de pensamento de vocês, estão sendo atacados os seus confortáveis hábitos, e uma tal perturbação tem de ser cansativa. E se vocês não se sente cansados, se não se sentem perturbados, o que buscam então aqui? Senhores, vejamos bem claramente o que estamos tentando fazer, vocês e eu. A maioria de vocês dirá, provavelmente: "Conheço tudo isso; Shankara, Buda, ou um outro qualquer já o disse". Tal alegação indica que, tendo lido tanta coisa, superficialmente, vocês relegam o que está sendo dito para um dos compartimentos da mente de vocês e, por conseguinte, o colocam de lado. Essa é uma maneira muito cômoda de se desfazerem do que ouviram, o que significa que estão escutando somente no nível verbal, em vez de absorver o sentido do que se está dizendo, que gera perturbação. Senhores, não se pode ganhar a paz, senão à custa de muita busca; e o que vocês e eu estamos fazendo é uma busca completa em nossas mentes e em nossos corações, com o fim de descobrirmos o que é verdadeiro e o que é falso; e esse rebuscar, naturalmente, exige dispêndio de energia e de vitalidade; é fisicamente exaustivo, tão exaustivo talvez como cavar a terra. Mas, por infelicidade, vocês estão habituados a escutar; são meros expectadores a apreciar e a observar o jogo do outro; por isso, não ficam cansados. Os expectadores nunca ficam cansados, o que indica que não tomam realmente parte no jogo. Mas, como já tenho dito e redito, vocês não são expectadores, e eu não estou representado para vocês. Não estão aqui para ouvir uma canção. O que vocês e eu estamos tentando é encontrar uma canção em nossos próprios corações, e não ouvir a canção do outro. Vocês estão acostumados  a ouvir a canção de outro, e por isso seus corações estão vazios, e vazios ficarão para sempre, porque vocês o enchem com a canção do outro. Esta não é a canção de vocês e são meros gramofones, mudando os discos segundo o capricho de vocês; não são músicos. E, principalmente nas épocas de grande aflição e perturbação, precisamos de ser músicos, cada um de nós, precisamos nos renovar com canções, o que significa livrar, esvaziar o coração daquelas coisas com que a mente o encheu. Por consequência, precisamos compreender as criações da mente, e perceber a falsidade dessas criações. Porque, então, não mais encheremos o coração com essas criações. E, aí, com o coração vazio — e não, como no caso de vocês, cheio de cinzas — com o coração vazio e a mente quieta, se ouvirá uma canção, uma canção indestrutível e incorruptível, porque não foi composta pela mente. 

Jiddu Krishnamurti, em "O Que Te Fará Feliz?"
29 de janeiro de 1949

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill