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domingo, 24 de agosto de 2014

O inerente medo do conhecimento de si mesmo por si mesmo

Parecemos não perceber a extraordinária importância do aprender sobre a nossa pessoa (não o que os outros disseram, por maiores que sejam esses especialistas): o aprender realmente acerca de nós mesmos. Não parecemos muito ardentemente interessados nisso e nos mostramos mais dispostos a aceitar prontamente "informações" de segunda mão, a respeito de nós mesmos. Como sabem, há iogues, swamis, mararishis, — todo esse bando que anda a percorrer a Índia, este país, a Europa, a América. Em geral somos tão crédulos que estamos prontos a seguir qualquer um, desde que nos prometa alguma coisa! Mas, para aprender sobre mim, torna-se necessária a total negação do passado, a negação de tudo o que aprendi a meu respeito, porquanto sou um ente vivo, em movimento, uma coisa que está constantemente a modificar-se, por força das tensões e pressões da vida diária, da propaganda — da constante pressão do mundo e da vida de relação. 

Queremos traduzir este ente vivo em termos do passado, examiná-lo por meio do passado, e por essa razão é que nos parece difícil aprender acerca de nós mesmos, isto é, porque temos o padrão do passado, o padrão do "correto" e do "errado", do "bom" e do "mau"; não estou dizendo que não existe "bom" e "mau", mas temos essa imagem, firmemente arraigada no passado, e ela impede a compreensão do presente, do "eu" vivo. 

Apresenta-se, assim, a questão de saber se não há possibilidade de rejeitarmos a autoridade externa dos sistemas espirituais, dos livros, dos guias religiosos, dos teólogos, etc. Tratemos de recusá-la, bem como a autoridade interna do processo psicológico das experiências acumuladas, do conhecimento, do saber, a fim de termos uma base para começarmos a aprender. Isso, com efeito, significa: Pode a mente — ao observar tudo isso com muita simplicidade e clareza, se é uma mente são, e não neurótica, emocional — pode a mente perguntar então a si própria se é capaz de enfrentar o medo que vem, inevitavelmente, quando uma pessoa se vê completamente só? Porque, quando se rejeita toda autoridade, tanto externa como interna, e sabendo-se que se está sujeito a errar, que não existe nenhum guia, nenhum filósofo, nenhum amigo para mostrar-nos a direção, se estamos aprendendo a respeito de nós mesmos — esse medo se apresenta inevitavelmente. Ele nasce, invariavelmente, por causa da comparação: alguém alcançou o esclarecimento e eu não alcancei. Desejo alcançá-lo. Há também o temor de cometer algum erro, de perder tempo. E ainda o de ficar sem amparo, completamente só. Afinal de contas, nós temos de estar sós — estamos sós. Ao negarmos totalmente a estrutura psicológica da sociedade — o que equivale a estar fora da sociedade, como, psicologicamente, devemos estar — então, evidentemente, estamos sós. Mas não se trata, de certo da solidão do monge, que é isolamento. Tampouco se trata da solidão da pessoa que se consagrou a uma determinada atividade; nem da solidão da pessoa que ficou abandonada, que não tem lugar na sociedade. Quando se repudia, por inteiro, a estrutura psicológica da sociedade, fica-se inteiramente só e isso, por sua vez, gera um grande medo. Porque a maioria de nós é o passado e vive com o passado; quanto mais velho ficamos, tanto mais significativo se torna o passado; o passado se torna nosso guia. 

É necessário rejeitar tudo isso, porque desejo aprender sobre mim. E quando o rejeito, existe alguma coisa para aprender a respeito de mim?  aprendi; nada mais há que aprender. Não sei se vocês estão percebendo. Pois, o que estou aprendendo acerca de mim mesmo? Desejo conhecer-me, mas percebo que, para aprender, necessito de estar livre de toda espécie de autoridade, não apenas verbalmente, porém em cada segundo, em cada minuto do dia. E noto, assim, em mim próprio, a inclinação para seguir, porque sinto medo. E percebo a existência, em mim mesmo, do perigo, do medo de me ver inteiramente só. W percebo, também, o temor de errar, de não atingir a meta, de não realizar, não conseguir aquela certa coisa existente além de todo pensamento e de toda experiência. 

E, após esse exame, o que resta para aprender a respeito de mim? Já aprendi tudo; já conheço a natureza total de "mim mesmo". Entretanto, resta essa coisa chamada "medo". E, se me permitem, vamos examiná-la. Porque a mente que se vê presa na rede do medo, em qualquer de suas formas, conscientes ou inconscientes, tem de necessariamente viver num mundo sombrio e de ver as coisas deformadas; jamais compreenderá o que significa ser verdadeiramente livre. E, porque tememos, criamos, natural e inevitavelmente, toda uma rede de vias de fuga — o estádio de futebol, a igreja, o bar, etc.

Mas há possibilidade de nos libertarmos do medo?... Temos a possibilidade de libertar-nos total e completamente dessa coisa chamada "medo"?

Krishnamurti em, A Essência da Maturidade

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill