Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Criatividade não é um atributo da personalidade

Vazio é criatividade: não há separação entre ambas as coisas. Não é como se alguém primeiro tivesse de entrar em Vazio, e então evocar a condição de criatividade, mas é a submersão no Vazio que leva a pessoa, ipso facto, a se tornar uma com a criatividade. E se esta última é um estado de graça — uma dádiva do Céu, por assim dizer — e, portanto, para além da "Vontade", então isso é exatamente o que se poderia esperar. Também podemos dizê-lo da seguinte forma: as preocupações, os problemas psicológicos, os conflitos, em resumo, o "ruído" constante da mente, que a impedem de entrar no estado de Vazio, são o obstáculo — o único obstáculo — para o estado de criatividade.

Como o Vazio, a criatividade não é um atributo da personalidade, apesar de expressar-se através da personalidade. A criatividade transcende o ego e, na verdade, só chega a existir através da transcendência da individualidade. Ao contrário, podemos dizer que o ego é que obscurece a criatividade que não pertence a você nem a mim, nem a outra pessoa qualquer. Portanto, é bastante tolo e denota presunção alguém orgulhar-se da sua criatividade, ou de qualquer realização que venha daí. A criatividade pertence ao mundo integral da inteligência: na verdade, ela é a própria Inteligência, sempre que se possa manifestar — seja no homem, seja no animal, sobre a terra ou no mai longínquo ponto do espaço. 

Surpreendentemente, há certo número de pessoas, especialmente entre os chamados "racionalistas" e "livre-pensadores", que declaram não poder encontrar um traço de criatividade e inteligência, em todo o imenso mundo, fora do homem. A natureza, dizem eles, é completamente estéril, pois os acontecimentos são preparados inteiramente pelas leis da probabilidade, o que significa cego acaso. Penso que isso demonstra confusão de dois conceitos separados: por um lado, a maneira pela qual as coisas se perpetuam, a forma pela qual continuam a operar; por outro, a essência individual de cada uma das entidades observáveis na natureza, que é a sua "funcionalidade". O encaixe natural dessas "essências" e a funcionalidade das maiores entidades conglomeradas indicam, finalmente, que certas coisas e processos "fazem sentido". Tal como as peças de um gigantesco quebra-cabeças, vemos que elas se encaixam e indicam, portanto, que houve inteligência sendo envolvida, ou tendo-se envolvido, em algum ponto, ao longo da linha; a alternativa seria um mundo totalmente inanimado, de uma estrutura cem por cento ao acaso, ou o Caos. Por analogia, podemos tomar o caso do computador feito pelo homem. Também nesse caso, a unidade, quando funciona sem interferência humana, opera "automaticamente", isto é, pelas leis básicas da Física, portanto, ao fim e ao cabo, pelas leis de probabilidade. Contudo, não se pode negar que ele preenche uma função "significativa" — como que contra o processo do acaso — e, dessa forma, podemos dizer que foi tocado pela inteligência. 

Bem fora do argumento acima, as pessoas que não podem encontrar criatividade na Natureza parecem-me exemplificar aquelas que estão procurando alguma coisa distante do lugar onde se acham, quando essa coisa está junto delas. Como disse o Mestre Zen Hakuin: "Sem saber quanto a Verdade está próxima, as pessoas procuram-na longe... é uma pena!" Isso porque a criatividade que elas estão procurando e não podem encontrar é, antes de mais nada, a criatividade manifestada através da consciência, esta última compreendendo tanto o exterior como o interior, ou, respectivamente, o universo e a criatura, individualmente.

Seríamos poupados, de confusão, nesses assuntos, se estivéssemos cientes da forma pela qual são usados os termos "interior" e "exterior", com significado relativo ou absoluto. Se absoluto, eles não existem, mas seu uso se justifica quando o sentido relativista ou empírico é claramente entendido. Um bom exemplo deste último uso está na palavra "inspiração", que pode ser tida como resumo da criatividade. Inspiração significa, literalmente, retirar algo do exterior e, assim, implica uma fonte externa da verdade, isto é, "externa" para o ego. De onde, pensa o leitor, essa extraordinária energia vital poderia vir, a não ser do eu? O indivíduo "inspirado" representa um paradoxo, apenas para o dualista, não para o não-dualista, para o qual o "indivíduo" isolado do resto da existência representa uma completa miragem. Se, na verdade, não existe exterior nem interior, quando observamos o indivíduo "inspirado" estaremos observando a criatividade em ação. Esqueça o canal por onde veio essa criatividade, porque ele, de fato, não existe. 

Robert Powell, PHD.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill