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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Vazio: a chave da plenitude da vida

Embora levando exteriormente vidas de grande propósito e "negócios", a maioria das pessoas, hoje, teria de admitir, se forem totalmente honestas consigo mesmas, que estão vivendo uma existência em que a carência de sentido existe em diversos graus. Isso acontece porque a maior parte de seus esforços, embora tenham finalidade dentro de um estreito contexto, são essencialmente fragmentários e contraditórios, portanto não podem contribuir para um estilo de vida completo e saudável, como não podem levar a uma visão do mundo baseada na realidade. 

Longa sucessão de religiões orientais e de escritos filosóficos, vindos das mais antigas escrituras da Índia — os Vedas e os Upanishads — até o Zen, ensinam que há uma outra forma de funcionamento dos seres humanos, uma vida inteiramente livre de fragmentação, vida que também possui profundo sentido e grande beleza. E, nesses ensinamentos, o que é notável, existem, através da imensa variedade de expressão religiosa que representam, um discernimento e uma experiência elevadíssimos, que sempre permanecem os mesmos: a visão direta da natureza, do eu, e do mundo, visão que transforma e libera aquele que a obtém. Assim, com o advento dos Upanishaes, que foram chamados, com muita justiça, os ensinamentos mais revolucionários que vieram a ser oferecidos à humanidade, uma fagulha brilhou na consciência do homem, e a chama que dela nasceu tem sido conservada viva por um pequeno número de indivíduos, durante todos estes séculos. 

As intuições centrais desses ensinamentos, os únicos que dão verdadeira significação à vida, são a experiência e a compreensão integrais do que, em sânscrito, é designado pela palavra "Sunyata". Tal palavra é, quase sempre, embora inadequadamente, traduzida como "Vazio" — inadequadamente porque a palavra inglesa tem uma conotação pesadamente negativa, associado-se a futilidade, frustração e mesmo niilismo, quando Sunyata é, na verdade, uma experiência das mais positivas, soberanamente libertadora, que dá nova e melhorada amplitude de vida ao ser humano. Só ela é capaz de apagar o passado, com suas lembranças dolorosas, e só ela tem explicação para o problema do sofrimento. Esse Vazio infunde, pela primeira vez, sentido real a cada uma das atividades da pessoa, e assim, paradoxalmente, é a própria chave da plenitude da vida. 

Não sendo Sunyata um simples conceito, ou doutrina intelectual, já que se torna viva realidade depois que alcançada determinada profundidade de entendimento, não é possível, realmente, descrever a experiência com "qualquer" palavra (por isso é bom conservar a expressão equivalente de "Vazio"). Só é possível fazer sugestões sobre alguns dos aspectos das intuições revolucionárias, dos quais um dos mais importantes, no Vazio, é o de não haver, de forma alguma, autoridade, fórmula, princípio, que possam guiar uma pessoa na sua vida cotidiana, nem crença à qual se agarrar quando enfrenta uma frustração, conflito, ou sofrimento; não há filosofia ou doutrina na qual se possa encontrar refúgio sólido — pois tudo isso é visto como simples invenções da mente; a liberação, em relação ao sofrimento, só pode vir do interior da própria pessoa. Outro aspecto importante do Vazio está no fato de a pessoa acordar para o verdadeiro significado dos seus objetivos e motivações convencionais, e descobrir que eles têm muito pouco valor e significância. Em terceiro lugar, mas não o menos importante, a pessoa compreende que o "eu" é visto muito superficialmente, que seus atributos são baseados em aparências pouco profundas, em impressões, mas que, realmente, quando o desejamos destacar, definindo sua natureza ou identidade, ele se revela uma identidade das mais ilusórias. E quando chegamos a compreender o assunto ainda mais profundamente, vemos que não se trata, absolutamente, de uma "entidade"! Essa é, de fato, a apoteose da experiência em Vazio. 

Assim, o retorno à significação, que é sentido como aguda necessidade por muitas pessoas dadas à meditação, só é possível através da compreensão da "plenitude do Vazio", que é a nossa natureza autêntica. E tal compreensão só pode ter lugar depois que o ser humano abandonou, com facilidade, sem sofrimento, e com finalidade completa, as amarras que o prendem a uma sociedade condicionada e condicionante. 

Robert Powell (1918-2013)
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill