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segunda-feira, 28 de abril de 2014

União Mistica

No processo de autoconhecimento, união é integração, quando todos os aspectos do ser convivem em harmonia, gerando um sentimento de plenitude.

Sentir-se pleno, exige que os conflitos existentes dentro de nós sejam plenamente harmonizados.

Por exemplo, se insistimos em negar nossas reais emoções, ou em racionalizar nossos sentimentos, um desequilíbrio começa a se instalar em nós.

Ele pode, a principio, não ser percebido, e se continuarmos a ignorá-lo, certamente se expandirá, atingindo nosso corpo físico na forma de alguma doença. 

Somente uma atenção permanente que nos permita perceber, a cada momento, as verdadeiras motivações por trás de nossos comportamentos, pode levar-nos a evitar as armadilhas do ego, aquela parte de nós que insiste em manter uma falsa imagem, mesmo quando algo não vai bem.

Mas é preciso estar preparado, pois às vezes pagamos um alto preço por nos mantermos fiéis à nossa voz interior. A princípio, pode parecer mais cômodo ignorar nossa consciência e agir contra ela para garantir a simpatia do mundo.

Entretanto, quando isto se torna um hábito, podemos nos perder de tal modo, que já não saberemos mais diferenciar o nosso real desejo, daquilo que nos foi imposto como sendo o melhor.

A união mística só acontece quando nossa divisão interior desaparece e integramos os opostos existentes em nós, o masculino e o feminino, de forma harmoniosa. Isto pressupõe agir com coragem e determinação, quando necessário, mas também se manter passivo, amoroso e receptivo ao que a vida quiser nos enviar.

Permanecer em silêncio, esperando germinar as sementes que plantamos, ao invés de tentar forçar seu crescimento com atitudes ansiosas e desesperadas, pode ser um sinal de que estamos gradualmente penetrando num novo patamar de crescimento interior. Aos poucos, a verdade de nosso ser passará a predominar, até que finalmente, um dia, substitua a falsa imagem que construímos como defesa contra o mundo.

"Causa da infelicidade
Felicidade ou infelicidade não são dependentes de circunstâncias externas. Não há nem felicidade nem infelicidade nas coisas externas; seu estado de alegria ou de tristeza depende de sua reação a essas coisas externas. Na verdade, as coisas não importam; o que importa é a sua visão das coisas; tudo depende de como olhamos as coisas. Assim, em suma, a importância é do indivíduo, e não do objeto: a importância está em você e não no objeto que você possui. Daí que podemos dizer que a felicidade ou a infelicidade reside dentro de nós... Nós somos a causa de nossa miséria, porque seja de que forma estejamos, nós mesmos criamos essa condição.

Por favor, tenha esta verdade em sua mente, porque você não pode transformar a sua vida sem ela: se você se sente infeliz, saiba que alguma coisa está errada em seu ponto de vista. Uma vida miserável é resultado de uma maneira errada de olhar para as coisas; e uma vida feliz é o resultado de uma abordagem correta em relação à vida. Por favor, sempre que você se sentir miserável, tente buscar pela causa da sua infelicidade dentro de você, não do lado de fora. E então, gradualmente, você descobrirá as causas da sua infelicidade, escondidas em suas próprias reações. Então, uma nova vida começa para você".
 
Osho, Lead Kindly Light.


domingo, 30 de março de 2014

Que preparação é necessária para a experiência do Satori?

Pergunta: "Que espécie de preparação é necessária para a experiência do Satori?"

 O Satori torna-se possível para um grande número de pessoas, porque, às vezes, não necessita preparação. Às vezes acontece por acaso. A situação é criada, mas sem conhecimento. Há muitas pessoas que conhecem o satori. Podem não o ter conhecido com esse nome, podem não o ter interpretado como satori, mas o conheceram. Um grande fluxo de amor pode criá-lo. 

Mesmo através de drogas químicas, o satori é possível. É possível através da mescalina, do LSD, da maconha, porque, através de certa modificação química, a mente pode expandir-se o bastante para que haja o relance. Afinal, todos temos corpos químicos — a mente e o corpo são unidades químicas — assim, através da química, o relance também é possível. 

Às vezes, um perigo súbito pode penetrar tanto em você, que o relance se faz possível... às vezes um grande choque o leva tanto ao momento, que o relance pode ser possível. E, para aqueles que têm alguma sensibilidade estética, que têm coração poético, que têm uma atitude de "sensibilidade" para com a realidade (não uma atitude intelectual) o relance pode ser possível. 

Para uma personalidade racional, lógica, intelectual, o relance é impossível. Às vezes pode acontecer com uma pessoa intelectual, mas através de alguma intensa tensão intelectual — quando, subitamente, a tensão é relaxada. Aconteceu com Arquimedes. Ele estava em satori quando saiu de seu banho, e, nu, correu para a rua gritando: "Eureka, eu encontrei!" Foi uma liberação súbita da constante tensão em que ele estava em relação a um problema. O problema foi resolvido, assim, a tensão causada por ele foi, de súbito, e completamente afrouxada. Ele correu nu pelas ruas, gritando: "Eureka, eu encontrei!"

Para uma pessoa intelectual, se um grande problema exigiu de sua mente total que chegasse ao auge da tensão intelectual, e é subitamente resolvido, isso pode levá-lo ao momento do satori. Mas para as mentes estéticas é mais fácil. 

Pergunta: "Quer dizer que mesmo a tensão intelectual pode ser um caminho para chegar ao satori?"

Pode ser, e pode não ser. Se você se torna intelectualmente tenso durante esta discussão e a tensão não é levada ao extremo, ela será um obstáculo. Mas se você se torna totalmente tenso, e, então, de súbito, algo é compreendido, aquela compreensão será uma libertação, e o satori pode ocorrer. 

Ou, se esta discussão não for absolutamente tensa, se estivermos apenas conversando despretensiosamente — totalmente relaxados, totalmente não-sérios — mesmo que esta discussão pode ser uma experiência estética. Não são estéticas apenas as flores: mesmo as palavras podem sê-lo. Não são estéticas apenas as árvores: seres humanos também podem sê-lo. Não se trata de você estar observando as nuvens flutuantes e isso tornar possível o satori: mesmo se você está participando de um diálogo, isso se torna possível. Mas é necessária uma participação relaxada, ou uma participação muito tensa. Você pode estar relaxado para começar, ou o relaxamento pode vir porque sua tensão chegou ao auge e então liberou-se. Quando qualquer dessas coisas acontece, mesmo um diálogo, uma discussão podem tornar-se fonte de satori

Qualquer coisa pode tornar-se fonte do satori: depende de você. Nunca depende de qualquer outra coisa. Você está passando por uma rua; uma criança está rindo... e satori pode acontecer!

Há um haicai que conta uma história mais ou menos assim: um monge ia atravessando uma rua e uma flor muito comum surgia de uma parede — uma flor muito comum, uma flor cotidiana, que existe por toda a parte. Ele olhou para a flor. Era a primeira vez em que realmente olhava para ela, tão comum, tão encontradiça era essa flor! Por isso mesmo, o monge nunca se dera ao trabalho de realmente contemplá-la. Olhou para ela... e o satori aconteceu!

Nunca se contempla uma flor comum. É tão comum, que nos esquecemos dela. Assim, o monge nunca tinha, antes, olhado realmente aquela flor. Pela primeira vez em sua vida tinha visto, e o fato tornou-se fenomenal. Aquele primeiro encontro com a flor, com aquela flor tão comum, tornou-se único. Agora, ele lamentava aquilo. A flor sempre estivera esperando por ele, mas ele jamais olhara para ela. Sentiu-se penalizado, pediu perdão... e a coisa aconteceu!

A flor está ali, e o monge está ali, dançando. Alguém pergunta: "O que você está fazendo?"

Ele diz: "Vi algo incomum numa flor muito comum. A flor sempre esteve esperando. Eu nunca antes tinha olhado para ela, mas hoje o encontro se deu." Agora, a flor já não é algo comum. O monge penetrou nela, e a flor penetrou no monge. 

Uma coisa comum, mesmo um seixo, pode ser uma fonte. Para uma criança, um seixo é uma fonte, porém para nós não o é, porque se tornou demasiado familiar. Tudo quanto seja incomum, tudo quanto seja raro, tudo quanto surja aos seus olhos pela primeira vez, pode ser a fonte para o satori, e se você estiver disponível — se você estiver ali, se sua presença ali se encontra — o fenômeno pode ocorrer. 

Satori acontece para quase todos. Pode não ser interpretado como tal, você pode não ter sabido que se tratava do satori, mas ocorre. E essa ocorrência é a causa de toda a busca espiritual. De outra forma, a busca espiritual não seria possível. Como você poderia procurar algo do qual nunca tivesse sequer um relance? Primeiro algo deve vir de você, algum raio veio a você (um toque... uma brisa...) algo deve vir até você para tornar-se uma procura. 

Uma procura espiritual só é possível se algo aconteceu sem que você soubesse. Pode ter sido no amor, pode ter sido na música, pode ter sido na natureza, pode ter sido na amizade. Pode estar em qualquer relacionamento. Algo lhe aconteceu e foi a fonte de beatitude; e agora é uma recordação, apenas uma memória. Pode não ser sequer memória consciente, pode ser inconsciente, pode estar à espera, como uma semente, em algum lugar, profundamente dentro de você. Essa semente irá tornar-se a origem de uma procura, e você irá investigando sobre algo que não conhece. O que você está procurando? Não o sabe. Mas ainda assim, em algum lugar, mesmo desconhecido de você, certa experiência, certo momento de beatitude tornou-se parte e parcela de sua mente. Tornou-se uma semente, e agora essa semente está procurando seu caminho de saída, e você está em busca de algo a que não se pode dar um nome, algo que você não pode explicar. 

O que você está procurando? Se uma pessoa espiritual é sincera e honesta, não pode dizer: "Estou procurando Deus", porque não sabe se Deus existe ou não. E a palavra "deus" é absolutamente destituída de significação, a não ser que você tenha tido o conhecimento. Assim, você não pode procurar Deus ou a liberação (moksha). Não pode. 

Um investigador sincero terá de voltar-se para si mesmo. A procura não se dirige para algo exterior: volta-se para algo interior. Em algum lugar, sabe-se que algo foi entrevisto de relance, e tornou-se uma semente, e o está compelindo, empurrando-o, em direção de alguma coisa que você desconhece. 

A busca espiritual não é um arrancar do exterior, é um impelir para o interior. É sempre um empurrão. Se for um puxão, a busca é insincera, sem autenticidade. Então nada mais é do que a procura de uma nova espécie de gratificação, novo movimento dos seus desejos. 

A busca espiritual é sempre um empurrão em direção de alguma coisa que está profundamente dentro de você, e da qual você teve um relance. Você não interpretou aquilo, não o conheceu conscientemente. Pode ser a recordação da infância, de um satori que mergulhou profundamente no inconsciente. Pode ser um beatífico instante de satori, no ventre materno, uma experiência beatífica sem preocupações, sem tensão, com a mente em estado de completo relaxamento. Pode ser um sentimento profundo, inconsciente, um sentimento que você não conheceu conscientemente, e que o está impelindo. 

Os psicólogos concordam em que todo o conceito de busca espiritual vem da experiência beatífica no ventre materno. É tão beatífico, tão escuro; não há um só raio de tensão. Com o primeiro relance de luz a tensão começa a ser sentida, mas a escuridão é de relaxamento completo. Não há preocupação, não há nada a fazer. Você nem mesmo tem de respirar; sua mãe respira por você. Você existe exatamente como se interpreta que alguém existe quando alcançou a liberação (moksha). Tudo apenas é... e ser é beatitude. Nada tem de ser feito para alcançar esse estado: é assim, apenas. 

Assim, pode ser que exista uma profunda e inconsciente semente dentro de você e que experimentou total relaxamento. Pode ser que se trate de alguma experiência da infância, experiência de bem-aventurança estética, um satori infantil. Toda infância é "dada-ao-satori", mas nós o perdemos. O Paraíso foi perdido, e Adão dali foi expulso. Mas a recordação está ali, a memória desconhecida que o impele. 

Samadhi é diferente disso. Você tem de conhecer samadhi, mas, através de satori há a promessa de que algo maior é possível. Satori se torna uma promessa que te leva em direção ao samadhi.

O S H O 

Satori: o bom é o inimigo do Melhor

Pergunta: Qual é a diferença na experiência entre satori (em Zen, um relance da iluminação) e samadhi (consciência cósmica)? 

Samadhi começa com um intervalo, mas nunca termina. Um intervalo sempre começa e termina — tem limites: um início e um fim, mas samadhi começa com um intervalo e assim se eterniza. Não há fim para ela. Portanto se a ocorrência vem como um intervalo, e não há fim nela, trata-se de samadhi, mas se é um intervalo completo — com um início e um fim — então é satori, e isso é diferente. 

Se é apenas um relance, apenas um intervalo, e o intervalo é de novo percebido — se algo está enquadrado e o enquadramento é completo (você dá uma olhada furtiva e volta; você salta para aquilo e volta), se algo acontece e de novo é perdido — trata-se de um satori. É um relance de samadhi, mas não é o samadhi. Samadhi significa o início do conhecimento, sem fim algum. 

Na Índia não temos palavra que corresponda a satori, assim, às vezes, quando o intervalo é grande, podemos confundir satori com samadhi. Mas uma coisa nunca é a outra. Trata-se de um relance, apenas. Você veio ao cósmico, olhou para ele, e então tudo tornou a desaparecer. Você não será o mesmo, naturalmente; agora, nunca mais será o mesmo. Algo penetrou em você, algo lhe foi acrescentado, você não pode ser novamente o mesmo, mas, ainda assim, o que lhe modificou não está em você. É apenas uma recordação, uma memória. É apenas um relance. 

Se você pode recordar isso — se pode dizer "Conheci o momento" — ele foi apenas um relance, porque, do momento em que o samadhi acontece, você não estará ali para recordar. Então, você nunca poderá dizer: "Eu o conheci", porque, com o conhecimento, o conhecedor se perde. Só com o relance o conhecedor permanece. 

Assim, o conhecedor pode conservar aquele relance como memória — pode adorá-lo, ansiar por ele, desejá-lo tentar novamente senti-lo — mas ele ainda ali está. Quem teve um relance, quem olhou, ali está. Aquilo fez-se uma lembrança. E agora aquela lembrança irá segui-lo de perto, irá assediá-lo, e pedirá o fenômeno, uma e muitas vezes. 

Do momento em que o samadhi acontece, você ali não está para recordá-lo. Samadhi jamais se torna uma parte da memória, porque o que era já não é. Como dizem no Zen: "O homem antigo já não existe, e o novo chegou..." Esses dois jamais se encontraram, portanto não há possibilidade de que exista qualquer  lembrança. O antigo se foi e o novo chegou, e não houve encontro entre os dois, porque o novo só pode vir quando o antigo se foi. Então, não há lembrança. Não há assédio nem anseio com relação a isso. Não há desejo dirigido a isso. Então, tal como você é, está à vontade e nada há a desejar. 

Não se trata de você ter matado o desejo — não! É a indesejabilidade, no sentido de que aquele que podia desejar já não está ali. Então, não há anseio, não há futuro, porque o futuro é criado através de nossos anseios, é uma projeção dos nossos desejos. 

Se não há desejo, não há futuro. E, se não há futuro, não há necessidade do passado, porque o passado é sempre o cenário de fundo contra o qual, ou através do qual, o futuro é desejado. 

Se não há futuro, se você sabe que neste  mesmo momento vai morrer, não há necessidade de recordar o passado. Então, não há necessidade nem mesmo de recordar seu nome, porque o nome só tem significação se houver um futuro. Pode ser necessário. Mas, se não há futuro, você apenas queima, todas as pontes que o ligam ao passado. Você não precisa delas. O passado fez-se inteiramente sem importância. É só contra o futuro, ou para o futuro que o passado tem importância. 

Do momento em que aconteceu o samadhi, o futuro torna-se não existencial. Não existe, só o presente existe. É o único tempo. Não há nem mesmo o passado.  O passado desapareceu e o futuro também, e uma só e momentânea existência se torna a existência total. Você está nela, mas não como uma entidade que é diferente dela. Você não pode ser diferente porque você só se torna diferente da existência total devido ao seu passado e ao seu futuro. O passado e o futuro, cristalizados ao seu redor, formam a única barreira entre você e o presente momento que está acontecendo. Assim, quando ocorre o samadhi, não há passado nem futuro. Então, é que você esteja no presente, mas você é o presente, você se tornou o presente. 

Samadhi não é um relance, samadhi é uma morte; satori, porém, é um relance, não uma morte. E satori é possível através de muitas formas! Uma experiência estética pode ser uma possível fonte para o satori; a música pode ser uma possível fonte para o satori, o amor pode ser uma possível fonte para o satori. Em qualquer momento intenso, no qual o passado se torna  sem importância — em qualquer momento intenso que você esteja vivendo no presente (um momento de amor, ou de música, ou de sentimento poético, ou qualquer outro fenômeno estético, no qual o passado não interfira e no qual não haja o desejo do futuro) —, o satori torna-se possível. Mas é apenas um relance. 

O relance é importante, porque através do satori, você pode sentir pela primeira vez o que o samadhi pode significar. O primeiro sabor, ou o primeiro perfume que distingue o samadhi, vem através do satori. Por isso, o satori auxilia. Mas tudo quanto auxilia pode ser um obstáculo se você se agarra a ele, e se você sentir que ele é tudo. O satori tem uma beatitude que pode lhe enganar, tem uma beatitude que lhe é própria. 

Por você não ter conhecido o samadhi, para você, o satori é o definitivo, e você se agarra a ele. Mas se você se agarra a ele, pode transformar o que era útil, o que era amistoso, em algo que se faz uma barreira, um inimigo. Portanto, você deve estar alerta para o possível perigo do satori. Se assim o fizer, então a experiência do satori será útil. 

Um só e momentâneo relance é algo que nunca poderá ser obtido por outros meios. Ninguém pode explicá-lo. Não há palavras, não há comunicação, que possa ao menos dar uma sugestão disso. O satori é importante, mas é apenas um relance, uma ruptura, como uma única e momentânea ruptura na existência, no abismo. 

Você nem sequer tomou conhecimento do instante, nem mesmo se fez alerta para ele, e já está fechado para você. Apenas um clique na máquina fotográfica — um clique — e tudo é perdido. Então uma obsessão é criada: você arriscará tudo por aquele momento. Mas não anseie por ele, não o deseje. Deixe que ele adormeça em sua memória. Não faça dele um problema: esqueça-o, apenas. Se você puder esquecê-lo, se puder não se agarrar a ele, esses momentos voltarão a você, mais e mais; os relances virão a você, mais e mais. 

A mente solicitadora torna-se fechada, o relance está encerrado. Ele sempre vem quando você não está alerta para ele, quando você não o está esperando — quando está relaxado, quando nem mesmo está pensando nisso, quando nem mesmo está meditando. Mesmo quando você está meditando, o relance se torna impossível, mas quando não está meditando, quando está num momento de abandono — nem mesmo fazendo alguma coisa, nem mesmo esperando por alguma coisa — nesse momento de relaxamento, o satori acontece.

Começará acontecer mais e mais, mas não pense nele, não anseie por ele. E nunca o tome, erradamente, por samadhi.

O S H O 

quarta-feira, 26 de março de 2014

O Fracasso como portal de acesso à Realização

Os homens destinados à Realização afastam-se de qualquer tipo de compensação em algum momento de suas vidas consagrando-se UNICAMENTE àquele objetivo. Seu pensamento parece não se desviar para nada além daquilo. Em paralelo ao DESINTERESSE comum, esses homens seguiram caminhos muito diferentes. No entanto, todos eles têm ALGO EM COMUM: o FRACASSO, ou sucessivos fracassos se decidiram percorrer diversos caminhos. Esta é a VIA DESCENDENTE dos fracassos repetidos até o fracasso final. Desejo citar sobre o tema uma notável intuição de Dag Hammarsjöld: "Levado pelo labirinto da vida, chego a um momento e a um lugar onde compreendo que o caminho conduz a um trunfo que é uma catástrofe, e uma catástrofe que é um trunfo... e que a única elevação possível para o ser humano está nas profundezas da humilhação". 

A morte do ego e o renascimento são simultâneos; quanto aos momentos imediatamente anteriores à "morte", são iguais para todos os homens. O estado interior nestes instantes está composto de uma humilhação completa e aceita, isto é, da visão de si como nada, como não sendo nada. O pensamento, desvalorizado, se detém. A afetividade também se dilui, porque o homem experimenta ao mesmo tempo sentimentos de igual intensidade: de um lado, o desespero nas suas próprias possibilidades, de outro, uma total confiança n'Ele a favor da abdicação do Eu. Nesse momento, finalmente, o homem deixa de FAZER algo por sua Realização, desejando-a COM TODO O SEU SER. 

Citemos uma frase do zen: " O SATORI cai sobre nós de maneira imprevista, após esgotarmos todas as forças do nosso SER"...

O instante em que se esgotam todas as forças do nosso ser é o instante da Realização. Eis uma descrição do mesmo Ch'an: "O leve contato de um fio de baixa tensão origina uma explosão que afeta até as estruturas da Terra; tudo o que jazia no espírito explode como uma erupção vulcânica ou brilha como um relâmpago". 

... A duração da evolução interior que vai do primeiro desejo da Realização aos últimos instantes dessa morte-para-renascer é muito variável. Embora tenha sido de apenas dois anos para Ramana Maharshi, também pode durar dezenas de anos. Será que Buda estava pensando nisso quando, ao ser interrogado sobre a maior virtude humana, respondeu que era a PACIÊNCIA?

Hubert Benoit - A Realização Interior

quarta-feira, 12 de março de 2014

A experiência zero

Vocês não podem conceber o que acontece a uma pessoa quando se torna um Buda, num país, num mundo, que está completamente louco. Ela não está mais louca, mas tem que seguir as suas leis ou vocês a matam. Tem que fazer concessões. É claro que ela não espera que vocês lhe façam concessões. Vocês não estão num estado de poder pensar. Mas essa pessoa pode. Somente o superior pode fazer concessões ao inferior; só o maior pode fazer concessões ao menor; só o sábio pode fazer concessões à pessoas estúpidas.[...]

Você está aqui comigo. Está diante de algo original. Quando você falar sobre isso a outra pessoa, não será o original. Ouviu algo de mim e transmitiu isso a alguém, mas muito do que eu disse se perdeu. Então essa pessoa vai para uma outra e transmite a mensagem. De novo muito se perde. Dentro de poucos anos, depois de algumas transferências, a verdade está completamente distorcida, e restarão apenas mentiras.[...]

Todo o meu propósito aqui é empurrá-lo para a morte, empurrá-lo para o abismo do desconhecido, empurrá-lo para a EXPERIÊNCIA ZERO. Na Índia, chamamos isso Samadhi. É uma experiência zero — onde de um certo modo você existe e de certo modo não existe; onde você está vazio de todo conteúdo, permanecendo só o continente; onde tudo o que estava escrito no livro desapareceu, ficando apenas o livro vazio. Esta é a Bíblia real, o Veda real. Quando toda a escrita desapareceu e o livro ficou absolutamente vazio; quando todo o conteúdo, todos os pensamentos, a mente, as emoções, os desejos desapareceram e há apenas consciência pura, vazia de conteúdo. É isso que chamo de abismo. Você diz: você é meu pico, meu Everest... Sim, é verdade, mas o pico só virá mais tarde. Antes vem o abismo. Também sou o seu abismo.[...]

O ego funciona de uma maneira muito tradicional. Para ser revolucionário, é preciso que se vá além do ego. E não se pode fazer isso de uma vez por todas, é preciso fazê-lo a cada momento, pois o ego vai se fechando, vai se enfurnando em você. Cada momento que você passa, seja o que for que tenha vivido, o que tenha experimentado, torna-se o seu ego. Você tem que descartá-lo. A renúncia não é de uma vez por todas. Você tem que renunciar a cada momento, tudo que se acumula tem que ser renunciado. Só então a renúncia torna-se uma revolução. Você tem que renunciar não só as coisas banais do mundo, tem que renunciar às ideologias banais também — ao judaísmo, ao Cristianismo, ao Hinduísmo, ao Maometanismo. Tem que renunciar aos pensamentos para que possa permanecer um reflexo puro. Então a sua consciência pode permanecer imperturbada, descolorida de qualquer pensamento; você pode ver as coisas diretamente e a sua consciência não é perturbada nem distorcida por nenhum preconceito.[...]

A verdade não pode permanecer por muito tempo na terra; ela vem e desaparece. Se você estiver disponível ela o atingirá e depois desaparecerá. Você não pode prendê-la à terra. A terra é tão falsa e as pessoas tão absortas em suas mentiras que a verdade não pode ficar aqui por muito tempo. Sempre que um Buda caminha sobre a terra, a verdade caminha por alguns momentos. Quando um Buda se vai, a verdade desaparece. Restam apenas pegadas e você segue adorando as pegadas. As pegadas não são o Buda e as palavras pronunciadas por ele acabam sendo meras palavras. Quando você as repete elas são meras palavras, não significam nada. O significado vinha de Buda que estava por trás delas. Você pode repetir exatamente a mesma cosia, mas as palavras não serão as mesmas, pois as palavras por trás das palavras não serão as mesmas.
O S H O 

quinta-feira, 6 de março de 2014

O "outro estado" além da monotonia da vida

Penso que a maioria de nós acha a vida muito insípida. Para ganharmos sustento, precisamos exercer uma certa profissão, e esta se torna muito monótona; começa-se uma rotina, que temos de seguir, ano por ano, até morrer. Ricos ou pobres, e ainda que sejamos muito eruditos ou dotados de espírito filosófico, nossas vidas são em geral superficiais, vazias. Há evidentemente uma insuficiência em nós mesmos, e ao nos tornarmos cônscios desse vazio procuramos preenchê-lo com conhecimentos, com alguma espécie de atividade social, ou nos refugiamos em divertimentos de toda ordem, ou apegamo-nos a alguma crença religiosa. Ainda que tenhamos uma certa capacidade e sejamos muito eficientes, nossas vidas são, ainda assim, insípidas e, para nos livrarmos dessa insipidez, dessa cansativa monotonia da vida, buscamos uma certa forma de enriquecimento religioso, tentamos conquistar "aquele estado de ser" extra-mundano que não é uma rotina e que, por enquanto, pode ser chamado "o outro estado". Em nossa busca desse "outro estado", encontramos muitos sistemas diferentes, diferentes caminhos que se supõe conduzirem a ele; e, assim, pelo disciplinamento de nós mesmos, pela prática de determinado sistema de meditação, pela observância de certo ritual ou a repetição de certas frases, esperamos alcançar aquele estado. Sendo a nossa vida um ciclo interminável de dores e prazeres, de variadas experiências sem muita significação ou mera repetição, sem sentido algum, de uma mesma experiência — o viver constitui para a maioria de nós uma monótona rotina. Por esta razão, o problema de nosso enriquecimento interior, da conquista do "outro estado" — chame-o Deus, Verdade, bem-aventurança ou como você quiser — se torna muito urgente, não é verdade? Você pode estar bem de vida, bem casado, ter filhos, você pode pensar inteligente e equilibradamente, entretanto, sem aquele estado, a vida se torna horrivelmente vazia. 

Que se deve fazer? Como conquistar aquele estado? Ou é completamente impossível conquistá-lo? A nossa mente, como hoje está constituída, é sem dúvida muito insignificante, limitada, condicionada; e embora uma mente limitada possa especular a respeito do "outro estado", suas conjecturas serão sempre limitadas. Ela poderá formular um estado ideal, conceber e descrever aquele outro estado, mas as suas concepções permanecem dentro de suas estreitas limitações, e penso que aí é que se encontra o fio da meada: no perceber que a mente não pode, em circunstância alguma, experimentar, viver aquele outro estado, se se limita a formulá-lo ou a especular a seu respeito. Não há dúvida de que esta é uma descoberta extraordinária: o perceber que, sendo a mente limitada, pequena, estreita, superficial, todo movimento que faça para alcançar aquele estado extraordinário, constitui um empecilho. O descobrimento deste fato, não especulativamente porém REALMENTE, é o começo de uma maneira nova de considerar o problema.

Nossas mentes, em verdade, são produto do tempo, de muitos milhares de dias passados, resultado da experiência baseada no "conhecido". A mente de cada um de nós é resultado da cultura, educação, e por mais extenso que seja o seu saber ou preparo técnico, ela é sempre produto do tempo; por conseguinte, é limitada, condicionada. Com esta mente, queremos descobrir o incognoscível; e compreender que essa mente nunca poderá descobrir o incognoscível, constitui uma experiência verdadeiramente extraordinária. Descobrir que a mente de um indivíduo, por mais sagaz, por mais sutil, por mais ilustrada que seja, não pode de modo algum compreender aquele estado — esse descobrimento traz consigo uma certa compreensão "fatual" e acho que este é o começo de uma perspectiva da vida que poderá abrir a porta que conduz  àquele outro estado. 

Expressando o problema de maneira diferente: a mente está sempre e sempre ativa, "tagarelando", planeando, e é capaz de extraordinárias sutilezas e invenções. E de que maneira pode esta mente tornar-se quieta? Vê-se que toda atividade da mente, todo movimento que faça, em qualquer direção, é reação do passado. Como aquietar esta mente? Se a aquietamos por meio da disciplina, sua quietude é um estado em que não há investigação, busca, não é exato? Em tais condições, ela não está aberta para o "desconhecido", o "outro estado".

[...] Disciplina implica, invariavelmente, repressão e o conflito da dualidade — e isso está na esfera da mente — e por esse caminho prosseguimos, esperando captar o "outro estado". Mas nunca indagamos inteligentes e sãmente se nossa mente é capaz de captá-lo. Sugeriu-se-nos que a mente deve estar tranquila, mas a tranquilidade foi sempre cultivada por meio da disciplina. Isto é, temos o ideal de uma mente tranquila, e buscamos realizar este ideal por meio do controle, luta, esforço.

Ora bem, se você considera atentamente esse processo, em sua inteireza, verá que está todo no terreno do conhecido. Cônscia da monotonia da existência, cansada de suas repetidas experiências, empenha-se a mente em conquistar aquele "outro estado". Mas, quando se percebe que a mente é o "conhecido" e que este movimento que faz não a leva ao outro estado, que é "o desconhecido", o nosso problema se resume então, não em como conquistar o desconhecido, mas descobrir se a mente pode libertar-se do "conhecido". Penso que este problema deve ser considerado por todo aquele que deseje descobrir se existe alguma possibilidade de "realizar o outro estado", o desconhecido. Assim sendo, como pode a mente, que é resultado do passado, do conhecido, libertar-se do conhecido? Espero que esteja me fazendo claro.

Como disse, a mente atual — tanto consciente como inconsciente — é produto do passado, resultado acumulado de influências raciais, climáticas, dietéticas, e outras. A mente, portanto, está condicionada, condicionada como cristão, hinduísta, budista, comunista, e é bem óbvio que ela projeta aquilo que considera ser o real. Mas, quer a sua "projeção" seja a do comunista, que julga prever o futuro e quer forçar toda a humanidade a adaptar-se ao padrão de sua Utopia, quer seja a "projeção" do chamado homem religioso, que também julga conhecer o futuro e educa a criança, a pessoa de acordo com o seu ponto de cista particular — nem uma nem outra dessas projeções é o Real. Sem o Real, a vida se torna muito insípida, como é atualmente para a maioria das pessoas. E sendo insípidas as nossas vidas, começamos a tornar-nos românticos e sentimentais, a respeito do outro estado, do Real.

[...] Tudo o que fazemos se baseia em luta, em ambição, sucesso, consecução de objetivos; e por esta razão, pensamos que a "realização" de Deus, ou da Verdade, só se torna possível mediante esforço. Mas esforço denota atividade egocêntrica para alcançar um fim. Não significa abandono do "eu". 

Agora, se você está cônscio de todo esse processo da mente — tanto consciente como inconsciente — se o percebe e compreende realmente, verá a mente tornar-se sobremaneira tranquila, sem esforço algum. A tranquilidade conseguida à força de disciplina, controle, repressão, é a tranquilidade da morte. A tranquilidade a que me refiro se manifesta SEM ESFORÇO ALGUM assim que compreendemos todo esse processo da mente Só então existe a possibilidade de manifestar-se aquele outro estado, que se pode chamar a Verdade, ou Deus.

Krishnamurti — Da solidão à plenitude humana


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A vida só tem sentido quando isso acontece

O diamante está dentro, e nós estamos fora. Ele é parte de nosso ser, mas nós o procuramos em todo lugar, exceto lá; daí a amargura, a frustração, o desespero.

Olhe para dentro de você, para seu interior, e o reino de Deus é seu. Nunca o perdemos, nem sequer por um momento. Na verdade, mesmo que quiséssemos perdê-lo, não poderíamos - ele é nosso próprio ser.

Mas nos tornamos mendigos por decisão própria, por causa de nossa estupidez. Esquecemos como se lê a língua da escritura interior e procuramos nos Vedas, no Alcorão e na Bíblia...

Seremos grandes eruditos, mas não ricos. Ficaremos sempre pobres. A riqueza só vem por um caminho, o interior, porque é lá que se encontra a mina, o tesouro, o inexaurível tesouro.

Volte-se para dentro, harmonize-se, e a alegria será grande - infindável! A vida só tem sentido quando isso acontece, não antes. A vida só é vida assim, nunca antes.

Osho, em "Meditações Para o Dia"

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Breve relato do despertar do processo de retomada da Consciência

D.D.: Estou sem microfone aqui e meu computador está péssimo, travando toda hora mas, eu queria escrever um pouco... Posso?
out: sim
D.D.: Então, com licença a todos. Boa noite.
out: bn
D.D.: Eu quero dizer antes de mais nada que este grupo vem sendo muito importante pra mim. Na verdade eu escuto mais o canal no Youtube do que este canal.
D.D.: Conheci vocês através do Youtube, pesquisando sobre o K
D.D.: O Krishnamurti eu descobri através de um professor de arquitetura, onde a gente fazia com ele uma entrevista sobre escolas, meios de ensinos...
D.D.: Perguntei à ele qual seria, na opinião dele a escola ideal... e ele respondeu que era a escola de Krishnamurti
D.D.: O tempo passou, e um dia eu estava a assistir um documentário onde aparecia o K falando aquele frase " famosa" dele: Não é nenhum pouco saudável ser normal numa sociedade doente
D.D.: Isso me tocou logo, e me vi buscando coisas sobre esse cara em todos os lugares, tanto em livros como em vídeos
D.D.: E foi ai que conheci a confraria!
D.D.: Eu falo uma coisa pra vocês.
D.D.: Eu entro na internet muito pouco, uso para coisas do trabalho como e-mail e Facebook (egobook)
D.D.: ...além disso vejo, ouço e acompanho a página de vocês no Youtube e aqui.
D.D.: Minha vida mudou depois que conheci o K
D.D.: e a coisa mais importante pra mim, a maior descoberta da minha vida ( hoje estou com 37 anos), foi saber que eu não sou a minha mente.
D.D.: Que tenho muitos condicionamentos e que, por conta deles penso do jeito que penso.
D.D.: Tive um insite (visão de dentro).
D.D.: Eu estava encostado no pilar daqui de casa, próximo à uma árvore e, fui deletando os meus pensamentos... Toda palavra que vinha na minha mente eu retirava o significado dela na mesma hora.
D.D.: Quando de repente, tudo me apareceu tão claro, tão nítido
D.D.: Senti que eu era tudo
D.D.: eu era a árvore que estava perto de mim
D.D.: eu era o meu cachorro
D.D.: eu era o céu azul com todas as estrelas que eu não via
D.D.: eu era tudo que estava em meu entorno, até mesmo as coisas que eu não enxergava naquele momento
D.D.: A sensação que eu tive foi de que, a vida, ou melhor escrevendo, na vida não há absolutamente nenhum problema. Nenhum!
D.D.: Se eu saísse na rua e um carro me atropelasse, isso não seria um problema.
D.D.: Se eu perdesse o meu pai, ou minha mãe em morte, isso também não seria um problema
D.D.: Se eu perdesse tudo o que tenho, trabalho, família, bens qualquer, não seriam problemas
D.D.: Esse raciocínio me veio depois.
D.D.: Na hora tive somente uma leveza, uma luz tamanha e, que durou no máximo 1 segundo
D.D.: 1 segundo!
D.D.: Ou seja, em 37 anos de vida eu ti segundo de realidade!
D.D.: Conversando com um amigo ( hoje só tenho um amigo, pois, os outros, que eram muitos, eu não consigo mais me identificar, e, portanto, não frequento mais os mesmos ambientes que eles), contei o que tinha acontecido comigo.
D.D.: E disse à ele como era triste saber que, talvez aquilo jamais iria se repetir na minha vida
D.D.: Ele me disse que pelo menos eu havia visto, enxergado. Que aquilo era como se fosse uma pessoa que vivera toda uma vida trancafiada num quarto sem janelas e portas, um quarto escuro... e que de repente descobrisse um buraquinho, um vão do tamanho de um alfinete, e que avistasse o mundo exterior
D.D.: Bom, já está travando aqui, o meu computador está muito ruim e, eu gostaria de falar muito mais coisas à vocês, coisas que estão acontecendo comigo depois que conheci o K e toda essa verdade que vocês dizem e procuram saber.
D.D.: E são tantas coisas..., mas enfim. Agradeço de coração à todos vocês, está sala é muito importante pra mim, é a única coisa que tenho real satisfação em estar... boa noite. Vou providenciar um mic. Abraço à todos. Voadora krishnamurtiana, como diz o Out!

Confrade Du Duarte - Reunião Paltak

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Minha nova concepção da Vida

Mouni Sadhu
Uma das tarefas mais difíceis com que me deparei durante minha estada no ashram de Ramana Maharishi, foi a necessidade de encontrar a definição clara da nova concepção de vida como tal. Parece-me que há em mim um ponto central ao redor do qual tudo gravita em minha consciência, o meu "EU". Esta concepção deve ser definitiva e absoluta, pois nenhuma outra será aceitável pelo meu "Eu".

Entre as centenas de definições que encontrei, nenhuma delas pareceu-me dar uma síntese perfeita. As definições condicionadas devem ser abandonadas como falsas. As que são demasiadamente abstratas, uma terminologia impossível de ser posta em prática, parecem-me simples acrobacias mentais, boas para os professores aposentados de filosofia teórica, mas não para um homem que se esforça pela realização espiritual. Mas sei que deve existir uma definição que harmonize com as profundezas de meu ser e que não provoque nem dúvida nem ceticismo, pois estará de acordo com minha própria experiência interna. 

Todos os que realizaram a verdade na vida falam dela com maior entusiasmo, COMO SENDO A ÚNICA META, para cujo alcance tudo o mais deveria ser sacrificado, UMA VEZ QUE É PURA ILUSÃO. No entanto, todas as suas palavras não aprecem ser outra coisa senão belas e encantadoras melodias produzidas por um instrumento desconhecido. Em minha busca tive de abandonar tudo o que é limitado, condicionado por nome e forma. Aquilo que sobra, sem forma nem véu, isso deve ser necessariamente a própria vida. 

O processo da investigação — principalmente através da meditação — demonstrou-me que quanto mais eu abandono a ideia de ser realista o que é visível, mais próximo me sinto da minha meta. Quais são, na prática, os estágios desse processo? Naturalmente é impossível descrevê-los em detalhes, mas as linhas gerais são muito simples. Começando a meditar em completa paz e serenidade sobre a relação que os objetos externos têm com o Eu, muitas vezes me parece que atinjo a verdade: eles não significam nada para o "Eu". Nesse momento desponta uma espécie de visão da possibilidade de uma EXISTÊNCIA independente de quaisquer condições. Essa "visão" — a palavra não é exata nem muito própria — dura mais ou menos tempo, dependendo do grau de concentração alcançada, mas seu resultado permanece como a memória de uma coisa duradoura e certa, sem qualquer sombra de dúvida. Ela encontra expressão no pensamento: "Unicamente a CONSCIÊNCIA é VIDA". A Consciência desapegada, independente de tudo, a simples afirmação "EU SOU". 

Mas esse "EU" não é o pequeno eu contido na transitória forma corpórea com seus sentidos, que é, na verdade, a antítese do EU REAL. Esse "EU"-Consciência está mais próximo do termo usado, muitas vezes, na literatura filosófica moderna, a "Consciência Cósmica" ou "Eu Cósmico". Essa Consciência é também FELICIDADE ABSOLUTA. 

Mouni Sadhu - Dias de Grande Paz


Como entrar no estado de meditação Supra-mental?

Mouni Sadhu
"A mente tem sua função na evolução do homem, mas essa função é limitada e pode guiar somente até certo nível. Além desse ponto começa outro novo".
— Ramana Maharshi


* * *
Analisando o processo em mim mesmo, acho que primeiro devem ser sustados todos os pensamentos. A Auto-inquirição  amadurece a mente para que o interesse no processo do pensamento desapareça, a fim de que a tranquilidade da mente, tão difícil até então, se torne fácil. 

Segundo, quando a mente está tranquila, surge forte insistência para a unidade com o TODO. Mas o que é esse TODO ainda não pode ser concebido e sinto que nunca pude obtê-lo sozinho. A melhor comparação é "fundir-se e dissolver-se NAQUILO que unicamente É". Diferente é deixar o corpo ou o ego, pois não há movimento. Permanecemos onde estamos, mas não somos o que éramos antes. 

Tudo o que poderia ser visto ou sentido antes, está separado de mim agora. Nada mais pode ser dito. 

Terceiro, o estado de unidade com o TODO traz inabalável certeza de que somente esse estado é o real e permanente; e que é esse o último refúgio que sempre buscamos, e o qual jamais perderemos. Nada há mais além disso, pois — ISSO É TUDO. 

A concepção de como a "morte" é destruída não significa que estamos nesse estado de pensamento de uma "vida depois da morte". O único fato que sabemos é que essa vida continuará para sempre. 

Nesse estado de Ser não há a falta distinção do tempo como passado, presente e futuro. 

É possível força a linguagem para transmitir à mente algo daquilo que trazemos de tal meditação, mas é provável que isto SEJA INÚTIL OU MAL COMPREENDIDO. E não há certeza de que outros cheguem a essa meditação silenciosa do mesmo modo que nós. Assim, qualquer descrição pode ser apenas uma sugestão e pode até não ser o caminho apropriado para outrem. 

Há uma experiência misteriosa que prova o poder de Auto-inquirição. Ramana Maharshi insistia que não devemos usar a Auto-inquirição como se fosse um mantra, isto é, como palavras apenas, mas que cada pergunta esteja PENETRADA do desejo de conhecer "Quem sou eu?". Pelo uso da Auto-inquirição dessa forma, após tranquilizar a mente, a resposta vem por si mesma, sem palavras, nem pensamentos — TU SABES QUEM ÉS. E o que se segue é INEXPRIMÍVEL. 

Esse é o grande serviço que Ramana Maharshi prestou à Humanidade — ter forjado este infalível instrumento de alcance — a inspiradora Auto-inquirição

Mouni Sadhu - Dias de Grande Paz


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Breve relato de retomada da Consciência Integrativa Amorosa

A história de meu coração começa há dezessete anos atrás. Tinha apenas dezoito anos quando um sentido muito íntimo e esotérico começou a surgir em mim através de todo o universo visível e aspirações indefiníveis se apossaram de minha alma. 

Em última instancia, senti-me só com o sol e a terra. Deitado sobre a relva, falei com a alma à terra, ao sol, ao ar, e ao mar distante, longe de meus olhos. Pensei sobre a firmeza da terra, e senti que era envolvido por ela; através da capa de relva, apossou-se de mim uma influência que me fazia sentir como se a terra falasse comigo. Pensei no ar e em sua pureza, que constitui a sua grande beleza. O ar tocou-me e legou-me algo de si mesmo. Orei por todas essas coisas; senti na alma uma emoção que ultrapassa a capacidade de ser definida. 

Pensei em minha existência mais íntima, naquela consciência que se chama alma. Estas, ou seja, eu mesmo, pus na balança para pesar a oração celestial. Aí tirei a força de meu corpo, de minha mente, de minha alma. A oração, essa emoção da alma, existia em si mesma, não em qualquer objeto. Era uma paixão. Escondi meu rosto na relva, senti-me completamente prostrado, perdi-me na luta, fui arrebatado e levado para longe. 

Se algum pastor me tivesse por acaso visto deitado na relva, teria pensado que eu descansava por alguns instantes. Não demonstrei, exteriormente, o que sucedia em meu interior. Poderia ele imaginar que dentro de mim se agitava um verdadeiro vendaval, enquanto aí estava reclinado? Senti-me exausto, quando afinal retornei a casa. 

Tendo bebido abundantemente do céu que tinha sobre mim e sentido a mais gloriosa beleza do dia, e relembrando o mar, imensamente velho, que, como me parecia, estava em alguma parte muito distante, perdi-me então e senti-me absorvido no ser ou existência do universo. Senti a profundeza do que existe debaixo da terra e acima do céu, mais longe ainda do que o sol e as estrelas. Ainda mais longe, além das estrelas, no imenso espaço, e então a separação do meu ser pareceu-me parte do todo. 

Orei com todo esse tempo e poder que posso reunir em minha alma, em sua parte intelectual, a ideia, o pensamento. Agora, esse momento me dá o pensamento por inteiro, a ideia total, a alma completa expressa no Cosmo que me rodeia. Dá-me a noção ilimitada da vida, tal como do mar e do sol, da terra e do ar. Brinda-me com a compreensão da vida física, da mente, iguale além de sua complexidade. Faz-me perceber que a alma é maior e mais perfeita que todas as coisas. Atende ao meu desejo inexprimível que me ata como um nó, que existe em mim como a força do mar. Percebo uma alma-vida ilimitada. Percebo a existência de um pensamento do Cosmo. Creio na forma humana. Deixe-me encontrar alguma coisa, algum método pelo qual essa forma possa alcançar a beleza máxima. Sua beleza assemelha-se à de uma flecha, que pode ser lançada a distância, de acordo com a força do arco. Assim, a ideia que surge na mente humana pode expandir-se indefinidamente e elevar-se à beleza. Quanto à mente, à consciência mais íntima, a alma, minha oração desejou que eu pudesse descobrir um sistema de vida para ela, de tal forma que não apenas pudesse conceber essa vida, mas efetivamente dela desfrutar na terra. Desejei descobrir um conjunto de ideias novo e mais elevado, sobre o qual a mente pudesse trabalhar. O que mais se aproxima desse significado seria um novo livro da alma, um livro esboçado a partir do presente e do futuro, sem contemplar o passado. Em lugar de ideias baseadas na tradição, deixe-me dar à mente um novo pensamento saído do presente, do momento atual. 

Reconhecendo minha própria consciência mais íntima, a psique, tão claramente, não me pareceu que a morte afetasse a personalidade. Não havia, na dissolução, um carisma de separação. O espírito não se fazia imediatamente inacessível, distanciado de forma incomensurável. 

Para mim, tudo é sobrenatural. Não é possível submeter o espírito às leis da matéria. 

Quando penso que percebi esse momento do eterno Agora, que sempre foi e será, que estou em meio às coisas imortais nesse momento, que provavelmente há almas infinitamente superiores à minha, assim como a minha é infinitamente superior a um pedaço de madeira, o que será, então, um milagre? 

Sinto-me à beira de uma vida desconhecida, que se encontra muito perto, que quase posso tocar, no limiar de poderes que, se eu pudesse alcançar, me dariam um imenso alento de existência. Algumas vezes sinto-me invadido por um êxtase de alegria pelo universo inteiro. Desejo maiores noções sobre a alma-vida. Estou certo de que ainda há mais para ser descoberto. Uma grande vida, uma civilização inteira está às portas do pensamento comum. 

Há uma Entidade, uma Alma-Entidade, embora ainda não possa ser reconhecida. 

O homem possui uma alma, embora me pareça que ela permanece em expectativa, pela qual ele ainda pode descobrir coisas que agora lhe parecem sobrenaturais.

Creio, de todo o coração, no corpo e na carne, e creio que eles deveriam ser estimulados e tornados mais belos por todos os meios; creio que os órgãos do corpo podem fazer-me mais fortes em sua ação, perfeitos e duradouros. Creio que a carne exterior pode ser ainda mais bela, que os contornos podem ser mais delicados, que os movimentos podem ser mais graciosos. Creio que todo tipo de ascetismo é vil, é uma blasfêmia contra a raça humana como um todo. 

Como exprimir, adequadamente, minha certeza de que todas as coisas sucedem para o melhor, para um fim mais sábio e benéfico e que estão ordenadas por uma inteligência humana? É um crime contra a raça humana. 

Nada evolui. Não há evolução, assim como não há intenções na natureza. Por haver estado face a face com a natureza, e não com livros, convenci-me de que não há nem intenções, nem evolução. O que é, qual é, qual foi a causa, como e por que, ainda não o sabemos. Mas, certamente, não são aquelas as respostas. Nada há de humano em qualquer das vidas animais. A natureza toda, o universo, até onde posso ver, é ante ou ultra-humano. Nada tem a ver com o homem. Nada havendo de humano na natureza do universo, e sendo todas as coisas ultra-humanas, e sem qualquer intenção ou propósito, concluo que nenhuma deidade tem algo que ver com a natureza. Em seguida, nos assuntos humanos, nas relações do homem com o homem, no comportamento diante da vida, nos acontecimentos que ocorrem nos assuntos humanos em geral, tudo acontece por acaso. E como todas as coisas, nos assuntos humanos, acontecem por acaso, nenhuma deidade pode ser responsabilizada. 

Um impulso irresistível levou-me a escrever essas coisas e esse impulso obrou em mim desde muito jovem. Não a escrevi pelo prazer da discussão, e ainda menos visando a algum proveito. É, na verdade, todo o contrário. Foram-me impostas pela seriedade de coração, e exprimem minhas mais sérias convicções. Uma das maiores dificuldades que encontrei é a falta de palavras para expressar as ideias.

Richard Fefferies - 1848-1887

Extraído do livro "Consciência Cósmica - Estudo da evolução da mente humana", de R.M Bucke


domingo, 1 de dezembro de 2013

O que é o estado supremo de Consciência?

O que é o estado supremo de Consciência? São Paulo chamou-o de "a paz que está além do entendimento" e R.M. Bucke designou-o de "consciência cósmica". No Zen-Budismo, emprega-se o termo satori ou kensho; no yoga, samadhi ou moksha e, no taoísmo, o "Tao Absoluto". Thomas Merton utilizou, para descrevê-lo, a expressão "inconsciente transcendental; Abraham Maslow criou o termo "experiência máxima"; os sufis falam de fana. Gurdjieff qualificou-o de "consciência objetiva", ao passo que os quacres chamam-no de "a Luz Interior". Jung referiu-se à individuação e Buber falava da conexão Eu-Tu. Quaisquer que sejam, porém, os nomes dados a esse fenômeno antigo e bem conhecido — luz, iluminação, libertação, experiência mística —, todos eles dizem respeito a um estado de percepção radicalmente diferente de nossa compreensão comum, de nossa habitual consciência desperta, de nossa mente diária. 

Além disso, todos concordam em qualificá-lo como o estado supremo da consciência: uma percepção autotransformada de nossa total união com o infinito. Está além do tempo e do espaço. Trata-se de uma experiência da infinitude que é a eternidade, da unidade ilimitada com toda a criação. Nossa percepção sensorial do "eu", socialmente condicionada, despedaça-se e destrói-se devido a uma nova definição de pessoa em si, do eu. Nesta redefinição de pessoa em si, torno-me idêntico a toda a humanidade, a toda a vida e ao universo. As habituais fronteiras do ego esboroam-se à medida que o ego ultrapassa os limites do corpo e, de súbito, torna-se um com tudo aquilo que existe. O eu torna-se integrado à Alma Superior, tal como Emerson a denominou (e talvez integrado ao que Arthur Clarke, em Fim da Infância, chamou de Mente Superior). O eu torna-se abnegado, o ego surge como uma ilusão e o jogo do ego chega ao fim. O Maitrayana Upanishad expressa-se deste modo: "Após perceber seu próprio eu como o EU, um homem torna-se abnegado. (...) Este é o mistério Supremo.

John White (org.) - O mais elevado estado de Consciência


sábado, 30 de novembro de 2013

Breve relato de retomada da Consciência Integrativa Amorosa

Profundamente agradecido pelo privilégio da "santificação" pela fé", realizada com INESPERADA PLENITUDE, juntei-me, nos bosques, a alguns cristãos que havia conhecido, para juntos esperarmos, diante de Deus, pelo batismo no Espírito. O tempo de espera foi passado em PROFUNDO SILÊNCIO, quebrado apenas por alguns hinos e breves orações. Finalmente, "Veio do céu um ruído semelhante a um vento impetuoso que soprasse e encheu a casa onde estávamos reunidos. Essas são as mais inspiradas palavras que encontro para descrever a minha impressão. Entretanto, a natureza permaneceu imobilizada, sem que se mexesse uma única folha das árvores ou da relva. O Senhor revelou-se pelo Espírito às nossas almas e não aos nossos sentidos. Meu ser por inteiro parecia indescritivelmente cheio por Deus, em quem sempre acreditara. A percepção dos meus sentidos seria impotente para transmitir-me a CONSCIÊNCIA que agora possuía. Compreendi as visões extra-sensoriais de Isaías, Ezequiel e Paulo. Dentre todas as coisas criadas, nada era mais real para a minha alma do que o próprio Criador. A experiência foi terrível, embora não infundisse medo. Conservei total domínio dos meus sentidos e ainda assim percebi que eles haviam sido envolvidos pela sublime manifestação. Cada pergunta era respondida de forma o mais breve possível, a fim de que minha alma não se perdesse, nem por um instante, a PRESENÇA Celestial que a ENVOLVIA e SACIAVA. Não me recordo de haver confidenciado a ninguém essa experiência; porém, alguns dias depois, ao reencontrar minha esposa, ela caiu de lágrimas ao ver-me, antes mesmo de pronunciar uma só palavra, tal a MUDANÇA HAVIDA EM MEUS ASPECTO. Com a CONSCIÊNCIA DO DESPERTAR, as águas vivificantes manaram do meu espírito. Fui invadido por grande medo, mas ele era doce e, não, opressivo. Era a mesma sensação que me havia invadido na presença de Deus e essa impressão ACOMPANHOU-ME SEMPRE, mesmo quando dedicado às mais absorventes atividades. Para mim, a vida converteu-se em um salmo de louvor. 

É evidente que, passado certo tempo, houve um decréscimo nessa exaltação de sentimentos. Entretanto, em meu íntimo permaneci CONSCIENTE DE DEUS, tal como fora dito: Habitarei neles e com eles caminharei"; "Viremos a Ele e faremos nossa morada com Ele"... Não é fácil abordar essas coisas. Minhas palavras parecem pobres e o seu resultado é mais de encobrimento do que de revelação. Fosse a minha linguagem capaz, e a gloriosa realidade seria transmitida a outros corações!"

R.P.S - 1830-1898

A Consciência Integrativa Amorosa em Baruch Spinoza

Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.

Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.

Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.

O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem,no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro!

Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti?

Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso.

Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar.

Ninguém leva um registro.

Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse.

Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei.

E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti.

Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.

Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo.

Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres?

Para que tantas explicações?

Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti. 

Baruch Spinoza

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O estado de Integrativa Consciência Amorosa - por Richard M. Bucke

— Breve relato do recuperado estado de Integrativa Consciência Amorosa - por Richard Maurice Bucke

... Foi no começo da primavera, mo início do seu trigésimo sexto ano de vida. Ele e dois amigos haviam passado a noite lendo Wordsworth, Shelley, Keats, Browning e especialmente Whitman. Separaram-se à meia-noite e ele eprcorreu um longo caminho em trole. Isso ocorreu em uma cidade inglesa. Sua mente, profundamente influenciada pelas ideias, imagens e emoções despertadas pela leitura e conversas da noite, achava-se em estado de calma e paz. Ele desfrutava de UM MOMENTO QUE QUIETUDE, quase de ALEGRIA PASSIVA. De repente, sem aviso de nenhuma espécie, viu-se envolvido por uma nuvem avermelhada. No primeiro momento, pensou em um incêndio subitamente deflagrado na grande cidade. Logo em seguida, porém, percebeu que a luz estava dentro dele mesmo. Imediatamente apoderou-se dele um sentimento de exaltação, de imensa alegria, acompanhado ou logo seguido por uma iluminação intelectual quase impossível de ser descrita. Em seu cérebro explodiu uma momentânea fagulha do Esplendor Brâmico, que antes jamais lhe havia iluminado a vida. Sobre seu coração caiu uma gota da Felicidade Brâmica, deixando-lhe para sempre um sabor de paraíso. Entre outras coisas nas quais não chegava a acreditar, viu e soube que o Cosmo não é matéria morta, mas uma PRESENÇA VIVA; que a alma do homem é imortal; que o universo é tão bem construído e ordenado que sem nenhuma casualidade todas as coisas funcionam juntas para o bem de cada uma delas e do todo; que o fundamento do mundo é o que denominamos amor e que a felicidade de cada um é, a longo prazo, absolutamente certa. Ele declara que aprendeu mais durante os poucos minutos de permanência da Iluminação do que nos meses, nos anos de estudos anteriores e que aprendeu mais do que poderia aprender com qualquer professor ou qualquer escola. 

A iluminação, enquanto tal, não durou mais do que uns poucos instantes, mas seus efeitos demonstraram ser permanentes. Foi-lhe impossível esquecer o que havia visto e aprendido naquela ocasião. Tampouco pode ou quis duvidar da verdade do que então foi apresentado à sua mente. Foi uma experiência sem retorno.(...) O mais importante acontecimento daquela noite foi a sua real iniciação na nova e mais elevada ordem de ideias. Mas foi apenas uma iniciação. Ele viu a luz, mas não soube de onde ela vinha ou o que significava; era como se fosse igual ao primeiro indivíduo que viu a luz do sol.

Consciência Cósmica - Estudo da Evolução da Mente Humana

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Um caminho de completa sensação de paz e amor

K: Posso falar um pouco sobre mim?

DB: Sim.

K: Falarei primeiro sobre a meditação. Toda meditação consciente não é meditação — certo?

DB: O que você entende por meditação consciente?

K: A meditação deliberada, praticada, que é na verdade meditação pré-meditada. Existiria alguma meditação que não fosse premeditada — que não fosse uma atividade do ego que tenta se transformar em alguma coisa — ou que não fosse capaz de negar?

DB: Antes de continuarmos, poderíamos opinar sobre o que deveria ser a meditação. Será ela uma observação da mente que observa?

K: Não. Ela foi além disso tudo. Estou usando a palavra meditação no sentido de que não há nela o menor resquício de qualquer tentativa consciente de se transformar, de alcançar algum nível.

DB: A mente está simplesmente consigo mesma, silenciosa.

K: É aí que eu quero chegar.

DB: Sem procurar por nada.

K: Veja bem. Eu não medito no sentido comum da palavra. O que acontece é que eu acordo meditando.

DB: Naquele estado?

K: Certa noite na índia eu acordei; olhei no relógio e vi que era meia-noite e quinze; e — hesito em dizer isso porque soa como algo fantástico — a fonte de toda energia havia sido alcançada; e isso teve um efeito extraordinário sobre o cérebro; e também sobre o físico. Sinto ter de falar sobre mim, mas, você compreende, não houve, literalmente, em absoluto qualquer separação; nenhum sentido de mundo, de "mim". Você percebe? Havia apenas o sentido de uma tremenda fonte de energia.

DB: Então o cérebro estava em contato com essa fonte de energia?

K: Sim, e como venho dizendo há sessenta anos, eu gostaria que outras pessoas chegassem a isso. Não, chegar, não. Você entende o que estou dizendo? Todos os nossos problemas estão resolvidos, porque ela é energia pura desde o início dos tempos. Agora, como eu poderei — não "eu", você compreende — como uma pessoa poderá não ensinar, não ajudar ou não pressionar — no entanto, como alguém pode dizer: "Este caminho leva a uma completa sensação de paz, de amor"? Sinto muito ter de empregar todas essas palavras, mas suponha que você tenha chegado nesse ponto e o seu cérebro esteja latejando com essa energia — como você ajudaria outra pessoa? Você está me entendendo? Refiro-me a uma ajuda efetiva — não a palavras. Como você ajudaria outra pessoa a chegar a isso? Compreende o que estou querendo dizer?

DB: Sim.

K: Meu cérebro — não o meu, mas o cérebro — evoluiu. Evolução subentende tempo, e o cérebro só pode pensar, viver, no tempo. Agora, negar o tempo representa, para o cérebro, uma tremenda atividade, pois qualquer problema que surja, qualquer pergunta, será imediatamente resolvida.

DB: Essa situação é sustentável ou existe apenas por um período?

K: É sustentável, obviamente, caso contrário não haveria nela nenhum propósito. Ela não é esporádica nem intermitente. Agora, como você pode abrir a porta, como pode ajudar outra pessoa a dizer: "Olhe, temos caminhado na direção errada, existe apenas o não-movimento; e, se o movimento parar, tudo ficará correto"?

DB: Bem, é difícil saber de antemão se tudo ficará correto. (...) Contudo, a mente opera sem o tempo, embora o cérebro não seja capaz de fazer isso.

K: Isso significa que Deus está no homem, e que Deus só pode operar se o cérebro estiver tranquilo, se o cérebro não estiver preso no tempo. (...) Ms como se pode transmitir isso para outra pessoa? Como você, ou "X", transmitirá isso a um homem que está preso no tempo, e que resistirá a isso, lutará contra isso, porque diz que não há outra maneira? Como se pode transmitir isso a ele?

DB: Creio que só se pode transmitir isso a alguém que já esteja no processo; provavelmente, não se conseguirá de modo algum transmiti-lo a uma pessoa que escolhamos ao acaso na rua!

K: Então, o que estamos fazendo? Como isso não pode ser transmitido através de palavras, o que pode um homem fazer?

Krishnamurti e Davi Bohm - A Eliminação do tempoPsicológico

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sobre o "clarão da compreensão"

Pergunta: Se a compreensão não é permanente, se só se apresenta "num clarão", o que acontece no intervalo entre "clarões"?

Krishnamurti: É preciso compreender a natureza íntima da experiência. Para a maioria de nós a experiência é uma reação, é a "resposta" de nossa memória a um desafio. Essa memória das coisas que conhecemos pode ser muito antiga ou muito moderna, superficial ou profunda, e nós "experimentamos" de acordo com esse FUNDO.

Agora, quando há um "CLARÃO DE COMPREENSÃO", isso não constitui nenhuma "resposta" daquele fundo. Nesse momento o FUNDO está completamente em silêncio. Se o FUNDO não está em silêncio, NÃO HÁ COMPREENSÃO porque, então, você está, meramente, interpretando em termos do 'VELHO" tudo o que você ouve ou vê. O "CLARÃO DA COMPREENSÃO" não é contínuo, não é permanente. A continuidade ou permanência pertence inteiramente ao FUNDO de experiência e conhecimento que, perpetuamente, está respondendo aos desafios. A compreensão só vem num clarão; e como se verifica esse clarão? ESSE CLARÃO NÃO PODE MANIFESTAR-SE NUMA MENTE INDOLENTE, DEFORMADA, TRADICIONAL, EMBOTADA, ESTÚPIDA, nem tampouco numa mente que está em busca de poder, de posição, de prestígio. O clarão da compreensão só pode ocorrer numa mente que está alertada; e que continua alertada, mesmo quando nenhum clarão ocorre. Essa mente está completamente desperta, vigilante. Estar de todo vigilante, SEM ESCOLHA, observando cada movimento de pensamento e de sentimento, vendo tudo o que se passa — isso é muito mais importante do que aguardar o clarão da compreensão.

Jiddu Krishnamurti - O homem e seus desejos em conflito

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um extraordinário sentido de energia que não é do pensamento

Temos de considerar juntos se o cérebro, que opera parcialmente, tem a capacidade de funcionar inteiramente, completamente. Agora, estamos usando apenas uma parte dele, o que podemos observar por nós mesmos. Podemos perceber que a especialização, que pode ser necessária, produz o funcionamento de apenas uma parte do cérebro.(...) No mundo moderno temos que nos especializar e estamos perguntando se, mesmo assim, é possível permitir ao cérebro que opere inteiramente, completamente.

(...) Agora, pode o cérebro ser totalmente livre para funcionar inteiramente? Porque qualquer especialização, o seguir qualquer caminho, uma determinada rotina habitual ou modelo, inevitavelmente implica que o cérebro está funcionando parcialmente e, portanto, com energia limitada. Vivemos numa sociedade de especialização(...) certas especializações são necessárias (...) mas, apesar disso, pode o cérebro funcionar completamente, inteiramente e, portanto, possuir uma energia extraordinária?

(...) Se observarmos nossa própria atividade, descobrimos que o cérebro funciona de modo muito parcial, fragmentariamente, resultando que a nossa energia torna-se cada vez menor à medida que envelhecemos. Biologicamente, fisicamente, quando somos jovens somos cheios de vitalidade; mas aos sermos instruídos e, depois, seguirmos um modo de vida que necessita de especialização, a atividade do cérebro torna-se reduzida, limitada e a sua energia torna-se cada vez menor.

Embora o cérebro possa ser obrigado a ter uma determinada forma de especialização(...) será que ele também pode operar integralmente? Ele só pode operar integralmente, com a tremenda vitalidade de um milhão de anos, quando é completamente livre.

(...) Pode o cérebro humano ser totalmente livre, sem qualquer forma de ligação — ligação a determinadas crenças, experiências, assim por diante? Quando o cérebro está ocupado com problemas, com especialização, com um modo de vida, está numa atividade limitada.

(...) Pode a consciência de vocês, com seu conteúdo básico de medo, da busca do prazer, com todas as implicações do pesar, da dor e do sofrimento, sendo magoado interiormente, e assim por diante, tornar-se totalmente livre?

(...) O conteúdo da nossa consciência é formado por todas as atividades do pensamento. Pode o conteúdo ser sempre livre, de modo a haver uma dimensão totalmente diferente?

(...) O conteúdo do nosso consciente é o movimento do pensamento no tempo e no espaço. Seja esse tempo muito limitado, ou vasto e extenso, ainda assim é um movimento no tempo e no espaço.

O pensamento criou muitas formas diferentes de poder em nós, psicologicamente, mas todas elas são limitadas. Quando há a libertação da limitação há um surpreendente sentido de poder, não o poder mecânico, mas um extraordinário sentido de energia. Isso nada tem a ver com o pensamento e, portanto, esse poder, essa energia, não podem ser mal-empregados. Mas se o pensamento diz: “vou usá-la”, então esse poder, essa energia é dissipada.

Jiddu Krishnamurti — A rede do pensamento

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill