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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A erudição e o saber representam um empecilho à compreensão

PERGUNTA: Do que dizeis deduzo claramente que a erudição e o saber são empecilhos. Empecilhos a que?

            KRISHNAMURTI: É bem claro que a erudição e o saber representam um empecilho à compreensão do que é novo, do infinito, do eterno. Positivamente, a aquisição de uma técnica perfeita, não nos faz criadores. Podeis saber pintar maravilhosamente, dominar a técnica; mas talvez não sejais um pintor criador. Podeis saber escrever poemas, com a máxima perfeição técnica, mas é possível que não sejais poeta. Ser poeta implica a capacidade de receber coisas novas, ter sensibilidade para o que é novo, original. Mas, para a maioria de nós, o saber, a erudição, se tornou devoção, e julgamos que com o saber seremos criadores. Uma mente abarrotada de fatos e saber é capaz de receber o que é novo, súbito, espontâneo? Se vossa mente está repleta do conhecido, há nela espaço para receber o que vem do desconhecido? Certo, o saber vem-nos sempre do conhecido; e com o conhecido queremos compreender o desconhecido, o imensurável.
            Considerai, por exemplo, um fato muito comum, que se dá com a maioria de nós: as pessoas religiosas não importa aqui o significado que possa ter este termo — procuram imaginar Deus ou pensar a respeito do que Ele é. Leram livros incontáveis, leram tudo o que se refere às experiências dos santos, dos Mestres, dos Mahatmas, etc. e procuram imaginar ou sentir aquilo que constitui a experiência de um outro. Isto é, com o que é conhecido quereis aproximar-vos do que é desconhecido. Podeis fazê-lo? Podeis pensar em algo que não seja cognoscível? Só podeis pensar naquilo que conheceis. Mas, no mundo, atualmente, predomina este extraordinário contra-senso: Pensamos que seremos capazes de compreender se tivermos mais instrução, mais livros, mais fatos, mais matéria impressa.
            Positivamente, pais o percebimento de algo que não é uma projeção do que é conhecido, é preciso que haja a eliminação, pelo entendimento, do processo do conhecido. Por que razão está a mente sempre apegada ao conhecido? Não é por andar sempre na busca de certeza, de segurança? A sua natureza mesma está fixada no conhecido, no tempo; e como pode uma mente em tais condições, cujos alicerces se assentam no passado, no tempo, ter a experiência do atemporal? Poderá ela conceber, formular, representar-se o desconhecido, mas tudo isso é absurdo. Só pode vir à existência o desconhecido quando o conhecido é compreendido, dissolvido, posto de parte. E isso é extremamente difícil, porquanto no momento em que vos vem a experiência de alguma coisa, a vossa mente a traduz nos termos do conhecido e a reduz ao passado. Não sei se já notastes que toda experiência é logo traduzida no conhecido, nomeada, classificada e registrada. Assim, pois, o movimento do conhecido, constitui o saber. E, evidentemente, um tal saber, uma tal ciência, é um obstáculo.
            Suponhamos que nunca tivésseis lido um livro religioso ou psicológico e que tivésseis de achar o sentido, o significado da vida. Como o faríeis? Suponhamos que não houvesse Mestres, nem organizações religiosas, nem Buda, nem Cristo, e tivésseis de partir do começo. Como o faríeis? Primeiramente, teríeis de compreender o processo do vosso pensamento, — não é verdade? — em vez de projetardes a vós mesmos, a vossos pensamentos, no futuro, e de criardes um Deus do vosso agrado; tal seria pueril. Assim, teríeis primeiramente de compreender o processo do vosso pensamento. Esta é por certo a única maneira de se descobrir uma coisa nova, não achais?
            Quando dizemos que a erudição ou o saber é um empecilho, não nos referimos ao conhecimento técnico — saber dirigir um automóvel, manejar uma máquina — ou a eficiência proporcionada por um tal conhecimento. Temos em mente coisa muito diversa: aquele sentimento de felicidade criadora que nenhuma soma de saber ou erudição nos pode dar. E ser criador, na mais exata acepção do termo, é estar livre do passado, momento por momento. Porque o passado está continuamente a ensombrar o presente. O estarmos meramente apegados à instrução, às experiências de outros, ao que disse outra pessoa, por maior que seja, e procurarmos ajustar as nossas ações a essas coisas — isso é saber, não é verdade? Mas, para descobrirdes algo novo, precisais alcançá-lo com os vossos próprios recursos; deveis iniciar a viagem completamente desnudos, principalmente de saber. É muito fácil termos experiências, por meio do saber e da crença; mas tais experiências são meros produtos da auto-projeção, e portanto inteiramente falsas e irreais. E se desejais descobrir por vós mesmos aquilo que é novo, é inútil levardes a carga do que é velho, principalmente o saber, o saber de outro, por maior que seja esse outro.
            Ora, vós vos servis do saber como meio de autoproteção, de segurança, e desejais garantir-vos a possibilidade de ter experiências iguais às do Buda, do Cristo, ou de X. Mas, o homem que vive a proteger-se com o saber, não está, é claro, à procura da Verdade.
            Para o descobrimento da verdade não há caminho algum. Tendes de entrar no mar desconhecido; mas isso não é desanimador, nem exige ousadia. Por certo, quando desejais descobrir uma coisa nova, quando estais experimentando alguma coisa, a vossa mente tem de estar muito quieta. Mas, se tendes a mente atulhada, repleta de fatos, de saber, essas coisas atuam como empecilhos ao que é novo; e a dificuldade consiste para a maioria de nós, em que a mente se tornou tão importante, de tão predominante significação, que intervém constantemente em tudo o que possa ser novo, tudo o que venha a existir simultaneamente com o conhecido. Assim, pois, o saber e a erudição são empecilhos para aqueles que desejam procurar, que desejam compreender aquilo que não é do tempo.

Krishnamurti - Solução para os nossos conflitos
(Conferências, com perguntas e respostas, realizadas em Ojai, Califórnia,
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill