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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

As cinco dimensões da educação

A educação que prevaleceu no passado é bastante insatisfatória, incompleta, superficial. Ela só cria pessoas que conseguem ganhar o seu sustento, mas não dá a elas uma visão sobre a vida em si. Ela não só é incompleta como é prejudicial também — porque é baseada na competição.

Qualquer competição, no fundo, é violenta e cria pessoas pouco amorosas. Todo o esforço é para que sejam conquistadoras — de renome, de fama, de todos os tipos de ambições. Obviamente elas terão que lutar e entrar em conflito para fazer essas conquistas. Isso destrói sua alegria e sua afabilidade. Parece que todo mundo está brigando contra o mundo inteiro.

A educação até agora tem sido voltada para o cumprimento de objetivos: o que você aprende não é importante: o importante é o exame que você fará um ano ou dois anos depois. Ele torna o futuro importante — mais importante do que o presente. Ele sacrifica o presente em prol do futuro. E isso se torna o seu próprio estilo de vida; você está sempre sacrificando o momento por algo que não está presente. Isso cria um imenso vazio na vida.

Na minha visão, a educação terá cinco dimensões. Antes de começar a tratar dessas cinco dimensões, algumas coisinhas precisam ser mencionadas. Uma é que não deverá haver nenhum tipo de exame como parte da educação, mas uma observação diária, feita de hora em hora, por parte dos professores.

Essas observações feitas ao longo do ano decidirão se o aluno deverá ou não permanecer na mesma classe. Ninguém fracassa, ninguém passa — a questão é apenas que algumas pessoas são mais rápidas e outras são um pouquinho mais preguiçosas. A ideia de fracasso cria uma ferida profunda de inferioridade, e a ideia de ser bem-sucedido também cria um tipo diferente de doença: a da superioridade.

Ninguém é inferior e ninguém é superior. A pessoa é simplesmente ela mesma, incomparável. Portanto, não haverá espaço para exames. Isso mudará toda a perspectiva do futuro para o presente. O que você está fazendo neste momento será decisivo, e não cinco perguntas no final de cada ano. O aluno passará por milhares de coisas a cada ano e cada uma delas será decisiva. Por isso a educação não será voltada para os exames.

O professor ocupou um papel de imensa importância no passado, pois ele sabia que tinha passado em todos os exames, tinha acumulado conhecimento. Mas a situação mudou — e esse é um dos problemas: a situação mudou, mas nossas respostas continuam as mesmas.

Agora a explosão de conhecimentos é tão grande, tão imensa, tão rápida, que você nem pode escrever um livro muito extenso sobre nenhum tema científico, porque quando o livro estiver completo já estará ultrapassado; novos fatos, novas descobertas, terão tornado o seu livro irrelevante. Agora a ciência precisa depender de artigos, de periódicos, não de livros.

O professor se formou trinta anos atrás. Em trinta anos tudo mudou, e ele vai repetir o que lhe ensinaram. Ele está ultrapassado, está tornando os seus alunos ultrapassados. Portanto, na minha visão, a velha ideia de professor não tem lugar. Em vez de professores, haverá orientadores, e é preciso entender a diferença: o orientador lhe dirá em que lugar da biblioteca é possível encontrar as últimas informações sobre um assunto.

O ensino não deverá ser administrado da maneira antiga, pois a televisão pode fazer isso de um jeito melhor, pode trazer as últimas informações sem nenhum problema. O professor precisa atrair os seus ouvidos; a televisão atrai os seus olhos e o impacto é muito maior, pois os olhos absorvem oitenta por cento das situações da vida — eles são o mais vivo de todos os seus sentidos. Se você puder ver algo, não há necessidade de memorizar nada; mas, se ouvir algo, precisará memorizar isso.

Quase noventa e oito por cento da educação pode ser administrado pela televisão; e as perguntas dos alunos poderão ser respondidas pelo computador. O professor deve ser apenas um guia para mostrar o canal certo, para mostrar como usar o computador para encontrar o livro mais atual. Sua função será completamente diferente. Ele não transmitirá conhecimento, só tornará o aluno consciente do conhecimento contemporâneo, do conhecimento de vanguarda. Ele é só um orientador.

Com essas considerações, eu divido a educação em cinco dimensões. A primeira é informativa, como história, geografia e muitas outras matérias que podem ser administradas por meio da televisão e do computador. A segunda parte deve ser as ciências. Elas podem ser administradas pelo computador e pela televisão também, mas são mais complicadas e o orientador será mais necessário.

Na primeira dimensão também estão as línguas. Todas as pessoas do mundo deverão aprender pelo menos duas línguas; uma é o seu idioma natal e a outra é o inglês, como veículo internacional de comunicação. Elas também podem aprender línguas com mais eficácia por meio da televisão — a pronúncia, a gramática, tudo pode ser ensinado mais corretamente pela televisão do que por meio de professores individuais.

Podemos criar no mundo uma atmosfera de fraternidade: a língua conecta pessoas e também as desconecta. Não existe atualmente nenhum idioma internacional. Isso se deve aos nossos preconceitos. O inglês é perfeitamente apropriado, porque é conhecido por mais pessoas ao redor do mundo em escala mais ampla — embora não seja a língua falada pela maioria das pessoas.

A primeira é o espanhol, no que diz respeito ao número de pessoas. Mas a população que fala espanhol está concentrada e não espalhada por todo o mundo. A segunda é o chinês, e é ainda mais concentrada; só é falada na China. Essas são as línguas faladas pelo maior número de pessoas, mas a questão não é o número, mas o quanto são disseminadas no mundo todo.

O inglês é a língua mais difundida mundialmente, e as pessoas precisam deixar de lado o preconceito — elas precisam ver a realidade. Houve muitos esforços para criar línguas que evitassem preconceitos — os espanhóis podem dizer que a língua deles deve ser a língua internacional porque é falada por um número maior de pessoas.

Para evitar essas disputas, foram criadas línguas como o esperanto. Mas as línguas não criadas também dão certo. São poucas as coisas que crescem, que não podem ser criadas; e a língua é algo que se desenvolve ao longo de milhares de anos. O esperanto parece tão artificial que todos os esforços de implantá-lo fracassaram.

Mas é absolutamente necessário criar duas línguas — primeiro a língua natal, porque existem sentimentos e nuanças que você só pode expressar na sua língua natal.

Um dos meus professores, o senhor S. K. Saxena, viajava pelo mundo todo e foi professor de filosofia em muitos países. Ele costumava dizer que você pode falar tudo numa língua estrangeira, mas quando se trata de brigar e de amar, você sente que não está sendo sincero e verdadeiro com relação aos seus sentimentos. Por isso, quando se trata dos seus sentimentos e da sua sinceridade, a sua língua natal... que você bebeu com o leite da sua mãe, que se tornou parte do seu sangue e dos seus ossos. Mas isso não é suficiente, pois faz surgir pequenos grupos de pessoas e torna as outras estrangeiras.

Uma língua internacional é absolutamente necessária como base para um mundo unificado, uma só humanidade. Por isso duas línguas são absolutamente necessárias para todos. Isso faz parte da primeira dimensão.

A segunda é a pesquisa de assuntos científicos, o que é extremamente importante, pois a ciência corresponde à metade da realidade, ou seja, a realidade externa.

E a terceira será o que falta atualmente na educação: a arte de viver. As pessoas acham que sabem o que é amor. Elas não sabem... e, quando descobrem, é tarde demais. Toda criança deveria receber ajuda para aprender a transformar sua raiva, seu ódio, seu ciúme, em amor.

Uma parte importante da terceira dimensão também deveria ser o senso de humor. Nossa assim chamada educação faz com que as pessoas fiquem tristes e sérias. Se um terço da sua vida é gasto numa universidade, em ser triste e sério, isso fica enraizado.Você se esquece da linguagem do riso — e a pessoa que se esquece da linguagem do riso se esqueceu muito da vida.

Portanto, o amor, a risada e o conhecimento da vida e das suas maravilhas, seus mistérios... os passarinhos cantando nas árvores, não deveriam passar despercebidos. As árvores e as flores e as estrelas precisam ter uma conexão com o coração. O nascer do sol e o pôr do sol não são apenas coisas externas, eles são internos também. A reverência à vida deve ser a base da terceira dimensão.

As pessoas não têm reverência nenhuma pela vida. Elas ainda continuam matando animais para comer — chamam isso de "jogo". E, se os animais as comem, elas chamam isso de calamidade! Estranho... num jogo, ambas as partes devem ter oportunidades iguais. Os animais não têm armas e você tem revólveres ou flechas. Você pode não pensar sobre a razão por que os revólveres e as flechas foram inventados — pois foi para que se pudesse matar os animais de uma distância maior; chegar muito perto é perigoso. Que tipo de jogo é esse? E o pobre animal: indefeso contra as balas...

Não se trata de uma questão de matar os animais; é uma questão de não ter reverência pela vida, pois tudo de que você precisa pode ser obtido por meio de suplementos nutricionais ou por outros métodos científicos. Todas as suas necessidades podem ser satisfeitas; nenhum animal precisa ser morto. E uma pessoa que mata animais, lá no fundo pode matar seres humanos sem qualquer dificuldade, pois qual é a diferença?

Uma grande reverência pela vida deve ser ensinada, pois vida é Deus e não existe outro deus que não seja a própria vida, e a alegria, o riso, o senso de humor — em resumo, um espírito dançarino.

A quarta dimensão deve ser das artes e da criatividade: pintura, música, artesanato, cerâmica, alvenaria, qualquer coisa que seja criativa. Todas as áreas da criatividade devem ser permitidas: os alunos podem escolher. Só algumas poucas coisas devem ser obrigatórias — por exemplo, uma língua internacional; uma certa capacidade para ganhar o próprio sustento; uma determinada arte criativa.

Você pode escolher a partir de uma ampla paleta de artes criativas, pois, a menos que a pessoa aprenda a criar, ela nunca se tornará uma parte da existência, que é constantemente criativa. Sendo criativa, a pessoa é divina; a criatividade é a única prece.

E a quinta dimensão deve ser a da arte de morrer. Nessa quinta dimensão estarão todas as meditações, de modo que você possa saber que a morte não existe, que você possa se tornar consciente de que há uma vida eterna dentro de você. Isso deve ser absolutamente essencial, pois todo mundo tem que morrer; ninguém escapa disso. E, sob o amplo termo genérico da meditação, você pode ser apresentado ao Zen, ao Tao, ao Yoga, ao Hassidismo, a todos os tipos e a todas as possibilidades que existem, mas que hoje não são incorporadas à educação.

Nessa dimensão, você também deve aprender que existem artes marciais como o aikido, o jiu-jitsu, o judô — a arte de autodefesa sem armas — e não só de autodefesa, mas também de meditação, simultaneamente.

Teremos uma educação completa, integral. Tudo o que é essencial deve ser compulsório, e tudo o que é não essencial deve ser opcional. A pessoa pode lazer suas opções, que serão muitas. E, depois que o básico for preenchido, então você precisa aprender algo de que gosta: música, dança, pintura — você tem que saber algo que o leve ao seu interior, a se conhecer. E tudo isso pode ser feito muito facilmente, sem nenhuma dificuldade.

Eu mesmo fui professor e me demiti da universidade com a seguinte nota: isso não é educação, é uma completa estupidez; vocês não estão ensinando nada de significativo.

Mas essa educação insignificante prevalece no mundo inteiro. Ninguém busca uma educação mais completa, integral. Nesse sentido, quase todo mundo é pouco instruído; mesmo aqueles que têm muitos diplomas são pouco instruídos nas áreas mais vastas da vida.

Alguns não são instruídos, muitos são pouco instruídos — mas ninguém tem instrução realmente. Mas encontrar uma pessoa instruída é impossível, pois a educação como um todo não existe em lugar nenhum.

Osho, em "Transformando Crises em Oportunidades: O Grande Desafio Para Criar um Futuro Dourado Para a Humanidade"

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill