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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Por que não se experimenta algo que ultrapassa a mera observação?


Pergunta: Há muitos anos que vos ouço, e já me tornei bastante treinado em observar meus pensamentos e manter-me cônscio de tudo o que faço, mas nunca atingi as "águas profundas", nem experimentei a transformação de que falais. Por que?

Krishnamurti: Acho bastante clara a razão porque nenhum de nós experimenta algo que ultrapassa a mera observação. Pode haver raros momentos de um estado emocional, que nos permite ver, assim dizer, a claridade do céu por entre as nuvens, mas eu não me refiro a coisa dessa espécie. Todas as experiências dessa natureza são passageiras e de muito pouca satisfação. O interrogante deseja saber por que, depois de tantos anos de vigilância, não atingiu “águas profundas”. Por que deveria atingi-las? Compreendeis? Pensais que, pela vigilância dos vossos pensamentos, ides obter uma recompensa: se fizerdes isto, ganhareis aquilo. Em verdade não estais vigilante, em absoluto, visto que a vossa mente está toda interessada em obter aquela recompensa. Pensais que pelo observar, pelo estar vigilante, sereis mais amorosos, sofrereis menos, sereis menos irritadiço, alcançareis algo superior; assim, a vossa vigilância é uma operação de compra. Com esta moeda quereis comprar tal coisa, o que significa que vossa vigilância é um processo de escolha; por conseguinte, não é vigilância, não é atenção. Estar vigilante é observar sem escolha, é a pessoa ver a si mesma exatamente como é, sem nenhum movimento do desejo, para alterar o que vê, o que é dificílimo; mas isso não quer dizer que permanecereis no vosso estado presente. Não sabeis o que acontecerá, se virdes a vós mesmo como sois, sem desejardes modificar o que vedes. Compreendeis?

Vou aduzir um exemplo e apreciá-lo em todos os seus aspectos, para melhor esclarecimento. Suponhamos que eu sou violento, como o é a maioria das pessoas. Toda a nossa civilização é violenta, mas não pretendo examinar agora a anatomia da violência, pois não é este o problema que estamos considerando. Sou violento, e percebo que o sou. Que acontece? Minha reação imediata é a de fazer alguma coisa a esse respeito, não é verdade? Digo que me devo tornar não-violento. É isso o que dizem há séculos todos os instrutores religiosos — que quando uma pessoa é violenta, deve tornar-se não violenta. E assim, começo a exercitar-me, a fazer as coisas necessárias, de ordem ideológica. Mas depois percebo quanto isto é absurdo, porque a entidade que observa a violência e deseja transformá-la em não-violência, continua violenta. Agora, o que me interessa já não é a manifestação daquela entidade, mas a própria entidade. Espero que estejais seguindo tudo isso.

Ora, que entidade é essa, que diz: “Não devo ser violenta”? Essa entidade é diferente da violência, que ela está observando? São dois estados diferentes? Compreendeis, senhores, ou isto é abstrato demais? Já estamos chegando ao fim da palestra, e provavelmente vos sentis um tanto fatigados. Ora, não pode haver dúvida de que a violência e a entidade que diz “Tenho de transformar a violência em não-violência” são a mesma entidade. Reconhecer este fato é por fim a todos os conflitos, não achais? Já não existe então o conflito que há no esforço que faço para modificar-me, porque percebo que o próprio movimento da mente para não ser violento é produto da violência. O interrogante indaga porque razão não consegue ir além dessas lutas superficiais da mente. Pela razão muito simples de que, consciente ou inconscientemente, a mente está sempre a buscar alguma coisa, e esta mesma busca produz violência, competição, o sentimento de total insatisfação. Só quando a nossa mente está na mais completa quietude, existe a possibilidade de serem atingidas as águas profundas.

Krishnamurti – Realização sem esforço – pág. 85 à 87 – 21 de agosto de 1955
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill