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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Entrando na mansão da morte, enquanto vivos


Pergunta: Quando morremos, renascemos nesta Terra, ou passamos para um outro mundo?

Krishnamurti: Esta questão interessa a todos nós, moços e velhos, não é verdade? Examiná-la-ei pois com certa profundeza e espero que tenhais a bondade de seguir-me, não apenas ouvindo as minhas palavras, mas tendo a experiência real disso que vou examinar junto convosco. Todos sabemos que a morte existe, os mais velhos, principalmente, e bem assim os jovens que a observam. 

Os jovens dizem: "Esperemos que ela chegue, e saberemos lidar com ela" — e os velhos, como já se aproximam da morte, recorrem a vários meios de consolação. 

Tende a bondade de seguir o que estou dizendo, aplicando-o a vós mesmos, e não a outras pessoas. Como sabeis que ides morrer, tendes certas teorias a esse respeito, não é verdade? Credes em Deus, credes na ressurreição ou Karma, ou reencarnação; dizeis que nascereis de novo, aqui ou noutro mundo. Ou racionalizais a morte, dizendo-a inevitável, pois atinge a todo mundo; à arvore definha e nutre o solo, e surge uma nova árvore. Ou, ainda, estais tão mergulhado nas vossas diárias preocupações, ansiedades, ciúmes, invejas, vossa competição e vossa riqueza, que não vos sobra tempo para pensar na morte. Entretanto, ela está sempre presente no espírito; consciente ou inconscientemente, ela lá está.

Antes de mais nada, podeis libertar-vos das crenças, das racionalizações ou da indiferença que tendes cultivado em relação à morte? Podeis libertar-vos dessas coisas agora? Porque o que importa é "entrarmos na mansão da morte" enquanto estamos vivos, plenamente conscientes, ativos, gozando saúde, e não que fiquemos esperando a chegada da morte, que pode arrebatar-nos repentinamente num acidente, ou lentamente, pela doença, privando-nos pouco a pouco a consciência. Quando chega a morte, esta hora deve ser um momento extraordinário, tão vital como o viver. 

Pois bem, posso eu, podeis vós, "penetrar na mansão da morte" enquanto vivos? Este é o problema, e não o indagar se há reencarnação ou se existe um outro mundo, onde tornaremos a nascer — pois tudo isso é falta de madureza, infantilidade. O homem que vive não faz perguntas sobre o que é o viver nem tem teorias sobre o viver. Só os semivivos é que falam da finalidade da vida. 

Assim, podemos, vós e eu, enquanto estamos vivos, conscientes, ativos, na posse de todas as nossas atividades, quaisquer que estas sejam, saber o que é a morte? E a morte é então diferente do viver? Para nós, em geral, viver é o contínuo existir daquilo que julgamos permanente. Nosso nome, nossa família, nossos haveres, nossos interesses econômicos e espirituais, a virtude que cultivamos, as coisas que adquirimos emocionalmente — queremos que tudo isso tenha continuidade ininterrupta. E o momento que chamamos "a morte" é o momento do desconhecido e, por conseguinte, sentimo-nos atemorizados e procuramos consolo, alguma espécie de conforto, desejamos saber se há vida após a morte, e uma dúzia de outras coisas mais. Todos esses problemas são irrelevantes, são problemas para os preguiçosos, os que não querem descobrir o que é a morte enquanto vivos. E podemos nós dois, vós e eu, descobri-lo?

Que é a morte? Ela é, sem dúvida, a cessação de todas as coisas que conhecemos. Se não é a cessação de tudo que conhecemos, não é a morte. Se já conheceis a morte, não há então o que temer. Mas, sabeis o que é a morte? Isto é, podeis, enquanto estais vivo, por fim a esta luta perene para achar no impermanente algo que continue a existir? Podeis conhecer o incognoscível, o estado que chamamos morte", enquanto estais vivo? Podeis afastar para o lado todas as descrições do que acontece após a morte, lidas em livros ou ditadas pelo vosso desejo inconsciente de conforto, e provar ou experimentar aquele estado, que deve ser extraordinário, agora mesmo? Se esse estado pode ser experimentado agora, então viver e morrer é a mesma coisa. 

Posso eu, pois, que tenho muita instrução, vastos conhecimentos, que tive experiências inumeráveis, lutas, amores, ódios — posso "eu" terminar? O "eu" é a memória registrada de tudo isso; e pode esse "eu" terminar? Antes que algum acidente ou doença ponha fim à nossa vida, podemos, vós e eu, enquanto estamos aqui, sentados, conhecer esse fim? Se puderdes conhecê-lo não mais fareis perguntas fúteis a respeito da morte e da continuidade, ou se há um outro mundo além deste. Sabereis então a resposta, de vós mesmo, porque terá despontado para vós o Desconhecido. Lançareis fora, então, todas  essas cantinelas de reencarnação, e todos os vossos temores — o medo da solidão e da dependência — terão findado. Isso não são palavras vãs. É só quando a mente deixa de pensar em termos de sua própria continuidade, que desponta o Desconhecido. 

Krishnamurti — Realização sem esforço – pág. 87 à 90 – 21 de agosto de 1955

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill