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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Onde há desejo de preenchimento, há frustração

Não estamos todos nós procurando preencher-nos em alguma coisa? O alpinista que galga os mais altos cumes — para ele é esta a ação do preenchimento; pelo casamento e pela prole, pelo vosso filho, procurais preencher-vos; e o político, frente à multidão, ao recolher-lhe as vibrações, está-se preenchendo com ela. Se rejeitais essas expressões exteriores de ações e atividades tendentes ao preenchimento pessoal, voltai-vos para as ações interiores, as ações psicológicas, espirituais: quereis então preencher-vos numa ideia, em Deus, na virtude. Vemos, pois, que cada um de nós deseja preencher-se à sua maneira — o que significa  tornar-se algo por meio da identificação. Quereis preencher-vos pela identificação com um partido político; renunciais a vós mesmos e dizeis que o partido tem toda a importância: o partido representa o que acreditais ser a Verdade; o partido por consequência representa um meio pelo qual vos preencheis. O alpinista se preenche no deleite de ascender às grandes alturas, e o homem ambicioso se preenche no realizar a própria ambição. Ora, é isso o que estais fazendo, não é verdade?

O desejo de preencher-se, o desejo de vir a ser, o desejo de realizar, ganhar, governas as nossas relações, não é verdade?Desejo algo de vós e por isso vos trato muito amavelmente, muito urbanamente. Ofereço-vos ramalhetes, e trato com desdém aqueles de quem nada recebo. Tal é o processo constante de nossa existência. Senhores, existe de fato tal coisa — “preenchimento pessoal”? Compreendeis? “Ser é estar em relação” — isto é um fato muito evidente. Não posso viver sem estar em relação com alguma coisa, e essa coisa se torna o meio pelo qual procuro preencher-me — minha esposa, meu filho, minha casa, minha propriedade, meu quadro, meu poema, ou esta fala que vos dirijo agora. Se com ela me estou preenchendo, ela é evidentemente uma maneira de dar expansão ao meu “eu”; eu é que sou importante, e não vós, nem o de que estou falando. Consequentemente, o meio de preenchimento pessoal se torna muito mais importante para mim ou para vós, do que a Verdade que se encontra no investigar se de fato existe preenchimento.

Todo esforço, nas condições atuais, se baseia no desejo de preenchimento; sabemo-lo muito bem. Podemos tentar encobri-lo, disfarçá-lo com palavras e frases bem-soantes; essencialmente, porém, toda ação é produto do desejo de nos preenchermos por meio dela. Quando digo ´´Índia”, identifico-me com a Índia, e a Índia se transforma no meio pela qual realizo o meu preenchimento. Esses os fatos evidentes. Aprofundemos a questão um pouco mais. Existe possibilidade de preenchimento? Da infância à maturidade e até à morte, estamos sempre em busca de preenchimento, por diferentes maneiras, não é verdade? — e sempre, infalivelmente, encontramos a frustração. Logo que se realiza uma ambição, apresenta-se outra ambição mais alta, e viveis assim numa luta incessante. Assim, pois, o nosso esforço de preenchimento, o nosso impulso a preenchermos, é acompanhado sempre do medo do insucesso, da frustração. Observai vossa mente e vosso coração, para verdes se é ou não é verdade o que estou dizendo. Não sois obrigados a aceitar o que digo.

Onde há o desejo, o desejo consciente ou inconsciente, de nos preenchermos, existe sempre, forçosamente, o medo da frustração. Vendo-nos frustrados, procuramos outra espécie de preenchimento, para fugir a essa frustração. Achamo-nos, pois, encerrados nesta prisão perpétua do preenchimento e da frustração. Não achais, pois, muito importante que libertemos a nossa mente desse desejo de preencher-se numa ação, numa ideia, em qualquer coisa, enfim? Quando procuro preencher-me por meio de minha esposa e de meus filhos, isso significa amor? Se desejo preencher-me, discursando para grandes ou pequenos auditórios, estou realmente interessado na Verdade, tenho desejo fundamental de libertar os homens, ou estou me preenchendo por meio dos meus ouvintes?

Senhores, esta não é uma reunião de discussão. Não nos importa, pois, descobrir se existe uma maneira diferente de resolvermos este problema, uma maneira diversa de estuda-lo, não baseada no desejo de preenchimento, uma ação que não viase a um certo resultado? Não digais: “sim, é o que diz o Bhagavad-Gita, o Upanishads” — pondo de parte a questão. Quando dizeis uma coisa dessas, não estais realmente escutando à outra pessoa. E o que importa é o escutar. Com efeito, se souberdes escutar, o milagre se realizará. Se souberdes escutar tanto a melodia quanto o silêncio entre duas notas, talvez possais então descobrir a verdade relativa a qualquer coisa. Entretanto, enquanto estiverdes comparando, rejeitando, aceitando, em constante atividade de explanação e rejeição, não estais de fato escutando.

Estou aventando talvez haja uma forma diferente de proceder sem se visar ao preenchimento pessoal, e que não esteja só ao alcance de poucos. Se eu for capaz de compreender-me, de observar-me nas minhas atividades diárias, e reconhecer que a todas as horas do dia estou ocupado em preencher-me e, por conseguinte, vivendo na frustração e no  temor— se eu for capaz de reconhecer tal coisa — e não somente de aceita-la — então não haverá mais preenchimento pessoal, meu, em coisa alguma. Se perceberdes, realmente, momento por momento, nas vossas atividades diárias, que toda ação é insuflada pelo desejo de preenchimento e que o preenchimento traz sempre frustração; se perceberdes a coisa na sua inteireza, se a virdes, bem desperto, sem argumentação, sem discussão, sem desejo de comparar — então, daí, resultará forçosamente uma ação nova, uma ação que não será de preenchimento pessoal, mas de outra natureza.

É bem óbvio que, cada um de nós está tentando preencher-se há o caos na sociedade; e, a fim de dominar esse caos, a nossa mente apela para um determinado padrão ou condição. Se puderdes perceber bem isso ( se realmente estais escutando  o que digo ) reconhecereis este fato verdadeiro, isto é, que não há preenchimento. Podeis fazer tudo o que quiserdes, elevar-vos às maiores alturas — nunca há preenchimento. Se se reconhecer este fato verdadeiramente, se o sentirmos interiormente, haverá então possibilidade de ação, a qual não será produto ou resultado da compulsão, do temor, da frustração.

Krishnamurti  — Autoconhecimento — Base da Sabedoria

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill