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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Conhecendo as implicações da solidão

Questionador: Sinto-me muito só e anseio por um relacionamento humano íntimo. Já que não consigo arranjar companhia, o que devo fazer?

Krishnamurti: Uma das nossas dificuldades é, sem nenhuma dúvida, o fato de queremos ser felizes por meio de alguma coisa, por meio de uma pessoa, de um símbolo, de uma ideia, da virtude, por meio da ação, por meio da companhia. Pensamos que a felicidade, a realidade ou o nome que lhe quiserem dar pode ser encontrada por intermédio de alguma coisa. Logo, sentimos que, através da ação, da companhia, de certas ideias, encontraremos a felicidade.

Assim, estando só, quero encontrar alguém ou alguma ideia por meio da qual eu possa ser feliz. Mas a solidão sempre permanece; ela está sempre presente, encoberta. Mas como isso me assusta e eu não conheço a natureza interior dessa solidão, quero encontrar alguma coisa a que me apegar. Assim, penso que por meio de algo, de alguém, serei feliz. Por esse motivo, nossa mente está sempre preocupada em encontrar alguma coisa. Por intermédio dos móveis, de uma casa, de livros, de pessoas, de ideias, de rituais, de símbolos, esperamos alcançar algo, encontrar a felicidade. E eis porque as coisas, as pessoas, as ideias, se tornaram extraordinariamente importantes: porque temos a esperança de, por seu intermédio, vir a alcançar a felicidade. Desse modo, começamos a ficar dependentes delas.

Mas, apesar de tudo isso, permanece a coisa não compreendida, não resolvida; a ansiedade, o medo, ainda estão presentes. E mesmo quando me dou conta de que estão presentes, quero usá-los, transpô-los, a fim de descobrir o que há além. A minha mente usa tudo como um meio de ir além, e por isso, torna triviais todas as coisas. Se uso você para a minha realização, para a minha felicidade, você se torna bem pouco importante, visto que minha preocupação é a minha felicidade. Logo, quando minha mente está às voltas com a ideia de que pode ter felicidade por meio de alguém, de uma coisa ou de uma ideia, não torno transitórios todos esses meios? Porque minha preocupação é, nesse caso, alguma outra coisa, ir além, capturar algo que se encontra além disso tudo.

Não será muito importante que eu compreenda essa solidão, essa dor, esse sofrimento do vazio extraordinário? Porque, se eu compreender isso, talvez não empregue coisa alguma para encontrar a felicidade. Não usarei Deus como meio de atingir a paz nem um ritual para ter mais sensações, exaltações, inspirações. O que me consome o coração é essa sensação de medo, minha solidão, meu vazio. Posso compreender isso? Posso solucioná-lo? A maioria de nós se sente solitária, não? Façamos o que fizermos, o rádio, os livros, a política, a religião — nada dessas coisa pode encobrir de fato essa solidão. Posso ser socialmente ativo, posso identificar-me com certas filosofias organizadas, mas, faça o que fizer, a solidão continua presente, nas profundezas do meu inconsciente ou no mais íntimo do meu ser.

E como proceder diante disso? Como trazê-lo para o exterior e resolvê-lo por completo? Mais uma vez, toda a minha tendência é condenar, não é? Tenho medo daquilo que não conheço, e o medo é o resultado da condenação. Afinal, não conheço a qualidade da solidão, o que ela de fato é. Mas a minha mente a julgou, dizendo que ela é assustadora. A mente tem opiniões sobre o fato, tem ideias acerca da solidão. E são essas ideias e opiniões que criam o medo e me impedem de ver de fato a solidão.

Estarei me fazendo compreender com clareza? Sinto-me solitário e tenho medo disso. O que causa o medo? Não será o fato de eu não conhecer as implicações da solidão? Se conhecesse o conteúdo da solidão, eu não a temeria. Entretanto, como tenho uma ideia de como ela poderia ser, eu não a temeria. Entretanto, como tenho uma ideia de como ela poderia ser, fujo dela. O que gera o medo é a fuga, e não a observação que faço da solidão. Para observá-la, para ficar com ela, não posso condenar. E quando for capaz de encará-la, terei condições de amá-la, de observá-la.

Então, será essa solidão de que tenho medo apenas uma palavra? Não será ela, na verdade, um estado essencial, talvez a porta por meio do qual descobrirei? Essa porta pode me levar mais longe, de modo que a mente compreenda o estado no qual tem de estar só, não contaminada. Porque todos os processos que me afastam dessa solidão são desvios, fugas, distrações. Se a mente puder viver com a solidão sem condená-la, talvez isso a leve a descobrir o estar só, o estado em que a mente se encontra não apenas solitária mas completamente sozinha, independente, não desejosa de descobrir por intermédio de alguma outra coisa.

É necessário ficar só, conhecer esse estar só não induzido pelas circunstancias, esse estar só que não é isolamento, esse estar só que é criatividade, condição na qual a mente já não busca a felicidade nem a virtude, nem cria resistência. A mente que está só é a única que pode encontrar — não a mente contaminada, corrompida pelas suas próprias experiências. Assim, talvez a solidão, de que todos temos consciência, possa, se soubermos como encará-la, abrir a porta para a realidade.

Krishnamurti — Londres 7 de abril de 1963

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill