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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Estamos prisioneiros do mal que o pensamento cria

Para a maior parte de nós, pensar tornou-se extraordinariamente importante. Nunca nos damos conta de que o pensamento é sempre velho. O pensamento nunca é novo, nem nunca pode ser livre. Falar em liberdade de pensamento é completamente sem sentido, a não ser que isso signifique podermos expressar o que queremos, dizer o que nos apetece; em si mesmo o pensamento nunca é livre, porque é resposta da memória. Podemos observar isso por nós. O pensamento é a resposta da memória, da experiência, do conhecimento. O conhecimento, a experiência, a memória são sempre velhos e assim o pensamento é sempre velho; nunca pode portanto ver nada verdadeiramente novo.

Poderá a mente olhar para o problema do medo sem a interferência do pensamento? Compreendem?

Uma pessoa tem medo. Tem medo do que fez. Esteja pois completamente atenta a ele, sem a interferência do pensamento — e haverá medo então? Como dissemos, o medo é originado por meio do tempo; tempo é pensamento. Isto não é filosofia, nem é nenhuma mística; observai-o simplesmente em vós próprios e vereis.

Percebe-se que o pensamento tem de funcionar objetivamente, com eficiência, de maneira lógica e sã. Quando se vai para o emprego, ou quando se faz seja o que for, o pensamento tem de operar, de outro modo não se pode fazer nada. Mas o momento em que o pensamento dá origem ou sustenta o prazer e o medo, então deixa de ser eficiente. Então, gera desajustamento na relação e causa portanto conflito.

Assim, pergunta-se se poderá haver um findar do pensamento numa direção e no entanto com o pensamento a funcionar na sua mais alta capacidade. Estamos empenhados em saber se o pensamento pode estar ausente quando, por exemplo, a mente vê o por do sol em toda a sua beleza. Só então se vê essa beleza, e não quando a mente está cheia de pensamentos, de problemas, de violência. Ou seja, se o observarmos, no momento de vermos o por sol, o pensamento está ausente. Olhamos aquela luz extraordinária sobre os montes, com grande encantamento, e nesse momento o pensamento não tem nisso lugar nenhum.

No instante seguinte porém o pensamento diz: “Que maravilhoso, que  belo foi, quem me dera pintá-lo, escrever um poema sobre ele, gostava de contar aos meus amigos esta coisa bonita.” Ou ainda: “Gostava de ver um pôr do sol assim, outra vez amanhã”. E nessa altura o pensamento começa a criar problemas. Porque então diz: “Amanhã hei de ter esse prazer outra vez”; e quando isso não acontece, há dor. É muito simples, e é exatamente por causa da sua simplicidade que isso passa desapercebido. Todos desejamos ser terrivelmente “inteligentes” — somos muito sofisticados, muito intelectuais, lemos muito… Mas toda a história psicológica da espécie humana — não quem foram os reis, ou que guerras houve, nem todo este absurdo das nacionalidades — está dentro de cada um. Quando somos capazes de ler isso em nós mesmos, compreendemos. Então, somos uma luz para nós próprios, então não há autoridade, então somos realmente livres.

A nossa pergunta portanto é: Poderá o pensamento deixar de interferir? É esta interferência que produz tempo. Compreendem? Reparemos na morte. Há grande beleza no que está envolvido na morte, e não é possível compreender essa beleza se houver qualquer forma de medo. Estamos apenas a mostrar que receamos a morte por ela poder acontecer no futuro, sendo inevitável. Assim, o pensamento pensa nisso, e fecha-lhe a porta. Ou então, pensa em algum medo que se teve — o sofrimento, a ansiedade — e que isso poderá repetir-se… Estamos prisioneiros do mal que o pensamento cria.

Contudo, podemos ver também a extraordinária importância do pensamento. Quando se vai para o emprego, por exemplo, ou quando se faz alguma coisa de caráter técnico, tem de se usar o pensamento e o conhecimento.

Percebendo todo este processo, desde o início desta conversa até agora — vendo tudo isto — pergunta-se: “Será o pensamento capaz de estar silencioso? Poder-se-á por exemplo ver a beleza de pôr do sol e ficar completamente envolvido na beleza desse poente sem que o pensamento introduza aí a questão do prazer?” Reparem nisto, por favor. Se assim for, a conduta é cheia de retidão. Só quando o pensamento não cultiva o que acha que é virtude é que a conduta é de fato virtuosa, do contrário, torna-se deformada e sem integridade. A virtude não é do tempo ou do pensamento; o que significa que ela não é produto do prazer ou do medo.

Assim, agora o problema é: Como é possível, por exemplo, olhar o pôr do sol sem que o pensamento teça prazer ou dor à volta disso? Será possível olhá-lo com tal atenção, com um envolvimento nessa beleza de tal modo completo que, uma vez visto o pôr do sol, isso fique terminado, para que o pensamento não o transporte, como prazer, para “amanhã”?

(…) Observar, por exemplo, o pôr do sol se a interferência do pensamento exige uma disciplina tremenda; mas não a disciplina do conformismo, não a da repressão ou do controle. A palavra “disciplina” significa aprender — não conformar-se ou obedecer — aprender acerca de todo o processo de pensar e do lugar que lhe pertence.

A negação do pensamento necessita de grande observação. E para observar tem de haver liberdade. Nesta liberdade conhece-se o movimento do pensamento e há então aprendizagem ativa.

Que entendemos nós por aprender? Quando se vai para a escola ou para a universidade aprende-se muita informação, não de grande importância talvez, mas aprende-se. Isso torna-se conhecimento, e é a partir desse conhecimento que atuamos, quer no campo tecnológico, quer em todo o campo da consciência. Sendo assim, temos de compreender profundamente o que essa palavra “aprender” realmente significa.

A palavra “aprender” representa obviamente um presente ativo. Está-se sempre a aprender. Mas quando esse aprender se torna um meio de acumulação de conhecimentos, ele é então uma coisa totalmente diferente. Ou seja, aprendi da experiência anterior que o fogo queima. Isso é conhecimento. “Aprendi-o”, portanto não me aproximo do fogo. Cessei de aprender. E a maior parte de nós “tendo aprendido” atua a partir daí. A informação que acumulamos acerca de nós próprios — ou dos outros — torna-se conhecimento ; então esse conhecimento torna-se quase estático e é a partir disso que atuamos. Por consequência, essa ação é sempre velha. Aprender é pois algo inteiramente diferente.

Se esta tarde se tem estado a ouvir com atenção, tem-se estado a aprender a natureza do medo e do prazer; tem-se estado a aprender, e é daí que se atua. Espero que compreendam a diferença. Aprender implica uma ação constante. Está-se sempre a aprender. E o próprio ato de aprender é agir. O agir não está separado do aprender. Para a maior parte de nós, porém, a ação está separada do conhecimento. Ou seja, há a ideologia ou o ideal, e de acordo com esse ideal agimos, só aproximando a ação desse ideal. E assim, portanto, a ação é sempre velha.

Aprender, tal como ver, é uma grande arte. Que acontece quando vemos uma flor? Será que a vemos realmente, ou vemo-la através da imagem que temos dessa flor? São duas coisas inteiramente diferentes. Quando olhamos para uma flor, para uma cor, sem a nomear, sem o gostar ou não gostar, sem nenhuma cortina entre nós e aquilo que se vê como flor, sem a palavra, sem o pensamento, então a flor tem uma cor e uma beleza extraordinárias. Mas quando se olha para a flor através de um conhecimento botânico, quando se diz “isto é uma rosa”, já se condicionou o olhar.

Ver, assim como aprender, é de fato uma arte; mas não é preciso ir a nenhuma escola para aprender. Pode-se aprende-la onde se está. Podemos olhar um flor, e descobrir como olhamos para ela. Se somos sensíveis, se estamos acordados, atentos, então vemos que o espaço entre nós e a flor desaparece e quando esse espaço desaparece vemos a flor de maneira muito intensa e cheia de vitalidade. Do mesmo modo, quando nos observamos a nós próprios sem esse espaço — e portanto, sem ser como “o observador” e “a coisa observada” — vemos então que não há contradição e portanto não há conflito. 

Quando se vê a estrutura do medo, vê-se também a estrutura e a natureza do prazer. Ver é aprender sobre isso, e a mente portanto não fica aprisionada na procura do prazer. A vida tem então um sentido completamente diferente. Vive-se — mas não à procura de prazer.

Krishnamurti — extrato da conferência na Universidade da Califórnia, em Berkeley

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill