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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sem a liberdade do passado não há como existir o amor

O amor pode ser cultivado pelo pensamento — poderá tornar-se um hábito? O amor será prazer? Tal como o conhecemos, ele é essencialmente uma procura de prazer. E se o amor é prazer, então, o amor também é medo — não?

Que é o prazer? Não estamos a negar o prazer; não estamos a dizer que não se deve ter prazer; isso seria absurdo. Que é então o prazer? Ontem à tarde vimos o pôr do Sol; no momento da percepção, não houve nem prazer nem dor, houve apenas um contato imediato com essa realidade. Uns minutos mais tarde, porém, começou-se a pensar nisso: "Foi uma coisa tão bela". Acontece o mesmo com o sexo. Pensa-se nisso, construindo imagens mentais; pensar nisso dá prazer. Do mesmo modo, pensar na perda desse prazer causa medo, tal como pensar em não ter emprego amanhã, em ficar só, em não ser amado, em não ser capaz de autoexpressão, etc. Este maquinismo de "pensar nisso" causa não só prazer como medo.

Dever-se-á cultivar o amor, como se cultiva uma planta? O amor deverá ser cultivado pelo pensamento, sabendo-se que o pensamento gera prazer e medo? Temos de aprender o que é o amor, aprender, e não acumular o que os outros têm dito sobre ele — isto é horrível. Temos de aprender, temos de observar. O amor não pode ser cultivado pelo pensamento, é uma realidade inteiramente diferente.

A partir da sensibilidade e da inteligência, a partir da ordem que nasce quando a mente compreende como surge toda esta desordem e se liberta dela, a partir da disciplina que vem da compreensão da desordem, é que surge essa realidade chamada amor — que os políticos, os sacerdotes, o marido e a mulher destroem.

Compreender o amor é compreender a morte. Se não se morrer para o passado, como se poderá amar? Se eu não morrer para a imagem de mim mesmo e para a imagem que tenho da minha mulher, como serei capaz de amar?

Tudo isto constitui a maravilha da meditação e a sua beleza. E é em tudo isto que algo surge então: a mente adquire uma qualidade verdadeiramente religiosa, uma qualidade de silêncio. Religião não é a crença organizada, com os seus deuses e os seus sacerdotes. Religião é um estado da mente, uma mente livre e inocente e, portanto, completamente silenciosa. Uma mente assim não tem limite.

Interrogante: Que acontece se as pessoas não têm uma mente desse tipo?

Krishnamurti: Por que é que dizemos "se as pessoas não a têm"? Quem são "as pessoas"? Se "eu" não a tenho — é tudo. E se "eu" não tenho uma mente assim, penetrante, lúcida, que devo fazer? Não será essa a pergunta? As nossas mentes estão confusas, não é verdade? Vivemos em confusão. Que se deve fazer? Se estou mentalmente entorpecido, não serve de nada tentar polir a minha falta de penetração, tentar tornar-me "inteligente". Primeiro tenho de saber que estou mentalmente embotado, entorpecido. A própria tomada de consciência do meu embotamento é libertar-me dele. Se digo "sou insensato", não verbalmente, mas apercebendo-me de fato que o sou, então já estou vigilante, não me comporto mais como um insensato. Mas se se resiste ao que se é, então o embotamento é cada vez maior.

Neste mundo, o que se considera como o apogeu do intelecto é ser mentalmente muito hábil, muito cheio de expediente, muito complicado e erudito. Não sei por que é que as pessoas andam com o cérebro carregado de erudição. Por que não havemos de deixá-la nas prateleiras das bibliotecas? Os computadores são muito eruditos... Erudição não tem nada a ver com inteligência. Ver as coisas como realmente são, em nós próprios, sem criar conflito ao apercebermo-nos daquilo que somos, necessita de tremenda simplicidade da inteligência. Sou insensato, sou mentiroso, estou encolerizado, etc.: observo-o, sem depender de nenhuma autoridade, sem oferecer resistência, sem dizer "devo ser diferente" — aquilo está ali, e aprendo a seu respeito.

Interrogante: Quando tento prestar atenção, dou-me conta de que não sou capaz de estar atento.

Krishnamurti: A atenção nascerá da desatenção?

Interrogante: Não. Que é que a produz? Como é que ela vem?

Krishnamurti: Antes de mais nada, que é atenção? Quando estamos atentos, isto é, quando damos a mente, o coração, os nervos, os olhos, os ouvidos, há atenção completa, ela acontece, não é verdade? A atenção total é isso. Quando não há resistência, quando não há censor, ou seja, nenhum movimento avaliativo, há atenção — conseguimo-la.

Interrogante: Mas isso é tão raro.

Krishnamurti: Ah! Lá voltamos outra vez atrás: "Isso é tão raro acontecer!" Estou apenas a mostrar uma coisa: geralmente está-se desatento. Mas logo que se toma consciência da desatenção, fica-se atento, não é assim? Portanto, tomemos consciência da desatenção. Através da negação atinge-se o positivo. Ao compreender-se que se está desatento, surge a atenção.

Krishnamurti — Conferência na Universidade de Brandeis

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill