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sexta-feira, 16 de março de 2018

A raiz do medo


A RAIZ DO MEDO

Pupul Jayakar (PJ): Você tem dito, Krishnaji, que a inteligência é a máxima segurança quando enfrentamos ao medo. O problema é o seguinte: numa crise, quando o medo que brota do inconsciente nos inunda, onde há lugar para a inteligência? A inteligência exige negar aquilo que assim se apresenta. Nos exige escutar, ver e observar. Mas quando a totalidade do ser é inundada por um medo incontrolável, medo que tem uma causa mas cuja causa não podemos discernir imediatamente, nesse estado, onde há lugar para a inteligência? Como se encara os medos primitivos, arquetípicos, que se acham na base mesma da psique humana? Um destes medos é o medo da destruição de si mesmo, o medo de não ser.

Jiddu Krishnamurti (K): O que estamos explorando juntos?

PJ: Como tratar o medo? Você não tem respondido isso. Tem falado da inteligência dizendo que é a máxima segurança. Assim é; mas quando o medo nos inunda, onde está a inteligência?

K: Você está dizendo que, no instante de uma grande onda de medo, a inteligência se acha ausente. E pergunta: Como se pode lidar com essa onda de medo nesse instante? Essa é a pergunta?

Sunanda Patwardhan (SP): Vê-se o medo como se fossem os ramos de uma árvore. Mas nós tratamos com estes medos um por um, e assim não nos libertamos do medo. Existe uma qualidade que vê a totalidade do medo sem os ramos?

K: K perguntou: Vemos as folhas, os ramos, ou chegamos na raiz mesma do medo?

SP: Podemos chegar até a raiz a partir de cada ramo particular do medo?

K: Averiguemos.

PJ: Através de um só medo, pode-se chegar a ver a totalidade do medo.

K: Compreendo. Você diz que há temores conscientes e inconscientes, e que os temores inconscientes se tornam extraordinariamente intensos por momentos, e que nesses momentos a inteligência não atua. E pergunta como se pode, então, lidar com essas ondas de medo incontrolável. Não é essa a pergunta?

PJ: Este medos parecem adotar uma forma material; é algo físico o que a si o oprime.

K: Sim, nos transtorna neurologicamente, biologicamente... Exploremos. O medo existe, conscientemente ou nas profundezas, quando há uma sensação de solidão, um sentimento de que os demais nos abandonaram completamente, uma sensação de total isolamento, de não ser, de absoluto desamparo. E nestes momentos, quando surge um medo profundo, ingovernável, um medo que não temos evitado, é óbvio que a inteligência se acha ausente.

PJ: Pode-se sentir que se tenha enfrentado aos temores conhecidos, mas que se está atolado no inconsciente.

K: E então, nesse florescer mesmo há inteligência. Mas, como você lida com o outro? Por que o “inconsciente” — usaremos pelo momento esta palavra “inconsciente” — dá abrigo a estes medos? Ou é que o inconsciente os convida? Acaso os contêm, existem em suas profundidades tradicionais, ou é algo que o inconsciente recolhe do entorno? E, por que o inconsciente abriga medos, qualquer forma de medo? Forma parte intrínseca do inconsciente, a história racial, tradicional do homem? Encontra-se nos genes herdados? Como você encara este problema?

PJ: Podemos discutir o segundo, ou seja, que o medo é pego do entorno?

K: Antes de tudo, ocupemo-nos do primeiro. Por que o inconsciente abriga medos? Por que consideramos que as capas mais profundas da consciência são o depósito, o resíduo do medo? Isso está imposto pela cultura em que vivemos, pela mente consciente que, sendo incapaz de enfrentar-se ao medo, o tenha jogado para baixo, de modo tal que este medo permanece no nível do inconsciente? Ou é que a mente, com todo o seu conteúdo, não tem resolvido seus problemas e teme ser incapaz de resolvê-los? Quero averiguar qual é o significado do inconsciente. Quando você disse que chegam estas ondas de medo, eu lhe respondi que estão sempre ali, mas que, numa crise, se toma consciência delas.

SP: Existem na consciência. Por que você disse que estão no inconsciente?

K: Em primeiro lugar, a consciência está composta de seu conteúdo. Sem seu conteúdo, não existe a consciência. Um de seus conteúdos é este medo básico, e a mente consciente jamais o aborda; está aí, mas ela nunca diz: “Tenho que afrontá-lo”. Em momentos de crise, essa parte da consciência se acha desperta e está amedrontada. Mas o medo segue sempre aí.

PJ: O medo sempre está aí. Forma parte da herança cultural do homem?

K: O medo está sempre aí. Forma parte de nossa herança cultural? Ou é possível que se possa nascer num país, numa cultura que não admita o medo?

PJ: Não existe uma cultura semelhante.

K: Claro que não existe tal cultura. E então me pergunto: O medo, forma parte da cultura ou é inerente ao homem? O medo, tal como existe no animal, em toda a criatura vivente, é uma sensação de não ser; é a sensação de ver-se destruído.

PJ: O instinto de conservação adota a forma do medo.

K: É que a estrutura total das células tem medo de não ser? Esse medo existe em todo criatura vivente. Mesmo a minúscula formiga tem medo de não ser. Vemos que o medo está aí, vemos que forma parte da existência humana; e se se torna tremendamente consciente dele numa crise. Como se enfrenta a isso nesse momento, quando chega a onda do medo? Por que esperamos a crise? Só pergunto.

PJ: Não se pode evitá-lo.

K: Espere um momento. Dissemos que o medo está sempre aí, que forma parte de nossa estrutura biológica e psicológica. Toda a estrutura humana, a totalidade de nosso ser, sente medo. Este forma parte da mais diminuta criatura vivente, da mais insignificante das células. Por que esperamos que venha uma crise e o revele? Essa é uma aceitação extremamente irracional do medo.

Pergunto: Por que deveria ter uma crise para enfrentar-me ao medo?

PJ: De outro modo, este não existe. Veja, senhor, posso lidar inteligentemente com certos medos. Por exemplo, é possível afrontar com inteligência o medo da morte. É igualmente possível enfrentar-se inteligentemente a outros medos?

K: Você disse que pode afrontar com inteligência estes medos, mas eu o ponho em dúvida. Ponho em dúvida que se enfrente, ainda a certos medos — tal como você o expressa — inteligentemente. Ponho em dúvida que se possa ter alguma inteligência antes de haver resolvido o medo. A Inteligência é luz, e não se pode lidar com a escuridão quando não há luz. A luz existe unicamente quando não há escuridão. Eu questiono que você possa afrontar o medo inteligentemente quando o medo existe. Digo que não pode. Pode racionalizá-lo, pode ver sua natureza, pode evitá-lo ou transcendê-lo, mas isso não é inteligência.

PJ: Eu diria que a inteligência radica em uma lúcida percepção do medo quando este surge, em deixá-lo tranquilo, em não tratar de modificá-lo, em não voltar-lhe as costas, o qual leva a dissolução do medo. Mas você disse que onde está a inteligência, o medo não surge.

Nandini Mehta (NM): Não surgirá?

K: Nós não o permitimos que surja.

NM: Eu penso que o medo surge, mas nós não deixamos que floresça.

K: Veja, eu questiono completamente toda a resposta a uma crise. O medo está aí; por que necessitamos uma crise para despertá-lo? Você diz que ocorre uma crise e o medo desperta. Uma palavra, um gesto, um olhar, um movimento, um pensamento, são desafios que, segundo você, acarretam medo. Eu pergunto: Por que esperamos que haja uma crise? Estamos investigando. Você sabe o que significa “investigar”? Significa “seguir a pista”. Por conseguinte, estamos seguindo a pista. Não dizemos isto, aquilo ou o outro. Seguimos a pista disto, e eu pergunto: Por que espero uma crise? Um gesto, um pensamento, uma palavra, um olhar, um murmúrio... qualquer coisa destas é um desafio.

NM: Eu não busco a crise. Do único que me dou conta é de que o medo surge e caio paralisada.

K: Cai paralisada, por quê? Isso indica que, para você, é necessário um desafio. Por que não entra em contato com o medo antes do desafio? Disse que uma crise desperta o medo. Uma crise inclui um pensamento, um gesto, uma palavra, um murmúrio, um olhar, uma carta... É um desafio que faz que se desperte o medo? Eu me pergunto: Por que não deveria se estar desperto ao medo sem que haja um desafio? Se o medo está aí, deve achar-se desperto; ou está dormindo? E se está dormindo, por que o está? A mente consciente teme que o medo possa despertar? O adormeci ao negar observá-lo?

Vamos devagar, estamos seguindo o rastro de um cometa espacial. Por acaso a mente consciente tem temido observar o medo e, portanto, o tem mantido quieto? Ou o medo está aí, desperto, mas a mente consciente não quer deixá-lo florescer? Você admite que o medo forma parte da vida humana, da existência?

PJ: Senhor, o medo não tem uma existência aparte, independente da experiência exterior e de seus estímulos.

K: Espere, eu questiono isso, não o aceito. Você disse que sem os estímulos externos, o medo não existe. Se isso é certo para você, deve sê-lo para mim, porque sou um ser humano.

PJ: Incluo tanto os estímulos externos como os internos.

K: Eu não divido o externo do interno; é tudo um só movimento.

PJ: O medo não tem uma existência aparte dos estímulos.

K: Você se afasta do tema, Pupul.

PJ: Você pergunta: Por que não olhar o medo, por que não enfrentar a ele?

K: Eu me pergunto: Devo esperar uma crise para que este medo se desperte? Isso é tudo o quanto pergunto. Se o medo está aí, quem o fez adormecer? Isso ocorre porque a mente consciente não pode resolvê-lo? A mente consciente se preocupa por resolver o medo e, ao não ser capaz de fazê-lo, o adormece, o sufoca, E, quando ocorre uma crise, a mente consciente se vê sacudida e o medo aparece. De modo que me pergunto: Por que deve a mente consciente reprimir o medo?

SP: Senhor, o instrumento da mente consciente é a análise, a capacidade de reconhecer. Com isto ela não pode enfrentar-se adequadamente com o medo.

K: Não, não pode. Mas o que se requer é a verdadeira sensibilidade, não análise. A mente consciente não pode lidar com o medo; portanto, diz: “Quero afastá-lo, não posso olhá-lo”. Veja o que você faz. Espera que venha uma crise para que o medo se desperte, e a mente consciente está todo o tempo evitando a crise. A evita raciocinando, racionalizando. Somos mestres nesse jogo. Digo-me, pois, que se o medo está aí, se acha desperto. Você não pode adormecer algo que forma parte de nossa herança. A mente consciente só supõe que tenha adormecido ao medo. E se vê sacudida quando ocorre uma crise. Em consequência, aborda o medo de uma maneira diferente. Esse é o meu levantamento. Isso é correto? O medo básico é o medo da não existência, uma sensação de completo temor, de incerteza; medo de não ser, de morrer. Por que a mente não traz à luz esse medo e se move com ele? Por que deve esperar por uma crise? É por que são preguiçosos e, por isso, não possuem a energia necessária para chegar até a raiz do medo? É irracional o que estou dizendo?

PJ: Não é irracional. Estou tratando de ver se é válido.

K: Dissemos que toda criatura vivente tem medo de não ser, de não sobreviver. O medo forma parte de nossas células sanguíneas. Todo nosso ser experimenta o medo à não existência, ao medo de morrer, de ser destruído. Assim, pois, o medo ao não ser forma parte tanto de nossa estrutura psicológica como da biológica, e me pergunto por que é necessária uma crise, por que deve adquirir importância o desafio. Eu me oponho ao desafio. Quero estar à frente do desafio, não atrás.

PJ: Não se pode participar do que você está dizendo.

K: Por que não pode? Vou mostrar-lhe. Sei que vou morrer, mas tenho intelectualizado, racionalizado a morte. Portanto, quando digo que minha mente está muito mais adiante que a morte, não o está. Só o está com o pensamento, e isso não é estar muito mais adiante.

PJ: Tratemos de captar a realidade disto. Se se enfrenta a morte e sente que está um passo adiante dela; mas se se move e, subitamente, se dá conta de que não se adiantou à morte.

K: Entendo isso. Tudo é resultado de um desafio, seja que tenha tido lugar ontem ou a um ano atrás.

PJ: Então, a pergunta é, Com que instrumento, com que energia, de que dimensão se vê? E, o que é o que se vê?

K: Quero ser claro. O medo forma parte de nossa estrutura, de nossa herança. Biologicamente, psicologicamente, as células cerebrais têm medo de não ser. E o pensamento diz: “Não vou olhar esta coisa”. E quando aparece o desafio, o pensamento não pode terminar com ele.

PJ: O que significa para você: “O pensamento disse: ‘Não quero olhar o medo?’”?

NM: Senhor, quer olhar-se a si mesmo.

K: O pensamento não pode observar sua própria terminação. Só pode racionalizar a respeito. Eu lhe pergunto: Por que a mente espera um desafio? É necessário? Se você disse que é necessário, então o está esperando.

PJ: Eu digo que não o sei. Só sei que se apresenta um desafio e surge o medo.

K: Não, um desafio desperta o medo. Atenhamo-nos a isso. E eu lhe pergunto: Por que esperar por um desafio para que o medo se desperte?

PJ: Sua pergunta é um paradoxo. Você diria que não espera um desafio que o evoca?

K: Não me oponho completamente ao desafio. Você não entendeu meu levantamento. Minha mente não aceitará um desafio em nenhum momento. Dizer que estou dormindo e que é necessário um desafio para despertar-me, é uma afirmação errônea.

PJ: Não, senhor, isso não é o que eu digo.

K: Em consequência, o medo está desperto. O que é que dorme, então? A mente consciente? Ou o que está adormecida é a mente inconsciente? E, há certas partes da mente que estão despertas?

PJ: Quando estou desperta, estou desperta.

NM: Você convida o medo?

K: Se você está desperto, nenhum desafio é necessário. De modo que se recusa o desafio. Sim, como dissemos, faz parte de nossa vida que devamos morrer, então, se está desperto todo tempo.

PJ: Não todo o tempo. Não se está consciente do medo todo o tempo. Este se encontra aí todo o tempo debaixo do tapete, mas não se o observa.

K: Eu digo: Levante o tape e observe. Está aí. Isso é o que levanto. Está aí e se acha desperto. De modo que não é necessário um desafio que o desperte. Todo o tempo tenho medo de não ser, de morrer, de não triunfar. Esse é o medo básico de nossa vida; está aí, em nosso sangue, sempre vigilante, montando guarda, protegendo-se. Mas está totalmente desperto. Jamais dorme, nem sequer por um momento. Assim que ao se necessita de um desafio. O que você faz com respeito ao medo e o modo como o aborda, isso vem depois.

PJ: Esse é o fato.

Achyut Patwardhan (AP): Ao ver tudo isto, você não aceita o fator da desatenção?

K: Disse que o medo está desperto, não estou falando de atenção.

AP: O medo está ativo, opera.

K: É como uma serpente na residência, está sempre aí. À mente consciente lhe preocupa o modo de lidar com o medo, e como não pode fazê-lo, se afasta. A mente consciente recebe, então, um desafio e trata de enfrentar-se a ele. Pode enfrentar-se a uma criatura vivente? Isso não necessita de um desafio. Mas, devido a que a mente consciente cegou-se contra o medo, o desafio se torna necessário. Correto, Pupul?

NM: Quando se pensa no medo isso é tão só um pensamento; essa sombra segue estando na mente.

K: Siga-lhe o rastro, não salte para conclusões. Você tem saltado para conclusões. Minha mente recusa o desafio. A mente consciente não permitirá que a despertem os desafios. Está desperta. Mas você admite o desafio. Eu não o admito. Não se encontra dentro de minha experiência. O próximo passo é: Quando a mente consciente se acha desperta ao medo, não pode evitar algo que está ali. Vejamos passo a passo, não pulemos para conclusões a cada segundo. De modo que a mente consciente sabe que o medo está aí, plenamente desperto. Então, o que é o próximo que faremos?

PJ: É aí onde radica nossa insuficiência.

NM: Eu estou desperta.

K: Você confunde toda a questão. É a mente consciente quem teme a isto. Quando se acha desperta, não está amedrontada. Em si mesma, não está amedrontada. A formiga não está amedrontada. Se a esmagam, a esmagam. É a mente consciente que diz: “Tenho medo disto — de não ser”. Mas quando topo com um acidente, quando se explode um avião, não há medo. No instante da morte, digo: “Sim, agora sei o que significa morrer”. Mas a mente consciente, com seus pensamentos, diz: “Meu Deus, vou morrer, não quero morrer, não devo morrer, me protegerei”; essa é a coisa que tem medo. Nunca obervaram uma formiga? Jamais está assustada; se alguém a mata, morre. Agora você vê algo.

NM: Senhor, já viu alguma vez uma formiga? Se se põe um pedaço de papel na frente da formiga, esta se esquiva.

K: Quer sobreviver, mas não está “pensando” a respeito da sobrevivência. Assim que voltamos a isso. O pensamento cria o medo; só o pensamento diz: “Morrerei, estou só, não me realizei”. Veja-o: isso é a eternidade atemporal, é a verdadeira eternidade. Veja o quão extraordinário é. Por que devo estar amedrontado, se o medo é uma parte de meu ser? Só quando o pensamento diz que a vida deve ser diferente, há medo. Pode a mente permanecer completamente imóvel? Pode ser completamente estável? Então surge essa coisa. Quando essa coisa está desperta, qual é, então, a raiz central do medo?

PJ: Senhor, isso alguma vez lhe ocorreu?

K: Várias vezes, muitas vezes, quando a mente está completamente estável e não retrocede diante nada, quando não aceita nem recusa, quando não racionaliza, nem foge, quando não há movimento de nenhum tipo. Chegamos até a raiz disso, verdade?

Nova Delhi
13 de novembro de 1972

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill