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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Qual a base do pensamento?

Para transcender as condições que limitam o pensamento e o mantém em constante conflito, precisamos compreender a ansiedade expressa em nossos relacionamentos com o outro e a sociedade. Isso deve ser feito não pelo mero controle, não pela simples disciplina ou renúncia, mas pelo percebimento constante do processo da ansiedade. Isto requer extrema aplicação, paciência e constante vigilância. Quando você ativamente se percebe do processo da ansiedade, percebe que a ânsia, tal como a possessividade por pessoas e cosias, sofre uma transformação radical. A expressão da ganância criou uma sociedade que dá importância às coisas, aos bens, às coisas materiais e outras vaidades, o que é, em parte, a causa dos conflitos que separam, antagonismos raciais e guerras.

Além disso, a ânsia se expressa nos relacionamentos, como sensação, prazer e posse. Possessividade não pode ser amor, ele é resultado do medo. Medo e tristeza penetram o nosso ser, devido ao não percebimento do processo da ansiedade. O desejo de prazer e satisfação necessita a posse de outra pessoa, assim criando e mantendo o medo e a tristeza. Onde há medo não pode haver compreensão, compaixão. Enquanto não resolvermos este problema individual dos relacionamentos, não podemos dissolver nosso problema social, pois a sociedade é somente a extensão do individuo, seus pensamentos e atividades.

Assim, o desejo se expressa pela cobiça às coisas mundanas e pelo amor possessivo. Quando o pensamento é limitado pela ganância, por aquele desejo possessivo a que chamamos amor, seguramente deve haver tristeza e conflito; e, a fim de escapar deste conflito e tristeza inventamos várias crenças e esperanças que imaginamos serem duradouras e, assim, sejam satisfatórias, desapercebidos de que são ainda criação da ânsia e, portanto, transitórias.

Nossas idéias, crenças, esperanças, estão tão profundamente enraizadas em nós que escapam à nossa observação critica. Todavia, sem o conhecimento de suas causas e origem, não pode haver verdadeira compreensão. Se as nossas idéias e crenças brotam da ignorância e do medo, então nossa vida e ação devem ser limitadas e sempre em conflito e tristeza. Mas a ignorância é difícil de extirpar.

Qual é a base do nosso pensamento? Qual é a origem da mente?... De que fonte começa o processo do nosso pensamento diário? O simples controle das muitas expressões do pensamento revelará sua verdadeira fonte?

Qual é a base, a raiz, do nosso processo de pensamento? É importante descobrir isto, pois se a raiz de uma árvore está afetada ou em putrefação, que valor tem a poda de seus galhos? De modo semelhante, não deveríamos, primeiro, discernir a origem de nosso modo de pensar, antes de nos importarmos com suas várias expressões e alterações? Compreendendo verdadeiramente a fonte, pelo profundo percebimento, nosso pensamento humano se libertará da ilusão e do medo. Cada individuo tem de descobrir está fonte por si mesmo e, com percebimento vital, transformar radicalmente o processo do modo de pensar.

Nosso pensamento não tem a sua fonte na ansiedade? O que chamamos de mente não é o resultado da ânsia? Pela percepção, contato, sensação e reflexão, o pensamento se divide em gosto e desgosto, ódio e afeição, dor e prazer, mérito e demérito – na série de opostos que formam o processo do conflito. Este processo, que é o conteúdo da consciência, tanto o consciente como o inconsciente, é o que chamamos mente. Sendo colhido por este processo e temendo incerteza, cessação, morte, cada um de nós anseia pela permanência e continuidade. Procuramos estabelecer esta continuidade pela propriedade, nome, família, raça, e percebendo dubiamente a insegurança destas coisas, novamente procuramos a continuidade e permanência através de crenças e esperanças, de conceitos a respeitos de Deus, alma e imortalidade.

Tendo acumulado várias experiências, muitas memórias e conseguimentos, com elas nos identificamos, mas, em nosso intimo permanece a picada da incerteza e o medo da morte, pois tudo se corrompe e passa, e está num fluxo contínuo. Assim, alguns começam a justificar, para si mesmos, seu abandono completo dos prazeres deste mundo, e a sua cruel auto-expansão; outros, acreditando na continuidade, tornam-se vigilantes, ansiosos, e vivem temendo uma punição futura, ou esperançosos de uma recompensa no além, talvez no céu ou, talvez, numa outra vida na terra.

Há muitas formas sutis de ansiedade pela imortalidade, recompensa e sucesso. O pensamento está, profunda e ativamente, interessado pela idéia da continuidade de si mesmo em diferentes formas, grosseiras e sutis. Não é a nossa maior preocupação na vida, a continuidade do eu através das posses, nos relacionamentos, nas idéias? Ansiamos pela certeza, mas a ansiedade cria sempre a ignorância e a ilusão, estabelecendo instrumentos de fé e autoridades que recompensarão ou punirão. O prosseguimento do “eu” é a morte.

A base do nosso pensamento é a ansiedade que cria o eu, e o pensamento se expressa na vaidade mundana, na paixão possessiva e na crença da própria continuidade. O que acontece a um intelecto que está, consciente ou inconsciente, ocupado consigo mesmo e suas próprias expressões? Se tornará limitado e, assim, dará importância a si mesmo. O pensamento assim ocupado deve produzir confusão, conflito, sofrimento. Sendo pego pela sua própria rede, tenta escapar para o futuro ou para atividades que assegurarão esquecimento imediato, o chamado serviço social, o culto ao Estado ou de pessoas, antagonismo racial e social, e assim por diante. Deste modo, o pensamento fica cada vez mais envolvido na rede de seus próprios desejos e fugas. O pensamento é incapaz de tornar-se apercebido de seu próprio processo enquanto estiver preocupado com a sua própria importância e continuidade pessoal.

Como nos tornaremos apercebidos? De modo alerta e desinteressadamente, observando o trabalho da mente, sem correção imediata, sem procurar controlá-la, negá-la ou julgá-la. A energia presente para julgar, para corrigir, não vem da compreensão; ele tem sua natureza na ansiedade e no medo. Há uma profunda e fundamental transformação do eu quando há a compreensão do processo da ânsia. A compreensão transcende a mera razão ou a emoção. A mente-intelecto é agora instrumento da ansiedade, com sua racionalização e transbordantes desejos expansivos; confiar exclusivamente num ou outro, para a compreensão e amor, é continuar na ignorância e sofrimento.

Krishnamurti – Do livro: Palestras por Krishnamurti em Ojai e Sarobia – 1940 - ICK
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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill