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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Existe uma entidade espiritual separada do "eu"?

Podemos, vocês e eu, como indivíduos, penetrar até a raiz do processo do "eu", e compreendê-lo? Ora, qual é o elemento que o dissolve? Que é que causa a dissolução do "eu"? Grupos religiosos e outros têm explicado o meio de dissolver o "eu" pela identificação. Identifiquem-se com algo maior, e o "eu" desaparecerá — dizem eles. Nós, porém, dizemos que a identificação continua a ser um processo do "eu". Não sei se estão compreendendo isso. Todas as variadas formas de disciplina, de crenças e de conhecimentos, só servem para fortalecer o "eu". 

Pode-se achar um elemento capaz de dissolver o "eu"? Ou estará errada a pergunta? É isso o que desejamos, fundamentalmente. Desejamos encontrar alguma coisa que dissolva o "eu", não é assim? Pensamos que há vários modos de a encontrarmos, ou seja, a identificação, a crença, etc.; mas todos eles estão no mesmo nível: nenhum é superior aos outros, porque todos têm o mesmo poder de fortalecer o "eu". Pois bem, reconheço o "eu", onde quer que esteja operando, percebo sua energia e suas forças destruidoras. Qualquer que seja o seu nome, ele é uma força isolante, uma força destrutiva; e desejo encontrar um meio de dissolvê-lo. Vocês devem ter feito essa pergunta a si mesmos: "Vejo o eu operando a todas as horas, e produzindo sempre ansiedade, temor, frustração, desespero, sofrimento, não só a mim mesmo mas também a todos os que me cercam. É possível dissolver esse eu, não parcialmente, mas completamente?" — "Podemos penetrar até à sua raiz e dissolvê-lo?" — É essa a única maneira de agir, não acham? Não quero ser inteligente só parcialmente, quero sê-lo de maneira integral. A maioria de nós somos inteligentes em camadas, vocês provavelmente num sentido e eu noutro sentido diferente. Alguns de vocês são inteligentes no exercício de sua profissão, outros em suas atividades de escritório, etc. Os indivíduos são inteligentes em sentidos diferentes, nunca somos integralmente inteligentes. Ser integralmente inteligente, significa estar desacompanhado do "eu". E isso é possível? Se empreendo essa ação, qual a reação de vocês? Como não estamos numa reunião de discussão, não respondam, por favor; fiquem conscientes da ação. As coisas que ela implica, e que tenho tentado lhes mostrar, hão de produzir uma reação em vocês. Que reação é essa? 

É possível a completa ausência do "eu"? Sabem que é possível. Quais são, então, os ingredientes, os requisitos necessários? Qual o elemento que produz esse resultado? Posso descobri-lo? Estão seguindo o que estou dizendo, senhores? Quando falo a pergunta "posso descobri-lo?" estou naturalmente convencido de que é possível descobri-lo. Já criei uma experiência, no qual o "eu" irá fortalecer-se. Não é assim? A compreensão do "eu" requer grande soma de inteligência, vigilância, atenção, incessante observação, para o não deixarmos escapulir. Eu, que sinto sincero interesse, desejo dissolver o "eu". Quando assim falo, sei que é possível dissolver o "eu". Tenham paciência, por favor. No momento em que digo "Quero dissolver tal coisa" e no processo que sigo para dissolvê-la, há experiência por parte do "eu", e a mesma fortalece o "eu". Como é possível não deixar o "eu" experimentar? É bem evidente que o estado criador não é experiência do "eu". A criação ocorre quando o "eu" não está presente; porque a criação não é intelectual, não é produto da mente, não é auto-projeção, mas, sim, algo que está além de toda experiência, como sabemos. É possível ficar a mente tranquila de todo, num estado de não-reconhecimento, de não-experimentar, num estado em que a criação possa acontecer — isto é, num estado em que o "eu" não esteja presente, em que o "eu" esteja ausente? Estou-me fazendo claro ou não? Vejam, senhores, o problema é este, não é verdade? Todo movimento da mente, positivo ou negativo, representa uma experiência, que de fato fortalece o "eu". É possível para a mente não reconhecer? Só é possível quando há silêncio completo, não o silêncio que é experiência do "eu" e que, por conseguinte, fortalece o "eu". 

Existe uma entidade espiritual separada do "eu", que o observa e o dissolve? Estão compreendendo? Pensamos que existe, não é verdade? A maioria das pessoas religiosas pensam que existe esse elemento. O materialista diz: "É impossível destruir o "eu"; ele só pode ser condicionado e reprimido — política, econômica, socialmente, podemos prendê-lo firmemente dentro de um certo padrão, e subjuga-lo. Por conseguinte, é possível fazê-lo viver num alto nível, com moralidade, sem influir em coisa alguma, mas observando o padrão social e funcionando como simples máquina". Isso nós sabemos bem. Há outras pessoas, as chamadas religiosas — na realidade não são religiosas, embora assim as chamemos — que dizem: "Fundamentalmente, esse elemento existe. Se pudermos entrar em contato com o mesmo, ele dissolverá o "eu", à força, num canto". Se vocês se deixam colocar à força num canto, verão o que acontecerá. Gostaríamos que existisse um elemento atemporal, distinto do "eu" — e o denominamos Deus. Ora, existe tal elemento, concebível pela mente? Pode ser que exista ou pode ser que não exista; não estamos tratando disso. Quando a mente busca um estado espiritual independente do tempo, que se colocará em ação para destruir o "eu", não é essa uma outra forma de experiência que fortalece o "eu"? Quando vocês acreditam, não é isso, realmente, o que ocorre? Quando acreditam que existe a verdade, que existe Deus, um estado de eternidade, de imortalidade — não representa isso um processo de fortalecimento do "eu"? O "eu" projeta essa coisa que, segundo sentem e acreditam, há de vir, para destruir o "eu". E tendo projetado essa ideia de continuidade num estado atemporal, como entidade espiritual, estão prontos para experimentar esse estado, e toda experiência dessa espécie só servirá para fortalecer o "eu". Por conseguinte, o que fizeram? De fato, não destruíram o "eu", apenas lhe deram um nome diferente, uma qualidade diferente; o "eu" continua a existir, visto que o experimentaram. Nessas condições, a nossa ação, de princípio ao fim, é sempre a mesma; nós é que pensamos que ela evolui, se dissolve, se torna cada vez mais bela; mas, se observarem interiormente, é sempre a mesma ação que se verifica, sempre o mesmo "eu" funcionando em níveis diferentes, com rótulos diferentes, com nomes diferentes. 

O que acontece ao perceberem integralmente o processo do "eu", suas invenções astuciosas e extraordinárias, sua inteligência, como ele se cobre com a capa da identificação, da virtude, da experiência, da crença, do saber; ao reconhecerem que estão andando em círculos dentro de uma gaiola que ele fabricou? Ao perceberem esse fato, ao tomarem pleno conhecimento dele, não fica a mente de vocês extraordinariamente tranquila? — mas não em virtude de compulsão, de recompensa, de temor? Quando reconhecerem que todo movimento da mente é simples maneira de fortalecer o "eu", quando observarem, perceberam esse fato, quando ficarem plenamente cônscios do mesmo, na ação, quando chegarem a conhecer esse ponto — não ideologicamente, verbalmente, não por meio da experiência, mas, sim, porque vocês se acham de fato nesse estado — verão então que, em tal estado de completa tranquilidade, a mente não tem nenhum poder de criar. Tudo o que a mente cria está dentro de um círculo, está compreendido na esfera do "eu". Quando a mente é não-criadora, há criação, que não é um processo passível de reconhecimento. 

Não se pode reconhecer a realidade, a verdade. Para que a verdade se manifeste, devem desaparecer a crença, o conhecimento, a experiência, a virtude, o cultivo da virtude, — que é coisa diferente de "ser virtuoso". A pessoa "virtuosa", a pessoa que está cônscia de estar cultivando a virtude, nunca encontrará a realidade. Pode ser uma pessoa muito honrada, mas é inteiramente diferente do "homem da verdade", do homem que compreende. Para o "homem da verdade", a verdade surgiu na existência. O homem virtuoso é um homem direito, e um homem direito nunca poderá compreender o que é a verdade; porque, para ele, a virtude é uma capa do "eu", numa maneira de fortalecer o "eu"; pois ele cultiva a virtude. Quando diz: "devo ser um homem sem avidez", o estado em que é não-ávido, e no qual "experimenta", fortifica o "eu". Eis porque é importante ser pobre, não só de bens terrenos, mas também de crença e saber. O homem rico de bens terrenos, ou o homem rico de saber e de crenças, nunca conhecerá senão a escuridão, e será o centro de toda sorte de malefícios e sofrimentos. Mas se vocês e eu, como indivíduos, pudermos perceber todo esse funcionamento do "eu", saberemos então o que é o amor. Asseguro-lhes que essa é a única reforma capaz de transformar o mundo. O amor não é o "eu". O "eu" não pode reconhecer o amor. Vocês dizem "amo" e, então, justamente porque o dizem, não há amor. Mas quando conhecem o amor, não existe "eu". Quando há amor, não há "eu". 

Jiddu Krishnamurti — Quando o pesamento cessa

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill