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terça-feira, 13 de agosto de 2013

O conhecimento não é o caminho da verdade

Pergunta: Embora você tenha empregado frequentemente a palavra "verdade", não me lembro de que a tenha alguma vez definido. O que ela quer dizer?

Krishnamurti: Você e eu, como dois indivíduos, vamos investigar esta questão, não amanhã, mas talvez nesta tarde mesmo. Se você está perfeitamente sereno, vamos averiguar isso. Definições de nada valem. As definições não tem significação para o homem que busca a verdade. A palavra não é a coisa; a palavra "árvore" não é a árvore; mas nos satisfazemos com palavras. Tenham a bondade de seguir-me com atenção. Para nós, as definições, as explicações, são muito satisfatórias, porque podemos viver dentro dos seus limites. Podemos cultivar palavras, porque as palavras produzem em nós efeitos físicos e psicológicos. A palavra "Deus" desperta toda sorte de reações psicológicas e neurológicas, e ficamos satisfeitos.

Por isso, para nós, a definição é muito importante. Não é exato? Chamamos à definição conhecimento, e pensamos que conhecimento é a verdade. Quanto mais lemos a respeito, pensamos que tanto mais perto estamos dela. Mas a explicação da palavra não é a coisa. Cumpre-nos, pois, compreender, não nos deixando enredar por definições de palavras. Por conseguinte, temos de colocar de lado as palavras. E como isso é difícil! Não acham? — porque a palavra é o processo de pensamento. Não há pensar sem verbalizações, sem o emprego de palavras, imagens, conceitos, fórmulas. Prestem atenção a isso, meditem junto comigo, agora, a fim de o verificarem.

Quando a mente percebe que está enredada em palavras, que o próprio processo do seu pensar é palavra, é memória, como pode então essa mente — que é memória, que é tempo, que é presa a definições e conclusões — como pode ela compreender o que é a verdade, o que é o incognoscível? Se desejo conhecer o incognoscível, deve a mente estar de todo silenciosa, não acham? Isto é, tudo quanto é verbalização, imaginação, projeção, tem de acabar. Todos vocês sabem o quanto é difícil para a mente estar quieta — não compelida, não disciplinada, porém, quieta; o que significa que a mente já não está verbalizando, reconhecendo, já não é o centro de reconhecimento de qualquer experiência.

Quando a mente reconhece a experiência, essa experiência é coisa projetada. Quando experimento o Mestre, a Verdade, Deus, essa experiência é uma autoprojeção minha, porque reconheço. Há o centro do "eu", que reconhece aquela experiência; reconhecimento é processo da memória. Digo então: "Vi o Mestre, sei que ele existe, sei que existe Deus". Isto é, a mente é o centro de reconhecimento, e o reconhecimento é o processo da memória.

Quando experimento alguma coisa, tal como Deus, a Verdade, essa coisa é projeção minha, é reconhecimento, não é a Verdade, não é Deus.

A mente só está inteiramente tranquila quando é incapaz de experimentar, quando não há nenhum centro de reconhecimento. Mas isso não ocorre por meio de nenhuma espécie de ação da vontade. Não vem por meio da disciplina. Vem quando a mente observa suas próprias atividades, — o que espero que estejam fazendo neste momento. E quando observam, podem ver como a cada minuto há o processo de reconhecimento em funcionamento, e como, quando reconhecem, não há nada novo.

A verdade é algo atemporal, não é mensurável por palavras. Uma vez que a verdade é imensurável, atemporal, a mente não pode reconhecê-la. Consequentemente, para que a verdade seja, é imprescindível que a mente se ache num estado de "não experimentar". A verdade deve vir a vocês; não pode ir a ela. Se forem a ela, vocês a "experimentaram". Não podem invocar a verdade. Quando a chamam, quando a experimentam, estão em condições de reconhecê-la; se a reconhecem, então, não é a verdade; é apenas o próprio processo de memória, de pensamento de vocês, que está lhes dizendo: "É isso, eu li, eu experimentei". O conhecimento, por conseguinte, não é o caminho da verdade. O conhecimento precisa ser compreendido e colocado de lado, para que a verdade seja. Se a mente de vocês está tranquila, não adormecida, não narcotizada por palavras, mas está realmente acompanhando, observando o processo da mente, verão então como nasce a tranquilidade, no escuro, misteriosamente; e nesse estado de tranquilidade, verão aquilo que é eterno, imensurável.

Jiddu Krishnamurti — 27/01/1952 — Quando o pensamento cessa

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill