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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sobre o condicionamento da busca de instrutores espirituais

Pergunta: tenho andado de instrutor em instrutor, a buscar, e agora vim ter com você, movido por esse mesmo espírito de busca. Você é alguma coisa diferente de todos os outros, e como poderei sabê-lo?

Krishnamurti: Ora, você está realmente a buscar, e que significa "buscar"? Você compreende esta pergunta? Você está, evidentemente, a buscar alguma coisa, mas o que? Essencialmente, busca um estado de espírito que nunca possa ser perturbado e a que chama "paz", "Deus", "amor", etc. Não é assim? Nossa vida é cheia de perturbação, de ânsias, de medo, de escuridão, de agitações, de confusão, e queremos fugir de tudo isso; mas, quando um homem confuso busca, sua busca se baseia no seu estado confuso e, por conseguinte, o que ele encontra é mais confusão. Está me seguindo?

Em primeiro lugar, pois, devemos indagar porque buscamos, e que é que buscamos. Você pode andar de instrutor em instrutor, e cada instrutor oferecer um diferente método de disciplina ou meditação, alguma prática absurda. Nessas condições, o importante não é o instrutor e aquilo que ele oferece, mas, sim, que você saiba o que é que você mesmo está buscando. Se sabe com clareza o que está buscando, encontrará então um instrutor que lhe ofereça tal coisa. Se busca a paz, encontrará um instrutor que lhe oferecerá a paz. Mas isso que você busca por não ser verdadeiro, em absoluto. Compreende? Posso desejar uma felicidade perfeita, o que significa um inalterável estado de espírito, em que haverá tranquilidade completa, sem conflito, sem dores, sem indagação, sem dúvidas; assim sendo, ponho-me a praticar uma certa disciplina oferecida por algum instrutor, e tal disciplina poderá produzir seu resultado próprio, ao qual chamo "paz". Eu obteria o mesmo efeito se tomasse um narcótico, uma pílula; mas tal proceder não é respeitável, e o outro é (risos). Por favor, senhores, isto não é coisa para rir, pois é o que de fato estamos fazendo.

Pois bem, aquilo que você busca, achará, se você está disposto a pagar o seu preço. Se você se coloca nas mãos de outro, se segue alguma autoridade, alguma disciplina, se você se controla, descobrirá o que deseja, o que significa que seu desejo está ditando a sua busca; mas o que realmente acontece é que você não está cônscio dos fatores que lhe estão impelindo à busca, e você vêm perguntar a mim qual é minha posição e como você pode saber se o que estou dizendo é verdadeiro ou falso. Depois de você ter estado com vários instrutores, de ter sido iludido, de ter-se queimado, vem agora experimentar mais este. Mas eu não estou lhe dando instrução nenhuma, absolutamente nenhuma. O que estou dizendo é só que conheça a si mesmo, mais e mais profundamente, que se veja exatamente como é; e isso ninguém lhe pode mostrar. Mas você não pode ver exatamente como é, se está acorrentado por crenças, por dogmas, por superstições, por temores.

Senhores, para a mente incapaz de "estar só", a busca nenhuma significação pode ter. "Estar só" é ser incorruptível, simples, livre de toda tradição, todo dogma, toda opinião, do que outro diz, etc. etc. Essa mente não busca, porque nada há que buscar; sendo livre, ela é serena, sem desejos, imóvel. Mas, tal estado não pode ser alcançado, não é uma coisa que se compra com disciplina; ele não se manifesta pelo fato de você abandonar as atividades sexuais ou de você praticar uma certa ioga. Só se manifesta quando se tem a compreensão dos movimentos do "eu", do "ego", que se revela pela mente consciente, nas atividades de cada dia, bem como no inconsciente. O importante é compreendermos por nós mesmos, e não sob a orientação de outros, todo o conteúdo de nossa consciência, que está condicionada, que é o resultado da sociedade, da religião, de choques vários, impressões, memórias — compreendermos todo esse condicionamento e nos libertarmos dele. Mas, não há "como" ser livre. Se você pergunta como pode ser livre, não está me escutando verdadeiramente.

Suponhamos por exemplo, que eu lhe diga que a mente tem de ser totalmente "descondicionada". Ora, como é que você escuta uma declaração dessa ordem? Com que atenção você escuta? Se, como espero, você está observando a sua própria mente, perceberá que está dizendo interiormente: "Que coisa impossível!", ou "Isto é irrealizável", ou "O condicionamento só pode ser modificado", etc. Por outras palavras, você não está escutando atentamente aquela declaração, mas está lhe impondo suas próprias opiniões, suas próprias conclusões, seus próprios condicionamentos; por conseguinte, não há atenção nenhuma.

O fato é que a mente está condicionada, seja como comunista, seja como católica, protestante, hinduísta, etc. e, ou não estamos cônscios desse condicionamento, ou o aceitamos, ou, ainda, tentamos alterá-lo, enobrecê-lo, mudá-lo; mas nunca fazemos a pergunta: Pode a mente ficar totalmente livre de condicionamento? Antes de você poder fazer esta pergunta a si mesmo, com toda atenção, precisa estar consciente de que a sua mente está condicionada, como é bem óbvio que está. Compreende o que entendo por "condicionamento?" Não me refiro ao condicionamento superficial da linguagem, dos gestos, dos costumes, etc; estou falando do condicionamento num sentido muito mais profundo e fundamental. A mente está condicionada quando é ambiciosa, não só mundanamente, mas também ambiciosa de se tornar espiritual. Todo esse esforço de automelhoramento resulta de condicionamento; e pode a mente ficar totalmente livre de tal condicionamento? Se de fato você fizer esta pergunta a si mesmo, com muita atenção, não deixará de encontrar a resposta correta, e esta resposta não é que isso é possível ou impossível, pois o que ocorre é uma coisa completamente diferente.

Krishnamurti - Realização Sem Esforço

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill