quarta-feira, 4 de setembro de 2013
A Verdade não está nas citações alheias
domingo, 1 de setembro de 2013
A pergunta que importa: que sou eu?
domingo, 25 de agosto de 2013
O crente, o cético e o conhecimento
(...) a investigação do mundo exterior a nada nos poderá levar, exceto à ignorância. Quando procuramos conhecer alguma coisa que não seja a nós mesmos, sem procurarmos conhecer a verdade de nós mesmos, o conhecimento que obtemos provavelmente não pode ser exato.
(...) quem desejar saber a Verdade seja do que for, deve primeiro conhecer-se a si mesmo e com perfeição. Quer dizer que aquele que não se conhece, parte de um erro inicial, o qual deturpa todo o conhecimento resultante de suas investigações. Quem se conhece a si mesmo, no entanto, está livre de tal erro, e somente ele é capaz de encontrar a Verdade do mundo ou do mundo das coisas.
(...) Nos conhecemos? Pensamos que sim. O homem vulgar afirma com convicção que se conhece a si mesmo da forma adequada; e pode ser-lhe impossível chegar a entender que não se conhece, mesmo que o escute de um Sábio. É necessário termos a mente muito adiantada e grandemente purificada para percebermos e reconhecermos que não nos conhecemos a nós mesmos — que as ideias sobre nós mesmos, acalentadas durante tanto tempo, estão erradas. Os Sábios nos dizem que as nossas ideias sobre nós mesmos são um misto de verdade e de erro.
(...) Dizem-nos os Sábios que deixaremos de identificar-nos com o nosso corpo — e assim nos libertaremos de uma vez por todas dos sofrimentos que surgem por intermédio dele — apenas quando alcançarmos a experiência direta do Ser Real. Assim como agora temos experiência direta do corpo, devemos ter experiência direta desse Ser como ele realmente é. Essa ignorância, que nos leva a identificar-nos com o corpo, é um hábito mental arraigado, engendrado na mente durante longo tempo de ações e pensamentos errôneos. Deles surgiram os vários apegos às coisas. Tais hábitos mentais formam a estrutura da mente; e a simples introdução de um pensamento contrário — que é muito fraco, igual a um recém-nascido — fará pouca diferença. A mente fluirá pelos mesmos canais habituais. Continuará sujeita às mesmas atrações e repulsões. E isso acontecerá porque enquanto é possível ao filósofo livresco sentir às vezes que ele não é seu corpo, não pode, com a mesma facilidade, chegar a sentir que não é sua mente. E esta dupla ignorância só terá fim quando conhecermos o Ser — não teórica mas praticamente, isto e, pela experiência real do Ser.
(...) Até surgir essa compreensão, não se pode dizer que o filósofo tenha se descartado de sua ignorância. Ela sobrevive com todo vigor. Seu conhecimento filosófico não faz qualquer diferença em seu caráter. De fato, como assinala o Sábio, o filósofo livresco está até mesmo em piores condições do que os outros homens. Seu coração é assediado por novos apegos — dos quais o iletrado está livre — que não lhe dão tempo para dedicar-se à tarefa de descobrir o Ser Real. Muitas vezes não têm nem mesmo consciência da premente necessidade de se prepararem para tal empreita, harmonizando o conteúdo de sua mente e dirigindo suas energias para o Ser, e não para o mundo. Infere-se daí que, quem conhece o Ser apenas por intermédio de livros, não o conhece mais do que a gente simples. Por essa razão o Sábio compara o filósofo livresco ao gramofone. Não é melhor do que ninguém pela sua erudição, assim como o gramofone não é melhor pelas boas coisas que repete.
(...) Os livros, devemos lembrar, não passam de sinais indicadores na estrada da sabedoria, que nos liberta; logo, essa sabedoria não pode ser encontrada nos livros. O Ser que precisamos conhecer está no INTERIOR e não no exterior. Caso a sabedoria desperte, nessa oportunidade, o Ser, refulgindo em todo o seu esplendor, mostrar-se-á diretamente, sem qualquer agente intermediário. O estudo dos livros porém engendra a ideia de que o Ser é algo externo, que se precise conhecer como um objeto, por intermédio da mente.
(...) Compreendemos, assim, que todos os nossos sofrimentos são devidos à nossa ignorância sobre o Ser Real. Devemos vencê-la se quisermos gozar a verdadeira felicidade, pois a remoção da causa é a única forma de cura radical que existe. O mais é tratamento paliativo, que pode até mesmo, no final de contas, ser maléfico, agravando, na verdade, a doença. E só poderemos ficar livres dessa ignorância, por meio da experiência com o Ser.
(...) Não é empresa fácil, pois o instrumento a ser usado nesse trabalho é a mente. Ela tem que se desligar de tudo o mais e dirigir-se para o Ser Real. Mas a mente não se desliga facilmente de suas preocupações costumeiras. Se for forçada a isso, não se concentra, e logo volta ao ponto de partida. Assim é porque está cheia de ideias que são frutos da ignorância; e tais ideias rebelam-se para defender a vida de sua geratriz, a ignorância, porque a vida desta é também delas. Temos, portanto, de liquidar todas essas ideias.
(...) Por serem causadas pela ignorância primordial, provavelmente tais ideias são falsas. E é lógico que o conhecimento falso é o inimigo do despertar da Verdade. Portanto, é necessário que examinemos essas ideias e as rejeitemos, se julgadas incorretas; ou mesmo apenas duvidosas. Somente assim estaremos seguros contra sublevações traiçoeiras, ao empreendermos a busca do Ser Real.
Nessa análise, devemos guiar-nos pela absoluta devoção à Verdade. O Gita nos diz: "Aquele que ama a Verdade e submete todo o seu ser ao amor da Verdade, A encontrará". Essa condição é muito importante. É claro que não pode haver amor parcial pela Verdade. Um amor à Verdade sendo limitado implica amor também pela inverdade, em maior ou menor grau. O amor perfeito pela Verdade significa uma total boa-vontade para renunciar a tudo que se julgue ser falso, em decorrência de uma análise justa. Implica, também, a capacidade de submeter a exame completo e imparcial todas as crenças que temos agora quanto ao mundo, à alma e a Deus. O amante da Verdade caracteriza-se por não ter maior apego as suas crenças do que às crenças alheias. Conserva-as a título de hipóteses e pode calmamente refletir sobre a possibilidade de achar que são insustentáveis e dignas de renúncia. É a isenção de apego às suas próprias crenças que lhe permite fazer uma análise imparcial de sua validade. E, se em decorrência dessa análise, julgar que não são válidas, não somente renuncia a elas, como também fica sempre alerta contra a possibilidade de que voltem, até que venham a perder a influência sobre ele. Por conseguinte, devemos cuidar para que sejamos devotos somente da Verdade, e livres de erros. E em prol da Verdade, renunciar ao amor que devotamos às nossas crenças, de modo que a Verdade possa reinar suprema em nossos corações quando a tivermos encontrado.
O que se conhece como filosofia é apenas este exame imparcial de todas as nossas ideias — do conteúdo inteiro de nossa mente. Somente isso é verdadeira filosofia. Tudo o mais não passa de pseudofilosofia. E podemos afirmar com segurança que pseudofilósofos são aquele que, ou não compreenderam o fato de que ignoram o Ser, ou estão completamente satisfeitos de permanecerem sujeitos a tal ignorância.
Consideraremos agora como nos certificaremos de que, em nosso filosofar, evitaremos os engodos que se emboscam em nosso caminho, e de que chegaremos a ideias que não serão adversárias da nossa Busca do Ser Real.
(...) Quem quiser filosofar direto deve evitar os erros de tais filósofos. Deve escolher as provas que sejam adequadas. Deve procurar e encontrar evidências oriundas de experiência, experiência que NÃO seja fruto da ignorância.
Provas válidas, portanto, NÃO se originam da experiência de homens ignorantes, mas sim da experiência dos Sábios, que estão totalmente livres da ignorância. Somente com base na experiência deles podemos construir uma filosofia que atenuaria a influência que a ignorância exerce atualmente sobre nós, tornando, assim, possível que encetemos a nossa Busca, levando-a até o fim, para que possamos, por nossa vez, adquirir experiência similar.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
O conhecimento não é o caminho da verdade
Krishnamurti: Você e eu, como dois indivíduos, vamos investigar esta questão, não amanhã, mas talvez nesta tarde mesmo. Se você está perfeitamente sereno, vamos averiguar isso. Definições de nada valem. As definições não tem significação para o homem que busca a verdade. A palavra não é a coisa; a palavra "árvore" não é a árvore; mas nos satisfazemos com palavras. Tenham a bondade de seguir-me com atenção. Para nós, as definições, as explicações, são muito satisfatórias, porque podemos viver dentro dos seus limites. Podemos cultivar palavras, porque as palavras produzem em nós efeitos físicos e psicológicos. A palavra "Deus" desperta toda sorte de reações psicológicas e neurológicas, e ficamos satisfeitos.
Por isso, para nós, a definição é muito importante. Não é exato? Chamamos à definição conhecimento, e pensamos que conhecimento é a verdade. Quanto mais lemos a respeito, pensamos que tanto mais perto estamos dela. Mas a explicação da palavra não é a coisa. Cumpre-nos, pois, compreender, não nos deixando enredar por definições de palavras. Por conseguinte, temos de colocar de lado as palavras. E como isso é difícil! Não acham? — porque a palavra é o processo de pensamento. Não há pensar sem verbalizações, sem o emprego de palavras, imagens, conceitos, fórmulas. Prestem atenção a isso, meditem junto comigo, agora, a fim de o verificarem.
Quando a mente percebe que está enredada em palavras, que o próprio processo do seu pensar é palavra, é memória, como pode então essa mente — que é memória, que é tempo, que é presa a definições e conclusões — como pode ela compreender o que é a verdade, o que é o incognoscível? Se desejo conhecer o incognoscível, deve a mente estar de todo silenciosa, não acham? Isto é, tudo quanto é verbalização, imaginação, projeção, tem de acabar. Todos vocês sabem o quanto é difícil para a mente estar quieta — não compelida, não disciplinada, porém, quieta; o que significa que a mente já não está verbalizando, reconhecendo, já não é o centro de reconhecimento de qualquer experiência.
Quando a mente reconhece a experiência, essa experiência é coisa projetada. Quando experimento o Mestre, a Verdade, Deus, essa experiência é uma autoprojeção minha, porque reconheço. Há o centro do "eu", que reconhece aquela experiência; reconhecimento é processo da memória. Digo então: "Vi o Mestre, sei que ele existe, sei que existe Deus". Isto é, a mente é o centro de reconhecimento, e o reconhecimento é o processo da memória.
Quando experimento alguma coisa, tal como Deus, a Verdade, essa coisa é projeção minha, é reconhecimento, não é a Verdade, não é Deus.
A mente só está inteiramente tranquila quando é incapaz de experimentar, quando não há nenhum centro de reconhecimento. Mas isso não ocorre por meio de nenhuma espécie de ação da vontade. Não vem por meio da disciplina. Vem quando a mente observa suas próprias atividades, — o que espero que estejam fazendo neste momento. E quando observam, podem ver como a cada minuto há o processo de reconhecimento em funcionamento, e como, quando reconhecem, não há nada novo.
A verdade é algo atemporal, não é mensurável por palavras. Uma vez que a verdade é imensurável, atemporal, a mente não pode reconhecê-la. Consequentemente, para que a verdade seja, é imprescindível que a mente se ache num estado de "não experimentar". A verdade deve vir a vocês; não pode ir a ela. Se forem a ela, vocês a "experimentaram". Não podem invocar a verdade. Quando a chamam, quando a experimentam, estão em condições de reconhecê-la; se a reconhecem, então, não é a verdade; é apenas o próprio processo de memória, de pensamento de vocês, que está lhes dizendo: "É isso, eu li, eu experimentei". O conhecimento, por conseguinte, não é o caminho da verdade. O conhecimento precisa ser compreendido e colocado de lado, para que a verdade seja. Se a mente de vocês está tranquila, não adormecida, não narcotizada por palavras, mas está realmente acompanhando, observando o processo da mente, verão então como nasce a tranquilidade, no escuro, misteriosamente; e nesse estado de tranquilidade, verão aquilo que é eterno, imensurável.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Pode a mente libertar-se do vício da crença?
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
A xícara tem que ser quebrada completamente
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Estudar é algo morto, intelectual. Aprender é vivo!
Nenhuma universidade pode lhe oferecer um curso de religião. Elas fazem isso, mas tudo o que ensinam não é religião absolutamente.
Pode ser uma história de religião — não religião. Pode ser filosofia da religião — não religião. Elas podem auxiliá-lo a aprender o Alcorão, a Bíblia, o Gita, mas não religião. Elas podem falar sobre Jesus, Buda, Krishna e você aprenderá muitas coisas, mas não compreenderá a verdadeira base, a própria essência.
(…) A religião é tão delicada, tão frágil, que nenhum invólucro pode protegê-la. No momento em que você a transfere, ela já está morta. Ela vive numa vida interna. Vivem em um Buda, em um Mestre. Ele não a pode dar, mas você pode abrir-se para ela.
É exatamente como quando o sol surge pela manhã. O sol não pode dar vida à flor — não! Mas a flor pode abrir-se através dele e ser enriquecida pela sua própria abertura. Se a flor permanecer fechada, o sol não poderá fazer nada . O sol não poderá bater na porta, não poderá distribuir a luz, distribuir vitalidade e vida — não! O sol passará despercebido. Um Buda vem — Eu estou aqui, você pode se abrir. Mas se permanecer fechado, nada poderá ser feito. Assim, isso compete a você. Depende totalmente de você aprender ou não — isto não é um estudo.
Estudar é algo morto, intelectual. Aprender é vivo! Não vem da cabeça, surge do coração. Você aprende pelo coração e estuda pela cabeça. Quando estuda, torna-se um grande erudito. Vá e olhe para os grandes homens cultos; todas as universidades estão repletas deles. Você não encontrará pessoas mais mortas do que eles. Estão quase na sepultura — estão quase enterrados! Nunca viveram; estão tão obcecados pelas palavras que não levam em conta a vida.
Esses eruditos podem estar falando de amor, mas nunca amaram. Eles não podem se permitir isto — é muito arriscado, e eles são tão instruídos, não podem dar um passo tão perigoso! Eles falam sobre meditação, lêem a respeito, mas nunca fazem nada. É perigoso! Nada pode ser mais perigoso do que a meditação. E um erudito está sempre em busca de segurança: segurança nas palavras, segurança nas doutrinas, segurança em tudo. Ele não é um jogador, não pode apostar sua vida. E a menos que você arrisque sua vida, não poderá aprender.
Este aprendizado é do coração, é exatamente como o amor. É por isso que Jesus repetia sempre que Deus é amor. Ele não estava dizendo — como os cristãos entenderam, ou como não entenderam — que Deus é um amante. Não! Ele não quis dizer que Deus ama. Essa frase justamente indica que o caminho é pelo coração, não pela cabeça.
(…) Lembre-se sempre de dar o primeiro passo de modo certo. Se o primeiro passo estiver certo, então metade da jornada estará vencida, quase terminada. Se o primeiro passo estiver certo, tudo o que vier se seguirá automaticamente, você chegará à meta. Assim, não vá ao Mestre para estudar, vá para aprender. Se você for para estudar, o Mestre lhe ensinará, mas o ponto mais significante não poderá ser transmitido — vá para aprender.
Qual a diferença entre essas duas atitudes? Muitas são as diferenças: quando você vai para estudar, quer mais informações; quando vai para aprender, quer mais ser — não informações. Quando você aprende, seu ser cresce. Quando você estuda, sua memória é que cresce. Quando você estuda, sabe cada vez mais e mais; quando aprende torna-se cada vez mais — e essas são coisas totalmente diferentes. Um homem pode ter uma grande memória, saber muitas coisas, e, no seu íntimo, ser completamente mendigo, pobre, não ter nada. Ele pode estar-se iludindo que conhece muitas coisas, mas esse conhecimento não o auxiliará — a menos que ele seja. O conhecimento é fútil! Apenas ser auxilia.
Se você estiver morrendo, quem irá com você? Seu conhecimento ou seu ser? Quem o auxiliará? Quem será a ponte? O que você poderá carregar consigo além da morte? Conhecimento? O cérebro será deixado para trás porque faz parte do corpo. Apenas o ser é levado para lá. E como você nunca o olhou, ele permaneceu pobre, faminto — você nunca o alimentou.
O aprendizado é do ser, o conhecimento é apenas da memória, da mente. As universidades podem lhe dar conhecimento, os professores podem lhe dar conhecimento, mas apenas um homem iluminado pode lhe dar, pode auxiliá-lo — e este auxílio é indireto — a ganhar mais ser. Você pode receber este auxílio, mas isto depende totalmente de você.
Se você vier para estudar, perderá o primeiro passo. E o primeiro passo é muito significativo, porque o primeiro eventualmente se transforma no último. A semente é muito significativa: a semente é o primeiro passo e é ela que se transforma em árvore. Ela pode levar muitos anos para florescer, mas se você tiver plantado a semente errada, então mesmo um milhão de vidas não serão de qualquer auxílio.
(…) Que tolice! Um Mestre está vivo e você fica obcecado pelas escrituras. Os diamantes estão por toda a parte e você fica se apegando em bijuterias, em pedras coloridas! O Mestre está vivo e você continua interessado em palavras mortas.
(…) Um homem que está junto com o Mestre para estudar, está sempre repleto de perguntas — porque é assim que as pessoas estudam. Você tem de criar perguntas para obter respostas, então você vai colecionando as respostas e torna-se mais instruído.
Um homem que não está querendo estudar, mas sim aprender, tem apenas uma pergunta, não muitas. Lembre-se: muitas perguntas não podem ser respondidas porque, se você é desse tipo de homem que tem muitas perguntas, qualquer resposta obtida servirá apenas para criar mais perguntas — nada mais. Todas as soluções apenas lhe darão mais problemas.
(…) Mas quando você tem apenas uma pergunta… isto é muito difícil. Só um homem muito sábio faz apenas uma pergunta. Para chegar a ter apenas uma pergunta é preciso que você esteja amadurecido — porque muitas perguntas demonstram curiosidade, uma pergunta demonstra que o seu ser chegou a uma conclusão. Neste momento, isto está em jogo: se esta pergunta for resolvida, tudo estará resolvido. É uma questão de vida ou morte.
Ter uma pergunta significa ter uma direção. Ter uma pergunta significa ter chegado à unidade! Só quando você chega à unidade a resposta pode lhe ser dada; caso contrário, você não está preparado. E nenhum Mestre vai perder seu tempo e energia, se você tiver muitas perguntas. Faça apenas uma pergunta!
Em primeiro lugar, descubra o que é essa pergunta significativa. Não se mova na periferia! Venha para o centro! Na periferia, podem existir muitos pontos a serem questionados;mas no centro existe apenas um ponto. Quando você se movimenta na periferia, está caminhando no círculo: uma pergunta o conduz a outra que por sua vez o conduz a outra e assim por diante — ad infinitum. Mas, no centro, há apenas uma pergunta.
E esta pergunta pode ser respondida até mesmo sem uma resposta: se você tiver apenas uma pergunta, o Mestre olhará para você e a pergunta estará respondida. Porque quando você tem apenas uma direção, você está alerta: sua chama está tão luminosa, sua mente tão clara — não repleta de nuvens, não com milhões de nuvens, apenas com um sol — você está tão límpido, tudo está tão vívido, claro, chamejante que apenas um olhar pode ser a resposta, apenas um toque já é o suficiente. Mas se você estiver repleto de perguntas, mesmo que o Mestre o martele com respostas, de nada adiantará.
(…) Você é a pergunta, você é o criador da questão. Você — o ego, a mente — você é a doença. Por que você não se retira? Muitas perguntas foram feitas — apenas uma resposta foi dada, e mesmo esta não pode ser compreendida. Porque uma pessoa que faz muitas perguntas não pode compreender uma resposta. Sua mente não consegue entender o que pertence ao um. Ela só entende a diversidade. Diversidade significa estar sempre do lado de fora; a unidade está sempre do lado de dentro — porque o centro está em seu interior e a periferia está do lado de fora.
(…) Se você ficar, as perguntas continuarão a vir. As perguntas vêm da mente exatamente como as folhas vêm da árvore. Você continua regando a árvore e as folhas continuam vindo. Naturalmente as folhas velhas irão cair e as novas virão. Assim, se o Mestre responder uma pergunta, a velha irá embora, mas uma nova virá, a qual será novamente substituída. E uma nova pergunta é pior do que uma velha porque da velha você está farto. Pode jogá-la fora. Você já viveu o suficiente com ela.
Uma nova pergunta é como uma nova vida: novamente você está amando, novamente o romance principia, novamente há poesia e novamente lá está o absurdo. Um novo pensamento é mais perigoso do que um velho porque, do velho, você já está farto. Você já se aborreceu com ele, quer jogá-lo fora. É por isso que Buda, ou Ryutan, ou pessoas como eles, nunca respondem suas perguntas. Eles não gostam de dar novos abrigos para a sua mente. Eles não gostam de lhe dar novos substitutos para o velho.
Buda costumava dizer: “Se quiser ter a resposta, não pergunte. Quando você não perguntar, eu responderei. Se perguntar, a porta será fechada”.
Buda costumava insistir sobre isso com os recém-chegados: “Por um ano, permaneça comigo sem perguntar nada. Se você perguntar, não poderá continuar vivendo comigo, terá de ir embora. Por um ano, fique simplesmente silencioso.” A pergunta não deve ser feita nem mesmo por dentro. Se você a fizer, mesmo que seja invisível, Buda saberá.
(…) Mesmo que você não pergunte, se a mente perguntar você estará perguntando, porque o pensar é uma ação sutil. Mais cedo ou mais tarde, ele se torna visível. A bolha está lá, ela virá a superfície. Você pode reprimi-la mas não pode enganar Buda.
Quando é que uma pergunta pode ser admitida? Quando não houver nenhuma pergunta. isto parece paradoxal: se não há nenhuma pergunta, o que você irá perguntar? Mas apenas então você pode fazer uma pergunta, uma busca, uma indagação. Então todo o seu ser é uma indagação. E quando você se coloca diante de um Buda, com todo o seu ser transformado numa indagação, numa sede, numa fome interna — tão interna que nem mesmo você esteja presente, apenas a fome — então Buda pode alimentá-lo, então a resposta pode lhe ser dada. Caso contrário, qualquer coisa que Buda diga parecerá irrelevante.
(…) Você não está suficientemente cansado da mente? Então retire-se! A mente já não fez o suficiente? A mente já não criou caos suficiente para você? Por que você está apegado a ela? Qual esperança, qual promessa o mantém preso a ela? Ela o tem enganado continuamente. Ela diz: “Lá — naquela meta, naquela posse, naquela casa, naquele carro, naquela mulher, naqueles bens — tudo está lá.”
Você caminha para lá e quando chega nada vem para as suas mãos, exceto frustração. Todos os desejos, no fim, transforma-se num caso deplorável, numa grande tristeza.
E essa mente continua prometendo, prometendo — sem nunca cumprir nenhuma promessa, mas você nunca lhe diz: “Você está me engando, pare com isso!” Você tem medo de dizer.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Porque o"eu" carrega o peso de seu saber e de sua crença?
sábado, 11 de agosto de 2012
É possível nos livramos da autoridade do conhecimento?
Cumpre a vocês, pois, observar, escutar, ver o fato — o que é — e com ele ficar. Isso é dificílimo.
Ora, quando vivem com alguma pessoa ou coisa — com sua esposa, seus filhos, com uma árvore, com sua idéia — ou ficam acostumados com ela que ela deixa de existir, ou vivem com ela, tudo observando. No momento em que se acostumam com uma coisa, tornam-se insensíveis. Se eu me acostumo com esta árvore, torno-me insensível a ela. Se fico insensível a árvore, fico insensível ao que é sórdido, insensível às pessoas; fico insensível a tudo. Mas, estar atento a alguma coisa não significa acostumar-se com ela, não significa acostumar-se com o que é sórdido, imundo, acostumar-se com a família, a esposa, os filhos. O não nos acostumarmos com uma coisa exige grande soma de atenção e, por conseguinte, de energia. Espero que estejam seguindo minhas palavras.
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)
"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)
"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)
Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...
Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.
David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.
K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)
A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)