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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O chamado amor, não passa de auto-interesse

Questionador: O amor, tal como o conhecemos e vivenciamos, é uma fusão entre duas pessoas, ou entre os membros de um grupo; ele é excludente e há nele tanto a dor como alegria. Quando o senhor diz que o amor é a única solução para os problemas da vida, está dando à palavra uma conotação que dificilmente vivenciamos. Um homem comum como eu pode conhecer o amor no sentido que o senhor lhe dá?

Krishnamurti: Todos podem conhecer o amor, mas só quando são capazes de encarar os fatos com grande clareza, sem resistência, sem justificação, sem a explicação que os destrói — apenas olhe as coisas com muita atenção, observe-as com muita clareza e minuciosamente. Ora, o que é aquilo a que damos o nome de amor? A pessoa que fez a pergunta diz que ele é excludente e que, nele, conhecemos a dor e a alegria. O amor é excludente? Descobriremos quando examinarmos aquilo que denominamos amor, o que o chamado homem comum denomina amor. Não existe o homem comum. Há apenas o homem, que é você e eu. O homem comum é uma entidade fictícia inventada pelos políticos. Há apenas o homem, que é você e eu, que estamos em aflição, com dor, com ansiedade, com medo.

Ora, o que é a nossa vida? Para descobrir o que é o amor, comecemos com o que sabemos. O que é o nosso amor? Em meio à dor e ao prazer, sabemos que ele é excludente, pessoal minha mulher, meus filhos, meu país, meu Deus. Conhecemo-lo como uma chama em meio à fumaça, conhecemo-lo por meio da perda quando o outro se vai. Logo, conhecemos o amor como sensação, não é verdade? Quando dizemos que amamos, conhecemos o ciúme, conhecemos o medo, conhecemos a ansiedade. Quando vocês dizem que amam alguém, tudo isso está envolvido: a inveja, o desejo de possuir, de ter, de dominar, o medo de perder e assim por diante. Tudo isso chamamos de amor, e não conhecemos o amor sem medo, sem invejam, sem posse; simplesmente verbalizamos o estado do amor sem medo; dizendo ser ele impessoal, puro, divino ou Deus sabe mais o que, porém, o fato é que somos ciumentos, somos dominadores, somos possessivos. Só conheceremos esse estado do amor quando o ciúme, a inveja, a possessividade, o domínio, chegarem ao fim; e enquanto possuirmos, jamais amaremos.

A inveja, a posse, o ódio, o desejo de dominar a pessoa ou coisa qualificada de meu, o desejo de possuir e de ser possuído — tudo isso é um processo de pensamento, não? O amor é um processo do pensamento?  O amor é uma coisa da mente? Na realidade, para a maioria de nós, ele é. Não digam que não — é um absurdo fazê-lo. Não neguem o fato de que o seu amor é uma coisa da mente. Ele por certo é; do contrário, vocês não possuiriam, vocês não dominariam, vocês não diriam “é meu”. Como vocês dizem, o amor de vocês é uma coisa da mente; assim, o amor, para vocês, é um processo de pensamento. Vocês podem pensar na pessoa a quem amam, mas pensar na pessoa a quem ama é amor? Quando vocês pensam na pessoa a quem amam? Vocês pensam nela quando ela se foi, quando ela está longe, quando ela os deixou. Mas quando ela não os perturba mais, quando vocês podem dizer “ela é minha”, vocês não têm de pensar nela. Vocês não têm de pensar nos seus móveis; eles são partes de vocês — o que constitui um processo de identificação destinado a evitar que vocês sejam perturbados, a evitar problemas, ansiedade, tristeza. Assim, vocês só sentem falta da pessoa a quem dizem amar quando estão perturbados, quando estão sofrendo; e enquanto possuem a pessoa, vocês não têm de pensar nela, porque na posse não há distúrbio. Mas quando a posse é perturbada, vocês começam a pensar e dizem “eu amo essa pessoa”. Logo, seu amor é uma mera reação da mente, não é? O que significa que o seu amor não passa de uma sensação, e a sensação sem dúvida não é amor. Vocês pensam na pessoa quando vocês estão juntos? Quando vocês possuem, retêm, dominam, controlam, quando podem dizer “ela é minha” ou “ele é meu”, não há problema. E a sociedade, tudo quanto vocês construírem ao redor de si mesmos, os ajuda a possuir para evitar que vocês sejam perturbados, para vocês não pensarem nisso. O pensamento vem quando vocês estão perturbados — e vocês estão fadados a ser perturbados enquanto seu pensamento for aquilo que chamam de amor.

O amor com certeza não é uma coisa da mente. É porque as coisas da mente ocuparam o nosso coração que não temos amor. As coisas da mente são o ciúme, a inveja, a ambição, o desejo de ser alguém, alcançar o sucesso. Essas coisas da mente tomam conta do coração de vocês, e vocês dizem então que amam; mas como podem amar se têm no coração todos esses elementos geradores de confusão? Quando há fumaça, como pode haver uma chama pura? O amor não é uma coisa da mente e é a única solução dos nossos problemas. O amor não é da mente, e o homem que acumulou dinheiro ou conhecimento nunca pode conhecer o amor, pois vive com as coisas da mente; suas atividades são da mente e tudo aquilo que toca ele transforma num problema, numa confusão, numa tortura.

Logo, o que chamamos de nosso amor é uma coisa da mente. Olhem para si mesmos e verão que o que estou dizendo é obviamente verdadeiro; do contrário, nossa vida, nosso casamento, nossos relacionamentos seriam totalmente diferentes; teríamos uma nova sociedade. Ligamo-nos aos outros não por meio de uma fusão, mas de um contrato chamado de amor, casamento. O amor não funde nem ajusta — não é pessoa nem impessoal: é um estado de ser. O homem que deseja fundir-se com algo maior, unir-se a outra pessoa, está evitando a angústia, a confusão; mas a mente ainda se encontra em separação, que significa desintegração. O amor não conhece a fusão nem a difusão; ele não é pessoal nem impessoal; é um estado de ser que a mente não pode encontrar — ela pode descrevê-lo, designá-lo por um termo, nomeá-lo, mas a palavra, a descrição, não é o amor.

Só quando a mente se aquietar conheceremos o amor, e esse estado de quietude não é algo a ser cultivado. Cultivar ainda é ação da mente; a disciplina ainda é produto da mente, e uma mente disciplinada, controlada, subjugada, uma mente que resiste, explica, não pode conhecer o amor. Vocês podem ler, podem escutar o que está sendo dito sobre o amor, mas isso não é o amor. Só quando vocês dão fim às coisas da mente, só quando seu coração está livre das coisas da mente, há amor. E vocês vão então saber o que é amar sem separação, sem distância, sem tempo, sem medo — e isso não está reservado a uns poucos. O amor não conhece hierarquias; há somente amor. Só há os muitos e o um, a exclusão, quando não se ama. Quando se ama, não existe o “você” nem o “eu”. Nesse estado, há apenas uma chama sem fumaça.

Jiddu Krishnamurti — Bombaim, 12/03/1950

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"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill