Se você se sente grato por este conteúdo e quiser materializar essa gratidão, em vista de manter a continuidade do mesmo, apoie-nos: https://apoia.se/outsider - informações: outsider44@outlook.com - Visite> Blog: https://observacaopassiva.blogspot.com

domingo, 11 de agosto de 2013

Um olhar sobre o ego, o sexo e as relações

Você provou aquele estado em que não existe "ego", ainda que por alguns segundos, por um dia, ou como seja; e onde está o "ego" está o conflito, o sofrimento, a luta. Por isso, existe o constante desejo de repetição daquele estado livre do "ego". Mas, o problema central é o conflito, em diferentes níveis, e como renunciar ao "ego". Você procura a felicidade, esse estado de isenção do "ego" com todos os seus conflitos, o qual você encontra momentaneamente no ato sexual. Ou você se disciplina, luta, controla, ou mesmo, se destrói pelo refreamento; o que significa que está procurando se libertar do conflito, orque, com a cessação do conflito, há deleite. Se podemos ficar livres do conflito, temos a felicidade em todos os diferentes níveis da existência. 

O que é que faz vir o conflito? Como surge esse conflito, no seu trabalho, nas suas relações, no ensinar, em todas as coisas? Até mesmo quando você escreve um poema, até mesmo quando canta, pinta, existe conflito. Como se origina esse conflito? Ele origina-se do desejo de "vir a ser"? Você pinta, deseja expressar-se pela cor, deseja ser o melhor pintor do mundo. Estuda e se preocupa, e espera que o mundo aplauda a sua arte. Mas, sempre que há o desejo de "vir a ser" "o mais...", tem de haver conflito. É o impulso psicológico que exige "o mais..." O desejo de ser "o mais..." é psicológico; esse desejo existe quando a psique, a mente, está empenhada em "vir a ser", em procurar, em perseguir um determinado fim, um determinado resultado. Quando você deseja ser uma Mahatma, quando deseja ser um santo, quando deseja compreender, quando pratica a virtude, quando tem consciência de classe, como entidade "superior", quando se serve das suas faculdades para o seu próprio engrandecimento — tudo isso, evidentemente, é indício de uma mente interessada no "vir a ser". E, por conseguinte, tanto mais conflito há de existir. Uma mente que está à procura do "mais...", não está consciente do "que é", porquanto vive sempre no "mais" — no que lhe agradaria ser, e nunca no "que é". Enquanto você não dissolver todo o conteúdo daquele conflito, essa libertação do "ego", por meio do sexo (ou de outro fator), continuará a ser um problema medonho. 

Senhor, o "ego" não é uma entidade objetiva que se possa estudar ao microscópio, ou aprender nos livros, ou compreender por meio de citações de palavras de outros, por mais poderosas que sejam tais citações. Ele só pode ser compreendido na vida de relação. Afinal de contas, o conflito existe nas relações, seja nas relações com a propriedade, com uma ideia, com sua esposa, ou com o seu vizinho; e sem se resolver esse conflito fundamental, o apegar-nos a esta única forma de libertação, por meio do sexo, é obviamente um indício de desequilíbrio. É isso, exatamente, o que acontece conosco. Estamos desequilibrados, porque fizemos do sexo a nossa única via de fuga; e a sociedade, a chamada civilização moderna, ajuda-nos nesse sentido. Considere os anúncios, os cinemas, os gestos sugestivos, as posturas, as aparências. 

A maioria de vocês se casaram ainda muito jovens, quando ainda muito poderoso o impulso biológico. Tomaram uma esposa ou um marido, e com essa esposa ou marido vocês têm, de qualquer maneira, de passar o resto da vida. Suas relações são unicamente físicas, e tudo o mais tem de se lhe ajustar.E que acontece, então? Você é, porventura, intelectual, e sua esposa altamente sentimental. Onde está a comunhão com ela? Ou ela é muito prática e você é sonhador, vago, um tanto indiferente. Onde está o seu contato com ela? Você é "super-sexual", ela não; mas você se serve dela, porque tem seus direitos. Como pode haver comunhão entre você e ela, quando você se serve dela? Os casamentos, hoje em dia, estão baseados nessa ideia, nesse impulso; mas começam a surgir contradições e conflitos cada vez mais numerosos, na vida conjugal, e daí o divórcio. 

Esse problema, pois, requer um manejo inteligente, o que significa que temos de alterar toda a base de nossa educação, e isso requer compreensão, não só dos fatos da vida, mas da nossa existência de cada dia; requer, não apenas que se conheça e se compreenda o impulso biológico, o impulso sexual, mas também que se veja a maneira de atender a ele inteligentemente. Mas, na atualidade, não procedemos assim, não é verdade? É um assunto proibido, uma coisa secreta, de que só se fala entre quatro paredes. Na época em que o impulso é mais poderoso, e sem consideração de mais nada, juntamo-nos um ao outro para o resto da vida. Veja o que o indivíduo faz a si próprio e ao outro. 

Como pode o indivíduo intelectual harmonizar-se, comungar, com o sentimental, o pouco inteligente ou o ignorante? Que comunhão pode haver, então, além do sexo? A dificuldade de tudo isso consiste em que o preenchimento do impulso sexual, do impulso biológico, torna necessárias certas regras sociais; por isso, existem as leis relativas ao casamento. Vocês dispõem de todos os meios de possuir aquilo que lhes proporciona prazer, segurança, conforto; mas, o que dá prazer constante embota a mente. Assim como o sofrimento constante insensibiliza a mente, assim também o prazer constante murcha a mente e o coração. 

E como você pode ter amor? Positivamente, o amor não é coisa da mente. O amor não é o mero ato sexual, ou você acha que é? O amor é algo que a mente não pode, de forma nenhuma, conceber. O amor é algo que não se pode formular. E, sem amor, vocês contraem relações, sem amor vocês se casam. E depois, na vida conjugal, "vocês se ajustam um ao outro". Bela frase! Vocês se justam um ao outro, e isso, mais uma vez, é um processo intelectual, não? Ela casou-se com você, mas você é uma repulsiva massa de carnalidade, dominado por suas paixões. Ela é obrigada a conviver com você. Detesta a casa, o ambiente, o horrível de tudo isso, a sua brutalidade, mas diz: "sou casada e tenho de conformar-me com isso". Assim, como meio de autoproteção, ela cede e, com o tempo, começa a dizer "eu te amo". Veja que, quando, pelo desejo de segurança, nós nos conformamos com algo feio, esse feio começa a parecer-nos belo, visto que isso é uma forma de autoproteção; se assim não fosse, seríamos magoados, poderíamos ser totalmente destruídos. Vemos, pois, que p que era feio, horrendo, gradualmente se tornou belo. 

Tal ajustamento é, evidentemente, um processo mental. Todos os ajustamentos o são. Mas o amor, por certo, é incapaz de ajustamento. Vocês o sabem, Senhores, (não é verdade?) que, se amam alguém, não existe "ajustamento". O que há é completa fusão. É só quando não existe amor que começamos a ajustar-nos. E esse ajustamento se chama matrimônio. Daí resulta o fracasso do casamento, porque ele é a própria fonte de conflito, uma batalha entre duas pessoas. Esse problema é extraordinariamente complexo, como todos os problemas, mas esse o é mais, porque se trata de apetites e impulsos grandemente poderosos. 

Nessas condições, uma mente que está apenas a ajustar-se nunca pode ser casta. Uma mente que busca felicidade no sexo, nunca será casta. Embora haja, por momentos, nesse ato, a abdicação do "ego", o esquecimento próprio, o desejo mesmo dessa felicidade, que é produto da mente, faz a mente impura. A castidade só existe quando há amor; sem amor, não há castidade. E o amor não é coisa susceptível de cultivar-se. Só há amor quando há o completo esquecimento de si mesmo, pelo indivíduo, e para que tenha a ventura desse amor, precisa o indivíduo ficar livre, pela compreensão da vida de relação. Então, havendo o amor, tem o ato sexual significação inteiramente diferente. Esse ato não é, então, uma fuga, um hábito. O amor não é um ideal: o amor é um estado. Não pode haver amor onde há "vir a ser". Só onde está o amor está a castidade, a pureza; mas uma mente que "vem a ser" ou tenta "vir a ser" casta, não tem amor. 

Jiddu Krishnamurti — O que te fará feliz?       

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
"Quando você compreende, quando chega a saber,
então traz toda a beleza do passado de volta
e dá a esse passado o renascimento, renova-o,
de forma que todos os que o conheceram
possam estar de novo sobre a terra
e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." (Tilopa)



"Nos momentos tranqüilos da meditação, a vontade de DEUS pode tornar-se evidente para nós. Acalmar a mente, através da meditação, traz uma paz interior que nos põe em contato com DEUS dentro de nós. Uma premissa básica da meditação, é que é difícil, senão impossível, alcançar um contato consciente, à não ser que a mente esteja sossegada. Para que haja um progresso, a comum sucessão ininterrupta de pensamentos tem de parar. Por isso, a nossa prática preliminar será sossegar a mente e deixar os pensamentos que brotam morrerem de morte natural. Deixamos nossos pensamentos para trás, à medida que a meditação do Décimo Primeiro Passo se torna uma realidade para nós. O equilíbrio emocional é um dos primeiros resultados da meditação, e a nossa experiência confirma isso." (11º Passo de NA)


"O Eu Superior pode usar algum evento, alguma pessoa ou algum livro como seu mensageiro. Pode fazer qualquer circunstância nova agir da mesma forma, mas o indivíduo deve ter a capacidade de reconhecer o que está acontecendo e ter a disposição para receber a mensagem". (Paul Brunton)



Observe Krishnamurti, em conversa com David Bohn, apontando para um "processo", um "caminho de transformação", descrevendo suas etapas até o estado de prontificação e a necessária base emocional para a manifestação da Visão Intuitiva, ou como dizemos no paradigma, a Retomada da Perene Consciência Amorosa Integrativa...


Krishnamurti: Estávamos discutindo o que significa para o cérebro não ter movimento. Quando um ser humano ESTEVE SEGUINDO O CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO, e PASSOU por TUDO isso, e esse SENTIDO DE VAZIO, SILÊNCIO E ENERGIA, ele ABANDONOU QUASE TUDO e CHEGOU AO PONTO, à BASE. Como, então, essa VISÃO INTUITIVA afeta a sua vida diária? Qual é o seu relacionamento com a sociedade? Como ele age em relação à guerra, e ao mundo todo — um mundo em que está realmente vivendo e lutando na escuridão? Qual a sua ação? Eu diria, como concordamos no outro dia, que ele é o não-movimento.

David Bohn: Sim, dissemos que a base era movimento SEM DIVISÃO.

K: Sem divisão. Sim, correto. (Capítulo 8 do livro, A ELIMINAÇÃO DO TEMPO PSICOLÓGICO)


A IMPORTÂNCIA DA RENDIÇÃO DIANTE DA MENTE ADQUIRIDA
Até praticar a rendição, a dimensão espiritual de você é algo sobre o que você lê, de que fala, com que fica entusiasmado, tema para escrita de livros, motivo de pensamento, algo em que acredita... ou não, seja qual for o caso. Não faz diferença. Só quando você se render é que a dimensão espiritual se tornará uma realidade viva na sua vida. Quando o fizer, a energia que você emana e que então governa a sua vida é de uma frequência vibratória muito superior à da energia mental que ainda comanda o nosso mundo. Através da rendição, a energia espiritual entra neste mundo. Não gera sofrimento para você, para os outros seres humanos, nem para qualquer forma de vida no planeta. (Eckhart Tolle em , A Prática do Poder do Agora, pág. 118)


O IMPOPULAR DRAMA OUTSIDER — O encontro direto com a Verdade absoluta parece, então, impossível para uma consciência humana comum, não mística. Não podemos conhecer a realidade ou mesmo provar a existência do mais simples objeto, embora isto seja uma limitação que poucas pessoas compreendem realmente e que muitas até negariam. Mas há entre os seres humanos um tipo de personalidade que, esta sim, compreende essa limitação e que não consegue se contentar com as falsas realidades que nutrem o universo das pessoas comuns. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de forjar por si mesmas uma imagem de "alguma coisa" ou do "nada" que se encontra no outro lado de suas linhas telegráficas: uma certa "concepção do ser" e uma certa teoria do "conhecimento". Elas são ATORMENTADAS pelo Incognoscível, queimam de desejo de conhecer o princípio primeiro, almejam agarrar aquilo que se esconde atrás do sombrio espetáculo das coisas. Quando alguém possui esse temperamento, é ávido de conhecer a realidade e deve satisfazer essa fome da melhor forma possível, enganando-a, sem contudo jamais poder saciá-la. — Evelyn Underhill